Quem vence o ‘cabo de guerra’ das commodities: setor alimentício ou agronegócio? BTG elege as 4 ações que podem sair vencedoras dessa batalha
Após um período de preços baixos das commodities agrícolas, o banco vê uma inversão no cenário a partir de 2025
As empresas de alimentação e bebidas e as companhias do agronegócio vivem um cabo de guerra quando o assunto é o preço das commodities agrícolas.
Em uma dinâmica de “toma lá, dá cá”, é quase impensável que elas possam ter boas performances simultaneamente.
Isso acontece porque, quando o preço das commodities está alto, os negócios do agro tendem a ter margens mais elevadas.
Ao passo que, quando o cenário inverte e as commodities caem, são os players de alimentação e bebida que vivem tempos de glória, pois se beneficiam de custos de insumos mais baixos e podem trabalhar com margens mais altas.
- VEJA TAMBÉM: Temporada de balanços 4T24 – descubra o que esperar das principais empresas da bolsa, segundo o BTG
Os analistas do BTG Pactual consideraram justamente essa dinâmica “inversamente proporcional” em um novo relatório que discute as projeções para esses setores em 2025.
Em suma, 2023 e 2024 foram anos fortes para as margens de alimentos e bebidas, devido à estabilização dos preços dos grãos, mas isso ocorreu “às custas” de menor lucratividade para as companhias agrícolas.
Leia Também
O primeiro encontro: Ibovespa reage à alta dos juros pelo Copom e à manutenção das taxas pelo Fed
Já 2025 deve ser um ano de transição, em que os produtores de commodities devem ser favorecidos em detrimento do setor de alimentos e bebidas.
Quais são as top picks do BTG?
Considerando esse cenário, o banco tem algumas “favoritas” entre as principais empresas desses segmentos, que podem se beneficiar dessa mudança de força no “cabo de guerra” entre o agro e os alimentos/bebidas. São elas:
- 3tentos (TTEN3);
- SLC Agrícola (SLCE3);
- São Martinho (SMTO3); e
- JBS (JBSS3).
“Cada uma oferece uma combinação atraente de balanços sólidos, potencial de crescimento, valuations atrativos e, mais importante, um perfil de risco-retorno favorável com base nas tendências de preços esperadas de seus principais produtos”, escreveram os analistas.
Vale destacar que a JBS é a única ação recomendada pelo BTG no setor de alimentos e bebidas. O balanço robusto e alta capacidade de geração são pontos que justificam a recomendação, mesmo com as margens operacionais mais baixas no segmento de aves.
Os analistas também se aprofundaram um pouco mais em cada um dos setores ligados à indústria alimentícia.
Proteínas: tudo que é bom, um dia acaba
O setor de proteínas mostrou uma resiliência notável no mercado de ações brasileiras nos últimos tempos.
Os players que mexem com aves vivem um ciclo que, para o BTG, é “nada menos do que excepcional”.
Mas, uma hora ou outra, esse momento de prosperidade vai acabar. Na verdade, os analistas já veem uma reversão de tendência, conforme a produção aumenta significativamente no Brasil e nos Estados Unidos e os preços de exportação de aves ficam menores.
Quem deve sentir as consequências são as maiores players do setor. Para 2025, as projeções de EBITDA (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) são menores para a JBS e para a BRF (e, consequentemente, para a Marfrig).
Mudando para a carne bovina, os frigoríficos brasileiros também desfrutaram de margens fortes em 2024. Mas a fase de retenção esperada para 2025 (em que o foco é reprodução e aumento do rebanho, não o abate) deve pressionar as margens.
"Olhando para o futuro, o setor de proteínas parece estar em uma encruzilhada. Segmentos que tiveram um desempenho excepcionalmente bom agora estão mudando, enquanto os desafios no mercado de carne bovina dos EUA persistem”, concluem os analistas.
Bebidas e alimentação: dificuldade de aumentar o preço
As empresas de alimentos e bebidas foram extremamente favorecidas pela queda dos preços das commodities, conforme a dinâmica de mercado explicada no começo deste texto.
O BTG acompanha de perto duas companhias, que têm recomendação neutra: a Ambev (ABEV3) e a M. Dias Branco (MDIA3).
O problema que ambas enfrentam em um ciclo de alta das commodities é a falta de poder de precificação, o que as impede de repassar os aumentos nos custos dos insumos para os consumidores.
A Ambev viu o crescimento do mercado “estagnar”, com o consumo de cerveja estabilizando em 72 litros por ano (patamar semelhante ao de países desenvolvidos). Paralelamente, concorrentes como o Grupo Petrópolis e a Heineken impedem a companhia de aumentar os preços.
Já M. Dias Branco perdeu participação de mercado e tem um portfólio de produtos de baixo valor agregado (biscoitos, farinha, macarrão), que a deixam com poder de precificação quase nulo.
"Com a alta dos preços das commodities, esperamos que as margens permaneçam sob pressão, particularmente se a MDB tentar recuperar a participação de mercado perdida, ficando atrás dos concorrentes nos aumentos de preços, comprimindo ainda mais as margens nesse processo”, diz o relatório.
Agronegócio: ‘refém’ da oferta
A indústria do agronegócio é totalmente dependente dos preços das commodities.
Acontece que, diferentemente de outros setores, como metais e petróleo, os preços das commodities agrícolas são quase inteiramente “reféns” da oferta, que, neste caso, é influenciada por fatores imprevisíveis como clima, decisões de plantio dos agricultores e até mesmo guerras.
Após um rali notável entre 2020 e 2022, os preços desses produtos tiveram uma correção severa e permanecem em níveis baixos.
No entanto, os analistas do BTG preveem um cenário mais favorável para as commodities no futuro próximo. Com isso, duas empresas podem ser favorecidas: a SLC Agrícola e a 3Tentos, que estão entre as top picks do banco.
Economia dá sinais de desaceleração e recessão técnica começa a entrar no radar do mercado financeiro; veja projeções
Com os juros subindo rapidamente para segurar a inflação, a chance de recessão técnica é considerada não desprezível por quem ainda não colocou tal possibilidade como tendência em seu cenário
Após adiar balanço, AgroGalaxy (AGXY3) divulga prejuízo bilionário no 3T24 e ação cai forte na B3
A expectativa era que o resultado saísse em dezembro, mas a companhia atribuiu o atraso ao processo de reestruturação interna após o pedido de recuperação judicial
Investidores na dieta “low-carb”: Ações da Camil (CAML3) desabam 11% na B3 com balanço magro e derrocada de 69% do lucro líquido
O mau humor acompanha a divulgação de um resultado amargo no terceiro trimestre fiscal de 2024, com queda significativa nos indicadores de lucratividade
Não é hora de desistir das ações: Bancão revela cinco empresas que podem tirar vantagem dos tempos incertos na bolsa brasileira
Para o Bradesco BBI, essas companhias têm “alavancas de autoajuda” frequentemente subestimadas que podem ajudá-las a tirar proveito das preocupações macroeconômicas
Vai ficar só na ameaça? Ibovespa busca recuperação, mas feriado em Wall Street drena liquidez
Ibovespa tenta reaver a marca dos 120 mil pontos enquanto EUA se fecham em luto para o funeral de Jimmy Carter
BRF (BRFS3) estende contrato com o fundo imobiliário QAGR11 e vai pagar aluguéis mais altos; veja quanto os cotistas vão receber
O novo contrato da BRF (BRFS3) com o fundo imobiliário QAGR11 estende por mais dez anos a locação de dois imóveis em Minas Gerais e um em Goiás
Em busca de ar para respirar: Depois de subir pela primeira vez em 2025, Ibovespa busca nova alta, mas não depende apenas de si
Ausência de uma solução para a crise fiscal vem afastando do Ibovespa não só os investidores locais, mas também os estrangeiros
Ambev (ABEV3) deixa o mercado de sucos e assina acordo para vender Do Bem para a Tial
A transação, cujo valor não foi divulgado, aguarda aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade)
Com Selic a caminho dos 14%, Itaú (ITUB4) é a ação favorita dos analistas para investir em janeiro; veja as recomendações de 12 corretoras para começar o ano
O maior banco privado do país acumulou cinco recomendações entre as 12 corretoras consultadas pelo Seu Dinheiro; confira a lista completa
China coloca frigoríficos brasileiros sob pressão com investigação sobre carne bovina e ações caem forte na B3; Marfrig (MRFG3) está entre as maiores quedas
BRF (BRFS3), JBS (JBSS3) e Minerva (BEEF3) chegaram a liderar perdas no Ibovespa em meio às incertezas sobre o futuro das exportações para o maior consumidor de carne do mundo
Raízen (RAIZ4) anuncia venda de até 31 projetos de energia solar por R$ 475 milhões e reduz participação no Paraguai
Além do acordo com a Brasol, a Raízen também reduzirá sua operação de Mobilidade no Paraguai
Um quarto sem janela: Ibovespa busca recuperação de banho de sangue de olho no PIB dos EUA e no RTI
Roberto Campos Neto e Gabriel Galípolo concedem entrevista coletiva conjunta depois da apresentação do Relatório Trimestral de Inflação
Ambev (Abev3): O que pode estar por trás do anúncio de um novo CFO a partir de 2025
Ambev não detalhou quais seriam os motivadores da mudança, mas há de se levar em conta algumas hipóteses e fatos recentes
Uruguai mantém a decisão de barrar a aquisição de unidades da Marfrig (MRFG3) pela Minerva (BEEF3); e agora?
As autoridades do país já tinham sinalizado que não autorizariam a compra em maio deste ano; decisão é mantida
Problema para o ano que vem? Agrogalaxy (AGXY3) adia mais uma vez a divulgação dos resultados do 3T24; veja nova data
Empresa do agronegócio atribui o atraso ao processo de recuperação judicial
Nem tudo está perdido na bolsa: Ibovespa monitora andamento da pauta econômica em Brasília enquanto o resto do mercado aguarda o Fed
Depois de aprovar a reforma tributária, Congresso dá andamento ao trâmite do pacote fiscal apresentado pelo governo
BRF (BRFS3) mira mercado de gelatina e colágeno e compra metade da Gelprime em negócio milionário
Segundo a companhia, a transação é assertiva para a estratégia de maior participação de produtos de valor agregado no portfólio
Entenda porque a Minerva (BEEF3) cancelou as projeções para 2024 após registrar lucro de R$ 94,1 milhões no 3T24
Além disso, a relação dívida líquida/Ebitda ajustado nos últimos 12 meses saiu de 2,8x para 2,6x, em razão do pagamento antecipado em investimentos
Querido Papai Noel: semana cheia conta com indicadores no exterior e local de olho em transição no BC, com Galípolo em foco
Além disso, na quinta-feira será divulgado o relatório trimestral de inflação do Banco Central após autarquia elevar a Selic para 12,25%
Mesmo em semana turbulenta, algumas ações se destacam no Ibovespa: confira as maiores altas e baixas dos últimos 5 dias
Ações da Marfrig, da Braskem e da Natura caíram mais de 10% no acumulado da semana, mas alguns papéis de destacaram positivamente no Ibovespa