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Maria Eduarda Nogueira
Maria Eduarda Nogueira
Jornalista formada pela Universidade de São Paulo (USP), com pós-graduação em Comunicação e Marketing Digital na ESPM. Trabalhou com comunicação institucional e jornalismo de viagens antes de entrar no mercado financeiro. Está sempre disponível para falar sobre inovação, livros e cultura pop.
HORA DE DESAPEGAR

‘Poucos conseguem competir com a SpaceX’: sem lucro desde 2018, Boeing pode precisar vender alguns negócios, dizem analistas

Em crise, companhia já prevê prejuízo no balanço do quarto trimestre de 2024; para especialistas, foco deveria ser na fabricação de aeronaves

Maria Eduarda Nogueira
Maria Eduarda Nogueira
27 de janeiro de 2025
13:53 - atualizado às 13:28
miniatura de Boeing 737 MAX
Miniatura de Boeing 737 MAX em exposição em Moscou em julho de 2017 - Imagem: Shutterstock

Desde o primeiro acidente fatal com seu modelo 737 MAX em 2018, a fabricante de aeronaves Boeing vem passando por uma prolongada crise e, desde então, não registra lucros anuais. Apenas no ano passado, a ação, negociada na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), caiu 30%.

Para a próxima temporada de resultados, as perspectivas da companhia também não são animadoras. A Boeing já alertou o mercado que prevê um prejuízo de US$ 4 bilhões para o quarto trimestre de 2024.

Como sair dessa zona de turbulência? Alguns analistas consultados pelo site de finanças e investimentos Market Watch têm a resposta: é hora de a Boeing abdicar de algumas linhas de negócios e focar naquilo que ela faz melhor, a fabricação de aeronaves. 

Esta não é uma ideia completamente nova. 

Em outubro do ano passado, o The Wall Street Journal reportou que a empresa estava negociando a venda de uma parte do negócio de exploração espacial – incluindo a problemática nave espacial Starliner e as operações de suporte à Estação Espacial Internacional.

Menos é mais

O próprio CEO da Boeing, Kelly Ortberg, parece estar ciente de que, às vezes, “menos é mais”. 

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Em uma teleconferência com analistas em outubro, o executivo reforçou que o core business (negócio principal) da companhia consistia na fabricação de aeronaves comerciais e sistemas de defesa, e que seriam estas verticais que perdurariam no longo prazo. 

  • Atualmente, a Boeing e a francesa Airbus são as principais fabricantes aéreas do mundo e vivem em um cenário de duopólio. A norte-americana tem um backlog  (pedidos realizados, mas ainda não entregues) de 5.595 jatos comerciais.

Ortberg ainda acrescentou que alguns elementos “marginais” poderiam distrair a Boeing do objetivo principal e que a empresa estaria melhor “fazendo menos e fazendo melhor” do que “fazendo mais e não fazendo bem”.

Esta visão é corroborada por analistas, que acreditam que a Boeing poderia tirar o máximo de proveito de suas vantagens competitivas, ao focar no negócio principal. 

Os investidores querem que a Boeing se concentre em fabricar aviões comerciais, gerar caixa e reconquistar participação de mercado em relação à Airbus para fortalecer o balanço financeiro, comenta Gautam Khanna, analista da TD Securities. “Assim, você não terá a crise persistente que enfrentamos nos últimos anos”, comenta.

Ainda mais em um contexto no qual concorrentes de peso estão conquistando espaço no mercado.

‘Poucas empresas conseguem competir com a SpaceX’

Tudo se resume a uma pergunta: os executivos da Boeing querem dedicar tempo, energia e dinheiro para competir em áreas que não são o core business da companhia?

Tony Bancroft, gestor da nova-iorquina Gabelli Funds, relembra que a entrada de players como a SpaceX, de Elon Musk, e a Blue Origin, de Jeff Bezos, elevaram a competitividade expressivamente na indústria aeroespacial. 

"A Boeing foi líder no passado, mas o mundo evoluiu, e empresas privadas surgiram. Talvez eu esteja errado, mas poucas empresas podem competir com a SpaceX", afirmou Bancroft.

Além disso, há outro fator a se considerar: a dificuldade de encontrar o tipo de profissional altamente especializado que é capaz de atuar nesse campo. “Você não encontra um engenheiro de foguetes andando na rua”, diz o gestor.

Para a venda desta linha de negócio, a Boeing ainda precisaria lidar com as obrigações contratuais que tem com a NASA. 

Outro segmento que pode ser atrativo para a venda é o de lançamento de satélites, na joint venture com a Lockheed Martin. No entanto, esta área também sofre com a mesma “pedra no sapato” que é o aumento da participação de mercado da SpaceX.

Em resposta ao Market Watch, a Boeing afirmou que não iria comentar sobre especulações do mercado.

* Com informações do Market Watch e da Reuters.

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