Não é só o prejuízo: o número do balanço da Petrobras (PETR4) que assustou o mercado — e faz as ações despencarem na B3
Os investimentos acima do esperado e o impacto sobre os dividendos ajudam a derrubar as ações da Petrobras na B3

O prejuízo líquido de R$ 17 bilhões da Petrobras (PETR4) no quarto trimestre pegou o mercado de surpresa, mas está longe de ser o fator de maior preocupação em relação ao balanço que a estatal divulgou na noite desta quarta-feira (26).
De fato, a maior parte do prejuízo veio de fatores que estavam fora do alcance da Petrobras. O principal deles foi a alta do dólar, que impacta as dívidas das subsidiárias da estatal, mas não tem efeito no caixa.
Ou seja, se fosse apenas pelo resultado negativo, o mercado provavelmente conseguiria digerir o balanço sem maiores problemas.
Na verdade, o que assustou os investidores foi outro número do resultado da Petrobras: o volume de investimentos (capex).
Os gastos acima do esperado -- e o impacto sobre os dividendos -- ajudam a derrubar as ações da companhia. Por volta das 10h40, os papéis PETR4 recuavam 3,95% na B3. A estatal promove uma conferência ao meio-dia com o mercado, e o tema dos investimentos deve dominar as discussões.
- VEJA TAMBÉM: Santander, Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, qual a melhor ação de banco para investir após o 4T24?
Petrobras (PETR4): o capex da discórdia
O chamado capex da Petrobras somou US$ 5,7 bilhões no quarto trimestre. Trata-se de um valor muito superior em relação à expectativa dos analistas. O Goldman Sachs, por exemplo, projetava investimentos de US$ 2,5 bilhões nos últimos três últimos meses de 2024.
Leia Também
Desta forma, o capex da Petrobras no ano como um todo atingiu US$ 16,6 bilhões e estourou a estimativa (guidance) da própria companhia. Além disso, trata-se de um aumento de 31% na comparação com os investimentos de 2023.
A Petrobras argumenta que o investimento acima da expectativa não representa um custo adicional e sim uma antecipação. Isso porque houve uma redução da diferença entre a entre a evolução física e financeira da construção de plataformas em Búzios.
Então se a estatal antecipou investimentos no fim do ano passado, a expectativa para os gastos em 2025 será menor, certo? Errado.
A Petrobras manteve o guidance de capex para este ano em US$ 18,5 bilhões, com uma variação de 10% para mais ou para menos.
Mais investimentos = menos dividendos
Com o volume de investimentos bem acima do esperado no quarto trimestre, os dividendos da Petrobras foram na direção contrária.
A estatal anunciou a distribuição de R$ 9,1 bilhões aos acionistas, ou seja, R$ 0,70954522 por ação ordinária e preferencial.
O valor ficou bem abaixo da expectativa, que variava entre R$ 14,4 bilhões e R$ 17,3 bilhões, de acordo com as projeções colhidas pelo Seu Dinheiro.
Por fim, a expectativa de que a Petrobras mantenha o pé no acelerador dos investimentos também tende a reduzir o potencial de pagamentos futuros de dividendos.
Petrobras (PETR4): falha de comunicação?
O volume de investimentos foi uma surpresa negativa, mas a forma como a empresa se comunicou com o mercado pode ter amplificado o problema, de acordo com os analistas do BTG Pactual.
Isso porque a companhia havia anunciado inicialmente que investiria US$ 18 bilhões em 2024, mas acabou reduzindo o guidance para US$ 14 bilhões em agosto do ano passado.
“Se o guidance não tivesse sido ajustado no meio do ano, as expectativas estariam mais alinhadas”, escreveu o BTG.
De todo modo, os analistas seguem confiantes com a estatal. “Mantendo inalteradas nossas premissas de capex, produção e preços do petróleo, projetamos um dividend yield de 15% para 2025, o que sustenta nossa tese de investimento.”
Assista também - LULA CAI E BOLSA SOBE: Como a popularidade do presidente mexe com os mercados
De estatais a ‘máquinas de dividendos’? Os planos de Copel (CPLE6), Sabesp (SBSP3) e Eletrobras (ELET6) após a privatização
Em participação no BTG CEO Conference 2025 nesta quarta-feira (26), os presidentes recapitularam a trajetória das companhias, privatizadas em 2022 (Eletrobras), 2023 (Copel) e a mais recente em 2024 (Sabesp)
A culpa é da Selic: seca de IPOs na B3 deve persistir em 2025, diz Anbima
Enquanto o mercado brasileiro segue sem nenhuma sinalização de retomada dos IPOs, algumas empresas locais devem tentar a sorte lá fora
Telefônica (VIVT3) desaba na bolsa mesmo após lucro bilionário no 4T24. O que desagradou o mercado no balanço da dona da Vivo?
Companhia registrou lucro líquido de R$ 1,76 bilhão no quarto trimestre de 2024, uma alta de 10,1% em relação ao mesmo período de 2023; mesmo assim, é uma das maiores quedas do Ibovespa hoje
Ambev (ABEV3) é a maior alta do Ibovespa após salto no lucro e dividendos bilionários, mas bancos dizem que o copo não está tão cheio assim
Enquanto os investidores se empolgam com os anúncios da companhia de bebidas, o BTG Pactual e Itaú BBA enxergam dificuldades no horizonte, entre elas, a concorrência com a Heineken; saiba se mesmo assim vale a pena colocar os papéis na carteira
WEG (WEGE3) apanha na B3 após um trimestre não tão perfeito. Quais linhas do balanço do 4T24 desagradaram os investidores?
Na avaliação do BTG Pactual, era necessário que o balanço da WEG (WEGE3) fosse perfeito, e não foi, com uma receita forte, mas margem frustrante — um leve déjà vu do resultado do terceiro trimestre, aliás.
O IRB (IRBR3) finalmente saiu do calvário? Lucro da resseguradora quase triplica no 4T24, mas volatilidade segue no radar
A empresa de resseguros teve um lucro líquido de R$ 112,4 milhões no quarto trimestre de 2024, expansão de 196,9% em relação ao mesmo período do ano anterior
Um olhar pelo retrovisor: Ibovespa tenta manter alta com investidores de olho em balanços e Petrobras em destaque
Além dos números da Petrobras, investidores repercutem balanços da Ambev, do IRB, da Klabin e da WEG, entre outros
Os dividendos da Petrobras (PETR4) vão minguar? Saiba se resultados mais fracos no 4T24 podem comprometer os proventos
A petroleira divulga nesta quarta-feira (26), após o fechamento dos mercados, os números financeiros do período entre outubro e dezembro, e os bancos projetam um desempenho mais fraco; para 2025, no entanto, a história que se desenha é outra
Lojas Renner na zona de rebaixamento: Itaú BBA corta recomendação para as ações LREN3 — e aqui estão os motivos
Para o banco, diante de ventos macroeconômicos contrários e indicadores como margens brutas e crescimento de vendas sob pressão, há pouco espaço para atualizações de lucros no curto prazo
BB-BI reduz preço-alvo da Casas Bahia (BHIA3) quase à metade e mantém recomendação de venda; saiba o que esperar da varejista
Ação da varejista caiu 65% nos últimos 12 meses por conta da alta da taxa Selic, que afeta principalmente empresas endividadas e mais sensíveis à economia
Marcopolo (POMO4) cai 5% hoje, por conta de resultados mais fracos do 4T24 — mas analistas ainda recomendam a ação
Mesmo com um balanço mais fraco, BTG Pactual e Itaú BBA veem boas perspectivas para montadora de carrocerias
Prejuízo da Hidrovias do Brasil (HBSA3) chega a quase meio bilhão no 4T24 e ação cai forte na B3 — mas analistas acreditam que o pior já passou
Os resultados operacionais da empresa de transporte hidroviário foram impactados negativamente pela crise hídrica e por eventos não recorrentes
A prévia ‘arrasa-quarteirões’ não rendeu: MRV (MRVE3) começou o dia mal na bolsa após prejuízo, que teve a Résia como vilã
Apesar da geração de caixa em todas as suas divisões, construtora registrou prejuízo líquido acima do estimado, além de receita e margens mornas
Auren (AURE3) sente pressão de prejuízo milionário e endividamento alto no 4T24 e ações recuam no Ibovespa
A dívida líquida subiu 60% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, para R$ 18,9 bilhões; veja os destaques do balanço
Vale (VALE3) capta US$ 750 milhões em bonds no exterior e anuncia os novos indicados ao conselho
Além das indicações a conselheiros, a mineradora também aprovou a indicação de Daniel André Stieler como presidente do conselho (chairman)
Embraer (EMBR3) vai decolar nos céus do Japão com encomenda bilionária; negócio pode destravar ainda mais valor para a brasileira
A All Nippon Airways (ANA) decidiu comprar 77 novas aeronaves de três fabricantes diferentes, sendo até 20 jatos da Embraer
Procuramos independência: Ibovespa tenta se recuperar de queda em dia de IPCA-15, balanços e Haddad
IRB e Vivo divulgam resultados por aqui; lá fora, investidores concentram o foco no balanço da Nvidia
Vale (VALE3) no vermelho: Ações da mineradora pressionam o Ibovespa hoje em meio a atualizações de projeções financeiras
O desempenho negativo dos papéis vem na esteira da atualização de estimativas da mineradora em relação à sensibilidade de fluxo de caixa livre para o acionista para 2025
Lojas Renner tenta apaziguar ânimos do mercado após anúncio de bônus gordo em 2024, mas ações LREN3 estendem queda na B3
A varejista distribuirá R$ 150,7 milhões a aproximadamente 21 mil colaboradores por meio do programa de participação nos resultados (PPR) do ano anterior
CEO da Azul (AZUL4) quer construir uma “empresa melhor” após prejuízo bilionário no 4T24. Por que as ações da aérea sobem forte na B3 hoje?
Ainda que o balanço da Azul (AZUL4) no 4T24 tenha sido tingido de vermelho no resultado líquido, outros indicadores brilham aos olhos dos investidores