Mil utilidades e mais uma recuperação judicial: como a Bombril quer se reorganizar para sair da crise; BOBR4 despenca na bolsa
Na última segunda-feira, a Bombril entrou com pedido de recuperação judicial devido à dívidas tributárias da ordem de R$ 2,3 bilhões referentes a autuações da Receita Federal

Se uma boa marca é indispensável para o sucesso de uma empresa, a Bombril soube deixar a sua na mente dos consumidores. Agora, no entanto, a empresa vai precisar de mais do que suas famosas “lãs de aço” para polir suas combalidas finanças.
Fundada em 14 de janeiro de 1948, a Abrasivos Bombril Ltda acaba de entrar com pedido de recuperação judicial.
Na requisição, apresentada nesta segunda-feira (10) perante a 1ª Vara Regional Empresarial e de Conflitos Relacionados à Arbitragem da 1ª Região Administrativa Judiciária de São Paulo, a empresa reconheceu dívidas tributárias da ordem de R$ 2,3 bilhões.
As contingências envolvem autuações da Receita Federal por suposta falta de recolhimento de tributos incidentes em operações de aquisição de títulos de dívida estrangeiros (T-Bills), no período entre 1998 e 2001 pela companhia e por veículo do grupo italiano Cragnotti & Partners, controlador da Bombril naquela época.
Nos primeiros movimentos do pregão de hoje, as ações da Bombril (BOBR4) caíam mais de 30%, reagindo à notícia da recuperação judicial.
Essa não é primeira recuperação judicial da Bombril
Mas essa não é a primeira vez que a Bombril se vê às voltas com um pedido de recuperação judicial. Em 2003, após não conseguir recuperar o retorno esperado com lançamentos de novos produtos, a empresa precisou se reorganizar financeiramente. A recuperação foi concluída apenas em 2006.
Leia Também
Já em 2013, os produtos da Bombril chegaram a sumir das prateleiras dos mercados devido à falta de dinheiro para produção e transporte. E no auge da crise, em 2015, a empresa chegou a acumular dívidas de R$ 900 milhões.
Em 2017, após passar por outra grande reestruturação, a Bombril conseguiu terminar o ano no azul. A empresa chegou a registrar resultados positivos nos anos seguintes, mas não o bastante para superar totalmente as dívidas acumuladas nos anos de crise.
Como a Bombril se transformou em sinônimo de “lã de aço”
Se você pegar uma lista de mercado, dificilmente vai se deparar com “palha de aço” ou “lã de aço” entre os itens. Se quem tiver feito a lista estiver precisando desse produto, é provável que tenha escrito “Bombril”.
No entanto, a Bombril não se transformou em sinônimo de lã de aço da noite para o dia. No fim dos anos 1940, o empresário Roberto Sampaio Ferreira recebeu uma máquina de extração de lã de aço como pagamento de uma dívida.
Inspirado em um produto norte-americano chamado Brilhus, Ferreira e a esposa tiveram a ideia de lançar no Brasil um produto “bom” e que desse “brilho”. Daí surgiu o nome Bombril.
Assim, de um produto importado e inacessível, a lã de aço começou a ser fabricada no bairro do Brooklin, em São Paulo, e se popularizou entre as donas de casas brasileiras. Apenas em 1948, primeiro ano de operação da fábrica, foram vendidas 48 mil unidades.
Logo, o slogan de “1001 utilidades” passou a fazer parte da marca que, além de polir panelas, também limpava vidros, louças, azulejos e ferragens.
Um case de sucesso da publicidade
Mas, talvez, o grande impulso para a Bombril tenha vindo da publicidade. Além da vantagem de um produto funcional e popular, a marca soube se promover.
Em 1978, a empresa contratou os publicitários Washington Olivetto e Francesc Petit para idealizar uma campanha para a televisão.
O sucesso foi tamanho que o ator Carlos Moreno passou a ser reconhecido como “garoto Bombril”.
Veja trechos de antigos comerciais da Bombril:
Quando o assunto é garoto-propaganda, Carlos Moreno figura entre os maiores cases de sucesso da história da publicidade brasileira.
Em 1994, ator entrou para o Guinness Book por seu trabalho com a Bombril entre os anos de 1978 e 2004, tendo gravado 337 comerciais interpretando diferentes personagens nesse período.
VEJA MAIS: Calendário de resultados desta semana inclui Usiminas, Suzano e outras 7 empresas; acompanhe a cobertura completa
Os planos da companhia para dar a volta por cima
Em fato relevante divulgado na noite de segunda-feira, a Bombril explicou que a medida foi tomada para “conduzir, de forma organizada, um procedimento abrangente de negociação com todos os interessados para adequação de sua estrutura de endividamento".
Com a recuperação judicial ajuizada, a companhia afirma que "será capaz" de manter a sua capacidade operacional e reestruturar adequadamente seu passivo, por meio de um "processo célere" e com o "menor impacto" possível aos direitos dos credores e às atividades operacionais.
"A companhia confia que, por meio da recuperação judicial, será possível atingir uma estrutura de endividamento saudável, que permitirá um novo ciclo de crescimento e novos investimentos, em benefício da coletividade dos stakeholders", conclui a Bombril.
Dada a relevância e o elevado valor envolvido, a administração informou que "monitora constantemente" o andamento dos processos judiciais.
Nesse sentido, em função de uma decisão desfavorável proferida recentemente nos processos judiciais, os diretores da Bombril reuniram-se ontem para deliberar sobre a situação.
Na reunião, a diretoria reavaliou as chances de perda no âmbito dos processos judiciais e as alternativas para lidar com essa questão e seus impactos, amparada por pareceres de assessores externos.
Também considerou que o atual risco de perda nos processos judiciais representa "ameaça" aos bons resultados contábeis que vêm sendo obtidos pela Bombril, expondo a companhia a "riscos considerados elevados", relacionados à reavaliação da sua capacidade de adimplência por parte de fornecedores e financiadores. E, no limite, à descontinuidade de determinadas relações comerciais e vencimento antecipado de dívidas.
Como resultado dessa reavaliação, a administração deliberou pelo reconhecimento contábil dos valores discutidos nos processos judiciais, determinando a adoção das medidas cabíveis.
*Com informações de Estadão Conteúdo e UOL
Até tu, Nvidia? “Queridinha” do mercado tomba sob Trump; o que esperar do mercado nesta quarta
Bolsas continuam de olho nas tarifas dos EUA e avaliam dados do PIB da China; por aqui, investidores reagem a relatório da Vale
Como declarar ações no imposto de renda 2025
Declarar ações no imposto de renda não é trivial, e não é na hora de declarar que você deve recolher o imposto sobre o investimento. Felizmente a pessoa física conta com um limite de isenção. Saiba todos os detalhes sobre como declarar a posse, compra, venda, lucros e prejuízos com ações no IR 2025
Por que o Mercado Livre (MELI34) vai investir R$ 34 bilhões no Brasil em 2025? Aporte só não é maior que o de Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3)
Com o valor anunciado pela varejista online, seria possível comprar quatro vezes Magalu, Americanas e Casas Bahia juntos; conversamos com o vice-presidente e líder do Meli no Brasil para entender o que a empresa quer fazer com essa bolada
Mercado Livre (MELI34) vai aniquilar a concorrência com investimento de R$ 34 bilhões no Brasil? O que será de Casas Bahia (BHIA3) e Magalu (MGLU3)?
Aposta bilionária deve ser usada para dobrar a logística no país e consolidar vantagem sobre concorrentes locais e globais. Como fica o setor de e-commerce como um todo?
As empresas não querem mais saber da bolsa? Puxada por debêntures, renda fixa domina o mercado com apetite por títulos isentos de IR
Com Selic elevada e incertezas no horizonte, emissões de ações vão de mal a pior, e companhias preferem captar recursos via dívida — no Brasil e no exterior; CRIs e CRAs, no entanto, veem emissões caírem
Depois de derreter mais de 90% na bolsa, Espaçolaser (ESPA3) diz que virada chegou e aposta em mudança de fornecedor em nova estratégia
Em seu primeiro Investor Day no cargo, o CFO e diretor de RI Fabio Itikawa reforça resultados do 4T24 como ponto de virada e divulga plano de troca de fornecedor para reduzir custos
Península de saída do Atacadão: Família Diniz deixa quadro de acionistas do Carrefour (CRFB3) dias antes de votação sobre OPA
Após reduzir a fatia que detinha na varejista alimentar ao longo dos últimos meses, a Península decidiu vender de vez toda a participação restante no Atacadão
Temporada de balanços 1T25: Confira as datas e horários das divulgações e das teleconferências
De volta ao seu ritmo acelerado, a temporada de balanços do 1T25 começa em abril e revela como as empresas brasileiras têm desempenhado na nova era de Donald Trump
Azul (AZUL4) busca até R$ 4 bilhões em oferta de ações e oferece “presente” para acionistas que entrarem no follow-on; ações sobem forte na B3
Com potencial de superar os R$ 4 bilhões com a oferta, a companhia aérea pretende usar recursos para melhorar estrutura de capital e quitar dívidas com credores
Allos (ALOS3) entra na reta final da fusão e aposta em dividendos com data marcada (e no começo do mês) para atrair pequeno investidor
Em conversa com Seu Dinheiro, a CFO Daniella Guanabara fala sobre os planos da Allos para 2025 e a busca por diversificar receitas — por exemplo, com a empresa de mídia out of home Helloo
Após semana intensa, bolsas conseguem fechar no azul apesar de nova elevação tarifária pela China; ouro bate recorde a US$ 3.200
Clima ainda é de cautela nos mercados, mas dia foi de recuperação de perdas para o Ibovespa e os índices das bolsas de NY
Gigantes da bolsa derretem com tarifas de Trump: pequenas empresas devem começar a chamar a atenção
Enquanto o mercado tenta entender como as tarifas de Trump ajudam ou atrapalham algumas empresas grandes, outras nanicas com atuação exclusivamente local continuam sua rotina como se (quase) nada tivesse acontecido
Ações da AgroGalaxy (AGXY3) sobem na bolsa após aprovação do plano de recuperação judicial
O plano foi aprovado na madrugada desta quinta-feira (10), depois de questionamentos dos credores
Ambev (ABEV3) vai do sonho grande de Lemann à “grande ressaca”: por que o mercado largou as ações da cervejaria — e o que esperar
Com queda de 30% nas ações nos últimos dez anos, cervejaria domina mercado totalmente maduro e não vê perspectiva de crescimento clara, diante de um momento de mudança nos hábitos de consumo
Brava Energia (BRAV3) e petroleiras tombam em bloco na B3, mas analistas veem duas ações atraentes para investir agora
O empurrão nas ações de petroleiras segue o agravamento da guerra comercial mundial, com retaliações da China e Europa às tarifas de Donald Trump
Sem pílula de veneno: Casas Bahia (BHIA3) derruba barreira contra ofertas hostis; decisão segue recuo de Michael Klein na disputa por cadeira no conselho
Entre as medidas que seriam discutidas em AGE, que foi cancelada pela varejista, estava uma potencial alteração do estatuto para incluir disposições sobre uma poison pill; entenda
“Trump vai demorar um pouco mais para entrar em pânico”, prevê gestor — mas isso não é motivo para se desiludir com a bolsa brasileira agora
Para André Lion, sócio e gestor da estratégia de renda variável da Ibiuna Investimentos, não é porque as bolsas globais caíram que Trump voltará atrás na guerra comercial
CEO da Embraer (EMBR3): tarifas de Trump não intimidam planos de US$ 10 bilhões em receita até 2030; empresa também quer listar BDRs da Eve na B3
A projeção da Embraer é de que, apenas neste ano, a receita líquida média atinja US$ 7,3 bilhões — sem considerar a performance da subsidiária Eve
Ação da Vale (VALE3) chega a cair mais de 5% e valor de mercado da mineradora vai ao menor nível em cinco anos
Temor de que a China cresça menos com as tarifas de 104% dos EUA e consuma menos minério de ferro afetou em cheio os papéis da companhia nesta terça-feira (8)
Magazine Luiza (MGLU3) cai mais de 10% após Citi rebaixar a ação para venda — e banco enxerga queda ainda maior pela frente
Entre os motivos citados para o rebaixamento, o Citi destaca alta competitividade e preocupação com o cenário macro