Genial corta preço-alvo do Banco do Brasil (BBAS3) em quase 25%, prevendo lucro fraco no 2T25
Corretora reduziu projeções para o Banco do Brasil em meio à piora da inadimplência no agro e impacto da nova regra contábil do BC
O agro decepcionou. Os juros não deram trégua. A Genial Investimentos jogou um balde de água fria sobre o otimismo com o Banco do Brasil (BBAS3) e revisou para baixo suas projeções para BBAS3, cortando o preço-alvo do papel de R$ 31,80 para R$ 23,80. A redução foi de quase 25%, mesmo mantendo a recomendação neutra.
A nova estimativa da casa implica em upside de 18% em relação aos preços atuais, mas vem acompanhada de uma análise dura: o BB deve entregar o pior desempenho entre os bancões no segundo trimestre.
O pior da turma
De acordo com a leitura da Genial, a expectativa é que o Banco do Brasil registre um lucro líquido de R$ 5,1 bilhões no 2T25, o que representa um recuo de 31,1% em relação ao primeiro trimestre e 46,6% na comparação anual.
Já o retorno sobre o patrimônio líquido médio (ROAE, na sigla em inglês), segundo a corretora, deve cair para 10,9%, abaixo até do custo de capital da instituição.
A piora é atribuída a três fatores principais:
- Inadimplência persistente no agronegócio, com destaque para soja e milho;
- Aumento das provisões para perdas, impulsionado pela Resolução nº 4.966 do Banco Central, que exige maior rigor contábil em operações com risco elevado;
- Pressão sobre a margem financeira (NII), com a nova norma impedindo o reconhecimento antecipado de receitas em créditos classificados como estágio 3.
A corretora projeta que o custo de crédito (PDD líquida) some R$ 13,2 bilhões no trimestre, expansão de 69% em relação ao mesmo período do ano passado.
O agro virou vilão?
Com cerca de um terço da carteira de crédito exposta ao agronegócio, o Banco do Brasil está sentindo o peso do calote rural.
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Dados do Banco Central já mostravam que produtores mais alavancados, especialmente no Centro-Oeste, enfrentam dificuldade para honrar os compromissos. E os efeitos bateram no balanço.
Mas o problema não é só do campo. A Genial também vê deterioração nas carteiras de pessoas físicas e pequenas e médias empresas, com destaque para as operações renegociadas, muitas feitas com base na expectativa de juros mais baixos que não vieram.
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A expectativa da Genial é de que a inadimplência acima de 90 dias chegue a 4,4% no 2T25, puxada por esse combo de agro e crédito frágil.
Valuation mais cauteloso
A corretora também revisou para baixo o lucro projetado para 2025 — agora estimado em R$ 25,7 bilhões —, o que representa queda de 32,2% no comparativo anual.
Com isso, o preço-alvo foi rebaixado.
Mesmo com múltiplos considerados atrativos, a Genial vê pouca margem para reprecificação no curto prazo. Na avaliação da casa, faltam gatilhos claros para destravar valor, e o atual estágio do ciclo de crédito ainda exige cautela.
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De olho nos dividendos
Um ponto de atenção é o payout de dividendos. A Genial não incorporou formalmente uma mudança no modelo, mas vê espaço para que o banco distribua menos do que os 40% a 45% dos últimos anos.
Para a corretora, a estratégia ajudaria a preservar capital diante do cenário mais adverso.
Em 2026, o BB deve sofrer consumos adicionais de capital, com a devolução de instrumentos híbridos, fim de programas emergenciais da pandemia e ajustes regulatórios.
Com a meta interna de manter o índice de capital principal em 11%, o banco pode adotar uma postura mais conservadora, o que reforça a necessidade de reavaliar expectativas de retorno ao acionista, disse a Genial em relatório.
O que esperar agora?
Mas nem tudo está perdido. A Genial ainda enxerga um cenário mais positivo para 2026, caso o ciclo do crédito agrícola se normalize.
Até lá, o curto prazo segue desafiador. A combinação de inadimplência elevada, regras contábeis mais rígidas e margem comprimida deve seguir pressionando os resultados do BB.
Trocando em miúdos: para a corretora, o valuation pode até estar barato. Mas o momento ainda pede cautela — e o mercado já captou o recado.
Nesta quarta-feira (30), por volta das 10h50, às ações BBAS3 operavam sem tendência definida, cotadas a R$ 19,95. Nos últimos 12 meses, o banco acumula queda de 18,81%.
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