Cury (CURY3), MRV (MRVE3), Direcional (DIRR3) e mais construtoras divulgam as prévias do 4T24 — mas esta pouco conhecida arrancou elogios dos analistas
Apesar da cautela com os juros altos, algumas construtoras se destacaram com resultados surpreendentes e recordes de vendas

Após um bom desempenho no primeiro trimestre de 2024 com a redução da taxa básica de juros pelo Banco Central, as construtoras e incorporadoras se depararam com um novo ciclo de aperto monetário que, em meio às incertezas externas e ruídos provocados pelo pacote fiscal do governo, colocou o cenário econômico brasileiro de pernas para o ar.
Tudo isso é para dizer que, com a expectativa de que os juros continuem subindo em 2025, o mercado tem olhado para o setor imobiliário com mais cautela, já que ele depende de financiamento e, principalmente, do consumo, assim como outros segmentos da economia.
No entanto, nem tudo parece estar perdido: as prévias operacionais das empresas no quarto trimestre de 2024 indicam que os desafios macroeconômicos dos últimos meses ainda não afetaram de forma pesada os canteiros de obras e os stands de vendas — pelo menos por enquanto.
Algumas construtoras e incorporadoras se destacaram com resultados positivos, — algumas até “'impressionantes'” — e com recordes de vendas.
Confira as principais prévias operacionais do 4T24 e a opinião dos analistas.
VEJA TAMBÉM: Quais são as melhores ações para investir em 2025? E-book gratuito mostra as perspectivas da Empiricus Research, Trígono Capital e BTG Pactual
Leia Também
Lavvi (LAVV3): a vez das subsidiárias
Você certamente conhece a Cyrela (CYRE3), MRV (MRVE3), Tenda (TEND3), e falaremos delas mais a frente nesta matéria. Entretanto, uma das subsidiárias dessas titãs do mercado imobiliário registrou resultados que arrancaram elogios dos analistas financeiros.
A Lavvi (LAVV3), parte do Grupo Cyrela, atua na incorporação e construção de empreendimentos residenciais e não residenciais de média e alta renda em São Paulo.
A construtora registrou seu melhor trimestre e ano em 2024, com vendas totais de R$ 1,371 bilhão no 4T24, um aumento de 93%, e um VGV de R$ 1,656 bilhão, crescimento de 83%.
No acumulado de 2024, o VGV líquido foi de R$ 2,8 bilhões (+91%) e as vendas líquidas somaram R$ 2,514 bilhões, uma alta de 115% em relação ao ano anterior.
A Lavvi fez três lançamentos no 4T24, sendo sócia majoritária em dois desses projetos. Os analistas do BTG Pactual classificaram os resultados como "impressionantes", superando expectativas, destacando o bom desempenho em vendas e geração de caixa.
O BTG tem recomendação de compra para LAVV3, com preço-alvo de R$ 12.
O Itaú BBA também destacou o bom desempenho da empresa, com vendas 30% acima das expectativas. Devido a esses resultados positivos e ao valuation atrativo, os analistas mantêm a recomendação de compra para as ações da construtora.
Na visão do Itaú BBA, a Lavvi teve seu melhor trimestre em termos de lançamentos e vendas, com este último 30% acima das expectativas do banco de investimentos.
SAIBA MAIS: Robô Gamma Quant foi turbinado para poder buscar R$ 1.179 de renda extra por dia, em média
Outras prévias “arrasa-quarteirões” do 4T24
Entrando no universo das gigantes do setor, a Cyrela apresentou resultados “estelares” no quarto trimestre, segundo os analistas. A construtora registrou vendas líquidas de R$ 4,9 bilhões, uma alta de 89% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Os lançamentos foram de R$ 6,7 bilhões, um crescimento de 146% em relação ao mesmo período do ano anterior. As vendas da Cyrela foram divididas em: R$ 4,4 bilhões no nicho de alta renda, R$ 884 milhões no nicho de média renda e R$ 1,4 bilhão no Minha Casa Minha Vida. A empresa conseguiu vender 57% de seus lançamentos no trimestre
Segundo os analistas do BTG Gustavo Cambauva, Elvis Credendio e Luis Mollo, os números “marcam o melhor trimestre já registrado pela empresa, com lançamentos e vendas maciças que resultaram em um desempenho robusto no ano de 2024”.
“Essa é uma conquista e tanto, especialmente à luz da difícil situação macroeconômica. E, embora o cenário macro possa continuar pesando sobre as ações, acreditamos que a Cyrela vem desafiando os fundamentos do setor por meio de uma execução impecável.”
O BTG tem recomendação de compra para as ações da Cyrela, com preço-alvo de R$ 32,06.
Cury (CURY3): o “porto seguro” do BTG
Com resultados fortes, a Cury teve crescimento tanto em lançamentos quanto em vendas, além de uma boa geração de caixa.
A construtora registrou um VGV de R$ 1,399 bilhão, uma alta de 63,4% na base anual. No trimestre, foram lançados sete empreendimentos, sendo cinco localizados em São Paulo e dois no Rio de Janeiro.
“A Cury iniciará 2025 a todo vapor, garantindo mais um ano de forte crescimento operacional”, segundo os analistas. “Mantemos nossa recomendação de compra para as ações da Cury, tendo em vista sua execução impecável e sólido posicionamento no MCMV (porto seguro em meio à turbulência macroeconômica e política do Brasil)”.
Além disso, a empresa tem um valuation considerado atraente pelos analistas, com um preço sobre lucro (P/L) de 6x para 2025 e um dividend yield esperado de 13% para 2025.
MRV (MRVE3): maior volume de vendas líquidas da história
Com desempenho "arrasa-quarteirões", a MRV (MRVE3) também foi destaque nesta temporada de prévias do 4T24. Tanto que, após renovar o recorde de maior volume de vendas líquidas da história, as ações da companhia de Rubens Menin chegaram a liderar o ranking de maiores altas do Ibovespa na sessão seguinte à divulgação da prévia.
O grupo MRV encerrou o último trimestre com uma geração de caixa de R$ 370 milhões.
Segundo a construtora, o desempenho foi impulsionado pelo valor geral de vendas (VGV) do segmento de incorporação, que chegou a R$ 2,6 bilhões no 4T24, um crescimento de 6% em relação ao trimestre anterior. No ano, a cifra atingiu a marca de R$ 9,739 bilhões.
De acordo com o diretor financeiro (CFO) do grupo, Ricardo Paixão, o maior destaque do trimestre foi que, pela primeira vez na história, a companhia conseguiu gerar caixa tanto no negócio principal — a MRV Incorporação — como também em todas as subsidiárias.
A visão dos analistas é que a MRV apresentou resultados sólidos, com lançamentos e vendas acima das estimativas e com margens sólidas em novos negócios
Isso sustenta a perspectiva dos analistas do Itaú BBA de que seja o primeiro trimestre de fluxo de caixa positivo no negócio da MRV no Brasil em anos, após consecutivos números negativos no 3T24 (R$ 97 milhões), 2T24 (R$ 215 milhões) e 1T24 (R$ 372 milhões).
Para o BTG Pactual, os resultados operacionais do 4T24 foram sólidos, mas a geração de fluxo de caixa livre (FCF) decepcionou, já que a MRV cumpriu o guidance para 2024, mas com vendas de recebíveis muito maiores do que o inicialmente projetado — ou seja, o FCF operacional foi mais fraco do que o esperado.
Na avaliação do Goldman Sachs, a prévia da MRV mostra um trimestre melhor do que os recentes, embora a alta alavancagem continue sendo um ponto de preocupação para a empresa, especialmente em meio à alta das taxas de juros no Brasil.
O BTG tem recomendação de compra para MRVE3. O preço-alvo é de R$ 17, equivalente a um potencial de alta de 210% sobre o fechamento da ação na segunda-feira (28)
Direcional (DIRR3): 4T sólido, como esperado
Completando o time de titãs do setor imobiliário, a Direcional (DIRR3) reportou resultados operacionais sólidos, como esperado, na visão dos analistas.
“Apesar do cenário macroeconômico difícil, o setor de imóveis de baixa renda continua a apresentar uma demanda sólida em função da acessibilidade melhor do que nunca no MCMV, e esperamos que empresas com operações e balanços sólidos como a Direcional continuem a apresentar um bom desempenho”, afirmam os analistas do BTG.
As vendas líquidas da Direcional totalizaram R$ 1,58 bilhão, uma alta de 56% na comparação ano a ano. Desse total, R$ 984 milhões foram do segmento de baixa renda e R$ 596 milhões no nicho de média renda. Vendas líquidas somaram R$ 6,27 bilhões.
Durante o período, foram lançados 20 projetos com valor potencial de vendas de R$ 1,83 bilhão, o que representa uma alta de 55% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Para o Santander, os resultados foram sólidos, alguns deles acima das expectativas do banco — como é o caso do valor potencial de vendas e das pré-vendas líquidas. O banco reiterou recomendação de compra para as ações DIRR3, com preço-alvo de R$ 36,50.
Já o Itaú BBA adota uma postura mais cautelosa em relação à Direcional, apontando um desempenho “ligeiramente negativo”, abaixo do esperado nas vendas e lançamentos.
“Mas ainda precisamos entender com a empresa se isso foi um evento isolado ou não (o lançamento de um projeto pode ter sido adiado para o 1T25, caso contrário, isso pode pressionar nossa estimativa de lançamentos de R$ 5,3 bilhões em 2025)”, afirma o BBA.
O banco tem recomendação “outperform”, equivalente a compra para DIRR3, com preço-alvo de R$ 36.
Média e alta renda em destaque
No segmento de média e alta renda, outras companhias também se destacaram. A Trisul (TRIS3), por exemplo, também apresentou números recordes.
Na visão do Itaú BBA, a Trisul apresentou resultados robustos no 4T24, com o maior volume de lançamentos e vendas da história da empresa —- e aumentos expressivos em relação tanto ao trimestre anterior quanto ao mesmo período do ano passado.
Os lançamentos alcançaram R$ 924 milhões (com co-participação), superando os R$ 115 milhões do 3T24, e as vendas chegaram a R$ 774 milhões, um aumento significativo em relação aos R$ 345 milhões registrados no trimestre anterior.
O BBA ressaltou que, mesmo com o aumento nas vendas, os distratos foram menores, o que é um indicativo positivo para o mercado de média e alta renda em São Paulo.
Também do segmento de alta renda, a Eztec (EZTC3) teve desempenho mais fraco no 4T24. Apesar do crescimento nas vendas líquidas, os lançamentos da construtora foram abaixo do esperado pelos analistas do mercado, e com alta taxa de cancelamentos.
O BTG Pactual e o Itaú BBA se posicionaram neutros em relação à prévia operacional da empresa, enquanto o Santander considerou os resultados decentes, com os lançamentos e as pré-vendas acima das estimativas do banco de investimentos.
No período, a Eztec teve dois lançamentos, que somaram um valor geral de venda potencial de R$ 262 milhões, uma queda de 12,7% sobre o mesmo período de 2023. No ano, os lançamentos da construtora somaram R$ 1,6 bilhão, alta de 62% sobre 2023.
Minha Casa, Minha Vida: porto seguro em meio à turbulência
Se o cenário macroeconômico não anda muito favorável, principalmente por conta dos juros altos, o segmento de baixa renda e o programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) têm se mostrado resilientes para as empresas do setor, de acordo com a opinião dos analistas.
Empresas como MRV, Direcional, Cyrela e Cury, por exemplo, apresentaram resultados positivos em vendas e lançamentos justamente por focarem em programas habitacionais.
Por conta disso, o MCMV continua sendo um “porto seguro” em meio à turbulência macroeconômica, especialmente para empresas com operações e balanços sólidos.
Melnick (MELK3) e Mitre (MTRE3): abaixo das expectativas
No mundo das construtoras, nem todas as empresas “arrasaram quarteirões”, e Melnick (MELK3) e Mitre (MTRE3) apresentaram resultados operacionais abaixo das expectativas.
Enquanto a Melnick enfrentou principalmente desafios relacionados a vendas fracas e ao cenário macroeconômico, a Mitre sofreu com entregas abaixo das expectativas, uma baixa velocidade de vendas dos lançamentos, assim como o cenário macro desafiador.
Ambas as empresas foram afetadas pelo aumento das taxas de juros.
A Melnick teve vendas líquidas de R$ 197 milhões, uma queda de 9% na comparação anual, e uma velocidade de vendas de 13%, um desempenho abaixo das previsões.
Apesar de um expressivo aumento nos lançamentos, que somaram R$ 216 milhões (equivalente a uma alta de 277%, o ambiente macroeconômico não favoreceu a companhia.
O BTG tem recomendação de compra para MELK3, com preço-alvo de R$ 7,5.
A Melnick registrou vendas líquidas de R$ 377 milhões, um aumento de 20% na comparação ano a ano. No entanto, as entregas ficaram aquém das expectativas, totalizando R$ 188 milhões, uma queda de 36% na comparação anual. Apesar de lançamentos de R$ 901 milhões (+36%), a velocidade de vendas foi de apenas 14%.
Smartphones e chips na berlinda de Trump: o que esperar dos mercados para hoje
Com indefinição sobre tarifas para smartphones, chips e eletrônicos, bolsas esboçam reação positiva nesta segunda-feira; veja outros destaques
Allos (ALOS3) entra na reta final da fusão e aposta em dividendos com data marcada (e no começo do mês) para atrair pequeno investidor
Em conversa com Seu Dinheiro, a CFO Daniella Guanabara fala sobre os planos da Allos para 2025 e a busca por diversificar receitas — por exemplo, com a empresa de mídia out of home Helloo
Volvo EX90, a inovação sobre rodas que redefine o conceito de luxo
Novo top de linha da marca sueca eleva a eletrificação, a segurança e o conforto a bordo a outro patamar
COP30: O que não te contaram sobre a maior conferência global do clima e por que ela importa para você, investidor
A Conferência do Clima será um evento crucial para definir os rumos da transição energética e das finanças sustentáveis no mundo. Entenda o que está em jogo e como isso pode impactar seus investimentos.
Ibovespa é um dos poucos índices sobreviventes de uma das semanas mais caóticas da história dos mercados; veja quem mais caiu
Nasdaq é o grande vencedor da semana, enquanto índices da China e Taiwan foram os que mais perderam
Trump virou tudo do avesso (várias vezes): o resumo de uma das semanas mais caóticas da história — como ficaram dólar, Ibovespa e Wall Street
Donald Trump virou os mercados do avesso várias vezes, veja como ficaram as bolsas no mundo todo, as sete magníficas, Ibovespa e dólar
Direcional (DIRR3) registra R$ 1,2 bi em vendas líquidas na prévia do 1T25 — ação se destaca com nova faixa do Minha Casa Minha Vida
Os números da prévia operacional da construtora vieram em linha com as expectativas, mas ação ganha destaque no mercado com Minha Casa Minha Vida
Cyrela (CYRE3): Lançamentos disparam mais de 180% (de novo) e dividendos extraordinários entram no radar — mas três bancões enxergam espaço para mais
Apesar da valorização de mais de 46% na bolsa, três bancos avaliam que Cyrela deve subir ainda mais
Acabou a magia? Ir pra Disney está mais caro, mas o ‘vilão’ dessa história não é Donald Trump
Estudos mostram que preços dos ingressos para os parques temáticos subiram mais do que a inflação americana; somado a isso, empresa passou a cobrar por serviços que antes eram gratuitos
Ambev (ABEV3) vai do sonho grande de Lemann à “grande ressaca”: por que o mercado largou as ações da cervejaria — e o que esperar
Com queda de 30% nas ações nos últimos dez anos, cervejaria domina mercado totalmente maduro e não vê perspectiva de crescimento clara, diante de um momento de mudança nos hábitos de consumo
Inteligência artificial autônoma abala modelos de negócios das big techs; Google é a que tem mais a perder, mas não é a única, diz Itaú BBA
Diante do desenvolvimento acelerado de agentes autônomos de inteligência artificial, as big techs já se mexem para não perder o bonde
Carros blindados estão em alta no Brasil – e os custos também. O que entra na conta?
Confira o que é importante para circular com carros blindados por aí: custos, cuidados, garantias e uma alternativa para não se preocupar com a desvalorização
Última chamada para se inscrever na Bayer, Ambev e Heineken; confira essas e outras vagas para estágio e trainee com bolsa-auxílio de até R$ 8,5 mil
Os aprovados nos programas de estágio e trainee devem começar a atuar até o segundo semestre de 2025; as inscrições ocorrem durante todo o ano
CDBs do Banco Master pagam até 160% do CDI no mercado secundário após investidores desovarem papéis com desconto
Negócio do Master com BRB jogou luz nos problemas de liquidez do banco, o que levou os investidores a optarem por resgate antecipado, com descontos de até 20%; taxas no secundário tiram atratividade dos novos títulos emitidos pelo banco, a taxas mais baixas
‘Ninguém pendura CDB na parede’: obras de arte ganham força como investimento; como colecionar?
Obras de arte são cada vez mais visadas como forma de diversificação do portfólio de investimentos; leiloeiro que está há 40 anos no mercado dá as principais dicas para começar a investir
Hyrox no Brasil: conheça a competição que chamou a atenção dos boxes de CrossFit
Hyrox, a competição que mistura corrida e força, virou febre nos boxes de CrossFit do Brasil, e tem provas para o segundo semestre
Trump Day: Mesmo com Brasil ‘poupado’ na guerra comercial, Ibovespa fica a reboque em sangria das bolsas internacionais
Mercados internacionais reagem em forte queda ao tarifaço amplo, geral e irrestrito imposto por Trump aos parceiros comerciais dos EUA
Nike vai recuperar o pace? Marca perdeu espaço para Adidas e On, mas pode voltar aos pés dos consumidores
Após anos de marasmo, perdendo espaço para concorrentes, empresa americana tenta recuperar influência no mercado focando em um segmento que sempre liderou
Itaú (ITUB4), de novo: ação é a mais recomendada para abril — e leva a Itaúsa (ITSA4) junto; veja outras queridinhas dos analistas
Ação do Itaú levou quatro recomendações entre as 12 corretoras consultadas pelo Seu Dinheiro; veja o ranking completo
Por que você deveria comprar as ações de Cury (CURY3) e Direcional (DIRR3) mesmo depois do forte rali, segundo o Itaú BBA?
Enquanto os riscos para Cury e Direcional são limitados, o potencial de alta merece a sua atenção