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Tatiana Vaz
DECISÃO DE PESO

Cosan (CSAN3) zera participação na Vale (VALE3) com venda de bloco de ações em leilão na B3; objetivo é levantar cerca de R$ 9,1 bilhão para reforçar caixa e seguir mais leve

No total são 173.073.795 ações da Vale (VALE3) que estavam nas mãos da Cosan (CSAN3), o equivalente a uma participação de 4,05%

Tatiana Vaz
16 de janeiro de 2025
12:11 - atualizado às 13:44
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Imagem: Shutterstock

Que a Cosan (CSAN3) está focada em reavaliar os negócios e colocar as finanças em ordem não é novidade. Mas ninguém esperava por uma mudança de foco em investimentos tão pesada: o conglomerado anunciou na manhã desta quinta (16/1) que está vendendo sua participação na mineradora Vale (VALE3) por meio de um leilão em bloco na B3.

De acordo com fato relevante, foram alienadas 173.073.795 ações de emissão da Vale que estavam nas mãos da Cosan, o equivalente a uma participação do capital social votante na mineradora de aproximadamente 4,05%. Ao valor de hoje, o negócio envolveria R$ 9,1 bilhões.

“A decisão da Companhia se baseou exclusivamente no objetivo de otimizar sua estrutura de capital”, afirma a Cosan de maneira curta e objetiva.

O primeiro leilão para a operação, de 43.873.000 dos papéis, estava previsto para durar até 11h, mas foi estendido e perto das 11h35 as ações eram vendidas a R$ 50,63 cada, um desconto de 3,75% em relação ao preço de fechamento da véspera, de R$ 52,60.

Enquanto isso, por volta das 12h de hoje, as ações da Cosan (CSAN3) eram negociadas a R$ 8,92, alta de 3,96%

A notícia havia sido alvo de especulações, mas havia sido desmentida em outubro pelo presidente do conselho da Cosan, Rubens Ometto. Na época, ele afirmou que a empresa não tinha planos de vender sua participação na Vale no curto prazo e ainda reforçou o compromisso de longo prazo com a companhia brasileira.

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Mas parece que a decisão de encarar e resolver os desafios financeiros da Cosan ficou em primeiro plano porque talvez seja uma solução mais objetiva e rápida para o caixa da empresa. No terceiro trimestre, a Cosan registrou uma dívida líquida de R$ 33,8 bilhões, valor 38% acima do apresentado no mesmo período do ano anterior.

O cenário macro de tendência de alta de juros (que já estão em patamares elevados) prejudica ainda mais a situação de empresas pouco líquidas, como é o caso da gigante, que reúne negócios tão díspares quanto minério, gás, energia, combustível e logística. 

A venda em bloco na B3 é uma operação comum para negociações de grandes volumes de ações, permitindo que a Cosan liquide sua participação de forma eficiente, sem causar grandes oscilações no mercado. Essa estratégia também pode atrair investidores institucionais interessados em adquirir uma fatia significativa da Vale.

Venda da Vale pela Cosan seria “bala de prata”

Hoje, a participação da Cosan na Vale é de aproximadamente 4,1%, avaliada em cerca de R$ 10,5 bilhões, com base no preço das ações. 

Em dezembro, após o novo CEO da Cosan, Marcelo Martins, e o CFO, Rodrigo Araujo, convidarem para uma conversa sobre o futuro do conglomerado, alguns analistas comentaram sobre uma possível venda da participação da companhia na Vale em um tom positivo. 

Para o analista do Bradesco BBI, a venda dessa participação seria como uma "bala de prata" para a desalavancagem da holding, especialmente devido à liquidez dos ativos. Na época, o banco soltou um relatório com quatro cenários projetados para a Cosan pelo BBI - e a venda da mineradora estava em dois destes caminhos. 

“Vender a participação total de 4,15% na Vale em 2025 ao preço atual da ação de R$ 59/ação que avaliaria a participação em R$ 10,5 bilhões. Seria uma bala de prata em termos de desalavancagem da holding, especialmente dada a liquidez dos ativos”, diz o relatório. 

O documento do BBI dizia ainda que “embora assumamos que a holding usará todos os lucros da venda para pagar dívidas caras, quanto maior o preço de venda, maior será o VPL dos fluxos futuros para a Cosan. Em resumo, para cada aumento de R$ 5/ação nas ações da Vale, o VPL/ação para a Cosan vendendo a Vale seria de R$ 1/ação.”

O documento destaca ainda que a administração da companhia reforçava no encontro com analistas que a Compass e a Rumo(RAIL3) são considerados ativos cruciais para o futuro e que por isso não havia intenção de que esses ativos fossem alienados para segurar outros ativos considerados de qualidade inferior.

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