Brasil pode ganhar novo modelo de governança climática às vésperas da COP30; entenda o conceito e o impacto para investidores
Instituto Talanoa e FGV propõem criação de Autoridade Climática e um sistema mais colaborativo, inspirados em boas práticas internacionais

O Brasil poderá em breve adotar um novo sistema de governança climática meses antes de sediar a COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, evento que reunirá líderes mundiais para negociar avanços no Acordo de Paris.
O Instituto Talanoa, um think tank dedicado à política climática, em parceria com o Centro de Estudos de Administração Pública e Governo da FGV (Fundação Getúlio Vargas), apresentou nesta semana uma proposta para estruturar uma política climática nacional em bases mais colaborativas, federativas e conectadas com a realidade atual do aquecimento global.
“Estamos estudando e propondo um novo modelo baseado no diálogo, porque o que temos hoje ainda segue uma lógica centralizada, que não responde à altura nem a velocidade das demandas locais e não estimula que soluções colaborativas emerjam dos diversos setores sociais que podem e devem contribuir”, afirma Natalie Unterstell, presidente do Talanoa.
- VEJA TAMBÉM: O Lifestyle do Seu Dinheiro quer te manter bem-informado sobre as principais tendências de comportamento e consumo em uma newsletter especial
O que é governança climática e por que ela importa para a COP30
Governança climática é o conjunto de mecanismos, instituições, normas e práticas que organizam a formulação, a implementação e o monitoramento de políticas de enfrentamento às mudanças climáticas. Ela é considerada crucial para o sucesso de ações contra o aquecimento global.
Em 2025, o Brasil sediará a COP30, evento que reunirá líderes mundiais para negociar avanços no Acordo de Paris. Ter uma governança climática eficaz será fundamental para que o país lidere agendas estratégicas, atraia investimentos verdes e ganhe credibilidade internacional.
A governança climática brasileira atual
O Decreto nº 12.254/2024 fortaleceu a governança climática do Brasil, atribuindo ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) a formulação e coordenação de políticas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas, em consonância com compromissos internacionais relacionados ao Acordo de Paris.
Leia Também
EUA aprovam bolsa de valores focada em sustentabilidade, que pode começar a operar em 2026
Até tu, Nvidia? “Queridinha” do mercado tomba sob Trump; o que esperar do mercado nesta quarta
Além do MMA, a Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC), instituída pela Lei nº 12.187/2009, estabelece instrumentos para mitigação e adaptação climática em todos os níveis de governo.
Por fim, o Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima (CIM), restaurado por meio do Decreto nº 11.550/2023, é composto por 23 ministérios e tem por objetivo promover e monitorar a execução de políticas climáticas.
O que prevê o novo modelo de governança climática
Embora o Brasil tenha obtido sucesso em algumas iniciativas ambientais, o país ainda não possui uma estrutura sólida e atualizada para lidar com a crise climática, de acordo com o Talanoa.
- VEJA MAIS: Momento pode ser de menos defensividade ao investir, segundo analista; conheça os ativos mais promissores para comprar em abril
A proposta elaborada pelas duas organizações afirma que a resolução dos desafios da política climática não pode depender unicamente dos atores estatais. No entanto, esse processo, que atualmente se baseia em relações informais, precisa ser institucionalizado.
O estudo realizado pelo Instituto Talanoa e a FGV propõe a criação de uma Autoridade Climática independente, com funções semelhantes às de uma agência reguladora, capaz de coordenar as políticas públicas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas, atuando com base em metas legais e em diagnósticos técnicos.
O modelo prevê ainda:
- Um Sistema Nacional de Governança Climática, com forte articulação federal e integração com estados e municípios;
- Comitês técnicos permanentes de apoio às decisões;
- Regionalização de ações, respeitando as especificidades territoriais;
- Transparência e accountability como pilares centrais.
Além disso, o Sistema de Justiça e órgãos de controle teriam papel ativo no monitoramento e na aplicação das normas climáticas em todo o país.
Os relatórios que embasaram a proposta — três diagnósticos sobre políticas públicas, políticas ambientais e a lacuna em ações coordenadas para o clima — devem dar origem a novas publicações.
Segundo o Instituto Talanoa, essa é apenas a primeira etapa de um projeto mais amplo para fortalecer a governança climática no Brasil.
Impacto da governança climática para investidores
Para o mercado financeiro, o fortalecimento da governança climática representa novas oportunidades. Setores como energia renovável, infraestrutura resiliente, agricultura de baixo carbono e o mercado de créditos de carbono devem se beneficiar diretamente da ampliação de políticas climáticas estruturadas e transparentes.
Além disso, uma governança climática robusta reduz riscos jurídicos e reputacionais, aumentando a atratividade do Brasil para investidores que seguem critérios ESG (ambientais, sociais e de governança).
COP30: O que não te contaram sobre a maior conferência global do clima e por que ela importa para você, investidor
A Conferência do Clima será um evento crucial para definir os rumos da transição energética e das finanças sustentáveis no mundo. Entenda o que está em jogo e como isso pode impactar seus investimentos.
Montadoras pisam no acelerador da reciclagem para não travar na falta de matérias-primas
Enquanto Toyota inaugura fábrica com foco em circularidade, empresa global de inteligência de mercado alerta para gargalos na cadeia de suprimentos de veículos elétricos.
Agro sustentável: é preciso ‘tropicalizar’ as metodologias para um futuro de baixo carbono, diz especialista
Conselheiro da Associação Brasileira do Agronegócio destaca potencial do Brasil e aponta desafios da monetização para produtores e investidores atentos à transição verde
Fundo de Jeff Bezos lança iniciativa global para reduzir emissões de gás metano na pecuária
Projeto global aposta no cruzamento seletivo de animais para criar rebanhos que naturalmente produzem menos metano, em parceria com o Global Methane Hub
Taxa sobre taxa: Resposta da China a Trump aprofunda queda das bolsas internacionais em dia de ata do Fed
Xi Jinping reage às sobretaxas norte-americanas enquanto fica cada vez mais claro que o alvo principal de Donald Trump é a China
Startup Mombak recebe R$ 100 milhões do BNDES para reflorestamento na Amazônia com apoio do Fundo Clima
Empresa é a primeira a acessar recursos do Novo Fundo Clima para projetos de restauração florestal; investimento deve impulsionar economia local e mercado de carbono no Brasil
Tarifas de Trump ameaçam investimentos sustentáveis e encarecem transição energética, aponta UBS
Medidas protecionistas dos EUA elevam custos de tecnologias limpas e podem atrasar metas climáticas globais, segundo análise do banco
Brasil vai sediar este ano prêmio ambiental criado pelo príncipe William
Cerimônia anual do Prêmio Earthshot será realizada pela primeira vez no país e premiará 5 iniciativas com £1 milhão cada
Estudo aponta que agricultura regenerativa no Cerrado pode gerar U$ 100 bilhões e impulsionar PIB brasileiro
Levantamento do BCG identifica 32,3 milhões de hectares no segundo maior bioma do Brasil com potencial para práticas regenerativas até 2050, mas há desafios para a construção desse caminho
Um café e um pão na chapa na bolsa: Ibovespa tenta continuar escapando de Trump em dia de payroll e Powell
Mercados internacionais continuam reagindo negativamente a Trump; Ibovespa passou incólume ontem
China lança primeiro título soberano verde em yuans no exterior
O volume total de subscrições alcançou 41,58 bilhões de yuans, superando em quase sete vezes o valor inicial da oferta
COP30: Na contramão de Trump, multilateralismo é único caminho para enfrentar a crise climática, dizem especialistas
Em evento sobre expectativas relacionadas à Conferência do Clima em Belém, autoridades e especialistas destacam importância do apoio empresarial para o financiamento climático e a busca por novas parcerias
COP30: Empresário Dan Ioschpe será o Campeão de Alto Nível do evento
Escolhido pelo presidente Lula, empresário tem como missão acelerar a implementação do Acordo de Paris, liderando ações climáticas voluntárias e fortalecendo iniciativas globais
Brasil sobe no ranking global de relatórios ESG, mas risco climático é abordado de forma superficial
Estudo da KPMG mostra que 93% das grandes empresas brasileiras publicam práticas e resultados ESG, mas enfrentam desafios em termos qualitativos
Estreia em ranking de bilionários: quem é o empresário de energia renovável que entrou para a lista da Forbes
O cearense Mário Araripe possui uma fortuna estimada em R$ 17 bilhões e liderou empresas de diversos setores da economia antes de fundar a Casa dos Ventos
Petrobras faz parceria com BNDES e busca rentabilidade no mercado de créditos de carbono
Protocolo de intenções prevê compra de créditos de carbono de projetos de reflorestamento na Amazônia financiados pelo Banco
Vale (VALE3) garante R$ 1 bilhão em acordo de joint venture na Aliança Energia e aumenta expectativa de dividendos polpudos
Com a transação, a mineradora receberá cerca de US$ 1 bilhão e terá 30% da nova empresa, enquanto a GIP ficará com 70%
Ambipar (AMBP3) e B3 se unem para negociar ativos digitais ‘verdes’ baseados na mesma tecnologia das criptomoedas; entenda
Parceria com a B3 Digitas permitirá a compra de tokens AMBI por empresas que querem compensar a emissão de carbono
Procuramos independência: Ibovespa tenta se recuperar de queda em dia de IPCA-15, balanços e Haddad
IRB e Vivo divulgam resultados por aqui; lá fora, investidores concentram o foco no balanço da Nvidia
Anbima coloca ESG ‘na régua’ e anuncia regras para títulos de renda fixa sustentáveis
Instituições emissoras precisarão seguir uma série de padrões, incluindo um reporte periódico para os investidores; normas passam a valer no dia 24 de março