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Camille Lima
Camille Lima
Repórter de empresas no Seu Dinheiro. Formada em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). Já passou pela redação do TradeMap.
VISÃO DO GESTOR

“Piquenique à beira do vulcão”: o que Luis Stuhlberger tem a dizer sobre o fiscal, inflação e juros no Brasil antes da reunião do Copom

Para o gestor da Verde Asset, o quadro macro do país nunca esteve tão exacerbado, com uma dívida pública crescente, inflação elevada, juros restritivos e reservas de dólar encolhendo

Camille Lima
Camille Lima
28 de janeiro de 2025
17:40
Luis Stuhlberger, sócio-fundador do Verde Asset Management
Luis Stuhlberger, sócio-fundador da Verde Asset Management. - Imagem: Divulgação/UBS

Com posição vendida em bolsa brasileira desde dezembro, não é novidade que Luis Stuhlberger está pessimista com o Brasil. Mas na avaliação do CEO da Verde Asset — gestora com mais de R$ 19 bilhões em ativos sob administração —, o país agora se encontra em um “piquenique à beira do vulcão”.

Assim como nos últimos meses, tudo continua a girar em torno do fiscal

Mas hoje a visão do gestor responsável pelo lendário fundo Verde é que o Brasil “chegou ao limite” após o governo turbinar a economia com a expansão de gastos públicos nos últimos anos, especialmente com previdência e assistência, e por meio de despesas ‘parafiscais’.

Para Stuhlberger, o quadro macroeconômico do Brasil é preocupante e nunca esteve tão exacerbado, com uma trajetória crescente das despesas públicas, inflação para lá de teimosa, juros em patamares restritivos e reservas brasileiras de dólar encolhendo.

“Francamente, no quadro macroeconômico do Brasil, a gente nunca esteve perto de estar como está hoje. Na crise da Dilma, a dívida era de 60% do PIB [Produto Interno Bruto]. Nós vamos terminar esse governo no patamar de 85% do PIB”, disse o gestor, em evento organizado pelo UBS.

“Se o governo vende reserva, a dívida diminui um pouco, mas nós já não temos mais tanto dólar para vender”, acrescentou.

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O “piquenique à beira do vulcão” do Brasil, segundo Stuhlberger

Nas palavras do economista, a pior coisa que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva fez foi subir as despesas de forma tão acelerada no início do mandato — e caminha para terminar o ano com gastos de cerca de R$ 400 bilhões acima do teto previsto pelo arcabouço fiscal. “É um número imenso.”

Com a economia aquecida, o PIB do país passou a crescer acima do potencial, o que trouxe outra vez o vilão da história brasileira de volta à cena: a inflação

Para Stuhlberger, esse cenário de alta dos preços força o governo a apertar os juros, já que “a pior coisa para a popularidade do presidente é a inflação”, principalmente a de alimentos. 

“Quando você sobe as taxas para algo próximo de 15%, a história vira o piquenique à beira do vulcão. Nós vamos ter, entre 2024 e 2026, déficits nominais da ordem de 10%, só que agora com a Selic muito mais alta e o PIB não mais subindo 3,5%. No final, a dúvida é sobre a sustentabilidade da dívida. Não tem como os juros reais continuarem a 8% pelos próximos 10 anos, porque o Brasil quebra antes. Então, alguma coisa vai ter que acontecer, mas eu não tenho a menor ideia como é que resolve isso e nenhuma alternativa é boa.”

Isso não significa necessariamente que é hora de sacar todo o seu dinheiro e comprar dólar, segundo Stuhlberger. Mas trata-se de um cenário complexo.

Afinal, o governo deve enfrentar uma questão séria do lado das contas públicas

Para o gestor da Verde, o Congresso não aprovará os planos do ministro Fernando Haddad em tributar quem ganha mais de R$ 50 mil — o que obrigará Lula a encontrar outra forma de financiar a ampliação da faixa de isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês.

“Pode ser que esse piquenique à beira do vulcão continue por mais um tempo da forma como ele está, mas que o dólar até caia, na ausência de más notícias”, avaliou.

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