🔴 NO AR: PARTICIPE DO SEGUNDO DIA DA CEO CONFERENCE 2025 ASSISTA AGORA

Julia Wiltgen

Julia Wiltgen

Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril.

PROFECIA AUTORREALIZÁVEL

Para os tubarões do mercado, tamanho pode ser um problema: rebalanceamento automático leva fundos de pensão a perder bilhões, diz estudo

Segundo artigo da Duke Fuqua School of Business, esses grandes fundos perdem cerca de US$ 16 bilhões por ano porque outros investidores antecipam seu movimento de rebalanceamento de carteiras

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
26 de fevereiro de 2025
14:30 - atualizado às 13:03
Ilustração de tubarão acuado por um cardume de sardinhas
No mercado, às vezes as sardinhas (pequenos investidores) têm vantagens ante os tubarões. Imagem: DallE/ChatGPT

Os chamados tubarões do mercado são aqueles investidores institucionais que têm tantos bilhões na conta para investir que são capazes de "fazer preço" no mercado. É o caso dos fundos de pensão, grandes fundos de investimento ou de previdência ou mesmo grandes gestoras e empresas de investimento.

Em outras palavras, suas movimentações são volumosas o suficiente para elevar ou derrubar os preços dos ativos, deixando o investidor pessoa física à mercê das decisões desses grandes gestores.

Todo esse poder de fogo, no entanto, também tem seu lado negativo. Um bastante conhecido é a dificuldade que esses tubarões tem de investir em ativos de volume de negociação pequeno, como as empresas de baixo valor de mercado, conhecidas como small caps.

Não é simples para esses fundos montar ou desmontar posições nesses papéis pouco negociados. Pode ser impossível adquirir ou vender uma quantidade relevante desses ativos com celeridade e a um bom preço, justamente pela baixa liquidez.

Outra desvantagem foi sinalizada recentemente em um estudo divulgado pela Duke Fuqua School of Business, a escola de negócios da Duke University, do estado norte-americano da Carolina do Norte: diz respeito ao poder que as movimentações dos grandes fundos de pensão têm de provocar uma espécie de profecia autorrealizável no mercado a partir do rebalanceamento da sua carteira.

60% em ações, 40% em renda fixa: a estratégia das proporções fixas no portfólio

Nos Estados Unidos, é comum que fundos de pensão invistam uma proporção pré-determinada do seu portfólio em cada classe de ativos, procurando sempre mantê-la ao longo do tempo.

Leia Também

Esta tende a ser uma estratégia vencedora para os investidores e pode ser praticada até mesmo por pessoas físicas, pois tira o componente emocional da jogada e previne o investidor de cair na armadilha de vender os ativos na baixa e comprar na alta.

Assim, digamos que, pelo seu perfil de risco, você deseje que 60% da sua carteira se mantenha sempre alocada em ações e os outros 40% em renda fixa.

Em épocas em que as ações sobem, a sua parcela em ações pode crescer acima dos 60%, reduzindo a proporção de renda fixa na carteira; já em tempos de juros mais altos, por exemplo, as ações podem se desvalorizar, e sua parcela cair abaixo de 60%, enquanto a renda fixa, pagando mais, cresce em tamanho no portfólio.

Segundo a estratégia de rebalanceamento, quando esse desequilíbrio ocorre, o investidor deveria vender os ativos que agora ocupam uma parcela maior da carteira e comprar mais dos que ocupam uma parcela menor até atingir o equilíbrio novamente — no exemplo, 40% renda fixa, 60% ações.

Assim, se as ações subiram ao ponto de perfazerem mais de 60% da carteira, segundo este exemplo, o investidor deveria realizar os lucros e aproveitar para comprar mais daqueles ativos que se depreciaram e reduziram a exposição do portfólio.

Os grandes fundos de pensão costumam fazer esse rebalanceamento de maneira automática, que pode ser ou periódica (mensal ou trimestral) ou ocorrer sempre que o fundo ficar desenquadrado da proporção estabelecida.

Outros gestores passam na frente dos fundos de pensão

Mas segundo o artigo "As consequências não intencionais do rebalanceamento" — do professor Campbell Harvey, da Duke Fuqua School of Business, em parceria com Alessandro Melone, da Ohio State University, e Michele Mazzoleni, do Capital Group — esse rebalanceamento automático pode ter efeitos deletérios para esses tubarões do mercado, e levá-los a perder um bom dinheiro.

Segundo o estudo, os ajustes automáticos previsíveis de carteira funcionam como sinais para outros investidores, como os fundos de hedge (similares aos nossos multimercados), que se valem da indicação de que os grandes fundos de pensão devem comprar ou vender certos ativos para lucrar com a antecipação do movimento. Afinal, as carteiras dos fundos de investimento são públicas.

"Suponha que o fundo de pensão [que investe numa estratégia 60/40] tenha se desenquadrado para 65-35. Ele precisa então vender um pouco de ações. Traders sofisticados sabem disso e começam a vender antes do fundo de pensão — eles saem na frente no trade —, derrubando os preços das ações", explicou o professor Campbell Harvey em entrevista ao site da Duke Fuqua.

Para mostrar que a estratégia de rebalanceamento automático e previsível dos fundos de pensão pode ocasionar perdas para o próprio fundo em razão desse movimento, Harvey e seus parceiros calcularam os desvios de um portfólio 60/40 utilizando dados de mercado entre 1997 e 2023.

Foram analisadas tanto as situações em que o rebalanceamento ocorre sempre que há um desenquadramento, quanto aquelas em que ocorre em períodos regulares (mensais ou trimestrais).

A conclusão foi de uma perda estimada de US$ 16 bilhões por ano para os fundos de pensão devido a esses rebalanceamentos previsíveis.

Considerando-se que o salário anual médio nos EUA é de US$ 63.700 e que os trabalhadores poupam em média 7,4% dos seus rendimentos para a aposentadoria (cerca de US$ 400 por mês), isso representa perdas de US$ 200 por ano para cada pensionista, ou um mês inteiro de contribuições a cada dois anos. E, segundo Harvey, trata-se de uma estimativa conservadora.

Para validar os dados, os pesquisadores fizeram uma mesa-redonda com um "grupo que representa uma rede global de pensões públicas", responsável pela gestão de cerca de US$ 2 trilhões.

Os participantes, que incluíram Chief Investment Officers (CIOs) desses investidores institucionais, confirmaram que estão cientes dos custos associados com políticas previsíveis de rebalanceamento.

Uma fonte inclusive apontou a dificuldade de convencer o comitê de investimentos do fundo a mudar a política de rebalanceamento, dizem os pesquisadores.

Outra mencionou que é mais fácil simplesmente deixar os times responsáveis por gerar retornos acima da média do mercado ("alfa", no jargão do mercado) explorarem a previsibilidade do rebalanceamento automático.

"É extraordinário que um fundo de pensão efetivamente anteciparia seu próprio trade e o de outros fundos de pensão", comenta Harvey.

Qual seria a solução? (E a vantagem do investidor pessoa física)

A pesquisa reafirma que o rebalanceamento é importante para manter a diversificação e gerenciar o risco das carteiras. "Sem o rebalanceamento, um portfolio equilibrado 60/40 ações/títulos desviaria para 80/20 em cerca de dez anos", escrevem os pesquisadores.

No entanto, eles defendem que esse rebalanceamento mecânico "não é sábio" e leva a custos desnecessários. "O problema é que os trades são conhecidos de antemão", diz Harvey, que defende que nunca é uma boa ideia anunciar uma transação antecipadamente, principalmente quando se trata de quem "faz preço" no mercado.

Segundo o professor, a intenção do artigo não era apontar uma solução, pois mais pesquisas seriam necessárias para desenvolvê-la. No entanto, ele sugere que o rebalanceamento pelos grandes fundos de pensão deveria ser menos previsível.

Isso que pode ser um problema para o grande investidor, porém, não é para o pequeno. Fundos menores e mesmo pessoas físicas também dispõem de vantagens ante os tubarões quando se trata de investir, e a pesquisa da Duke Fuqua aponta uma delas: a possibilidade de usar a estratégia do rebalanceamento para não cair em tentação e sem precisar se preocupar com antecipações do mercado aos seus movimentos.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
IR 2025

Informe de rendimentos do INSS para o IR 2025 já está disponível; veja como baixar

25 de fevereiro de 2025 - 17:05

Documento serve como comprovação do recebimento de benefícios da Previdência Social em 2024

REAÇÃO AO BALANÇO

Auren (AURE3) sente pressão de prejuízo milionário e endividamento alto no 4T24 e ações recuam no Ibovespa

25 de fevereiro de 2025 - 12:33

A dívida líquida subiu 60% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, para R$ 18,9 bilhões; veja os destaques do balanço

NOVA OFERTA DE BONDS

Vale (VALE3) capta US$ 750 milhões em bonds no exterior e anuncia os novos indicados ao conselho

25 de fevereiro de 2025 - 10:24

Além das indicações a conselheiros, a mineradora também aprovou a indicação de Daniel André Stieler como presidente do conselho (chairman)

NOVO PEDIDO FIRME

Embraer (EMBR3) vai decolar nos céus do Japão com encomenda bilionária; negócio pode destravar ainda mais valor para a brasileira

25 de fevereiro de 2025 - 9:22

A All Nippon Airways (ANA) decidiu comprar 77 novas aeronaves de três fabricantes diferentes, sendo até 20 jatos da Embraer

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Procuramos independência: Ibovespa tenta se recuperar de queda em dia de IPCA-15, balanços e Haddad

25 de fevereiro de 2025 - 8:16

IRB e Vivo divulgam resultados por aqui; lá fora, investidores concentram o foco no balanço da Nvidia

DESTAQUES DA BOLSA

Vale (VALE3) no vermelho: Ações da mineradora pressionam o Ibovespa hoje em meio a atualizações de projeções financeiras

24 de fevereiro de 2025 - 16:40

O desempenho negativo dos papéis vem na esteira da atualização de estimativas da mineradora em relação à sensibilidade de fluxo de caixa livre para o acionista para 2025

TROPEÇOU NA PASSARELA

Lojas Renner tenta apaziguar ânimos do mercado após anúncio de bônus gordo em 2024, mas ações LREN3 estendem queda na B3

24 de fevereiro de 2025 - 15:37

A varejista distribuirá R$ 150,7 milhões a aproximadamente 21 mil colaboradores por meio do programa de participação nos resultados (PPR) do ano anterior

EX… SÓCIOS

Com aval do Cade, WeWork assina o divórcio com o Softbank e encerra oficialmente a parceria com o gigante japonês no Brasil

24 de fevereiro de 2025 - 14:41

A empresa de escritórios oficializou a saída do gigante japonês de investimentos, que vendeu sua participação de 49,9% na operação local em janeiro

INDO ÀS COMPRAS

Multiplan (MULT3), Iguatemi (IGTI11) ou Allos (ALOS3): Goldman diz qual ação de shopping colocar na carteira agora

24 de fevereiro de 2025 - 13:39

As units da Iguatemi chegaram a cair 3% na manhã desta segunda-feira (24) na esteira do anúncio da saída da CEO, Cristina Anne Betts; saiba se esse é um sinal de venda dos papéis

REAÇÃO AO BALANÇO

CEO da Azul (AZUL4) quer construir uma “empresa melhor” após prejuízo bilionário no 4T24. Por que as ações da aérea sobem forte na B3 hoje?

24 de fevereiro de 2025 - 11:29

Ainda que o balanço da Azul (AZUL4) no 4T24 tenha sido tingido de vermelho no resultado líquido, outros indicadores brilham aos olhos dos investidores

ENTRE RISCO E RETORNO

Frenesi com a bolsa: BTG revela se há motivos reais para se animar com as ações brasileiras em 2025

24 de fevereiro de 2025 - 9:59

Para os analistas, apesar da pressão do cenário macroeconômico, há motivos para retomar o apetite pela renda variável doméstica — ao menos no curto prazo

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Um café amargo na bolsa: Ibovespa se prepara para balanços da Petrobras e da Ambev em semana agitada de indicadores

24 de fevereiro de 2025 - 8:01

Poucos aromas são tão irresistíveis quanto o do café. No entanto, muita gente se queixa que o sabor do cafezinho não chega perto de seu cheiro. Talvez porque não é todo mundo que consegue beber café sem adicionar pelo menos um pouco de açúcar ou adoçante. De uns tempos para cá, porém, cada vez mais […]

TOCK PICK ENTRE AS LATINAS

A queridinha do agro: dividendos e outros 4 motivos para comprar JBS (JBSS3), segundo o BofA — e um deles é o que muito investidor busca

21 de fevereiro de 2025 - 17:31

A diversificação dos negócios ajuda a sustentar os argumentos do Bank of America em favor do papel, mas há muito mais por trás do otimismo do banco norte-americano agora

MAIS AÇÕES EM CIRCULAÇÃO

Azul (AZUL4) tenta arrumar a casa com aumento de capital de até R$ 3,37 bilhões; papéis caem mais de 2% na B3

21 de fevereiro de 2025 - 11:35

Segundo a companhia aérea, o aumento de capital está inserido no contexto da reestruturação e visa não só obter novos recursos financeiros; saiba quais são as outras finalidades da operação

ROXO AVERMELHADO

Ação do Nubank cai 19% em NY após receita recorde e crescimento forte do lucro. Por que investidores reagem mal ao balanço?

21 de fevereiro de 2025 - 11:21

Nubank surpreendeu com um crescimento forte do lucro e da rentabilidade, além de um recorde de receitas, mas deixou a desejar no que diz respeito à margem financeira

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

De onde não se espera nada: Ibovespa repercute balanços e entrevista de Haddad depois de surpresa com a Vale

21 de fevereiro de 2025 - 8:03

Agenda vazia de indicadores obriga investidores a concentrarem foco em balanços e comentários do ministro da Fazenda

APOSENTADOS NO MUNDO

Nova reforma da previdência? Aposentadoria pública brasileira é uma das menos sustentáveis do mundo; veja ranking dos melhores sistemas

21 de fevereiro de 2025 - 7:03

Apesar da necessidade de mais reformas, Previdência Social do Brasil tem a maior taxa de benefícios do mundo e alta cobertura da população, mostra levantamento da seguradora Allianz

SEXTOU COM O RUY

A Vale (VALE3) está barata demais? Mesmo com prejuízo, mineradora oferece brinde aos acionistas — e você também pode aproveitar

21 de fevereiro de 2025 - 6:11

Certamente, a tese de Vale é muito menos sexy do que a da inteligência artificial. Por outro lado, quando muito pessimismo já está precificado, a chance de o mercado ser surpreendido negativamente também diminui e abre portas para reações positivas fortes como a de ontem (20)

HORA DE COLOCAR NA CARTEIRA

Por que comprar ações da Rede D’Or (RDOR3) agora? Bank of America dá 6 motivos para ficar otimista com a empresa de saúde

20 de fevereiro de 2025 - 18:21

Banco norte-americano vê potencial de valorização de 17% para o papel, mas essa não é a única razão para RDOR3 ser eleita a queridinha do setor

BALANÇO

Nubank (ROXO34) atinge lucro líquido ajustado de US$ 610,1 milhões no 4T24, enquanto rentabilidade chega a 29%

20 de fevereiro de 2025 - 18:13

Em 2024, a fintech somou um lucro líquido ajustado de US$ 2,2 bilhões, crescimento de 84,5% em relação a 2023

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar