Onde investir 2025: Sob o efeito Trump — as melhores oportunidades para quem quer ter retorno em dólar e um alerta sobre o mercado lá fora
No evento organizado pelo Seu Dinheiro, especialistas dizem se vale a pena se expor aos EUA na gestão do republicano, se as big techs continuarão brilhando e apontam armadilhas que os brasileiros devem evitar
O megainvestidor Warren Buffett provou, mais uma vez, estar certo quando disse: “Never bet against America” (Nunca aposte contra os Estados Unidos). As bolsas norte-americanas demonstraram uma resiliência impressionante aos juros altos em 2024 — e têm tudo para repetir a dose com Donald Trump na Casa Branca.
E isso não é pouca coisa. Para se ter uma ideia, o S&P 500, principal índice de ações americano, acumulou alta de 23,3% no ano passado, depois de avançar 24,2% em 2023. O ganho em dois anos é o melhor desde o rali desde 1997 e 1998, quando o índice mais amplo da bolsa de Nova York disparou 66%.
O Nasdaq e o Dow Jones também não fizeram feio em 2024, acumulando altas de 28,7% e de 12,9%, respectivamente.
Ainda que ganhos passados não garantam ganhos futuros, para o investidor que busca lucros em dólar, o mantra é: olhe para os EUA e fuja de China e Europa – pelo menos por ora.
E quem diz isso são os convidados do Seu Dinheiro para o evento Onde Investir 2025: João Piccioni, CIO da Empiricus Gestão; Enzo Pacheco, analista da Empiricus Research, e João Julião, gestor de portfólio da Verde Asset.
No evento, os três especialistas falam sobre as melhores opções para quem quer ter uma parte da carteira exposta a ativos gringos, explicam como fazer isso de forma simples e segura e também ajudam o investidor a não cair em tentações baratas, mas com baixo retorno.
Leia Também
Esta matéria faz parte de uma série especial do Seu Dinheiro sobre onde investir em 2025. Confira a lista completa:
- Cenário macroeconômico
- Renda fixa
- Ações e dividendos
- Fundos imobiliários
- Criptomoedas
- Investimentos internacionais (você está aqui; assista agora ao painel)
As bolsas dos EUA dão boas-vindas a Trump
Trump nem mesmo chegou à Casa Branca — a posse está agendada para a próxima segunda-feira (20) — e já ajudou a alimentar o apetite do investidor por ativos nos EUA.
As ações subiram acentuadamente por lá após a vitória do republicano nas eleições presidenciais de novembro, com os traders comemorando a perspectiva de impostos mais baixos e uma abordagem regulatória mais flexível na nova gestão.
Esse cenário mais pró-business prometido por Trump deve deixar o mercado ainda mais dinâmico e propenso a fusões e aquisições, segundo os especialistas — boa notícia para os investidores que querem deixar parte do patrimônio em ações norte-americanas.
“A gente não pode ignorar que as bolsas norte-americanas subiram muito em um cenário de juros altos”, diz Julião, da Verde Asset.
- Vale lembrar que a bolsa dos EUA teve dois anos seguidos de alta acima dos 20%, considerando 2023 e 2024, uma performance que só foi vista três vezes na história. Esse retorno expressivo foi observado mesmo com os juros rondando os 4,50% ao ano — patamar considerado elevado para uma economia desenvolvida como a norte-americana.
“Mesmo com essas altas, o investidor ainda encontra oportunidades e pode ter um bom retorno em 2025 nas bolsas norte-americanas”, diz Pacheco, da Empiricus Research.
Onde investir nos EUA em 2025: big techs e outras ideias
Os grandes nomes da tecnologia seguem reinando absolutos entre as recomendações dos especialistas convidados do Onde Investir 2025 quando o assunto é ativo promissor no mercado norte-americano — embora não sejam as únicas opções.
E não é sem motivo. As Magnificent 7 — as Sete Magníficas, como é chamado o grupo de big techs formado por Alphabet (GOGL34), Amazon (AMZO34), Apple (AAPL34), Meta (M1TA34), Microsoft (MSFT34), Nvidia (NVDC34) e Tesla (TSLA34) — tiveram crescimento de 35% do lucro ao ano nos últimos dois anos.
Em comparação, no mesmo período, as outras 493 ações do S&P 500 viram o lucro avançar até 3% por ano, no máximo.
Segundo Piccioni, da Empiricus Gestão, que se considera bastante otimista com as techs, as companhias do setor estão vendo “a efetivação dos ganhos de produtividade dos investimentos que foram realizados ao longo dos últimos três, quatro anos.”
“Eu acho que 2025 vai ser um ano muito poderoso em termos de crescimento”, diz.
Na opinião de Piccioni, as large caps — aquelas empresas com maior valor de mercado — terão um diferencial relevante nos próximos 12 meses por gerarem muito caixa e conseguirem fazer os investimentos necessários para expandir os negócios.
Entre esses investimentos, vale citar os aportes em infraestrutura para inteligência artificial (IA) e de servidores, usando recursos como energia nuclear.
Sob essa perspectiva, não é exagero dizer: as big techs continuam opções relevantes para a carteira de qualquer investidor brasileiro que queira buscar lucros em dólar.
No entanto, não são só as gigantes da tecnologia que podem viver um 2025 próspero no mercado norte-americano.
“Essas companhias vão continuar crescendo, mas a expansão vai ser menor, na casa de 15% a 18% por ano. Enquanto isso, as outras 493 empresas voltarão a ter uma alta do lucro na casa de 10% a 12%”, projeta Julião, da Verde Asset.
O gestor destaca o setor bancário norte-americano como um dos grandes beneficiários dos juros mais altos nos EUA e também do corte de impostos previsto na gestão de Trump.
- Vale pontuar que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) vem cortando os juros, que atualmente estão na faixa entre 4,25% e 4,50% ao ano. No entanto, o ciclo de afrouxamento monetário por lá dá sinais de estar chegando ao fim. Diante das políticas com potencial inflacionário de Trump, já tem banco gringo falando até mesmo em aumento da taxa referencial em 2025.
Com um nível menor de regulamentação, algo também já esperado durante a gestão republicana, os bancos podem se beneficiar do dinamismo da atividade econômica, com mais fusões e aquisições.
“O setor bancário é o que a gente está mais focado e enxerga maior potencial de retorno versus o restante do mercado”, diz Julião, da Verde.
Pacheco, da Empiricus Research, relembra que, em 2024, algumas empresas da economia tradicional performaram até melhor que as techs. Por isso, o recomendado para o portfolio neste ano é fazer uma mescla de setores.
Nesse sentido, ele dá destaque para energia, que negocia com valuation abaixo da média do mercado.
Somado a isso, o segmento tem retornado mais capital aos investidores via dividendos e recompra de ações. “Dá para garimpar algumas oportunidades”, reforça.
China vs. EUA: ter parte da carteira em yuan é uma boa agora?
Se, por um lado, os ativos norte-americanos parecem vislumbrar um 2025 positivo, o mesmo não parece valer para a segunda maior economia do mundo — e o investidor brasileiro deve estar atento.
Enquanto Xi Jinping tenta driblar a crise e fazer com que a China seja o país mais competitivo do mundo, Trump sobe o tom contra Pequim usando como arma o aumento de tarifas para conter o avanço dos produtos chineses.
“Não devemos levar Trump ao pé da letra, mas temos que levá-lo a sério [quando o assunto é tarifa]", diz Julião, da Verde Asset.
Segundo o gestor, o republicano pode não taxar a China em 60% como vem prometendo, mas deve adotar alguma mudança tarifária com relação a Pequim.
“Isso vai atrapalhar o modelo de crescimento chinês que já está sendo desafiado”, afirma.
Para ele, a China está em um “ponto de saturação do modelo de crescimento” expansionista, com alto gasto fiscal e níveis elevados de dívida.
Como não há indícios de que o país vá mudar o rumo no curto prazo, Julião acredita que o retorno dos ativos chineses não é significativo neste momento.
Piccioni, da Empiricus Gestão, reforça cautela em relação à China mesmo que isso signifique abandonar — ainda que momentaneamente — nomes como Alibaba e Tencent.
“A gente deixou de lado um pouco as big techs chinesas. São papéis que têm uma dificuldade para ganhar a atenção dos investidores internacionais”, diz.
Europa: pechincha ou cilada?
Na Europa, a desvalorização do euro em relação ao dólar e as crises políticas marcaram 2024. Como resultado, as ações europeias ficaram mais desvalorizadas do que as norte-americanas. Apesar disso, o preço “baixo” não é motivo para sair comprando.
“O fato de ter um valuation bem menor não significa que é um ativo atrativo: o lucro das empresas norte-americanas está crescendo muito mais do que o lucro das empresas europeias”, diz Pacheco, da Empiricus.
Na visão do analista, os ativos europeus podem receber algum impulso do corte dos juros pelos bancos centrais. No entanto, ainda é necessário um estímulo maior para fazer a Europa valer a pena como investimento.
Julião, da Verde Asset, se posiciona de forma parecida. “Se a gente olhar os últimos dez anos, a produtividade europeia ficou estagnada, enquanto a norte-americana subiu 20%”, afirma.
Ainda assim, para quem faz questão de ter ativos europeus em carteira, com um bom stock picking (seleção de ações) é possível encontrar opções.
O gestor cita a SAP, que se beneficia dos avanços em IA; o setor financeiro, que aproveita os juros mais altos; e as ações da Airbus e da empresa de semicondutores ASML.
Apesar de enxergar positivamente a bolsa alemã, Piccioni, da Empiricus Gestão, prefere ficar de fora da cesta de ativos europeus por ora.
Como investir no exterior — BDRs não são a única opção
O investidor brasileiro que decidir ter alguma exposição em dólar e ao mercado externo em geral tem agora vantagens consideráveis em relação a alguns anos atrás: é bem mais fácil abrir uma conta de investimentos no exterior.
Se antes era necessário falar inglês e ter disposição para enfrentar a burocracia, hoje, o processo é feito em minutos, pela internet mesmo. Mas, ainda assim, é preciso escolher bem o tipo de investimento para ter exposição lá fora.
As três rotas principais para isso incluem a compra dos papéis da empresa por meio de corretoras, BDRs (Brazilian Depositary Receipts, na sigla em inglês) — como são chamados os recibos da ação de uma empresa gringa na bolsa brasileira — e fundos.
Nessa corrida, no entanto, hoje os BDRs saem perdendo. Segundo os especialistas do Onde Investir em 2025, duas das vantagens do aporte direto no ativo ao invés do investimento no BDR são a liquidez e a pluralidade de opções.
“Eu não acho que o BDR é a melhor opção, até porque tem uma limitação. Você deve ter uns 800 BDRs [na bolsa brasileira]. Lá fora, são de 4 mil a 5 mil ações”, diz Pacheco, da Empiricus.
Outra alternativa bem vista pelos especialistas são os fundos de investimento no exterior, que livram a pessoa física da dor de cabeça de burocracias e tributações e ainda permitem explorar um leque maior de ativos.
“Às vezes, a gente se prende às ações, especialmente das Sete Magníficas, mas [via fundos] existe um mar de oportunidades”, diz Piccioni, da Empiricus Gestão.
Empresas recompram R$ 26 bilhões das próprias ações na B3 em 2024. E vem mais por aí — saiba para onde o investidor deve olhar neste ano
Na ponta vendedora aparecem os investidores estrangeiros e institucionais, com montantes de R$ 32 bilhões e R$ 39 bilhões, respectivamente
Cosan (CSAN3) zera participação na Vale (VALE3) com venda de bloco de ações em leilão na B3; objetivo é levantar cerca de R$ 9,1 bilhão para reforçar caixa e seguir mais leve
No total são 173.073.795 ações da Vale (VALE3) que estavam nas mãos da Cosan (CSAN3), o equivalente a uma participação de 4,05%
Onde investir 2025: essas são as 9 ações favoritas para lucrar na bolsa em 2025 — e outros 5 nomes para garantir dividendos pingando na conta
Para quem estiver disposto a desafiar o pessimismo macroeconômico, há quem veja 2025 como uma janela interessante para aproveitar ativos atraentes; veja as indicações
Hora de acelerar: Itaú BBA diz quais são as melhores ações ligadas ao setor automotivo — e os papéis para “deixar de lado” em 2025
Alta dos juros e volatilidade cambial devem favorecer empresas com balanços saudáveis e foco em exportação, enquanto as endividadas ou com baixa demanda enfrentam desafios
IRB Re (IRBR3) é uma das “melhores apostas” do BTG Pactual para 2025 — e aqui estão os motivos por trás do otimismo
Os analistas mantiveram recomendação de compra para os papéis, com preço-alvo de R$ 56,50 para os próximos 12 meses, alta potencial de quase 20% frente ao último fechamento
Agora vai? Ibovespa engata alta de mais de 2% junto com Nova York e chega aos 122 mil pontos; dólar fecha em baixa de R$ 6,0252
Dados de inflação e da indústria nos EUA mexem com as bolsas aqui e lá fora, mas tem banco grande dizendo que a euforia pode ser exagerada; entenda os motivos
Fale agora ou cale-se para sempre: com aval do Cade, Dasa (DASA3) e Amil dão passo final para criar segundo maior grupo de hospitais do Brasil
Acabou o prazo para manifestações de terceiros ou avocação do Tribunal do Cade com relação à decisão da Superintendência-Geral de aprovar, sem restrições, a criação da Ímpar
Vai voar mais alto? Embraer (EMBR3) aumenta lista de encomendas com venda de caças ao Uruguai; ações sobem na B3
Em agosto do ano passado, a Força Aérea do Uruguai firmou um contrato com a Embraer para adquirir uma aeronave, com a possibilidade de adquirir mais cinco
É hora de se preparar para o bear market na bolsa brasileira: BTG revela 6 ações domésticas para defender a carteira
O banco cita três passos para se posicionar para o mercado de baixa nos próximos meses: blindar a carteira com dólar e buscar ações de empresas com baixa alavancagem e com “beta” baixo
Ações da MRV saltam 5% e lideram altas do Ibovespa após prévia “arrasa-quarteirões” do 4T24. É hora de comprar MRVE3?
Segundo o diretor financeiro Ricardo Paixão, o maior destaque foi que, pela primeira vez na história, a MRV gerou caixa tanto no negócio principal como em todas as subsidiárias
Itaú BBA corta projeções para a bolsa brasileira, mas ainda vê escalada de 20% do Ibovespa até o fim de 2025 — e revela 10 ações para investir neste ano
Para os analistas, a bolsa encontra-se com um valuation favorável, mas a dinâmica de resultados corporativos em 2025 tem um viés levemente negativo
Bradesco BBI pode se tornar um dos maiores acionistas da CCR (CCRO3) — e tudo por causa das dívidas do Grupo Mover
O banco pode se tornar um dos maiores acionistas da companhia de infraestrutura ao assumir quase toda a participação do Mover, um dos principais investidores da empresa
Ações da Petz (PETZ3) saltam quase 9% com expectativa renovada de aval do Cade para fusão com a Cobasi
No fim de semana, o noticiário foi dominado por rumores de que a aprovação do Cade para a combinação de negócios das gigantes do mercado pet está próxima de sair do papel
BTG Pactual (BPAC11) pode saltar 40% em 2025 e ainda pagar bons dividendos, diz JP Morgan — mas há outros bancos na mira dos analistas
BTG e outro gigante do setor bancário são escolhas populares entre os investidores, que hoje preferem ações com rendimentos elevados com proventos ou com menor risco de queda de lucros
BC terá de elevar Selic a níveis “extremamente elevados” ou admitir dominância fiscal, diz SPX
Caso o governo não adote novas medidas fiscais, o ajuste virá pela inflação, que vai aumentar “até que o estoque de dívida perca relevância”, diz a SPX
Weg (WEGE3): fábrica de bilionários da B3 segue cobiçada pelos tubarões da Faria Lima e é uma das apostas da AZ Quest em ações para 2025
Em entrevista ao Seu Dinheiro, o gestor de renda variável Welliam Wang alertou para ano turbulento na bolsa brasileira — e revela quais ações estão na carteira da gestora
Nova bolha em ações de IA, EUA vendem US$ 6,5 bilhões em Bitcoin e os dois anos da fraude na Americanas (AMER3): os destaques da semana no Seu Dinheiro
Entusiasmo com a IA pode estar levando investidores a cenário de “exuberância irracional” 25 anos após a primeira bolha tech, alerta Howard Marks, cofundador da Oaktree Capital
Adeus, B3? Trump, risco fiscal e Selic elevada devem manter investidor estrangeiro afastado da bolsa brasileira em 2025
Volatilidade e a depreciação recentes do real fizeram o investidor estrangeiro ter uma visão mais negativa do Brasil
Para onde viajar em 2025? Turistas buscam autenticidade e experiências únicas em destinos exóticos; descubra as tendências de turismo para o ano
Mercado de turismo vive forte retomada e já supera os níveis pré-pandemia; especialistas no ramo dizem o que esperar do comportamento dos turistas nos próximos 12 meses
Até 52% em dividendos: estas 4 ações ‘desconhecidas’ pagaram mais que a Petrobras (PETR4) em 2024; saiba se elas podem repetir a dose neste ano
Ranking da Quantum Finance destaca empresas que não aparecem tanto no noticiário financeiro; descubra como elas renderam dividendos tão expressivos aos acionistas