Copom não surpreende, eleva a Selic para 14,25% e sinaliza mais um aumento em maio
Decisão foi unânime e elevou os juros para o maior patamar em nove anos. Em comunicado duro, o comitê não sinalizou a trajetória da taxa para os próximos meses

O aumento da Selic para 14,25% era bola cantada desde o fim do ano passado. Ao se reunirem nos últimos dois dias (18 e 19 de março), os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central seguiram a orientação de aumentar os juros nesta segunda reunião do ano em 100 pontos-base. Com isso, a taxa básica do Brasil atingiu o maior nível desde 2016.
A última vez que a Selic foi vista com este percentual foi entre julho de 2015 e agosto de 2016, durante a crise político-econômica que resultou na desaceleração da atividade, levando o país à recessão em 2015 e 2016. Naquele momento, 14,25% foi o teto dos juros. Neste ano, será maior.
- LEIA TAMBÉM: Sem medo de Trump: BC dos EUA banca previsão de dois cortes de juros este ano e bolsas comemoram decisão
O mercado precifica na curva de juros futuros que a Selic poderá ultrapassar a faixa de 15% nos próximos meses – um percentual que não se vê desde 2006. Em seu comunicado desta quarta-feira, o Copom já adiantou que fará pelo menos mais um ajuste na reunião de maio, porém de menor magnitude – entre 75 e 25 pontos-base.
Agentes do mercado financeiro esperavam que a comunicação ficasse em aberto, embora esperassem alguma sinalização sobre os próximos movimentos.
Para Leonardo Costa, economista do ASA, o tom do comunicado foi de neutro para dovish (mais brando com a inflação), ao citar incertezas nas defasagens dos indicadores e alguma tendência para segurar os juros. “É uma preparação sugerindo que vai parar os aumentos após a próxima alta”, afirmou em vídeo.
- E MAIS: Quer investir melhor? Veja como ficar por dentro do que está acontecendo de mais quente no mercado financeiro
Flávio Serrano, economista-chefe do Banco Bmg, tem a mesma opinião de Costa e aposta em um aumento de 0,50% para maio: “Acreditamos que o aumento de 50 pontos-base de maio será o último movimento deste ciclo de alta de juros", diz em comunicado.
Leia Também
Rodolfo Amstalden: As expectativas de conflação estão desancoradas
Apesar da alta de um ponto na Selic, o Brasil caiu da segunda para a quarta posição no ranking dos maiores juros reais (descontada a inflação) elaborado pelo site MoneYou, com 8,79%. O País fica atrás da Turquia (11,90%), Argentina (9,35%) e Rússia (8,91%), e à frente de Indonésia (6,48%).
Precisa aumentar quanto?
José Alfaix, economista da Rio Bravo Investimentos, aponta para o enfraquecimento recente dos índices de atividade (PIB) e confiança do consumidor, que não trouxeram maior equilíbrio para os riscos econômicos como alguns agentes de mercado imaginavam.
"A principal preocupação do comitê permanece sendo a desancoragem de expectativas e resiliência inflacionária no componente de serviço. Adicionalmente, observamos maior importância atribuída à incerteza que reside na política comercial dos EUA, e nos respectivos impactos que pode desempenhar nas condições financeiras globais, item que não foi tão elaborado na última reunião", diz.
- TOUROS E URSOS: Até onde vai a alta da Selic — e como investir nesse cenário? Analista vê juros de até 15,5% e faz recomendações de investimentos
Embora a projeção para os juros continue na faixa de15%, exigindo um aumento de pelo menos 75 pontos-base nos próximos meses, o contexto atual é visto por analistas e economistas como desafiador, do ponto de vista doméstico e externo.
Gustavo Sung, economista-chefe da Suno, afirmou em comunicado antes da decisão do Copom que seria mais prudente deixar a orientação para as próximas reuniões em aberto, para analisar o contexto mais livremente.
Lucas Constantino, estrategista-chefe da GCB Investimentos, vê o copo meio cheio e meio vazio ao mesmo tempo: pelo lado positivo, ele cita que a desvalorização do dólar, que reduziu parte das pressões inflacionárias, somando-se as últimas leituras de indicadores de atividade que deram sinais de fraqueza nos setores produtivos, "sugerindo que o aperto das condições financeiras já tem afetado a economia, mesmo que ainda sem um impacto mais expressivo sobre os preços".
Entre os fatores negativos, Constantino cita a fragilidade fiscal brasileira e o aumento das incertezas internacionais mediante as políticas econômicas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, "pontos que devem seguir influenciando as projeções sobre a inflação e a condução da taxa básica de juros pelo Copom".
Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter, avalia que a magnitude do aperto e o atual patamar de juro real já é bastante restritivo e suficiente para a convergência da inflação para a meta até 2026, que, na projeção do BC, está em 3,9%.
Considerando a sinalização do BC, algumas casas de análise já apontam para a possibilidade do juros parar em 14,75%, embora o relatório Focus mantenha a previsão de 15% há 10 semanas.
Sem medo de Trump: BC dos EUA banca previsão de dois cortes de juros este ano e bolsas comemoram decisão
O desfecho da reunião desta quarta-feira (19) veio como o esperado: os juros foram mantidos na faixa entre 4,25% e 4,50% ao ano, mas Fed mexe no ritmo de compra de títulos
O que o meu primeiro bull market da bolsa ensina sobre a alta das ações hoje
Nada me impactou tanto como a alta do mercado de ações entre 1968 e 1971. Bolsas de Valores seguem regras próprias, e é preciso entendê-las bem para se tirar proveito
De volta à Terra: Ibovespa tenta manter boa sequência na Super Quarta dos bancos centrais
Em momentos diferentes, Copom e Fed decidem hoje os rumos das taxas de juros no Brasil e nos Estados Unidos
A decisão é o que menos importa: o que está em jogo na Super Quarta com as reuniões do Copom e do Fed sobre os juros
O Banco Central brasileiro contratou para hoje um novo aumento de 1 ponto para a Selic, o que colocará a taxa em 14,25% ao ano. Nos EUA, o caminho é da manutenção na faixa entre 4,25% e 4,50% — são os sinais que virão com essas decisões que indicarão o futuro da política monetária tanto aqui como lá
Até onde vai a alta da Selic — e como investir nesse cenário? Analista vê juros de até 15,5% e faz recomendações de investimentos
No episódio da semana do Touros e Ursos, Lais Costa, da Empiricus Research, fala sobre o que esperar da política monetária no Brasil e nos Estados Unidos, após a Super Quarta
Super Quarta no radar: saiba o que esperar das decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos e como investir
Na quarta-feira (19), os bancos centrais do Brasil e dos EUA devem anunciar suas decisões de juros; veja o que fazer com seus investimentos, segundo especialistas do mercado
Não é um pássaro (nem um avião): Ibovespa tenta manter bom momento enquanto investidores se preparam para a Super Quarta
Investidores tentam antecipar os próximos passos dos bancos centrais enquanto Lula assina projeto sobre isenção de imposto de renda
Mais uma Super Quarta vem aí: dois Bancos Centrais com níveis de juros, caminhos e problemas diferentes pela frente
Desaceleração da atividade econômica já leva o mercado a tentar antecipar quando os juros começarão a cair no Brasil, mas essa não é necessariamente uma boa notícia
Alívio para Galípolo: Focus traz queda na expectativa de inflação na semana da decisão do Copom, mas não vai evitar nova alta da Selic
Estimativa para a inflação de 2025 no boletim Focus cai pela primeira vez em quase meio ano às vésperas de mais uma reunião do Copom
O rugido do leão: Ibovespa se prepara para Super Semana dos bancos centrais e mais balanços
Além das decisões de juros, os investidores seguem repercutindo as medidas de estímulo ao consumo na China
Agenda econômica: Super Quarta vem acompanhada por decisões de juros no Reino Unido, China e Japão e a temporada de balanços segue em pleno vapor
Além dos balanços e indicadores que já movimentam a agenda dos investidores, uma série de decisões de política monetária de bancos centrais ao redor do mundo promete agitar ainda mais o mercado
Frenetic trading days: Com guerra comercial no radar, Ibovespa tenta manter bom momento em dia de vendas no varejo e resultado fiscal
Bolsa vem de alta de mais de 1% na esteira da recuperação da Petrobras, da Vale, da B3 e dos bancos
Contradições na bolsa: Ibovespa busca reação em dia de indicadores de atividade no Brasil e nos EUA
Investidores também reagem ao andamento da temporada de balanços, com destaque para o resultado da Casas Bahia
O lado bom do IPCA ruim: inflação acelera em fevereiro, mas reforça visão de que Galípolo e Campos Neto acertaram com a Selic
IPCA acelera de +0,16% em janeiro para +1,31% em fevereiro e inflação oficial atinge o nível mais alto para o mês em 22 anos
Decisão polêmica: Ibovespa busca recuperação depois de temor de recessão nos EUA derrubar bolsas ao redor do mundo
Temores de uma recessão nos EUA provocaram uma forte queda em Wall Street e lançaram o dólar de volta à faixa de R$ 5,85
Itaú BBA põe Banco do Brasil (BBAS3) no banco de reservas com projeção de dividendos menores — mas indica os craques do setor
Itaú BBA tem recomendação neutra para o Banco do Brasil, apesar de lucro acima do esperado no quarto trimestre de 2024. Analistas da instituição têm outros preferidos no setor bancário
Hegemonia em disputa: Ibovespa tenta manter bom momento em semana de IPCA, dados de emprego nos EUA e balanços
Temporada de balanços volta a ganhar fôlego enquanto bolsas têm novo horário de funcionamento, inclusive no Brasil
A redenção de Nova York: Powell envia sinal que traz alívio — momentâneo — para a bolsa apesar do efeito Trump
O presidente do Federal Reserve participou nesta sexta-feira (7) de evento promovido pela Universidade de Chicago e falou sobre as tarifas do novo governo e as implicações para a inflação e para os juros
O último pibão de Lula? Economia brasileira cresce 3,4% em 2024, mas alta dos juros já cobra seu preço
Depois de surpreender para cima nos primeiros trimestres de 2024, PIB cresce menos que o esperado na reta final do ano
Strike em Nova York: bolsa caminha para a pior semana desde setembro — e o vilão é bem conhecido dos mercados
O dado de emprego mais fraco referente a fevereiro aumentou as incertezas sobre o futuro da maior economia do mundo; investidores esperam agora pelo discurso do presidente do Fed para medir a temperatura