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Dani Alvarenga
SEM “BRAVATA”

Alta da Selic, autonomia do BC e novo comando da Vale (VALE3): as falas de Lula que ajudam o Ibovespa e as ações da mineradora hoje

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou a primeira coletiva de imprensa do ano nesta quinta-feira (30) e falou também sobre a questão fiscal e a alta do preço dos alimentos

Dani Alvarenga
30 de janeiro de 2025
15:00
100 dias com lula ações bolsa brasileira ibovespa
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva - Imagem: Freepik/Divulgação - Montagem: Julia Shikota

Os mercados brasileiros já vinham operando em alta nesta manhã (30), porém, falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante uma coletiva de imprensa, contribuíram para impulsionar a bolsa brasileira.

O Ibovespa, principal índice de ações do país, abriu o dia com valorização de mais de 1%. Após o início do evento com Lula, a bolsa acelerou a alta e renovou a máxima, aos 126.477 pontos, por volta das 13 horas.

A animação dos investidores começou com a declaração do presidente em favor da autonomia do Banco Central (BC), algo caro ao mercado.

Lula afirmou que a decisão de elevar a taxa Selic para 13,25% na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) já era esperada e que “não esperava milagre”.

“Galípolo é meu amigo, mas o presidente do BC vai ter autonomia de verdade”, disse.

Além disso, o petista falou sobre a questão fiscal e enfatizou: "Neste governo, não haverá irresponsabilidade fiscal".

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O presidente também deixou os investidores da Vale (VALE3) mais tranquilos. Ele declarou ter tido uma reunião positiva com o atual presidente da estatal, Gustavo Pimenta, e estar trabalhando para que a mineradora volte a crescer. “Eu tenho noção da importância da Vale para o Brasil”, afirmou durante a coletiva.

Com a sinalização do presidente, que já chegou a deixar os investidores temerosos diante da possibilidade de interferência no comando da mineradora, os papéis da companhia, que já vinham subindo, ganharam ainda mais fôlego. Por volta das 14h30, as ações subiam 3,98%, negociadas a R$ 54,90.

  • LEIA MAIS: Alta da Selic abre oportunidade para buscar rendimentos acima de 19% ao ano, aponta corretora; entenda

Paciência: Lula sobre a taxa de juros, questão fiscal e preço dos alimentos

Ontem, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e os diretores da autarquia elevaram a taxa básica de juros do país em 1 ponto percentual e já indicaram que o ciclo de alta deve continuar em março.

Ao ser questionado sobre a decisão do novo presidente do BC, Lula reforçou que a decisão já era esperada e que não havia possibilidade de uma atuação diferente.

“Num país do tamanho do Brasil, o presidente do BC não pode dar um cavalo de pau de um dia para outro”, disse. “Nós temos consciência que é preciso ter paciência”, completou.

Apesar disso, ele indicou que quer taxas mais baixas. “Quero que ele saiba que o povo espera juros menores para que tenha mais emprego. Mas eu não esperava milagre”, afirmou Lula.

Além disso, o presidente reforçou o compromisso com a responsabilidade fiscal e que tem como objetivo “controlar a economia” do país. "A gente quer o menor déficit possível porque quer que esse país dê certo. Se fizer dívida, é para ativo novo que faça esse país melhorar", disse.

Vale lembrar que a meta fiscal da equipe econômica no ano passado era de déficit zero, mas o arcabouço fiscal permite uma margem de tolerância de até 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB), o que equivale a R$ 28,8 bilhões.

Apesar de reforçar o compromisso, Lula afirmou que não pretende anunciar novas medidas de controle fiscal. "Se se apresentar durante o ano a necessidade de fazer, vamos reunir. Se depender de mim não tem outra medida fiscal", declarou.

O presidente também foi questionado sobre a alta dos preços dos alimentos, que vem pressionando a inflação do país. Após a divulgação da prévia da inflação de janeiro, o governo chegou a anunciar que está estudando iniciativas para reduzir os valores dos produtos.

Durante a coletiva, Lula afirmou que não tomará medidas que sejam “bravatas” e pretende conversar com os setores para entender melhor o que vem pressionando os preços.

Vale (VALE3) na mira do presidente

As ações da Vale também foram impulsionadas pelas falas de Lula nesta quinta-feira (30). Isso porque o presidente afirmou que realizou uma reunião positiva com Gustavo Pimenta, novo CEO da mineradora.

Lula disse que a estatal foi governada “de forma irresponsável” e que não havia diálogo com o governo. Agora, o petista enxerga que há um novo comportamento com a gestão de Pimenta.

A Vale lidou com um processo conturbado para definir o novo comando da companhia, que durou meses e chegou a estender o mandato do antigo presidente, Eduardo Bartolomeo. Porém, em agosto de 2024, foi anunciado que Gustavo Pimenta ocuparia o cargo de CEO da estatal.

De acordo com Lula, agora, o governo irá fazer esforços para uma recuperação da mineradora. “Vamos fazer com que a Vale volte a produzir mais minério de ferro e seja a primeira ou segunda em produção no mercado internacional. Ela caiu muito no exterior”, afirmou.

Segundo o último relatório da Vale, a produção do minério de ferro caiu no quarto trimestre de 2024.

“O Brasil é importante para a Vale, mas eu sei que a Vale também é importante para o Brasil”, declarou.

O presidente chegou a falar que “havia tensão” entre o governo e a companhia devido ao acordo em relação ao desastre ocorrido em Mariana (MG). 

Porém, em outubro de 2024, foi firmado um acordo entre as partes de R$ 132 bilhões e, para Lula, agora é “fazer o dinheiro chegar onde precisa”.

As falas do presidente impulsionam as ações da Vale, que já vinham subindo em reação ao relatório do JP Morgan. 

Os analistas do banco afirmaram que os papéis da estatal perderam valor nos últimos três meses e que performaram abaixo dos pares no período. Na visão do banco, essa “desconexão” abre uma oportunidade para investidores.

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