Trump quer brincar de heterodoxia com Powell — e o Fed que se cuide
Criticar o Fed não vai trazer parceiros à mesa de negociação nem restaurar a credibilidade que Trump, peça por peça, vem corroendo. Se há um plano em andamento, até agora, a execução tem sido tudo, menos coordenada.

O pano de fundo dos últimos dias, além da continuidade da guerra comercial, foi agravado por mais um episódio de ruído institucional nos Estados Unidos — desta vez, protagonizado pela crescente tensão entre Donald Trump e Jerome Powell.
O presidente americano voltou a atacar publicamente o Federal Reserve, reclamando da ausência de cortes de juros e reacendendo temores sobre a autonomia da autoridade monetária. Para os mercados, um sinal tão ruim quanto previsível.
A mera suspeita de ingerência política sobre o Fed pressionou o dólar, os Treasuries e as bolsas americanas, expondo mais uma vez como o mercado reage mal à combinação de volatilidade externa e imprevisibilidade doméstica.
- VEJA MAIS: Ação brasileira da qual ‘os gringos gostam’ tem potencial para subir mais de 20% em breve; saiba o porquê
A essa altura, Trump parece ter feito estágio nas velhas escolas desenvolvimentistas da América Latina: pouca preocupação com credibilidade, muita disposição para heterodoxia — e, no processo, mais um golpe na confiança institucional dos EUA.
Entre o vaivém tarifário e os ataques reiterados à independência do Federal Reserve — agora com pressões cada vez mais explícitas para a substituição de Powell —, o que se acumula é a corrosão lenta, mas contínua, das bases institucionais americanas.
Ainda que a Casa Branca tenha recuado, se a autonomia do Fed for efetivamente colocada em xeque, o impacto tende a ser mais profundo do que a volatilidade recente sugere: confiança, uma vez abalada, não se reconstrói com discursos.
Leia Também
Trump e a tempestade de incertezas
A irritação de Trump se intensificou após Powell, em discurso no Clube Econômico de Chicago, afirmar que a política tarifária do governo republicano tende a desacelerar a economia americana e, simultaneamente, pressionar os preços — uma combinação tóxica que justifica manter os juros entre 4,25% e 4,50% por mais tempo.
Como era de se esperar, Trump respondeu em seu estilo habitual: chamou Powell de "um grande perdedor" e exigiu que o Fed "corte os juros imediatamente". Na semana anterior, foi ainda mais direto: afirmou que a "demissão de Powell não pode vir rápido".
Legalmente, Trump não pode demitir o presidente do Fed por capricho — mas, conhecendo seu histórico de relativização por normas e convenções vigentes, ninguém em Wall Street ousa ignorar completamente essa possibilidade.
No curto prazo, a confiança dos investidores em ativos denominados em dólar, já arranhada, corre o risco de sofrer uma erosão estrutural. A combinação de um mercado tecnicamente vulnerável, um governo operando no modo tudo ou nada e uma crescente percepção de desaceleração compõem um quadro pouco favorável.
A dúvida que paira no ar é se estamos diante de uma mera turbulência temporária ou do início de uma realocação estrutural. Em um mundo em transição — onde os pilares institucionais outrora inabaláveis entram em xeque —, sobra incerteza para todos os lados. E nenhuma economia atravessa ilesa esse tipo de tempestade.
Diante desse ambiente de incerteza fabricada, a tendência é que os ativos americanos sigam pressionados. Mesmo que haja momentos esporádicos de alívio, o pano de fundo continua marcado pela desconfiança: um governo errático, uma autoridade monetária sob ataque e uma política econômica que reage por impulso.
Não exatamente a combinação ideal para quem busca previsibilidade.
Note que a moeda americana recentemente atingiu seu nível mais baixo em três anos, caminhando para registrar o pior desempenho nos primeiros 100 dias de um presidente desde que Richard Nixon rompeu com o padrão-ouro em 1971.
A dúvida que paira é se essa desvalorização do dólar é um efeito colateral da bagunça generalizada ou parte de um plano mais ou menos consciente.
- VEJA TAMBÉM: Conheça o Guia do Imposto de Renda 2025, do Seu Dinheiro, e veja uma forma descomplicada de fazer a sua declaração
Acordo de Mar-a-Lago
Stephen Miran — hoje um dos principais conselheiros econômicos de Trump — já havia defendido publicamente uma tese heterodoxa: usar tarifas e ameaças de retração militar como alavancas para forçar os principais parceiros comerciais a reavaliar suas moedas, enfraquecendo o dólar e impulsionando a competitividade industrial americana.
O raciocínio é simples: o status do dólar como principal moeda de reserva mundial tornou a divisa demasiadamente forte, prejudicando a competitividade das exportações dos EUA. A solução proposta? Forçar outros países a revalorizar suas moedas.
A inspiração seria o Acordo de Plaza, de 1985, quando Ronald Reagan conseguiu costurar um acordo de realinhamento cambial com Japão, Alemanha e outros aliados. Sob Trump, a reedição dessa estratégia ganharia o nome "Acordo de Mar-a-Lago".
O problema é que 2025 não é 1985.
A realidade do governo é muito menos cooperativa. A Europa, por exemplo, antagonizada por ataques diplomáticos, não parece inclinada a fazer concessões, e a China é hoje um rival estratégico direto — não um parceiro econômico desequilibrado.
Apostar em um novo grande acordo multilateral, nos moldes do passado, parece mais um exercício de fantasia do que uma estratégia viável. Além disso, usar tarifas e ameaças para enfraquecer o dólar é uma via arriscada — especialmente quando combinada a ataques à autonomia do Federal Reserve.
Criticar o Fed não vai trazer parceiros à mesa de negociação nem restaurar a credibilidade que Trump, peça por peça, vem corroendo. Se há um plano em andamento, até agora, a execução tem sido tudo, menos coordenada. E o preço dessa improvisação começa a aparecer.
14% de juros é pouco: brasileiro considera retorno com investimentos baixo; a ironia é que a poupança segue como preferência
8ª edição do Raio-X do Investidor da Anbima mostra que brasileiros investem por segurança financeira, mas mesmo aqueles que diversificam suas aplicações veem o retorno como insatisfatório
Shein ainda é a varejista de moda mais barata no Brasil, mas diferença diminui, diz BTG Pactual
Análise do banco apontou que plataforma chinesa ainda mantém preços mais baixos que C&A, Renner e Riachuelo; do outro lado da vitrine, a Zara é a mais cara
Prio (PRIO3): banco reitera recomendação de compra e eleva preço-alvo; ações chegam a subir 6% na bolsa
Citi atualizou preço-alvo com base nos resultados projetados para o primeiro trimestre; BTG também vê ação com bons olhos
Brasil tem duas praias entre as 50 melhores do mundo; veja quais são
Retiradas no Rio de Janeiro e em Fernando de Noronha, estas duas praias foram listadas entre os 50 melhores destinos litorâneos em ranking global
Gerdau (GGBR4) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4) anunciam R$ 322 milhões em dividendos
Distribuição contempla ações ordinárias e ADRs; confira os detalhes
Tupy (TUPY3): Com 95% dos votos a distância, minoritários devem emplacar Mauro Cunha no conselho
Acionistas se movimentam para indicar Cunha ao conselho da Tupy após polêmica troca do CEO da metalúrgica
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Salão de Xangai 2025: BYD, elétricos e a onda chinesa que pode transformar o mercado brasileiro
O mundo observa o que as marcas chinesas trazem de novidades, enquanto o Brasil espera novas marcas
Investimento alternativo ou vitória judicial: veja como declarar precatórios no imposto de renda
Se você recebeu o pagamento de um precatório no ano passado ou se investe nesse tipo de ativo alternativo, veja como informar a situação na sua declaração
Bola dividida na Lotofácil deixa ganhadores reclamando de barriga cheia
Concurso 3378 da Lotofácil teve dois ganhadores e nenhum deles ficou milionário; Quina acumula e Mega-Sena pode pagar R$ 8 milhões se tiver algum ganhador hoje
Tony Volpon: EUA, novo mercado emergente
Não tenham dúvidas: chegamos todos na beira do abismo neste mês de abril. Por pouco não caímos.
Trump vai jogar a toalha?
Um novo temor começa a se espalhar pela Europa e a Casa Branca dá sinais de que a conversa de corredor pode ter fundamento
S&P 500 é oportunidade: dois motivos para investir em ações americanas de grande capitalização, segundo o BofA
Donald Trump adicionou riscos à tese de investimento nos EUA, porém, o Bank Of America considera que as grandes empresas americanas são fortes para resistir e crescer, enquanto os títulos públicos devem ficar cada vez mais voláteis
Yudqs (YDUQ3) e Cogna (COGN3) vão distribuir R$ 270 milhões em dividendos; veja quem mais paga
A maior fatia dos proventos é da Yudqs, que pagará R$ 150 milhões em proventos adicionais no dia 8 de maio
Valendo mais: Safra eleva preço-alvo de Magazine Luiza (MGLU3) e Casas Bahia (BHIA3). É hora de comprar?
Cenário mais turbulento para as empresas não passou despercebido pelo banco, que não alterou as recomendações para os papéis
Acabou para a China? A previsão que coloca a segunda maior economia do mundo em alerta
Xi Jinping resolveu adotar uma postura de esperar para ver os efeitos das trocas de tarifas lideradas pelos EUA, mas o risco dessa abordagem é real, segundo Gavekal Dragonomics
Momentos finais para se inscrever na Riachuelo, KPMG, Peers e P&G; confira essas e outras vagas para estágio e trainee
Os aprovados nos programas de estágio e trainee devem começar a atuar até o segundo semestre de 2025; as inscrições ocorrem durante todo o ano
Mercado Livre (MELI34) é a ação favorita do Safra para tempos difíceis: veja os três motivos para essa escolha
O banco é otimista em relação ao desempenho da gigante do comércio eletrônico, apesar do impacto das “dores de crescimento” nos resultados de curto prazo
Desaprovação a Lula cai para 50,1%, mas é o suficiente para vencer Bolsonaro ou Tarcísio? Atlas Intel responde
Os dados de abril são os primeiros da série temporal que mostra uma reversão na tendência de alta na desaprovação e queda na aprovação que vinha sendo registrada desde abril de 2024
Governo federal lança segundo leilão para recuperar áreas degradadas e espera atrair até R$ 10 bilhões
Objetivo é mobilizar recursos para recuperar 1 milhão de hectares de cinco biomas diferentes e transformá-los em sistemas produtivos sustentáveis