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Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril.
ALTA DOS JUROS

‘Preferimos novos aportes em títulos pós-fixados’: por que a Empiricus gosta da renda fixa indexada ao CDI para quem investir agora

Perspectiva de alta de juros acima do esperado inicialmente deve impulsionar ativos atrelados à Selic e ao DI; veja os títulos recomendados pela casa de análise

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
3 de dezembro de 2024
18:27 - atualizado às 17:38
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Mercado já projeta Selic terminal em 14% ao ano. Imagem: iStock.com/Rmcarvalho

Se você tem recursos para investir agora, os novos aportes em renda fixa devem ser feitos preferencialmente em ativos pós-fixados, isto é, indexados à Selic e ao CDI.

Ao menos esta tem sido a recomendação da analista de renda fixa da Empiricus, Lais Costa, diante da expectativa do mercado de uma alta da Selic ainda maior do que a esperada anteriormente.

No seu relatório semanal divulgado nesta terça-feira (03), Costa lembra que, após a divulgação do pacote fiscal pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na semana passada, as estimativas para a alta de juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) aumentaram, e o mercado já discute uma possível elevação de 1,00 ponto percentual na taxa Selic.

Além disso, já se fala também em Selic terminal (ao final do ciclo de alta de juros) em torno de 14% ao ano. "Continuamos preferindo novos aportes em pós-fixados", conclui a analista, no relatório.

'PIBão' mostra economia aquecida

A deterioração das expectativas para os juros se reflete nas taxas futuras e se deve ao fato de que o mercado considerou insuficientes as medidas anunciadas pelo governo para conter as despesas, as quais devem somar uma economia inferior aos R$ 70 bilhões em dois anos estimada pela Fazenda.

Lais Costa repercutiu ainda os dados do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro do terceiro trimestre, divulgado nesta terça, que veio acima das estimativas do mercado (alta trimestral dessazonalizada de 3,7%, ante expectativa de 3,2%), além de conter uma revisão para cima do crescimento do trimestre anterior.

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Isso demonstra um aquecimento da atividade econômica doméstica, o que já havia sido sinalizado pelos dados de emprego e ganho real dos rendimentos dos trabalhadores, divulgados na semana passada: taxa de desemprego dessazonalizada de 6,5%, menor patamar histórico, e aceleração do ganho real dos rendimentos de 3,7% para 3,9% em termos anuais.

Esses dados indicam uma economia ainda forte apesar da alta recente da Selic, que só deve contribuir para desacelerar a atividade no ano que vem.

A atividade aquecida e os ganhos no poder de compra da população pesam sobre a inflação, que também vem sendo pressionada pelo fiscal e a possibilidade de isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês.

Esta isenção, além de liberar recursos para consumo, também pode resultar em novas renúncias fiscais num momento em que o governo deveria focar em equilibrar as contas públicas.

Essa desancoragem das expectativas inflacionárias, por sua vez, deve levar o BC a aumentar ainda mais a taxa básica de juros.

"De maneira geral, os indicadores macroeconômicos apontam claramente para uma economia com crescimento ainda forte, desemprego baixo e inflação em ascensão. Essas medidas, por si só, já indicariam a necessidade do aperto das condições financeiras. O centro das discussões domésticas, contudo, são, sem sombra de dúvidas, as contas fiscais", diz Lais Costa, no relatório.

Nem mesmo o cenário externo está ajudando tanto assim

Ainda que os Estados Unidos estejam em trajetória de afrouxamento monetário, dados recentes de PIB e inflação também mostraram uma atividade ainda aquecida por lá.

Embora em linha com as estimativas, o crescimento do PIB do terceiro trimestre ainda foi forte e a inflação acelerou ante a leitura anterior e permaneceu acima da meta do Federal Reserve, o banco central americano, de 2% ao ano.

"Os dados sugerem cautela no processo de afrouxamento da política monetária norte-americana. Por isso, o mercado tem precificado cerca de 70% de chance de mais um corte de 25 pontos-base no Fed Funds [taxa de juros do Fed] neste ano", diz a analista, no relatório.

Ou seja, deve haver pouco espaço para o Fed aumentar o ritmo de cortes de juros nas terras do Tio Sam, o que não alivia muito as taxas brasileiras.

Onde investir na renda fixa então?

Diante deste cenário, a expectativa de uma alta mais forte na Selic do que o inicialmente esperado levou a Empiricus a preferir direcionar os novos aportes dos investidores aos títulos de renda fixa pós-fixada, que ganham justamente em cenário de alta nos juros.

As indicações da semana incluem dois Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) e duas Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), sendo estas últimas isentas de imposto de renda.

Todos são títulos bancários, que contam com proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) para aplicações de até R$ 250 mil por CPF, por instituição financeira emissora. Confira:

TítuloRentabilidade anualPrazoResgateAplicação mínima
LCA BTG Pactual93% do CDI1 anoNo vencimentoR$ 500
LCA banco InterAté 96% do CDI2 anosNo vencimentoR$ 100
CDB Daycoval110% do CDI2 anosLiquidez diáriaR$ 1 mil
CDB Banco Pan102% do CDI1 anoLiquidez diáriaR$ 5
Taxas de 03/12/2024
Fonte: Empiricus.

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