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Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril.
O QUE COMPRAR

Onde investir na renda fixa em novembro? XP recomenda CDB, LCI, LCA, um título público e ativos isentos de IR; confira

Rentabilidades dos títulos sugeridos superam os 6% ao ano mais IPCA nos ativos indexados à inflação, muitos dos quais sem tributação

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
5 de novembro de 2024
18:00 - atualizado às 18:57
focus ipca inflação renda fixa
XP recomenda ativos para se proteger da inflação e aproveitar as altas taxas de juros. Imagem: Canva / Montagem: Bruna Martins

Se você quer fugir da forte volatilidade da bolsa e aproveitar as elevadas taxas de juros no Brasil no momento, a renda fixa tem oferecido muitas oportunidades. Mas são tantas que pode ser difícil escolher onde investir nessa classe de ativos.

Um norte podem ser as carteiras recomendadas de renda fixa das corretoras, menos comuns que as carteiras recomendadas de ações, mas ainda assim presentes na prateleira de algumas das principais plataformas de investimentos do país.

A carteira mensal de renda fixa da XP, assinada pelas analistas Camilla Dolle e Mayara Rodrigues, é uma das primeiras a ser divulgada todos os meses.

Para novembro, a corretora indica um portfólio diversificado em tipos de ativos e indexadores (atrelados às taxas de juros, prefixados e atrelados à inflação) para aproveitar as altas rentabilidades disponíveis nesse mercado atualmente.

Entre os ativos isentos de imposto de renda, a carteira da XP conta com uma Letra de Crédito Imobiliário (LCI), uma Letra de Crédito do Agronegócio (LCA), um Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) e três debêntures incentivadas de infraestrutura. Já entre os ativos tributados, um título público e um CDB.

As analistas alertam que eventuais mudanças na composição da carteira de um mês para outro não configuram necessariamente recomendações de venda, pois as indicações dependem da relação risco-retorno e disponibilidade dos ativos.

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Em relação aos ativos de crédito privado (debêntures, CRIs e CRAs), que têm um risco de calote mais elevado, a XP também não recomenda uma exposição superior a 3% da carteira de investimentos a cada emissor e alerta para o risco de volatilidade (oscilação de preços) daqueles que têm prazos longos.

Confira as recomendações de renda fixa da XP para novembro:

Ativo/EmissorIndexadorVencimentoRetorno*Isento de IR?
LCI Caixa Econômica Federal***CDI24/10/202686% do CDISim
LCA Banco VotorantimCDI25/10/202788% do CDISim
CDB Banco C6Prefixado24/10/202613,6% a.a.Não
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2030IPCA15/08/2030IPCA + 6,39% a.a.Não
Debênture Eletrobras (ELET14)IPCA15/09/2031IPCA + 6,20% a.a.Sim
CRI Direcional (24F1277567)**IPCA15/07/2031IPCA + 6,65% a.a.Sim
Debênture Jalles Machado (JALL24)IPCA17/10/2033IPCA + 6,45% a.a.Sim
Debênture Eneva (ENEVA0)***IPCA15/04/2034IPCA + 6,45% a.a.Sim
(*) Em 31/10/2024.
(**) Somente investidor qualificado.
(***) Somente investidor profissional.
Fonte: XP Investimentos.

Sobre os ativos que compõem a carteira de renda fixa da XP Investimentos

LCI da Caixa Econômica Federal

Isenta de imposto de renda, a LCI da Caixa paga 86% do CDI, o equivalente a um CDB (ativo tributado) que rendesse 104,62% do CDI. O papel vence em outubro de 2026 e está disponível na XP apenas para investidores profissionais, ou seja, aqueles que têm mais de R$ 10 milhões em aplicações financeiras.

Como banco estatal, a Caixa tem praticamente risco soberano, com classificação de risco (rating) em moeda local pela Moody's equivalente a AAA.bra, o mais alto nível. Mesmo assim, sua LCI conta com a cobertura de até R$ 250 mil por CPF do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), como toda LCI.

Os destaques positivos do emissor, segundo a XP, são: diversificação do portfólio de atuação; suporte governamental; menores níveis de inadimplência em relação à concorrência; robusta base de clientes; e protagonismo no crédito imobiliário.

Já os pontos de atenção, segundo a corretora, são: concorrência e tecnologia (adaptação ao mercado digital); cenário macroeconômico; risco político; e risco operacional.

LCA do Banco Votorantim

Disponível para o público geral, a LCA do Banco Votorantim vence em outubro de 2027 e é isenta de imposto de renda, prevendo uma remuneração de 88% do CDI, o equivalente a um CDB (ativo tributado) que pagasse 101,03% do CDI.

Fundado em 1988, o Banco Votorantim atende tanto ao mercado de varejo quanto ao corporativo, com grande foco em financiamento de veículos, crédito consignado e investimentos. Conta com um rating de emissor em moeda local AAA(bra), pela agência Fitch, o maior nível. Ainda assim, sua LCA conta com cobertura do FGC, como toda LCA.

"Além disso, o banco tem investido em tecnologia e inovação, visando melhorar a experiência do cliente e aumentar sua competitividade no mercado financeiro, com foco em soluções digitais e parcerias estratégicas", diz o relatório da XP.

Os destaques positivos do emissor, segundo a XP, são o fato de ser uma instituição de grande porte e a diversificação do seu portfólio. Já os pontos de atenção, segundo a corretora, são: concorrência e tecnologia (adaptação ao mercado digital) e o cenário macroeconômico.

CDB do Banco C6

Também voltado para o público em geral, o CDB do C6 Bank é prefixado e prevê uma rentabilidade de 13,60% ao ano até seu vencimento, em outubro de 2026. O ativo não é isento de imposto de renda, mas conta com a proteção do FGC, assim como todo CDB.

O C6 é um banco digital fundado em 2018 por um grupo de ex-executivos de grandes instituições financeiras, que hoje oferece conta digital, cartões, investimentos e crédito, tanto para pessoas físicas de alta renda quanto pessoas jurídicas. É um emissor com rating em moeda local brA+ pela S&P.

"Além disso, o C6 tem buscado parcerias estratégicas e a integração de tecnologias avançadas, como inteligência artificial, para aprimorar a experiência do cliente e aumentar sua presença no mercado financeiro brasileiro", diz a XP.

Entre os destaques positivos do C6, segundo a XP, estão a presença do JP Morgan como acionista minoritário; amplo portfólio de serviços; e gestão experiente. Já entre os pontos de atenção estão a alta concorrência no segmento e a inadimplência.

Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2030

O Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais (NTN-B) é um título público (portanto, garantido pelo governo federal) que paga uma taxa prefixada mais a variação da inflação medida pelo IPCA, além de prever o pagamento de juros semestrais.

Esses papéis podem ser comprados pelo Tesouro Direto, mas o de vencimento em 2030, indicado pela XP, só está disponível no mercado secundário de títulos públicos, que deve ser acessado pela mesa de operações da corretora e demanda aportes mais altos, da ordem dos R$ 50 mil.

As taxas dos títulos Tesouro IPCA+ atualmente estão ultrapassando os 6% ao ano mais IPCA para quem os levar ao vencimento, uma remuneração das mais elevadas para esse tipo de título. Não há, porém, isenção de imposto de renda.

"Em nosso cenário base, esperamos que a inflação encerre 2024 em 4,6% e 2025 em 4,1%. Enxergamos ser importante manter parcela de ativos atrelados à inflação para proteção contra seu efeito ao longo do tempo, especialmente considerando a imprevisibilidade em relação à sua trajetória em prazos mais longos", diz a XP em relatório.

Debênture da Eletrobras (ELET14)

A debênture da Eletrobras com vencimento em setembro de 2031 (ELET14) tem remuneração prevista de 6,20% ao ano mais IPCA, com isenção de imposto de renda, o que corresponde a um Tesouro IPCA+ (ativo tributado) que pagasse 7,92% ao ano mais IPCA.

Disponível para o público em geral, o ativo não conta com cobertura do FGC, mas o risco de crédito da Eletrobras em moeda local é AA(br) pela Fitch.

Segundo a XP, os destaques positivos do emissor são os fatos de ser a maior empresa de geração de energia elétrica da América Latina; atuar em setores resilitentes; ter longo histórico de atuação; e ter passado recentemente por uma elevação de rating.

Já entre os pontos de atenção estão o aumento da alavancagem; a pressão por inovação e sustentabilidade; e os riscos climáticos e a dependência hídrica.

CRI da Direcional (24F1277567)

O CRI da Direcional com vencimento em julho de 2031 (24F1277567) também é isento de IR, mas está disponível apenas para investidores qualificados, aqueles que têm mais de R$ 1 milhão em investimentos financeiros.

A rentabilidade no vencimento é de 6,65% ao ano mais a variação do IPCA, o equivalente a um Tesouro IPCA+ (ativo tributado) que pagasse 8,44% ao ano mais IPCA. Não há proteção do FGC, mas a Direcional tem rating em moeda local brAAA pela S&P, nível mais alto da agência.

A Direcional Engenharia é uma incorporadora e construtora com foco em habitação popular, isto é, imóveis voltados para compradores de baixa e média renda. Especializou-se em regiões onde há déficit significativo de moradias e opera programas governamentais como o Minha Casa Minha Vida.

Na visão da XP, os destaques positivos do emissor são: o foco no programa Minha Casa Minha Vida (mais resiliente); a diversificação no segmento de média renda (Riva); a alta eficiência operacional, mediante a utilização de formas de alumínio, que permitem ganhos de escala; e um elevado percentual de permutas no banco de terrenos, sem dispêndio de caixa, portanto.

Já entre os pontos de atenção, destacam-se: a suscetibilidade a mudanças de um programa governamental como o Minha Casa Minha Vida; o risco de corte dos incentivos governamentais; e os riscos de revisão de orçamento.

Debênture da Jalles Machado (JALL24)

A debênture da Jalles Machado com vencimento em outubro de 2033 (JALL24) é isenta de imposto de renda e está disponível para o público em geral. O papel paga 6,45% ao ano mais IPCA até o vencimento, o equivalente a um Tesouro IPCA+ (ativo tributado) que pagasse 8,21% ao ano mais IPCA.

Não há proteção do FGC, mas o rating do emissor em moeda local é AA+.br pela Moody's.

A Jalles Machado é um grupo sucroenergético, cujas atividades vão de venda de açúcar orgânico nos mercados doméstico e externo a produção de etanol e produtos saneantes, passando pela venda de açúcar refinado para o varejo das regiões Norte e Nordeste do Brasil.

A companhia tem duas usinas em Goiás e uma em Minas Gerais, com capacidade total de moagem de 8,5 milhões de toneladas por ano, "escala que consideramos intermediária, entretanto possui produtividade agrícola acima da média do setor, impulsionada por seu sistema de irrigação próprio", observa a XP.

"A Companhia origina 100% da matéria-prima de seus próprios canaviais, o que torna a geração de caixa beneficiada em momentos de preços elevados das commodities", diz o relatório.

Entre os pontos positivos, a corretora destaca: o canavial 100% próprio e portfólio com alto valor agregado; grande parte do canavial com irrigação (reduz risco climático); flexibilidade de produção de açúcar e etanol; liquidez e alavancagem confortáveis; e acesso ao mercado de capitais.

Já entre os pontos de atenção, a XP cita a concentração geográfica e a quebra de safras; a recuperação da rentabilidade da usina recém-adquirida (Santa Vitória); e a exposição à volatilidade nos preços de açúcar, etanol e ao câmbio.

Debênture da Eneva (ENEVA0)

Disponível apenas para os investidores profissionais e isenta de IR, a debênture da Eneva com vencimento em abril de 2034 (ENEVA0) prevê remuneração de 6,45% ao ano mais a variação do IPCA até o vencimento, o equivalente a um Tesouro IPCA+ (ativo tributado) que pagasse 8,21% ao ano + IPCA.

Não há cobertura do FGC, mas o emissor tem rating em moeda local AA+(bra) pela Fitch.

"A Eneva é o maior grupo privado de geração térmica no país. Por conta de seu sistema verticalizado de produção, o custo de despacho é o mais baixo entre os pares e, portanto, é chamada a operar com frequência. A maior parte da sua receita é fixa, reajustada anualmente pelo IPCA, o que garante relativa previsibilidade de resultados", observa a XP, em relatório.

Além desses pontos positivos, a corretora destaca ainda a dívida de longo prazo da companhia. Já entre os pontos de atenção, a XP cita a dependência de determinação de despacho pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS); o risco de os reservatórios de gás se provarem menores que o esperado; as aquisições e o importante cronograma de investimentos (Capex) à frente; e o risco regulatório.

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