Marcação a mercado: o ponto de discórdia entre o Ministério da Fazenda e os fundos de previdência complementar
Ministério da Fazenda defende a marcação a mercado também nos saldos dos fundos de previdência complementar; entidades temem que percepção de volatilidade leve a saques

Ao mesmo tempo em que analisa a minuta da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) sobre investimentos de fundos de pensão em FIPs, caminhando para um consenso, o Ministério da Fazenda trabalha em defesa da marcação a mercado - do passivo e do ativo - dos fundos de previdência privada.
O problema é que os fundos trazem o passivo a valor presente por taxa inferior à do Tesouro, considerada livre de risco, disse o secretário de Reformas Econômicas da Fazenda, Marcos Pinto.
Assim, a taxa estável, proporcionada pela marcação na curva, desconsidera o prazo do ativo e não estimula o investimento em longo prazo, que deve ser o foco das entidades.
Ministério da Fazenda defende marcação a mercado
Na Fazenda, a visão é de que a marcação a mercado é basilar no setor financeiro brasileiro, representa o amadurecimento do mercado no País e é praticada pelas mais diversas modalidades de investimento.
O secretário Marcos Pinto avalia que os fundos de pensão devem fazer a marcação a mercado de ativos e passivos, o que diminuiria o descasamento entre as duas rubricas.
Atualmente, as fundações precisam fazer a marcação a mercado na precificação de planos de contribuição definida (CDs) e contribuição variável (CV), que representam uma fatia menor da modalidade, na comparação com os planos de benefício definido (BD).
Leia Também
Entidades querem revisão da regra
As entidades pleiteiam que a regra seja revista e que os planos CDs e CVs possam fazer marcação na curva, como os BDs.
Isso porque a marcação a mercado dá uma percepção de volatilidade aos investimentos e poderia levar os participantes a fazer saques precoces ou mudanças em perfis de fundos.
Para o diretor de Investimentos da Previ, Claudio Gonçalves, não faz sentido a marcação a mercado de títulos que serão carregados até o vencimento.
"Isso traz uma volatilidade desnecessária ao plano de benefícios. A legislação indica que, quando se vende um título marcado na curva, é preciso reinvestir o recurso. A marcação a mercado só traz incerteza."
O presidente da Petros, Henrique Jägger, concorda.
"Não faz sentido para as fundações marcarem o passivo a mercado, assim como o ativo, e ficarem sujeitas à volatilidade diária de preços. Inclusive, para proteger nossa carteira, implementamos uma estratégia de imunização, com a compra de títulos públicos marcados na curva, sem oscilações diárias de preços, que movimentou R$ 83,4 bilhões entre compra e vendas de títulos, sendo fundamental para os resultados dos planos."
- LEIA TAMBÉM: Ferramenta te mostra uma projeção de quanto é necessário investir mensalmente na previdência privada. Simule aqui.
Decisão sobre marcação a mercado cabe ao Conselho Nacional de Previdência Complementar
A questão cabe ao Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC), que está no guarda-chuva do Ministério da Previdência Social, diz o diretor de Normas da Previc, Alcinei Rodrigues.
"A Previc está escutando as entidades do setor, por entender que essa não é uma questão de finanças e sim algo mais amplo, que inclui finanças, mas há aspectos atuárias, de características específicas do mercado brasileiro."
"Não somos contra nem a favor da marcação a mercado dos passivos das fundações, mas ela é uma questão do CNPC", diz Rodrigues.
"Nos preocupa fortemente que a proposta de marcação de passivo a mercado, na experiência internacional, é em casos em que os planos são custeados integralmente pelas patrocinadoras."
O especialista conta que simulações realizadas pela Fapes, fundo de pensão do BNDES, indicaram que a marcação a mercado dos passivos implica muita volatilidade.
O assunto foi pauta, na última semana, de debate na Comissão Nacional de Atuária (CNA), instituída pela Previc.
O subsecretário de Reformas Microeconômicas e Regulação Financeira da Fazenda, Vinicius Ratton Brandi, expôs as linhas gerais de um estudo em andamento na pasta, demonstrando preocupação em preservar a estabilidade do sistema.
Rodrigo Uchôa, atuário da Fapes, falou sobre a importância da taxa de juros atuarial, porque "traz a valor presente o fluxo tanto da receita quanto da despesa", e expôs preocupação com a marcação do passivo a mercado em virtude da alta volatilidade produzida por essa metodologia.
De onde não se espera nada: Ibovespa repercute balanços e entrevista de Haddad depois de surpresa com a Vale
Agenda vazia de indicadores obriga investidores a concentrarem foco em balanços e comentários do ministro da Fazenda
Nova reforma da previdência? Aposentadoria pública brasileira é uma das menos sustentáveis do mundo; veja ranking dos melhores sistemas
Apesar da necessidade de mais reformas, Previdência Social do Brasil tem a maior taxa de benefícios do mundo e alta cobertura da população, mostra levantamento da seguradora Allianz
6 em cada 10 reais dos brasileiros foi investido em renda fixa em 2024 — e 2025 deve repetir o mesmo feito, diz Anbima
Brasileiros investiram 12,6% mais no ano passado e a renda fixa é a ‘queridinha’ na hora de fazer a alocação, segundo dados da associação
Você tem até o dia 30 de dezembro para reduzir seu imposto de renda ou aumentar sua restituição em 2025; veja como
Está terminando o prazo para contribuir para um PGBL e abater os aportes já na declaração de imposto de renda 2025
Previdência privada: vale a pena mesmo ou é cilada? E é uma boa investir no fim do ano?
Décimo terceiro salário, confraternizações, presentes e talvez até uma viagem. Mas para além das festividades, o fim do ano também é marcado pelas tradicionais ofertas de planos de previdência privada por parte das instituições financeiras. Mas investir em previdência é mesmo uma boa? Por muito tempo esses produtos, voltados para a poupança de longo prazo […]
Voltado para a aposentadoria, Tesouro RendA+ chega a cair 30% em 2024; investidor deve fazer algo a respeito?
Quem comprou esses títulos públicos no Tesouro Direto pode até estar pensando no longo prazo, mas deve estar incomodado com o desempenho vermelho da carteira
Concorrente da Embraer à beira da falência, novas regras de previdência, a ‘mágica’ de Elon Musk e o futuro dos juros no Brasil
Além disso, Inter Asset revelou 5 ações para investir na bolsa até o final de 2024; veja os destaques de audiência do Seu Dinheiro nesta semana
Resgate ou renda? Bradesco muda a grade da previdência privada de olho nas mudanças das regras de PGBL e VGBL
Após nova regulação para estimular a contratação de renda na fase de desacumulação dos planos de previdência privada, a Bradesco Vida e Previdência criou novos produtos, de olho nos segurados que estão prestes a se aposentar
Campos Neto defende “choque fiscal positivo” como condição para Selic cair de forma sustentável
Falta de confiança na política fiscal dificulta o processo de convergência da inflação para a meta, disse o presidente do BC; saiba mais
Não vai rolar: STF forma maioria para rejeitar a volta da ‘revisão da vida toda’ das aposentadorias
“Revisão da vida toda” das aposentadorias havia sido autorizada pelo STF em 2022, mas foi anulada em março deste ano
Mercado de previdência cresce a dois dígitos por ano, mas investimento ainda gera polêmica entre especialistas e beneficiários
No Brasil, o tema costuma ser um dos mais polêmicos e desafiadores, tanto para especialistas quanto para beneficiários
Previsão de déficit zero, corte no Bolsa Família e salário mínimo de R$ 1.509: o plano do governo para o Orçamento de 2025
Projeto de lei com os detalhes do Orçamento de 2025 foi enviado por Lula ao Congresso Nacional na noite de sexta-feira
Voltas e reviravoltas: Ibovespa tenta manter alta em semana de dados de inflação enquanto bolsas repercutem eleições na França
Ibovespa ainda não sabe o que é cair em julho; testemunhos de Powell, futuro de Biden e regulamentação da reforma tributária estão no radar
Previdência em risco: desvincular benefício do salário mínimo para cumprir meta fiscal pode criar efeito rebote nas contas
Em entrevista à Agência Brasil, especialista em Previdência Social afirma que os benefícios previdenciários e assistenciais não vão para a poupança, mas para custo de vida
PGBLs e VGBLs escaparam, mas fundos de pensão ainda podem ser taxados; veja o impacto no benefício na aposentadoria
Taxação dos fundos de pensão de estatais e daqueles que as empresas privadas oferecem aos funcionários ainda será debatida no Congresso no âmbito da reforma tributária
INSS vai pagar R$ 2,4 bilhões por decisões judiciais; veja se você pode receber uma parte desse dinheiro
Valores serão pagos a quem aguarda pelo benefício do INSS, pensões e auxílio-doença, entre outros
Como declarar aposentadorias e pensões da Previdência Social no imposto de renda
Aposentados e pensionistas da Previdência Social têm direito à isenção de imposto de renda sobre uma parte de seus rendimentos. Veja os detalhes de como declará-los no IR 2024
Quanto você precisa juntar para se aposentar aos 40, 50 e 60 anos com uma renda de R$ 5 mil por mês
Simulamos quanto um jovem de 30 anos precisa investir por mês em prazos de 10, 20 ou 30 anos para garantir uma “mesada” de R$ 5 mil por duas décadas
Por que FoFs de previdência privada serão os grandes vencedores das mudanças recentes na tributação
Esse tipo de fundo mantem a mesma característica tributária de um exclusivo de previdência, mas, por ser um fundo coletivo, de varejo, não tem o limite de R$ 5 milhões de patrimônio
Novidades na previdência privada: como o governo quer incentivar você a contratar renda ao se aposentar com um PGBL ou VGBL
Resoluções que restringiram a criação de fundos exclusivos de previdência privada trouxeram também outras mudanças aos planos, potencialmente benéficas ao público geral