CMN reduz carência das LCIs de 12 para 9 meses e as equipara às LCAs, mas acaba com a “farra” dos CDCAs, que haviam escapado das restrições
O órgão restringiu as regras de emissão dos títulos do agronegócio, equiparando-as às de CRIs e CRAs, e também regulamentou LCD, novo título isento de IR

O Conselho Monetário Nacional (CMN) se reuniu nesta quinta-feira (22) e trouxe boas e más notícias para os investidores de renda fixa.
Por um lado, o colegiado reduziu de 12 para nove meses a carência das Letras de Crédito Imobiliário (LCI), equiparando-as as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), o que melhora a atratividade dos títulos imobiliários, que agora poderão ser resgatados em um prazo menor.
Além disso, o órgão também regulamentou as condições de emissão das Letras de Crédito do Desenvolvimento (LCD), títulos isentos de imposto de renda "primos" das LCIs e LCAs lançados no fim de julho.
Por outro lado, o CMN acabou com a "farra" dos também isentos Certificados de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA), que não haviam tido a sua emissão restringida no início deste ano, como ocorreu com os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs).
Em razão disso, o mercado passou a ver algumas emissões polpudas de CDCA, uma vez que, nesse tipo de papel, o benefício tributário é aproveitado tanto pelo investidor quanto pelo emissor.
No entanto, agora o CMN equiparou as regras de emissão dos CDCAs às dos CRIs e CRAs, restringindo o tipo de ativo que pode lastrear esses instrumentos de renda fixa.
Leia Também
LCIs passam a ter carência de 9 meses
Em fevereiro deste ano, causou polêmica uma decisão do CMN que aumentou a carência mínima das LCIs e LCAs não indexadas à inflação de 90 dias (três meses) para 12 e nove meses, respectivamente.
A medida diminuiu bastante a atratividade desses papéis para o investidor pessoa física, afeito às aplicações de renda fixa isentas de IR.
No entanto, o CMN decidiu, na reunião desta quinta, equiparar as carências dos dois títulos, uma vez que entende que os dois tipos de papel oferecem a mesma relação risco-retorno e que a diferenciação entre ambos acabou desfavorecendo as instituições financeiras com atuação voltada para o mercado imobiliário, financiado pelas LCIs.
"Considerando-se que a LCA e a LCI são avaliados como papéis que oferecem semelhante relação entre risco e retorno, que os investidores possuem preferência por liquidez e que os prazos diferenciados trariam condições desfavoráveis para as instituições com atuação voltada para o mercado imobiliário, o CMN entendeu necessário reduzir para nove meses o prazo mínimo de vencimento da LCI não atualizada por índice de preço, equalizando esse prazo com aquele estabelecido para a LCA", diz a decisão do colegiado.
CDCAs equiparados a CRIs e CRAs
Em adição a isso, o CMN emitiu ainda a Resolução nº 5.163, de 22/08/2024, que, segundo o Ministério da Fazenda, "harmoniza" as condições de emissão dos CDCAs com as regras vigentes em relação ao lastro de emissão de CRAs e CRIs.
Na mesma ocasião da mudanças das regras de LCIs e LCAs, o CMN também restringiu os tipos de negócios que poderiam emitir CRIs e CRAs e os tipos de ativos que poderiam lastreá-los, a fim de que apenas empresas e operações realmente relacionadas ao mercado imobiliário e ao agronegócio se valessem da captação de recursos por meio desses papéis.
A medida reduziu a emissão de CRIs e CRAs no mercado e acabou levando os recursos dos investidores a migrarem em peso para as debêntures incentivadas, títulos de dívida de empresas que também contam com isenção de IR para financiar projetos de infraestrutura.
Agora, os CDCAs também entrarão na dança.
"Os CDCAs são títulos de crédito vinculados a direitos creditórios originários de negócios realizados entre produtores rurais ou suas cooperativas e terceiros, inclusive financiamentos ou empréstimos, relacionados com a produção, a comercialização, o beneficiamento ou a industrialização de produtos ou insumos agropecuários ou de máquinas e implementos utilizados na atividade agropecuária", diz comunicado do ministério.
Assim, a nova resolução estabelece que os CDCAs só poderão ser lastreados em "operações compatíveis com as finalidades que justificam a sua criação", isto é, negócios e operações de crédito de fato relacionados ao agronegócio.
"Dessa forma, o CMN reafirma a possibilidade de empresas típicas do agronegócio financiarem suas atividades por meio da emissão de CDCAs."
A nova regra, no entanto, não afetará as operações em processo de emissão, ou seja, os CDCAs já distribuídos ou cujas ofertas de distribuição pública já tenham sido objeto de requerimento junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
- IPCA+ 7,1%: ‘É isso que o investidor de renda fixa deveria procurar todo dia’, diz analista; veja 4 recomendações de títulos premium
CMN regulamenta as condições de emissão da Letra de Crédito do Desenvolvimento (LCD)
Quanto à LCD, a Resolução CMN nº 5.169, que regulamenta o papel, trata dos aspectos fundamentais para a emissão do título, com destaque para:
- As condições de recompra ou resgate antecipado do título, que só poderão ocorrer em ambiente de negociação competitivo, observado o prazo mínimo de 12 meses (isto é, só podem ocorrer com carência mínima de 1 ano);
- O estabelecimento de limites de emissão de acordo com o porte e o perfil de risco da instituição emissora;
- E a obrigatoriedade de que as instituições financeiras observem critérios de transparência e adequação na distribuição, colocação ou negociação do título, prestando ao investidor as informações necessárias para a correta decisão de investimento.
A LCD foi criada pela Lei nº 14.937, de 26 de julho de 2024 para serem instrumentos de captação de recursos por parte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e dos bancos de desenvolvimento estaduais, a fim de financiar projetos de infraestrutura, pesquisa e outros segmentos que contribuam para o desenvolvimento do país.
Debêntures da Equatorial se destacam entre as recomendações de renda fixa para investir em março; veja a lista completa
BB e XP recomendaram ainda debêntures isentas de IR, CRAs, títulos públicos e CDBs para investir no mês
Vencimento de Tesouro Selic paga R$ 180 bilhões nesta semana; quanto rende essa bolada se for reinvestida?
Simulamos o retorno do reinvestimento em novos títulos Tesouro Selic e em outros papéis de renda fixa
Agenda econômica: Prévia da inflação no Brasil, balanço da Petrobras (PETR4) e PIB dos EUA movimentam a semana
Por aqui, os investidores também conhecerão o índice de confiança do consumidor da FGV e a taxa de desemprego, enquanto, no exterior, acompanham o balanço da Nvidia, além de outros indicadores econômicos
Tesouro Direto pagou R$ 29 bilhões em juros do Tesouro IPCA+, e mais R$ 180 bilhões do Tesouro Selic aguardam; onde reinvestir a bolada?
Tesouro IPCA+ pagou juros semestrais, e no início de março vence um Tesouro Selic; veja opções de ativos de renda fixa para reinvestir os recursos
Tesouro Direto e títulos isentos de IR: Itaú BBA recomenda renda fixa para fevereiro, e retorno líquido chega a 8,50% a.a. + IPCA
Banco recomenda pós-fixados e indexados à inflação, mas vê oportunidade até mesmo em prefixados com prazos até três anos
Inflação desacelera a menor nível para janeiro desde o Plano Real, mas não vai impedir Galípolo de continuar subindo os juros
Inflação oficial desacelerou de +0,52% para +0,16% na passagem de dezembro para janeiro, mas segue fora da meta no acumulado em 12 meses
Uma renda nem tão fixa assim: Ibovespa reage a balanços enquanto investidores monitoram Trump e decisão de juros na Inglaterra
Itaú reporta lucro líquido maior do que se esperava e anuncia dividendos extraordinários e recompra de ações multibilionária
Onde investir na renda fixa em fevereiro? Veja títulos isentos de IR e opções no exterior, de emissores como Vale, Eletrobras e até BNDES
Banco do Brasil, BTG e XP indicam debêntures incentivadas, CRIs, CRAs, LCDs, LCAs, bonds e outros títulos de renda fixa para o mês
O primeiro encontro: Ibovespa reage à alta dos juros pelo Copom e à manutenção das taxas pelo Fed
Alta dos juros pesa sobre Ibovespa e ativos de risco em geral, mas é positiva para a renda fixa conservadora
O ano dos FIIs de papel? Confira os fundos imobiliários que tiveram os maiores retornos de dividendos em 2024
A alta dos juros prejudicou o desempenho dos fundos imobiliários em 2024, que impactaram no desempenho dos FIIs na bolsa. Assim, os ativos que tiveram grandes retornos podem se tornar dores de cabeça para os cotistas
IPCA-15 desacelera e retorna à margem de tolerância da meta de inflação, mas um detalhe preocupa mais do que os preços dos alimentos
Prévia da inflação oficial desacelerou a +0,11% na passagem de dezembro para janeiro e a +4,50% no acumulado em 12 meses; no entanto, resultado do IPCA-15 ficou acima das projeções dos analistas
O polêmico veto de Lula: como a possível taxação dos fundos imobiliários pode impactar o investimento em FIIs
Em relatório, o BB Investimentos lista as possíveis consequências do dispositivo que obrigaria os FIIs a pagarem impostos de consumo; advogado critica aumento da complexidade tributária
Metralhadora giratória: Ibovespa reage às primeiras medidas de Trump com volta do pregão em Nova York
Investidores ainda tentam mensurar os efeitos do retorno de Trump à Casa Branca agora que a retórica começa a se converter em ações práticas
O retorno das LCIs e LCAs: após desaceleração, ritmo de emissões é retomado — e tende a beneficiar bancões em ano de Selic alta
No quarto trimestre de 2024, novas emissões de ativos isentos de imposto de renda viram retomada, aponta relatório do JP Morgan
Agenda econômica: reunião do CMN e prévia da inflação se destacam no Brasil, na semana em que Trump retorna à Casa Branca
A semana ainda reserva política monetária no Japão e indicadores econômicos europeus e dos Estados Unidos.
Onde investir 2025: o ano da renda fixa? Onde estão as oportunidades (e os riscos) no Tesouro Direto e no crédito privado com a Selic em alta
Com risco fiscal elevado e cenário externo desfavorável, 2025 exige conservadorismo e proteção contra a inflação; saiba quais títulos públicos e privados comprar
BTG Pactual recomenda renda fixa isenta de IR com retornos próximos a 10% + IPCA para janeiro; confira as indicações
Banco fez duas trocas nas suas recomendações de crédito privado incentivado para começar o ano
Uma cartinha para Haddad e Tebet: a herança de Campos Neto para Galípolo com o IPCA de 2024 fora da meta
IPCA acumulado em 2024 fechou em 4,83%, abaixo do que se esperava, mas acima do teto da meta de inflação estipulada pelo CMN
Após quase dois anos sem pagar proventos, TORD11 anuncia distribuição de dividendos; cotas sobem quase 7% na bolsa hoje
O último pagamento de dividendos realizado pelo FII TORD11 ocorreu em fevereiro de 2023; cotas do fundo vêm patinando na bolsa desde outubro
Com cotas abaixo de R$ 1,00, TORD11 anuncia intenção de promover grupamento e cai quase 10%
O fundo imobiliário TORD11 opera abaixo de R$ 1,00 desde outubro, o que levou a B3 a exigir, em dezembro, que o FII anunciasse medidas para correção do valor