Do embargo de Cuba a alfinetada em Elon Musk: os 5 principais temas do discurso de Lula na ONU
O presidente tocou em temas sensíveis em nível global, citando as tentativas de resolução dos conflitos, extremismos políticos e regulação de empresas de tecnologia
A abertura dos trabalhos da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) é tradicionalmente feita por um presidente brasileiro desde quando o diplomata Oswaldo Aranha se tornou conhecido pelos corredores do órgão, criado após a Segunda Guerra Mundial.
Dessa vez, quem teve a missão de fazer o discurso inicial foi Luiz Inácio Lula da Silva.
O petista tocou em temas sensíveis em nível global, citando as tentativas de resolução dos conflitos, extremismos políticos e regulação de empresas de tecnologia.
Em pouco menos de 20 minutos, Lula — interrompido no fim porque extrapolou o tempo — focou em valorizar o Sul Global e voltou a propor a reforma no Conselho de Segurança da ONU, que hoje conta com cinco países com poder de vetar qualquer medida, ainda que tenha sido aprovada pela maioria da assembleia.
Confira a seguir os destaques do discurso do presidente da República:
- Eleições municipais: como impacta nos investimentos? Confira guia completo
1— Lula critica guerras na ONU
Logo no início de sua fala, o presidente parabenizou a delegação palestina, que participava pela primeira vez como membro observador da Assembleia Geral da ONU.
Leia Também
“Testemunhamos alarmantes escaladas de disputas geopolíticas e de rivalidades. [O ano de] 2023 ostenta o recorde de maior número de conflitos armados desde a segunda guerra mundial”, disse Lula.
Ele citou os conflitos entre a Rússia e a Ucrânia, no qual o próprio Brasil e a China apresentaram uma proposta de paz em seis pontos.
Também mencionou o ataque de Israel na Faixa de Gaza e “que agora se expande perigosamente para o Líbano”, segundo o presidente.
“O direito de defesa transformou-se em direito de vingança”, disse.
Além disso, o chefe do Palácio da Alvorada aproveitou o momento para falar de outros conflitos pouco lembrados, como os do Sudão e do Iêmen.
Lula aproveitou o tema para enfatizar que o montante utilizado em despesas militares poderia ser destinado ao combate à fome e às mudanças climáticas.
“Os gastos militares globais cresceram pelo nono ano consecutivo e atingiram US$ 2 trilhões, mais de US$ 90 bilhões foram destinados a arsenais nucleares”, afirmou.
2 — Alfineta Elon Musk…
Além de tratar de temas globais, Lula também disse que o Estado não pode se intimidar frente a indivíduos ou plataformas digitais, e que tem o direito de julgar e fazer cumprir as regras de seu território.
Embora não tenha citado nomes, o presidente fez referência à suspensão do X, antigo Twitter, pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
"O futuro de nossa região passa, sobretudo, por construir um Estado sustentável, eficiente, inclusivo e que enfrenta todas as formas de discriminação. Que não se intimida ante indivíduos, corporações ou plataformas digitais que se julgam acima da lei. A liberdade é a primeira vítima de um mundo sem regras. Elementos essenciais da soberania incluem o direito de legislar, julgar disputas e fazer cumprir as regras dentro de seu território, incluindo o ambiente digital", disse o presidente da República.
3 — … E fala de regulação de IA na ONU
Lula também afirmou que mesmo as nações desenvolvidas abandonaram a ideia de um “ultraliberalismo” e passaram a exercer regulações sobre a economia doméstica.
O presidente falou especificamente sobre Inteligência Artificial (IA) neste momento.
“Na área de Inteligência Artificial, vivenciamos a consolidação de assimetrias que levam a um verdadeiro oligopólio do saber. Avança a concentração sem precedentes nas mãos de um pequeno número de pessoas e de empresas, sediadas em um número ainda menor de países”, disse.
Lula voltou a lançar luz sobre o interesse em uma “inteligência artificial emancipadora, que também tenha a cara do Sul Global e que fortaleça a diversidade cultural, que respeite os direitos humanos, proteja dados pessoais e promova a integridade da informação.”
“E, sobretudo”, afirmou, “que seja ferramenta para a paz, não para a guerra.”
Esse foi o momento em que o brasileiro também levantou outro tema caro para os membros do Conselho de Segurança da ONU, ao dizer que “há necessidade de uma governança intergovernamental da inteligência artificial, em que todos os Estados tenham assento.”
4 — Reforma da ONU
“A exclusão da América Latina e da África de assentos permanentes no Conselho de Segurança é um eco inaceitável de práticas de dominação do passado colonial”, afirmou Lula.
“Não tenho ilusões sobre a complexidade de uma reforma como essa, que enfrentará interesses cristalizados de manutenção do status quo. Exigirá enorme esforço de negociação, mas essa é a nossa responsabilidade. Não podemos esperar por outra tragédia mundial, como a Segunda Grande Guerra, para só então construir sobre os seus escombros uma nova governança global. A vontade da maioria pode persuadir os que se apegam às expressões cruas dos mecanismos do poder”, acrescentou.
O discurso de Lula na ONU reflete os temas prioritários do Brasil no G20: o combate às desigualdades e à fome, o enfrentamento às mudanças climáticas e a reforma das instituições de governança global.
Até novembro deste ano, o país está na presidência do bloco que reúne 19 países e duas entidades regionais – União Europeia e União Africana.
5 — Embargo a Cuba é criticado na ONU
Por fim, Lula também citou o embargo imposto pelos Estados Unidos à Cuba. O bloqueio comercial, financeiro e econômico à ilha caribenha acontece desde 1958 e é considerado um dos pilares da crise de escassez no país.
“É injustificado manter Cuba em uma lista unilateral de Estados que supostamente promovem o terrorismo e impor medidas coercitivas unilaterais, que penalizam indevidamente as populações mais vulneráveis”, disse.
O presidente citou o caso de Cuba em meio ao crescimento conturbado de toda América Latina e disse que a região vive uma “segunda década perdida desde 2014”. O crescimento médio da região nesse período foi de apenas 0,9%, metade do verificado na década perdida de 1980.”
Essa combinação de baixo crescimento e altos níveis de desigualdade, disse Lula, resulta em efeitos nefastos sobre a paisagem política da região, tragada por disputas, muitas vezes alheias à própria América Latina.
“No Haiti, é inadiável conjugar ações para restaurar a ordem pública e promover o desenvolvimento. No Brasil, a defesa da democracia implica ação permanente ante investidas extremistas, messiânicas e totalitárias, que espalham o ódio, a intolerância e o ressentimento”, afirmou.
*Com informações do Estadão Conteúdo e Agência Brasil
Botão vermelho na ponta do dedo: Putin estabelece nova doutrina nuclear e baixa o sarrafo para o uso da bomba atômica
As novas regras para o uso de armas nucleares pela Rússia vem em meio à autorização dos Estados Unidos para uso de mísseis norte-americanos pelas tropas da Ucrânia
Acaba logo, pô! Ibovespa aguarda o fim da cúpula do G20 para conhecer detalhes do pacote fiscal do governo
Detalhes do pacote já estão definidos, mas divulgação foi postergada para não rivalizar com as atenções à cúpula do G20 no Rio
Felipe Miranda: O Brasil (ainda não) voltou — mas isso vai acontecer
Depois de anos alijados do interesse da comunidade internacional, voltamos a ser destaque na imprensa especializada. Para o lado negativo, claro
O primeiro dia do G20 no Rio: Biden, Xi e Lula falam de pobreza, fome e mudanças climáticas à sombra de Trump
As incertezas sobre a política dos EUA deixaram marcas nos primeiros debates do G20; avanços em acordos internacionais também são temas dos encontros
O tamanho do corte que o mercado espera para “acalmar” bolsa, dólar e juros — e por que arcabouço se tornou insustentável
Enquanto a bolsa acumula queda de 2,33% no mês, a moeda norte-americana sobe 1,61% no mesmo intervalo de tempo, e as taxas de depósito interbancário (DIs) avançam
Biden testa linha vermelha de Putin na guerra com a Ucrânia e deixa casca de banana para Trump
Aliado de Putin adverte que autorização de Biden à Ucrânia é “passo sem precedentes em direção à Terceira Guerra Mundial”
O fim da temporada — ou quase: balanço da Nvidia ainda movimenta semana, que conta com novo feriado no Brasil
Enquanto isso, as bolsas internacionais operam sem um sinal único, sofrendo ajustes após o rali do Trump Trade dos últimos dias
No G20 Social, Lula defende que governos rompam “dissonância” entre as vozes do mercado e das ruas e pede a países ricos que financiem preservação ambiental
Comentários de Lula foram feitos no encerramento do G20 Social, derivação do evento criada pelo governo brasileiro e que antecede reunião de cúpula
Milei muda de posição na última hora e tenta travar debate sobre taxação de super-ricos no G20
Depois de bloquear discussões sobre igualdade de gênero e agenda da ONU, Milei agora se insurge contra principal iniciativa de Lula no G20
A escalada sem fim da Selic: Campos Neto deixa pulga atrás da orelha sobre patamar dos juros; saiba tudo o que pensa o presidente do BC sobre esse e outros temas
As primeiras declarações públicas de RCN depois da divulgação da ata do Copom, na última terça-feira (12), dialogam com o teor do comunicado e do próprio resumo da reunião
Você precisa fazer alguma coisa? Ibovespa acumula queda de 1,5% em novembro enquanto mercado aguarda números da inflação nos EUA
Enquanto Ibovespa tenta sair do vermelho, Banco Central programa leilão de linha para segurar a alta do dólar
Lula ainda vence a direita? Pesquisa CNT/MDA mostra se o petista saiu arranhado das eleições municipais ou se ainda tem lenha para queimar
Enquanto isso, a direita disputa o espólio de Bolsonaro com três figuras de peso: Tarcísio de Freitas, Michelle Bolsonaro e Pablo Marçal
Quantidade ou qualidade? Ibovespa repercute ata do Copom e mais balanços enquanto aguarda pacote fiscal
Além da expectativa em relação ao pacote fiscal, investidores estão de olho na pausa do rali do Trump trade
Pacote fiscal do governo vira novela mexicana e ameaça provocar um efeito colateral indesejado
Uma alta ainda maior dos juros seria um efeito colateral da demora para a divulgação dos detalhes do pacote fiscal pelo governo
Trump 2.0 vem aí: conheça as primeiras caras do novo governo dos EUA — e um deles é um linha-dura da polícia
O republicano já começou a escolher algumas das principais figuras do seu segundo governo; conheça o currículo de cada um deles
Mubadala não tem medo do risco fiscal: “Brasil é incrível para se investir”, diz diretor do fundo árabe
O Mubadala Capital, fundo soberano de Abu Dhabi, segue com “fome de Brasil”, apesar das preocupações dos investidores com o fiscal
Campos Neto acertou, mudanças na previdência privada, disparada do Magazine Luiza (MGLU3) e mais: confira os destaques do Seu Dinheiro na semana
Na matéria mais lida da semana no portal, André Esteves, do BTG Pactual, afirma que o presidente do BC, está correto a respeito da precificação exagerada do mercado sobre o atual cenário fiscal brasileiro
Lula fala em aceitar cortes nos investimentos, critica mercado e exige que Congresso reduza emendas para ajuda fazer ajuste fiscal
O presidente ainda criticou o que chamou de “hipocrisia especulativa” do mercado, que tem o aval da imprensa brasileira
Rodolfo Amstalden: Lula terá uma única e última chance para as eleições de 2026
Se Lula está realmente interessado em se reeleger em 2026, ou em se aposentar com louvor e construir Haddad como sucessor, suspeito que sua única chance seja a de recuperar nossa âncora fiscal
O que Lula e Bolsonaro acharam da vitória de Trump? Veja como políticos brasileiros de esquerda e direita reagiram à eleição do republicano
Nomes como Haddad, Tarcísio, Alckmin e a presidente do PT, Gleisi Hoffman, se manifestaram, presencialmente ou via redes sociais, sobre o resultado das eleições americanas