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Carolina Gama
Formada em jornalismo pela Cásper Líbero, já trabalhou em redações de economia de jornais como DCI e em agências de tempo real como a CMA. Já passou por rádios populares e ganhou prêmio em Portugal.
SE A ELEIÇÃO FOSSE HOJE…

Lula ainda vence a direita? Pesquisa CNT/MDA mostra se o petista saiu arranhado das eleições municipais ou se ainda tem lenha para queimar

Enquanto isso, a direita disputa o espólio de Bolsonaro com três figuras de peso: Tarcísio de Freitas, Michelle Bolsonaro e Pablo Marçal

Carolina Gama
12 de novembro de 2024
15:45 - atualizado às 14:16
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva real dólar
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva - Imagem: Joédson Alves/Agência Brasil

Muitos especialistas entenderam os resultados das eleições municipais deste ano como um recado das urnas à esquerda brasileira, em especial, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva — afinal, seu partido venceu em apenas uma capital. Mas quem acha que o petista não tem mais força política, pode estar enganado. 

Pesquisa CNT/MDA divulgada nesta terça-feira (12) mostra Lula liderando as intenções de voto no momento contra qualquer candidato da direita.

Os entrevistadores questionaram as pessoas sobre em quem elas votariam se a eleição fosse hoje. 

No cenário espontâneo  — ou seja, sem nenhum nome ser apresentado —, Lula lidera com 27,4% das intenções de voto. Jair Bolsonaro, que segue inelegível, tem 20,4%, apesar de estar inelegível no momento. 

Tarcísio de Freitas foi citado por 1,8% dos entrevistados, enquanto Pablo Marçal foi citado por 1,4% e Simone Tebet, por 1,1%.

A pesquisa testou, ainda, três cenários fixos. No primeiro, Lula disputa contra Bolsonaro, Marçal, Tebet e Ciro Gomes. O petista tem 35,2% contra 32,2% do ex-presidente, 8,4% do influenciador digital, 8% da ministra do Planejamento e 6,2% de Ciro.

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No segundo cenário, Bolsonaro é retirado da disputa. Michelle Bolsonaro assume seu lugar. Lula continua liderando, com 34,1%. A ex-primeira-dama é a segunda colocada, com 20,5%. Marçal tem 14,1%, herdando parte do espólio de Bolsonaro. Ciro sobe para 9,3%. Tebet chega a 9,2%.

No terceiro e último cenário, o candidato do núcleo bolsonarista é Tarcísio de Freitas. Lula continua na liderança, com 35,2%. Marçal fica em segundo, com 16,9%, abocanhando ainda mais eleitores do espólio de Bolsonaro. O governador de São Paulo tem 15%. Tebet e Ciro têm 9,5% e 9,4%, respectivamente.

O resultado mostra a dificuldade de Tarcísio garantir o voto bolsonarista e a inserção de Marçal nesse eleitorado, especialmente quando Bolsonaro não é candidato. 

Da mesma forma, indica uma cristalização da candidatura de Lula, o que pode pesar para que o presidente busque a reeleição, apesar de sua idade e de ter prometido que não o faria durante a eleição de 2022.

Lula vence a direita com popularidade em queda

A pesquisa mostra, ainda, que o governo Lula vem sofrendo uma queda de popularidade, especialmente quando comparado com o governo Bolsonaro. 

Em maio, data da última pesquisa, 43,3% acreditavam que a gestão do petista era melhor. Hoje, são 41,1%. A queda está dentro da margem de erro, mas indica um cenário de piora. 

Ao mesmo tempo, os que acham o governo Lula pior subiram de 32,4% para 36,2% — o que também está na margem de erro, mas com uma diferença maior.

Os eleitores que se dizem de direita cresceram acima da margem de erro: eram 30,8% em maio e subiram para 39,2%, um sinal de alerta para o presidente Lula e para setores do centro. 

Já o porcentual de pessoas que se consideram de esquerda teve um aumento mais tímido: de 17%, em maio, para 19,5%, em novembro.

A briga pelo espólio de Bolsonaro

A briga pelo espólio político de Bolsonaro, caso ele não seja candidato à Presidência da República em 2026, está acirrada. 

Há três principais candidatos disputando a preferência dos eleitores de direita, segundo a pesquisa CNT/MDA.

 Tarcísio de Freitas, Michelle Bolsonaro e Pablo Marçal lideram a corrida entre as pessoas que se consideram de direita.

Bolsonaro tem reforçado nas últimas semanas que é o nome de seu grupo político para a disputa presidencial em 2026.

 O ex-presidente, no entanto, está inelegível, após ter sido condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação por causa de uma reunião com embaixadores estrangeiros em julho de 2023 no Palácio da Alvorada.

A pesquisa CNT/MDA questionou aos eleitores que se dizem de direita que apontassem quem seria o melhor candidato para 2026. Bolsonaro foi o escolhido por 47,9% dos entrevistados.

O levantamento propôs, ainda, que esses eleitores apontassem quem deveria ser o candidato caso Bolsonaro não possa concorrer. Tarcísio foi o apontado por 22,6% dos entrevistados. Michelle é a favorita de 21,9%. Marçal tem o apoio de 20,3%. 

Ratinho Jr., Eduardo Bolsonaro, Romeu Zema e Ronaldo Caiado também foram citados como possíveis candidatos, mas com percentuais mais discretos.

LULA quer uma AMÉRICA LATINA UNIDA, MAS...

Dentre os três favoritos, Michelle foi a que mais saltou na preferência dos eleitores de direita do cenário com e sem Bolsonaro. 

Quando o ex-presidente estava na disputa, ela tinha 5,1% da preferência dos entrevistados. Sem Bolsonaro, ela subiu para 21,9% - um aumento de 16,8 pontos porcentuais. Tarcísio teve um aumento de 12,1 pontos percentuais, enquanto Marçal subiu 8,9 pontos porcentuais.

O levantamento mostra que na esquerda não há uma disputa acirrada como essa. Lula da Silva é o favorito de 60,2% dos eleitores que se dizem de esquerda. 

Caso ele não seja candidato, o nome do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é o favorito, com apoio de 31,3% dos esquerdistas. Guilherme Boulos, Geraldo Alckmin, João Campos e José Dirceu também são citados, mas com percentuais menores que os de Haddad.

Entre os eleitores de centro ou que não sabem se posicionar, Lula tem 26,7% da preferência dos eleitores, enquanto Bolsonaro tem 15,9%.

A pesquisa foi realizada de 7 a 10 de novembro deste ano. A margem de erro é de 2,2 pontos porcentuais para mais ou para menos. O índice de confiança é de 95% — o que significa que há 95% de chance de o estudo estar correto, se considerada a margem de erro. A coleta dos dados foi feita de forma presencial.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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