PETR4: Após fritura de Prates, ‘há risco de menor distribuição de dividendos pela frente’
Demissão de CEO e mudança nas prioridades da estatal podem prejudicar acionista
Quem investe na Petrobras (PETR4) precisa estar preparado para enfrentar turbulências e mudanças da noite para o dia, literalmente.
A demissão do então presidente da companhia, Jean Paul Prates, foi feita pelo presidente Lula na noite de ontem, um dia após a divulgação dos resultados da estatal no primeiro trimestre do ano (1T24), que vieram abaixo das expectativas do mercado.
Prates já estava passando por um processo de ‘fritura’ desde março por conta do anúncio de pagamento dos dividendos extraordinários.
O contexto é que o governo esperava reter 100% dos dividendos extraordinários na divulgação dos resultados do 4T23, com a intenção de forçar a estatal a investir em outras áreas e não distribuir esses recursos aos acionistas. Dessa forma, a medida de Lula não foi exatamente uma surpresa, e manchetes de hoje também comprovam isso:
Agora, a indicada para assumir o cargo é Magda Chambriard, ex-diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) durante o governo de Dilma Rousseff.
O impacto dessa mudança assusta o mercado. Nesta quarta-feira, PETR4 chegou a registrar 8% de queda.
Por mais que a companhia seja célebre por seus altos e baixos na Bolsa, PETR4 é a principal escolha de muitos investidores pelo seu histórico de ser uma boa pagadora de dividendos. Mas diante do atual contexto, ainda vale a pena ter PETR4 no portfólio?
PETR4 tem dividendos, mas vale o risco? Veja o que este analista tem a dizer
Para Ruy Hungria, analista de investimentos em renda variável da Empiricus Research, o impacto da troca de CEO ainda é incerto, no entanto, há um risco considerável na distribuição de dividendos.
É por essa razão que, em sua opinião, não vale a pena investir em PETR4 para buscar proventos no momento atual.
O analista responsável pela Carteira de Dividendos da Empiricus, que traz indicações mensais das melhores ações para se ter no portfólio (você pode acessar gratuitamente, clicando aqui) revelou alguns motivos para não recomendar PETR4 para seus leitores.
Segundo o analista, ainda que o papel apresente bons níveis de dividend yield, o aumento dos riscos políticos e a forte alta das ações nos últimos anos acabou deixando a assimetria risco-retorno desfavorável.
Além disso, com a mudança de gestão para uma CEO que parece estar mais alinhada aos anseios políticos, sobem as chances de investimentos da Petrobras em áreas com baixos retornos e, consequentemente, menor distribuição de dividendos pela frente.
“No fim do dia, isso significa dedicar uma parte relevante da geração de caixa em segmentos de baixo retorno ao invés de distribuir para os acionistas na forma de dividendos", afirmou hoje Hungria em entrevista exclusiva ao programa Giro do Mercado.
“Apesar de todos os riscos políticos envolvidos na tese nos últimos anos, os rendimentos via dividendos acima de 15% traziam bastante atratividade para PETR3 e PETR4. No entanto, com a possível alteração na estratégia de dividendos da Petrobras, podemos ver o grande atrativo das ações evaporando” Ruy Hungria
O analista da Empiricus reitera que não enxerga a reação negativa do papel da Petrobras como oportunidade de compra. Pelo contrário: ele entende que o valuation acima da média histórica implica um otimismo exagerado com as ações, o que também deixa PETR4 mais propensa a quedas fortes no caso de surpresas negativas (que são frequentes na história da estatal).
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Na Carteira de Dividendos, Ruy Hungria recomenda 5 das melhores ações para buscar dividendos no momento.
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