O que fazer se a Selic cair apenas 0,25 p.p.?
Depois de muito tempo, mercado está em dúvida sobre definição dos juros; saiba o que fazer em cada cenário
A partir dessa terça-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne para definir, até a noite de quarta, a nova taxa básica de juros do país (Selic), hoje em 10,75% ao ano.
A expectativa para essa reunião é grande porque, pela primeira vez após o início do ciclo de corte de juros, podemos ter uma desaceleração no ritmo de queda.
Desde agosto do ano passado, o Copom determinou 6 quedas consecutivas de 0,5 p.p. Na Selic, levando a taxa de 13,75% para 10,75% ao ano.
Agora, a expectativa do mercado é a de que os juros sigam caindo, mas com menor intensidade. Segundo o Índice Equus de Precificação da Selic (IEPS), a probabilidade de uma queda de 0,5 ponto saiu de 43% para 30%. O mercado, por outro lado, já começa a apostar em uma queda de apenas 0,25 p.p.
Bem, mas por que existe essa indefinição, se em geral o próximo movimento da Selic costuma ser apontado na ata anterior e já precificado?
E o mais importante: o que fazer com sua carteira de investimentos caso a Selic baixe menos do que vinha baixando nas últimas reuniões do Copom?
10,50% ou 10,25%: por que não dá pra ter certeza da nova taxa Selic
De maneira geral, as reuniões do Copom não costumam ser carregadas de emoção e expectativa pela definição da taxa em si.
Isso porque já existe uma sinalização prévia do próprio Banco Central justamente para evitar ruídos e especulações no momento da reunião. Essa “dica” costuma ser dada tanto na ata da reunião anterior como nos discursos entre os dois encontros.
Dessa vez, contudo, o cenário está um pouco enevoado. Em primeiro lugar, na última ata, o Copom deixou de projetar quedas, no plural, da mesma magnitude (0,5 p.p.) nas próximas reuniões para projetar apenas uma queda, no singular.
Isso quer dizer que, embora tenha dado uma dica de que ainda baixaria os juros para 10,25%, o Copom já estudava reduzir o ritmo do corte.
Nesse meio tempo, contudo, dois fatores estão se tornando uma dor de cabeça para os figurões da política monetária nacional e podem fazer a desaceleração do corte chegar antes:
- Resistência dos juros nos Estados Unidos
O Fed, equivalente ao Banco Central dos EUA, segue resistente em baixar os juros do país. Isso é um problema para o Copom, porque, por mais que existam condições internas para baixar a Selic, ela precisa oferecer um prêmio de risco relevante em relação aos títulos públicos americanos.
Caso contrário, a tendência é de fuga de capitais para um mercado mais seguro e consolidado, o que tende a aumentar a oferta de reais e a demanda por dólares no Brasil, fazendo o câmbio disparar e, consequentemente, a inflação subir.
- Questão fiscal no Brasil
Outra grande preocupação do Copom é a situação fiscal brasileira. Se o Brasil gasta mais do que arrecada, uma consequência natural é a inflação, que pode piorar caso o Banco Central estimule a economia baixando os juros.
Nas últimas semanas, por exemplo, tivemos uma sinalização negativa do governo nesse sentido. Para o orçamento de 2025, foi previsto apenas “déficit zero” nas contas, quando o previsto era um superávit de 0,5%. Em outras palavras: o governo pretende gastar mais.
Com esses dois cenários, associados a falas mais duras de membros do BC, como o presidente Roberto Campos Neto, há a expectativa de um corte menor do que o esperado nesta reunião.
E agora: o que fazer se a Selic for “só” para 10,50% ao ano?
Bem, mas vamos ao que interessa: como investidor, o que você deve fazer caso o Banco Central realmente seja mais duro e baixe a Selic em apenas 0,25 p.p.?
De maneira geral, juros mais baixos beneficiam os ativos de risco, como ações e fundos imobiliários.
Contudo, o mercado costuma precificar os ativos não só com os juros atuais, mas com a expectativa de juros futuros. Ou seja, uma desaceleração no ritmo de queda poderia ser negativa.
“Para os ativos de risco, a continuidade do ciclo de redução de juros seria ideal. No entanto, reduzir a Selic de forma precipitada sem suporte do ambiente internacional poderia desestabilizar o câmbio, com consequências adversas para a inflação”, explica o analista Matheus Spiess, da Empiricus Research.
Mas de maneira prática, o que fazer, então?
- Seria a hora de largar os ativos de risco, já prevendo uma estabilização dos juros?
- Ou com a continuação da queda a hora é de apostar em ações e fundos imobiliários?
- A estratégia ideal é não abandonar nem uma classe, mas escolher ativos mais resilientes?
- E a renda fixa e seus títulos prefixados e indexados ao IPCA, como ficam?
Para responder essas e outras questões pertinentes, na quinta-feira, às 12h, o programa Giro do Mercado terá uma edição especial voltada para o pós reunião do Copom.
A apresentadora Paula Comassetto receberá Maria Clara Patti e Juliano Bernardon, ela sócia e ele especialista de renda variável da Safira Investimentos, um dos principais escritórios de agentes autônomos vinculados ao BTG Pactual.
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