‘Imposto das blusinhas’ não é gatilho para comprar ações das Casas Bahia (BHIA3), Lojas Renner (LREN3) e Magazine Luiza (MGLU3); entenda o motivo
Para analista da Empiricus o “imposto das blusinhas” pode beneficiar as varejistas, mas não vai salvar negócios insustentáveis
Depois de muito vai e vem, o “imposto das blusinhas” deu o primeiro passo para se tornar lei. Na semana passada, a Câmara aprovou o projeto que institui a cobrança da alíquota de 20% sobre as compras internacionais de até US$ 50 (R$ 263,00 na cotação do dia 04/06).
O tema vinha sendo discutido desde abril de 2023, tanto pela necessidade de o governo aumentar a arrecadação quanto para proteger a indústria nacional e impedir as empresas estrangeiras de burlarem as regras de importação para não pagar imposto.
Na época foi identificado que as varejistas chinesas enviam pedidos como pessoas físicas para os consumidores no Brasil. Assim elas deixavam de pagar o imposto devido.
Contudo, a população não recebeu bem a proposta de taxar as compras nas varejistas chinesas, como Shein e Shopee, o que fez o governo voltar atrás.
Como alternativa, a Receita Federal criou em agosto de 2023 o programa Remessa Conforme. Por meio da iniciativa as empresas estrangeiras poderiam enviar pedidos para os consumidores pagando apenas a alíquota de 17% do ICMS.
Apesar da impopularidade, a taxação voltou a ganhar força nos últimos meses. Em entrevista ao programa Giro do Mercado na última segunda-feira (3) a analista Larissa Quaresma, da Empiricus Research, avaliou que embora ainda falte alguns trâmites, deverá ser aprovada.
Segundo a analista, a cobrança de imposto de 20% sobre as compras de até US$ 50 nas plataformas internacionais beneficia “na margem as varejistas nacionais, principalmente as de eletrônicos e de vestuário que atendem da classe B- para baixo”.
Prova disso é que no dia da votação e na volta do feriado, as ações de algumas varejistas voltaram a subir na bolsa.
Os papéis da Magazine Luiza (MGLU3) apresentaram alta de 2,57%. Casas Bahia (BHIA3) e Marisa (AMAR3) também reagiram positivamente com valorizações de 2,16% e 3,41%, respectivamente.
Diante da mudança, muitos investidores podem se perguntar se vale a pena incluir ações do varejo na carteira.
‘Imposto das blusinhas’ não muda o jogo para o investidor de varejo
Larissa Quaresma explicou que o “imposto das blusinhas” é positivo para algumas varejistas brasileiras. Afinal, boa parte das compras feitas nas plataformas chinesas estão abaixo dos US$ 50.
Assim, a analista acredita que a alíquota de 20% sobre essas compras pode ter um “efeito psicológico” no consumidor. Na visão de Quaresma, agora além de ter que esperar um pouco mais para receber os produtos, os compradores vão pensar duas vezes para decidir se realmente vale a pena pagar o imposto.
Vale lembrar que, além da taxa proposta pelo projeto de lei, os consumidores já pagam 17% de ICMS. Caso o “imposto das blusinhas” seja realmente sancionado, a varejista chinesa Shein estima que a carga tributária das compras na plataforma passará a ser de 44,5%. Isto é, mais que o dobro de tributos.
Nesse sentido, a analista aponta que a taxa pode ser uma barreira para as compras internacionais e uma vantagem para as varejistas brasileiras. No entanto, ela não acredita em uma “mudança de jogo” significativa para essas empresas.
A analista explica que, se a varejista está dependendo exclusivamente da medida do governo para sobreviver, é porque trata-se de um negócio que não se sustenta. E essas companhias precisam repensar o negócio.
“A competição dos importados é real e ela não vai deixar de acontecer por causa da taxação. A invasão dos produtos chineses é uma realidade no mundo inteiro, não só no Brasil. Então, esse é um novo cenário competitivo ao qual as empresas precisam se adaptar mesmo com a taxação.”
Ou seja, para o investidor que deseja ter ações de varejo na carteira, o “imposto das blusinhas” não é “gatilho” suficiente para sair comprando qualquer papel do setor.
Por outro lado, a analista aponta que é possível investir no varejo. Contudo o investidor não pode abrir mão de algumas características ao selecionar ações desse setor.
Como escolher ações do varejo para investir agora
Segundo Larissa, existem duas características que o investidor deve buscar ao selecionar ações do varejo para investir:
- Empresas de alta qualidade; e
- Que tem motores próprios de geração de valor.
Ou seja, companhias que dependem menos do cenário macroeconômico, da taxa atual de juros e da taxação das compras internacionais para continuar crescendo. Nesse contexto, Larissa aponta que há duas empresas do setor de varejo que vale a pena investir agora.
Essas companhias, inclusive, estão na carteira com as 10 melhores ações para junho.
Trata-se de empresas pouco alavancadas (baixo endividamento) e com histórico de resultados resilientes em diferentes momentos da economia.
Diferentemente das varejistas mais populares como Magazine Luiza, Casas Bahia, Marisa e Lojas Renner, essas empresas não dependem do “imposto das blusinhas” para performar bem.
Elas são classificadas como ações do varejo “classe A”. Em geral atendem o público de alta renda e, por isso, conseguem manter uma rentabilidade maior mesmo em períodos difíceis. Além disso, estão sempre à frente de seus pares.
Por esse motivo, os analistas da Empiricus Research recomendaram as 2 varejistas “classe A” na carteira de 10 ações para comprar em junho.
São empresas de alta qualidade e com valuation atrativo, ou seja, estão com desconto em relação ao seu preço justo.
Por outro lado, ainda são ações de um setor que costuma ser mais afetado pelo ciclo de juros, que passa por um momento de incerteza. Assim, as duas varejistas recomendadas representam, juntas, apenas 15% da carteira.
Ou seja, elas estão ali para dar uma “apimentada” no portfólio que contém outras 8 ações de diferentes setores para diversificar a carteira e oferecer potencial de retorno e proteção.
A boa notícia é que você pode conhecer as varejistas recomendadas e as outras oito ações que compõem a carteira de forma 100% gratuita.
A Empiricus Research, empresa do Grupo BTG, está oferecendo como cortesia o acesso gratuito à carteira com as 10 ações para investir em junho.
Para conhecer as recomendações é só clicar no botão abaixo e seguir as instruções: