Varejistas, imobiliárias e mais: veja as ações mais (e menos) afetadas pela alta da Selic, segundo o BTG Pactual
Magazine Luiza, Casas Bahia e JHSF estão entre as empresas que mais podem sofrer com a alta da Selic; BTG aponta onde investir neste cenário
Desde o dia 18 de setembro, quando o Banco Central aumentou a taxa básica de juro brasileira, a Selic, em 25 pontos-base, o Brasil entrou em um novo ciclo de aperto monetário.
O mercado projeta hoje um ciclo de alta de 200 pontos-base na Selic, que terminaria no início de 2025 com a taxa em 12,5% ao ano.
Segundo o BTG Pactual, este ciclo se deve à combinação “de uma forte atividade econômica, um mercado de trabalho robusto, um incerto apoio político às reformas econômicas necessárias para controlar as despesas e um real mais fraco, que contribuíram para a desancoragem das expectativas de inflação.”
Como a taxa repercute diretamente no desempenho das ações brasileiras, o banco de investimentos escreveu em relatório na última segunda-feira (30) quais papéis devem ser mais e menos impactados pelo novo ciclo de aperto.
O BTG destacou que as empresas alavancadas e com grande parcela das dívidas atrelada à Selic sofrem mais. Vale enfatizar que 35% da dívida das empresas da bolsa brasileira está vinculada à taxa.
“O aumento da taxa Selic impacta os resultados da maioria das empresas que analisamos. Com exceção dos bancos, seguradoras e empresas que possuem caixa líquido, os lucros de quase todas as outras empresas se reduzem devido a taxas mais elevadas.”
Ainda segundo os analistas, as empresas que vendem a maioria dos produtos e serviços no mercado interno têm mais dívidas atreladas à Selic do que as exportadoras de commodities, que, em geral, têm mais dívidas atreladas ao dólar.
“No Brasil, 48% da dívida das empresas nacionais está indexada à Selic, contra 18% dos exportadores de commodities. Alguns varejistas, locadoras de veículos e imobiliárias estão mais expostos.”
Veja alguns nomes da bolsa que devem sofrer com a alta da Selic
No setor de varejo, o segmento de alimentos, eletroeletrônicos e eletrodomésticos têm alavancagem relativamente elevada e atrelada à Selic.
“É o caso dos varejistas de alimentos Pão de Açúcar (3,8x dívida líquida/EBITDA; 96% indexados à Selic) e Assaí (3,4x e 91%). Entre os varejistas de eletrônicos e eletrodomésticos, Magazine Luiza (3,7x, 100% indexado à Selic) e Casas Bahia (3,3x e 91%) são os mais alavancados.”
Já no setor imobiliário, o banco enfatiza a alavancagem relativamente alta das construtoras residenciais de alto padrão. “Empresas como JHSF (5,7x; 76% vinculados à Selic) e Helbor (5,0x; 60%) estão entre as mais alavancadas do setor.”
No caso das locadoras, o BTG vê as três listadas em bolsa (Localiza, Movida e Vamos) “alavancadas” e com grande parte das dívidas atreladas à Selic.
“A alavancagem da Localiza está em 3,2x e 70% de sua dívida está atrelada à Selic, enquanto as empresas controladas pelo Grupo Simpar estão todas relativamente alavancadas – Movida está em 3,5x e tem 70% da dívida atrelada ao Selic, a Vamos está em 3,2x e 88 %, e JSL é 3,3x e 93%.”
Bancos, seguradoras e empresas com caixa líquido devem ser menos afetados
Por outro lado, bancos, seguradoras e empresas que têm caixa líquido – ou seja, companhias que têm mais caixa do que dívida em seus balanços – tendem a se sair relativamente melhor em um cenário de aperto monetário.
“Dadas as características únicas desses negócios, bancos e seguradoras tendem a se beneficiar de uma Selic mais elevada (pelo menos no curto prazo). As empresas que possuem caixa líquida também ganham, como é o caso da maioria dos nomes de tecnologia.”
Dentre os nomes com caixa líquido, o banco destaca TOTVS, Intelbras, Locaweb, WEG, Ambev e B3.
O banco também destaca os balanços das construtoras de baixa renda. “Melhoraram enormemente.”
“Hoje, Cury e Plano & Plano têm caixa líquido, a Direcional basicamente não tem dívida e a Tenda está 1,1x alavancada, mas deve terminar 2025 com uma dívida líquida/EBITDA de apenas 0,5x.”
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