Trump vai fazer os juros caírem na marra? Fed deve cortar a taxa hoje, mas vai precisar equilibrar pratos com a volta do republicano à Casa Branca
Futuro de Jerome Powell à frente do BC norte-americano está em jogo com o novo governo, por isso, ele deve enfrentar uma enxurrada de perguntas sobre a eleição na coletiva desta quinta-feira (7)
Dizem que recordar é viver, mas, no caso de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, essa recordação pode estar mais para pesadelo depois da eleição do Donald Trump como presidente dos EUA — na véspera de mais uma decisão do Fed sobre os juros.
A relação dos dois na primeira passagem do republicano pela Casa Branca não podia ter sido pior: embora o próprio Trump tenha escolhido Powell para comandar o banco central norte-americano, a coisa desandou quando o Fed precisou interromper o ciclo de corte de juros — e o presidente eleito é um fã declarado de taxas bem baixinhas.
O vale a pena ver de novo de Powell começou antes mesmo de Trump vencer a democrata Kamala Harris. Na campanha, o republicano vinha concedendo declarações indicando que não terá pudores em romper com uma tradição e interferir na política monetária norte-americana se for preciso.
Trump disse, por exemplo, que ora Powell agia "um pouco cedo demais” e ora agia “tarde demais" nas decisões políticas.
Ele também chegou a afirmar que os presidentes devem ter "palavra" sobre a política de taxas de juros do Fed e sugeriu que seus membros agiram por razões políticas quando reduziram os juros em meio ponto percentual em setembro.
Dias antes da eleição, no entanto, Trump baixou um pouco o tom — mas não deixou a vida de Powell mais confortável por isso. Em uma entrevista à Bloomberg News, o republicano disse que não deveria ordenar ao Fed o que fazer, mas que tinha o direito de comentar sobre a direção dos juros.
Leia Também
- TRUMP ELEITO, E AGORA? Saiba onde investir e entenda os possíveis desdobramentos econômicos a partir de agora
Powell e o Fed tem como se proteger de Trump, mas até quando?
Ainda que tenha pegado mais leve sobre o Fed na reta final da campanha, a retórica de Trump alimenta especulações de que como presidente dos EUA, ele pode tentar restringir a autonomia do banco central e acabar com décadas de independência da autoridade monetária.
Vale lembrar que no primeiro mandato, Trump explorou a possibilidade de demitir Powell — uma decisão que teria sido sem precedentes na história recente dos EUA.
O Fed até tem proteções contra a interferência do chefe da Casa Branca. Os indicados do presidente norte-americano para o Conselho de Governadores do Fed devem, por exemplo, ser confirmados pelo Senado. Além disso, os comitês do Congresso supervisionam o banco central.
Mas a verdade é que Trump pode influenciar diretamente o Fed por meio de nomeações para cargos-chave a partir do próximo ano.
O mandato de Powell acaba em 2026 e o republicano já sinalizou que não deve conduzi-lo ao comando do banco central norte-americano.
Junto com o fim do mandato de Powell também termina o mandato da diretora do Fed, Adriana Kugler — que expira em janeiro de 2026.
Além disso, a própria vaga de Powell como membro do Fed estará disponível a partir de janeiro de 2028. Com isso, Trump terá a oportunidade de nomear indicados para todas essas posições.
Confira abaixo a lista dos mandatos do Fed que devem vencer durante o governo Trump:
Membro do Fed | Cargo | Fim do mandato |
Adriana Kugler | Diretoria | Janeiro de 2026 |
Jerome Powell | Presidente | Maio de 2026 |
Jerome Powell | Diretoria | Janeiro de 2028 |
Michael Barr | Vice-presidente para supervisão | Julho de 2026 |
Philip Jefferson | Vice-presidente | Setembro de 2027 |
TRUMP ELEITO: E agora, o que será da maior economia do mundo?
Fed decide juros hoje, e agora?
O comitê de política monetária (Fomc, na sigla em inglês) do Fed se reúne nesta quinta-feira (7) para definir os novos juros da economia norte-americana. A aposta é de um corte de calibre menor do que em setembro, de 0,25 ponto percentual (pp), o que colocaria a taxa entre 4,50% e 4,75% ao ano.
O mercado também já contratou mais um corte de 0,25 pp para a última reunião de 2024, em dezembro. A questão é saber se, depois disso, o Fed vai dar sequência ao ciclo de afrouxamento ou se pisará no freio por conta de Trump.
É bem verdade que Powell e outras autoridades do Fed têm repetidamente garantido que pretendem ficar fora da política partidária e não levam em conta considerações políticas ao definir os juros.
Mas, além da intenção de interferir na política monetária norte-americana direta ou indiretamente, Trump pode alterar os planos do BC dos EUA para os juros com suas propostas protecionistas e de imigração.
Durante a campanha, o republicano disse repetidas vezes que vai aumentar as tarifas de importação, principalmente em relação à China.
Se os produtos importados ficam mais caros para os norte-americanos, a inflação tende a acelerar nos EUA.
Soma-se a isso o plano de Trump de fazer deportações em massa de imigrantes ilegais e endurecer a entrada de novos imigrantes no país sob o argumento de que essa mão de obra tem tirado o emprego dos norte-americanos.
Acontece que o impacto dessa política de imigração mais dura também pode ser inflacionário: com menos imigrantes, o custo de produção nos EUA tende a subir e se refletir em preços mais elevados.
E o remédio para uma inflação acelerada é o aperto monetário. Repetidas vezes, Powell declarou que pode interromper o corte de juros e elevar as taxas se a inflação voltar a ser uma ameaça para a economia norte-americana.
Mas, como diz o ditado: a cada dia a sua agonia. Primeiro Powell precisa passar pela enxurrada de perguntas que ele certamente receberá sobre como a eleição afeta as perspectivas do Fed, quando ele realizar a entrevista coletiva de hoje, às 16h30.
Mais rápido do que se imaginava: Trump assegura vitória no Colégio Eleitoral e vai voltar à Casa Branca; Copom se prepara para subir os juros
Das bolsas ao bitcoin, ativos de risco sobem com confirmação da vitória de Trump nos EUA, que coloca pressão sobre o dólar e os juros
“O Banco Central tem poucas opções na mesa”: Luciano Sobral, da Neo, diz que Copom deve acelerar alta da Selic, mas mercado teme que BC perca o controle da inflação
Na visão de Sobral, o Copom deve elevar a Selic em 0,5 ponto percentual hoje, para 11,25% ano
Um rigoroso empate: Americanos vão às urnas para escolher entre Kamala Harris e Donald Trump antes de decisões de juros no Brasil e nos EUA
Dixville Notch é uma comunidade de apenas dez habitantes situada no interior de New Hampshire, quase na fronteira dos Estados Unidos com o Canadá. A cada quatro anos, o povoado ganha holofotes por ser o primeiro a votar nas eleições presidenciais norte-americanas. Os moradores se reúnem à meia-noite, a urna é aberta, os eleitores votam […]
Caminhos opostos: Fed se prepara para cortar juros nos EUA depois das eleições; no Brasil, a alta da taxa Selic continua
Eleições americanas e reuniões de política monetária do Fed e do Copom movimentam a semana mais importante do ano nos mercados
“Campos Neto está certo”: André Esteves, do BTG Pactual, diz que mercado está mais pessimista com o fiscal do que fundamentos sugerem
Para o chairman do banco de investimentos, o mercado está “ressabiado” após a perda de credibilidade do governo quanto à questão fiscal
Selic deve subir nas próximas reuniões e ficar acima de 12% por um bom tempo, mostra pesquisa do BTG Pactual
Taxa básica de juros deve atingir os 12,25% ao ano no início de 2025, de acordo com o levantamento realizado com gestores, traders e economistas
Por que as ações da Cogna (COGN3) e do Magazine Luiza (MGLU3) disparam e lideram as altas do Ibovespa nesta segunda-feira (4)
As ações de varejistas e do setor de educação atraem os holofotes dos investidores após uma sangria na bolsa brasileira. Veja o que está por trás da alta dos papéis
Começa a semana mais importante do ano: Investidores se preparam para eleições nos EUA com Fed e Copom no radar
Eleitores norte-americanos irão às urnas na terça-feira para escolher entre Kamala Harris e Donald Trump, mas resultado pode demorar
Agenda econômica: Eleições nos EUA dividem espaço com decisão de juros no país; Copom e IPCA são destaque no Brasil
A agenda econômica desta semana também conta com dados da balança comercial do Brasil, EUA e China, além da divulgação de resultados do terceiro trimestre de empresas gigantes no mercado
E agora, Lula? ‘Onda vermelha’ nos EUA pode se somar à dominância fiscal e anular poder do Banco Central sobre inflação, diz gestora
Para a TAG Investimentos, o Brasil caminha para uma situação de “dominância fiscal”, quando a política monetária e a fiscal se distanciam uma da outra
Selic: Copom pode subir juros em 0,5% na próxima reunião; como ficam seus investimentos?
Decisão acontecerá no dia 6 de novembro; saiba como ajustar sua carteira para se beneficiar do ciclo de alta de juros
O payroll vai dar trabalho? Wall Street amanhece em leve alta e Ibovespa busca recuperação com investidores à espera de anúncio de corte de gastos
Relatório mensal sobre o mercado de trabalho nos EUA indicará rumo dos negócios às vésperas das eleições presidenciais norte-americanas
Brasil é o único país do mundo a apostar na alta dos juros, diz Campos Neto – veja como aproveitar Selic nas alturas com a renda fixa
Juros futuros chegaram a ser precificados a 13% nas últimas semanas, mas cenário de Selic alta pode ser notícia positiva para investidores
Cada um com suas preferências: Ibovespa reage a balanços do Bradesco e da Ambev e à Pnad Contínua enquanto Wall Street aguarda PCE
Índice de inflação preferido do Fed será divulgado hoje nos EUA; aqui, investidores olham para dados de emprego e desemprego
Tony Volpon: Bem-vindo, presidente Trump?
Sem dúvida o grande evento de risco para os mercados globais é a eleição americana
Investir em títulos IPCA+ agora pode significar trocar um Chevrolet Onix por um Audi A3 0km; entenda o raciocínio
Uma das oportunidades mais raras em, pelo menos, 14 anos. É o que está em jogo para os títulos públicos prefixados e atrelados ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação no país. Segundo um levantamento feito por Bruno Lobo, da Simon Capital, o investidor só se deparou com títulos públicos […]
No crédito ou no débito? Ibovespa reage a balanços, Wall Street e expectativa com cortes de gastos
Enquanto a temporada de balanços segue adiante, dólar começa o pregão de hoje no nível mais elevado em mais de três anos
‘Projeto Plateau’: Klabin (KLBN11) levanta R$ 1,8 bilhão para explorar atividade florestal e anuncia nova política de dividendos
Na noite da última terça-feira, a companhia afirmou que poderá pagar proventos de maneira trimestral aos acionistas
Tesouro Direto em outubro: títulos públicos indexados à inflação se encaminham para fechar o ano entre os piores investimentos de 2024
Em compensação, taxas dos papéis Tesouro IPCA+ beiram os 7% ao ano acima da inflação para quem os adquirir agora, patamar extremamente atrativo
CEO do Santander (SANB11) responde: a alta da Selic vai afetar os próximos resultados do banco?
Mario Leão, presidente do Santander Brasil, admitiu que o banco tem “sensibilidade negativa para juros altos”, mas que tentará neutralizar esse efeito