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Carolina Gama
Formada em jornalismo pela Cásper Líbero, já trabalhou em redações de economia de jornais como DCI e em agências de tempo real como a CMA. Já passou por rádios populares e ganhou prêmio em Portugal.
SONHO PARA UNS, PESADELO PARA OUTROS

Recado de Lula para Trump, Europa de cabelo em pé e China de poucas palavras: a reação internacional à vitória do republicano nos EUA

Embora a maioria dos líderes estejam preocupados com o segundo mandato de Trump, há que tenha comemorado a vitória do republicano

Carolina Gama
6 de novembro de 2024
15:19
Bandeira dos EUA no céu azul e a do Brasil diante de tempestade
Imagem: Montagem Beatriz Azevedo

Donald Trump só deve tomar posse no dia 20 de janeiro de 2025, mas já tem muito chefe de governo preocupado com o segundo mandato do republicano — muito mais por saber o que vem por aí do que por eventuais surpresas que possam surgir pelo caminho. 

Durante toda a campanha, Trump deixou claro que vai aumentar as tarifas comerciais e adotar medidas para proteger e fortalecer a economia norte-americana. 

Além dessas propostas potencializarem a inflação e trazerem de volta juros mais altos aos EUA, também fecham a janela de um mercado importante. 

Soma-se a isso o fato de Trump não ser conhecido por sua diplomacia — não à toa muitos líderes ao redor do mundo não gostaram do estilo de liderança de confronto do republicano durante seu primeiro mandato na Casa Branca. 

Ainda assim, não demorou muito para que o presidente eleito dos EUA começasse a receber mensagens sobre a vitória — algumas delas acompanhadas de recados. 

A mensagem de Lula para Trump e os problemas para o Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva parabenizou Trump pelo resultado que possibilitou que republicano voltasse à Casa Branca para um segundo mandato. 

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Em uma mensagem publicada no X, Lula deseja sorte e lembra Trump da importância de se respeitar a democracia. 

Quando perdeu a eleição em 2020, Trump colocou em xeque a lisura do processo eleitoral norte-americano sem ter nenhuma prova de fraudes, questionou resultados na justiça, incentivou a invasão do Capitólio durante a sessão do Congresso de confirmação da vitória de Joe Biden e não compareceu à cerimônia de posse do democrata. 

Especialistas ouvidos pelo Seu Dinheiro antes do resultado da eleição já diziam que a vitória de Kamala Harris seria muito mais positiva para o Brasil, a começar pelo fato de Lula ter um diálogo mais aberto com a democrata.

Mas é a reação da bolsa brasileira que explica os problemas que o segundo mandato de Trump pode trazer para o Brasil. 

O Ibovespa começou o dia em forte queda e segue operando no vermelho com os investidores de olho em medidas do republicano que podem tirar o dinheiro do gringo daqui e levar para os EUA. Para saber mais sobre a reação dos mercados à vitória de Trump, conferir tudo aqui

TRUMP ELEITO: E agora, o que será da maior economia do mundo?

A Europa está de orelha em pé com Trump, mas há quem tenha celebrado por lá

As autoridades europeias foram rápidas em parabenizar Trump, apesar da percepção de que uma nova guerra econômica pode estar próxima.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen; o presidente francês, Emmanuel Macron; o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez; a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni; e o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, estavam entre os primeiros líderes da União Europeia (UE) a parabenizar Trump na manhã de hoje. 

Durante a campanha, Trump ameaçou impor tarifas adicionais de 10% sobre as nações europeias, ao mesmo tempo em que disse que a UE teria que "pagar um alto preço" por não comprar produtos norte-americanos suficientes.

O comércio com os norte-americanos é crítico para a Europa. A UE e os EUA têm a maior relação bilateral de comércio e investimento do mundo — chegando a uma alta histórica de 1,2 trilhão de euros em 2021, de acordo com dados da Comissão Europeia. 

Por isso, quaisquer tarifas adicionais podem pressionar ainda mais os níveis de crescimento econômico já moribundos em toda a UE.

Em nota na manhã de quarta-feira, analistas do ING disseram que o “pior pesadelo econômico” da Europa se tornou realidade com a reeleição de Trump.

“Uma nova guerra comercial iminente pode levar a economia da zona do euro de um crescimento lento para uma recessão total. A economia alemã, que já está em dificuldades, e que depende muito do comércio com os EUA, seria particularmente afetada pelas tarifas sobre automóveis europeus”, disse a equipe de analistas, liderada por James Knightley.

No entanto, as preocupações com relação a Trump não são totalmente compartilhadas em todo o continente europeu. O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, que no passado falou sobre a admiração por Trump, disse que abriria uma garrafa de champanhe se o republicano fosse reeleito.

Argentina de Milei também celebra Trump

O primeiro-ministro húngaro não beberá o champanhe sozinho. O presidente argentino, Javier Milei, inundou sua conta no X com posts e fotos celebrando a vitória de Trump. 

Na mensagem parabenizando o republicano, Milei diz: “Trump, parabéns pela sua formidável vitória. Agora, Make America Great Again. Você sabe que pode contar com a Argentina para executar sua missão. Sucesso e bênçãos”. 

Em tom mais sóbrio, a chancelaria argentina reafirmou “o compromisso de continuar fortalecendo nossa aliança e trabalhando pelos laços históricos de amizade que nos unem, em benefício de ambas as nações e de nossos povos”.

Os mercados por lá também comemoravam. Os títulos argentinos em dólar deram um salto no início das negociações desta quarta-feira e o índice de risco do país caía de forma acentuada, com investidores animados com a perspectiva de laços mais estreitos entre Milei e Trump. 

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E a China, ficou quieta?

Quem se manifestou sobre a vitória de Trump na China foi o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país, Mao Ning — e não houve parabenização, como já era de se esperar. 

Em uma nota curta, Mao se limitou a dizer: "Nossa política em relação aos EUA é consistente. Continuaremos a ver e lidar com as relações China-EUA de acordo com os princípios de respeito mútuo, coexistência pacífica e cooperação ganha-ganha."

As poucas palavras da diplomacia chinesa tem motivo: na primeira gestão de Trump, EUA e China travaram uma guerra comercial ferrenha, além de aumentarem as tensões geopolíticas. 

O segundo mandato do republicano não deve ser muito diferente. Ainda na campanha ele já falava em aumento de tarifas, de olho, especialmente, na China. 

O problema agora é que essa tarifas, se impostas, vão pegar uma China que emplaca uma medida de estímulo atrás da outra para tentar conter a crise no país, principalmente no setor imobiliário, e recompor o crescimento econômico. 

Não à toa, assim que Trump declarou vitória, os mercados chineses rapidamente refletiram o nervosismo em torno do que poder ser outro período de conflitos comerciais e tecnológicos.

O yuan caiu mais de 1% em relação ao dólar, atingindo o ponto mais fraco desde agosto, enquanto o Índice CSI300 em Xangai recuou 0,5%. O Hang Seng de Hong Kong — frequentemente visto como um termômetro para o sentimento do estrangeiro — teve queda de 2,3%, com gigantes da tecnologia como JD.com e Alibaba perdendo 4% cada.

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