Os juros vão parar de cair de vez? Os sinais do BC dos EUA aos investidores antes da última reunião do ano
A ata do encontro do Federal Reserve de novembro dá algumas pistas do que pode acontecer com a taxa referencial na maior economia do mundo antes de Trump chegar
A bíblia está cheia de passagens sobre os perigos de se ignorar os sinais, mas não é preciso ser um religioso para entender que alguns indícios podem nos livrar de ciladas. A ata da reunião do Federal Reserve (Fed) divulgada nesta terça-feira (26) trouxe muitas pistas sobre o que pode acontecer com os juros nos EUA — e os investidores monitoraram de perto os recados do banco central norte-americano.
O resumo da reunião de novembro contém várias declarações indicando que os membros do comitê de política monetária (Fomc, na sigla em inglês) estão confortáveis com o ritmo da inflação nos EUA, embora a taxa ainda permaneça acima da meta de 2% do BC.
Com isso em mente e com a convicção de que o mercado de trabalho norte-americano ainda é bastante sólido, os membros Fomc indicaram que novos cortes de juros devem acontecer — a questão é o timing para isso e a magnitude.
O mercado ainda acredita majoritariamente em um novo corte de 0,25 ponto percentual (pp) para a última reunião do ano, marcada para os dias 17 e 18, mas vê chances levemente menores disso acontecer depois da ata de hoje.
A ferramenta FedWatch do CME Group apontava chances abaixo de 60% para isso acontecer depois da divulgação da ata (59,6%). No dia anterior, essa probabilidade era de 63%.
Para janeiro de 2025, o cenário mais provável segue o de outra redução de 0,25 pp (50,5%) nos juros, enquanto a probabilidade de manutenção dos juros é de 31,7%.
Leia Também
- VEJA MAIS: Tesouro IPCA+ 2045 sofre queda pior que a do Ibovespa em 2024 – hora de fugir dos títulos indexados à inflação?
Os sinais da ata sobre os juros nos EUA
Embora tenham expressado confiança de que a inflação está desacelerando e o mercado de trabalho está forte, os membros do Fomc indicaram que o ritmo de corte de juros será gradual — o que não garante redução na taxa em cada reunião daqui por diante.
"Ao discutir as perspectivas para a política monetária, os participantes anteciparam que se os dados viessem aproximadamente como esperado, com a inflação continuando a desacelerar de forma sustentável para 2% e a economia permanecer perto do emprego máximo, provavelmente seria apropriado avançar gradualmente para uma postura mais neutra de política ao longo do tempo", diz a ata.
Em novembro, o Fomc votou por unanimidade para reduzir os juros em 0,25 pp, colocando a taxa na faixa entre 4,50% e 4,75% ao ano.
LULA lida com o PIOR CAPÍTULO de seu GOVERNO até o MOMENTO: ENTENDA
Ainda tem o Trump…
Os mercados esperam que o Fed possa cortar os juros novamente em dezembro, embora a convicção tenha diminuído diante das preocupações de que os planos do presidente eleito Donald Trump para tarifas possam acelerar a inflação.
Vale lembrar que o encontro do Fomc em novembro foi concluído dois dias após a campanha eleitoral nos EUA resultar na vitória de Trump, que toma posse em 20 de janeiro, mas já está anunciando uma série de medidas do seu novo governo — a exemplo da imposição de tarifas à China, Canadá e México.
A ata não menciona a eleição, exceto por uma anotação da equipe de que a volatilidade do mercado de ações aumentou antes dos resultados de 5 de novembro e caiu depois.
Segundo o documento, também não houve uma discussão sobre as implicações da política fiscal, apesar da antecipação de que os planos de Trump, que também incluem impostos mais baixos e desregulamentação agressiva, podem ter impactos econômicos substanciais.
Os membros do Fomc, no entanto, notaram um nível geral de incerteza sobre como as condições estão evoluindo. Além disso, expressaram incerteza sobre onde os cortes de juros precisariam parar antes que o Fed atinja uma taxa neutra — aquela que não impulsiona nem restringe o crescimento da economia.
“Muitos participantes observaram que as incertezas sobre o nível da taxa de juros neutra complicaram a avaliação do grau de restritividade da política monetária e, na opinião deles, tornaram apropriado reduzir a contenção da política gradualmente”, diz a ata.
- Ibovespa no ‘chinelo’: Seu Dinheiro abre carteira de ações que rendeu 203% do Ibovespa e 295% do CDI desde a criação
Juros, inflação e emprego nos EUA
Se a inflação deixou — pelo menos por agora — de ser uma preocupação para o Fed, o mercado de trabalho ainda é observado com atenção pelos membros do BC norte-americano.
Eles têm expressado preocupação com o nível de emprego nos EUA, especialmente depois que o payroll de outubro trouxe a criação de apenas 12 mil vagas. Vale lembrar que o dado pode ter distorções das tempestades no sudeste do país e às greves trabalhistas.
"Alguns [membros do Fomc] observaram que a flexibilização da política poderia ser acelerada se o mercado de trabalho piorasse ou a atividade econômica vacilasse", diz a ata.
Sobre a inflação, os membros do Fomc expressaram confiança de que as leituras atuais estão sendo impulsionadas pelos aumentos nos custos de moradia.
“Quase todos os participantes julgaram que, embora os movimentos mês a mês permanecessem voláteis, os dados recebidos permaneceram consistentes com a inflação retornando de forma sustentável a 2%”, diz a ata.
Tesouro IPCA+ é imbatível no longo prazo e supera a taxa Selic, diz Inter; título emitido há 20 anos rendeu 1.337%
Apesar de volatilidade no curto prazo, em janelas de tempo maiores, título indexado à inflação é bem mais rentável que a taxa básica
Brasil vai estourar a meta de inflação? Projeções sobem em 2024, 2025 e 2026, mas renda fixa que paga até IPCA +10% pode ‘surfar’ cenário
Incertezas econômicas ainda rondam o mercado e estimativas do IPCA nos próximos anos se afastam da meta de inflação – como buscar lucros com a renda fixa agora?
A arma mais poderosa de Putin (até agora): Rússia cruza linha vermelha contra a Ucrânia e lança míssil com capacidade nuclear
No início da semana, Kiev recebeu autorização dos EUA para o uso de mísseis supersônicos; agora foi a vez de Moscou dar uma resposta
Do pouso forçado às piruetas: Ibovespa volta do feriado com bolsas internacionais em modo de aversão ao risco e expectativa com pacote
Investidores locais aguardam mais detalhes do pacote fiscal agora que a contribuição do Ministério da Defesa para o ajuste é dada como certa
O fim da temporada — ou quase: balanço da Nvidia ainda movimenta semana, que conta com novo feriado no Brasil
Enquanto isso, as bolsas internacionais operam sem um sinal único, sofrendo ajustes após o rali do Trump Trade dos últimos dias
Agenda econômica: balanço da Nvidia (NVDC34) e reunião do CMN são destaques em semana com feriado no Brasil
A agenda econômica também conta com divulgação da balança comercial na Zona do Euro e no Japão; confira o que mexe com os mercados nos próximos dias
Nova York naufragou: ações que navegavam na vitória de Trump afundam e bolsas terminam com fortes perdas — Tesla (TSLA34) se salva
Europa também fechou a sexta-feira (15) com perdas, enquanto as bolsas na Ásia terminaram a última sessão da semana sem uma direção comum, com dados da China e do Japão no radar dos investidores
Azeite a peso de ouro: maior produtora do mundo diz que preços vão cair; saiba quando isso vai acontecer e quanto pode custar
A escassez de azeite de oliva, um alimento básico da dieta mediterrânea, empurrou o setor para o modo de crise, alimentou temores de insegurança alimentar e até mesmo provocou um aumento da criminalidade em supermercados na Europa
A arte de negociar: Ação desta microcap pode subir na B3 após balanço forte no 3T24 — e a maior parte dos investidores não tem ela na mira
Há uma empresa fora do radar do mercado com potencial de proporcionar uma boa valorização para as ações
Está com pressa por quê? O recado do chefão do BC dos EUA sobre os juros que desanimou o mercado
As bolsas em Nova York aceleraram as perdas e, por aqui, o Ibovespa chegou a inverter o sinal e operar no vermelho depois das declarações de Jerome Powell; veja o que ele disse
A escalada sem fim da Selic: Campos Neto deixa pulga atrás da orelha sobre patamar dos juros; saiba tudo o que pensa o presidente do BC sobre esse e outros temas
As primeiras declarações públicas de RCN depois da divulgação da ata do Copom, na última terça-feira (12), dialogam com o teor do comunicado e do próprio resumo da reunião
Um passeio no Hotel California: Ibovespa tenta escapar do pesadelo após notícia sobre tamanho do pacote fiscal de Haddad
Mercado repercute pacote fiscal maior que o esperado enquanto mundo político reage a atentado suicida em Brasília
Você precisa fazer alguma coisa? Ibovespa acumula queda de 1,5% em novembro enquanto mercado aguarda números da inflação nos EUA
Enquanto Ibovespa tenta sair do vermelho, Banco Central programa leilão de linha para segurar a alta do dólar
Voltado para a aposentadoria, Tesouro RendA+ chega a cair 30% em 2024; investidor deve fazer algo a respeito?
Quem comprou esses títulos públicos no Tesouro Direto pode até estar pensando no longo prazo, mas deve estar incomodado com o desempenho vermelho da carteira
A Argentina dos sonhos está (ainda) mais perto? Dólar dá uma trégua e inflação de outubro é a menor em três anos
Por lá, a taxa seguiu em desaceleração em outubro, chegando a 2,7% em base mensal — essa não é apenas a variação mais baixa até agora em 2024, mas também é o menor patamar desde novembro de 2021
Pacote fiscal do governo vira novela mexicana e ameaça provocar um efeito colateral indesejado
Uma alta ainda maior dos juros seria um efeito colateral da demora para a divulgação dos detalhes do pacote fiscal pelo governo
Stuhlberger compra bitcoin (BTC) na véspera da eleição de Trump enquanto o lendário fundo Verde segue zerado na bolsa brasileira
O Verde se antecipou ao retorno do republicano à Casa Branca e construiu uma “pequena posição comprada” na maior criptomoeda do mundo antes das eleições norte-americanas
Em ritmo de festa: Ibovespa começa semana à espera da prévia do PIB; Wall Street amanhece em alta
Bolsas internacionais operam em alta e dão o tom dos mercados nesta segunda-feira; investidores nacionais calibram expectativas sobre um possível rali do Ibovespa
Agenda econômica: Prévia do PIB é destaque em semana com feriado no Brasil e inflação nos EUA
A agenda econômica da semana ainda conta com divulgação da ata da última reunião do Copom e do relatório da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP)
Renda fixa apimentada: “Têm nomes que nem pagando CDI + 15% a gente quer”; gestora da Ibiuna comenta sobre risco de bolha em debêntures
No episódio da semana do podcast Touros e Ursos, Vivian Lee comenta sobre o mercado de crédito e onde estão os principais riscos e oportunidades