Juros nos EUA não caíram, mas decisão do Fed traz uma mudança importante para o mercado
Com amplamente esperado, o banco central norte-americano manteve os juros na faixa entre 5,25% e 5,50% ao ano, mas a autoridade monetária marcou uma data para mudar uma das políticas mais importantes em vigor desde a pandemia

Sabe aquele velho ditado que diz que mar calmo nunca fez bom marinheiro? Pois no que depender do Federal Reserve (Fed), as águas agitadas ainda farão parte do dia a dia dos investidores. Nesta quarta-feira (1), o banco central dos EUA manteve a taxa de juros inalterada na faixa entre 5,25% e 5,50% ao ano.
A decisão já era esperada, mas, assim com a aparente calma de um oceano, fora da superfície, o momento é de cautela na política monetária norte-americana. Isso porque dados recentes de inflação vem mostrando uma aceleração dos preços, mantendo a taxa fora da meta de 2% ao ano.
Em março, o índice de preços para gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) — a medida preferida do Fed para a inflação — subiu 0,3% ante fevereiro e 2,7% na comparação com o mesmo mês do ano anterior. O núcleo do PCE, que exclui alimentos e energia, avançou 0,3% em base mensal, com isso, o núcleo em 12 meses chegou a 2,8% — o mesmo patamar observado em fevereiro.
Acontece que a inflação no primeiro trimestre nos EUA, medida pelo PCE, acelerou à taxa anualizada de 3,4% — ganhando tração depois de avançar 1,8% no quarto trimestre do ano passado. O núcleo do PCE aumentou 3,7% entre janeiro e março, acelerando também na comparação com a alta de 2% do trimestre anterior.
E o presidente do Fed, Jerome Powell, já indicou diversas vezes que o banco central norte-americano precisa ter confiança na sustentabilidade dos dados para iniciar o processo de corte de juros nos EUA.
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A reação segue um comunicado já esperando em certa medida. O documento diz que a inflação permanece elevada e que, nos últimos meses, não houve progressos adicionais na direção da meta de 2% ao ano do Fomc, como é conhecido do comitê de política monetária da Fed.
"O Comitê não espera que seja apropriado reduzir o intervalo dos juros até que tenha ganhado maior confiança de que a inflação está evoluindo de forma sustentável para 2%", diz o comunicado.
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Sem surpresa nos juros, mas com mudança nos títulos
Assim como o mar guarda surpresas, a decisão de hoje do Fed trouxe mudanças: a das compras de títulos pelo banco central norte-americano.
O comunicado com a decisão de manter os juros inalterados indicou que, a partir do mês que vem, a autoridade monetária vai reduzir as compras de Treasurys para US$ 25 bilhões mensais.
"A partir de junho, o Comitê irá abrandar o ritmo de declínio das suas participações em títulos, reduzindo o limite máximo de resgate mensal de títulos do Tesouro de US$ 60 bilhões para US$ 25 bilhões", diz o comunicado.
De acordo com a nota, o Fomc vai manter o limite de resgate mensal dos títulos lastreados em hipotecas, os chamados MBs, em US$ 35 bilhões e reinvestirá quaisquer pagamentos de capital que excedam esse limite em títulos do Tesouro.
Powell, o capitão do barco dos juros nos EUA
Quem conduz o barco dos juros nos EUA é Powell e, como de costume, o presidente do Fed falou depois da decisão de manter a taxa referencial inalterada por lá.
O chefe do BC norte-americano fez questão de ressaltar que a travessia para os mares de juros menores será feita em algum momento, mas não agora. "Até o momento, os dados não nos deram a confiança necessária para afrouxar a política monetária. Devemos manter a política monetária atual por quanto tempo for necessário", disse.
Powell abriu o discurso falando que a inflação desacelerou de maneira significativa nos EUA no último ano, mas ainda está muito elevada e em um caminho que não dá confiança ao Fed de que pode se sustentar no longo prazo.
“A inflação mostra falta de progresso em direção à meta nos últimos meses”, disse ele, acrescentando que os membros do Fomc estão muito atentos aos riscos da inflação nos EUA.
Sobre a decisão de reduzir o ritmo de compras de títulos do Tesouro a partir de junho, Powell disse que permitirá uma transição mais suave da política em vigor até em então, impedindo estresses no mercado monetário.
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