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Ricardo Gozzi
VAI VOLTAR A SUBIR?

Ata do Fed joga balde de água fria nas bolsas — entenda o que acabou de vez com o apetite por risco dos investidores hoje

Dirigentes do Fed estão descontentes com o ritmo da queda da inflação nos EUA e veem juros no atual nível por mais tempo

Ricardo Gozzi
22 de maio de 2024
16:04 - atualizado às 16:07
Montagem de homem de cabelos brancos, camiseta branca e uma camisa marrom segurando um balde azul com água e um fundo gráfico do mercado de ações
Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed) - Imagem: Montagem Andrei Morais / Adobe Firefly / Federal Reserve

A ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) acabou com qualquer apetite por risco que ainda existia nos mercados financeiros na tarde desta quarta-feira (22).

Parte dos investidores esperava que os integrantes do Fomc, como é chamado o Copom do Fed, proporcionasse algum indício de que a taxa de juros nos EUA poderia começar a cair a partir de setembro.

Em vez disso, os dirigentes do Fed não emitiram nenhum sinal de que as taxas de referência começarão a cair tão cedo. Pelo contrário.

Em reação, as bolsas de valores de Nova York mantiveram-se no vermelho e o Ibovespa atingiu as mínimas da sessão.

No mercado de juros futuros, as taxas projetadas dos Treasuries e dos DIs reforçaram a trajetória de alta. Confira aqui a reação dos mercados.

Fed está descontente com o ritmo da queda da inflação

A atual política monetária "permanece bem posicionada para responder à evolução das condições econômicas e aos riscos existentes", avaliam os dirigentes do Fed.

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No entanto, isso não significa que eles estejam contentes com o ritmo da queda da inflação nos Estados Unidos.

Embora reconheçam que a alta dos preços perdeu força ao longo do último ano, eles não enxergaram progresso em direção à meta de 2% ano nos últimos meses.

Eles alertaram para uma alta significativa da inflação de bens e serviços em meses recentes e também para o avanço dos núcleos do CPI no decorrer do primeiro trimestre.

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Os técnicos do banco central norte-americano até consideram que a inflação deve seguir em desaceleração, mas em um ritmo mais lento do que o atual.

Simultaneamente, a atividade econômica continua se expandindo em ritmo sólido e a geração de empregos segue firme, com taxa de desemprego baixa.

Em contrapartida, as expectativas para o avanço dos preços no médio e no longo prazos continuam ancoradas.

Os dirigentes do Fed afirmam ainda enxergar agora um melhor equilíbrio entre as metas de emprego e inflação.

Mas os dirigentes do Fed foram além.

Se o cenário não é tenebroso e os dirigentes do Fed consideram que as expectativas de inflação estão ancoradas, por que a reação dos investidores foi tão negativa?

Uma das respostas é que, na visão do colegiado, a inflação deve retornar à meta de 2% ao ano no médio prazo, mas os dados mais recentes sugerem que o processo desinflacionário vai demorar mais do que se esperava.

Diante disso, as taxas de juros de referência precisariam permanecer por mais tempo na banda atual, entre 5,25% e 5,50% ao ano.

Mas não é só isso. Parte dos dirigentes do Fed deixou claro que não vai hesitar em voltar a elevar a taxa de juros nos EUA se os riscos à inflação se materializarem.

Juntas, essas observações foram suficientes para acabar de vez com o pouco de apetite por risco que ainda existia no mercado hoje.

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