Argentina quer adiar pagamentos ao FMI, mas é por uma boa causa: Milei quer usar ‘jogada’ com Fundo para tirar restrições ao dólar
O fundo permite que os pagamentos sejam agregados no final do mês, dando a chance para o governo Milei fazer uma negociação de “grão mestre” com o órgão
Uma das habilidades mais valorizadas no xadrez é a capacidade de compor jogadas e prever a reação do oponente. Na Argentina de Javier Milei, cada passo interessa para tentar tirar o país vizinho da crise.
Para isso, Luiz Caputo, ministro da Economia da Argentina, adiou o pagamento de cerca de US$ 2 bilhões devidos ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para o fim de abril.
Pode parecer estranho comemorar tal movimento. Afinal, cerca de US$ 1,3 bilhão deveriam ser pagos ao órgão na próxima terça-feira (9) e outros US$ 700 milhões na semana seguinte.
Contudo, o FMI permite que os pagamentos sejam agregados no final do mês — dando a chance de Caputo fazer uma negociação de “grão mestre” com o órgão internacional.
O ministro viajará a Washington para a reunião de primavera com o fundo entre 17 e 20 de abril.
Enquanto negocia com o maior fornecedor de crédito do país, do outro lado do tabuleiro, Milei elabora um plano para retirar as travas do dólar.
Leia Também
- Como proteger os seus investimentos: dólar e ouro são ativos “clássicos” para quem quer blindar o patrimônio da volatilidade do mercado. Mas, afinal, qual é a melhor forma de investir em cada um deles? Descubra aqui.
Argentina tirará “cepo” do dólar, diz Milei
Em entrevista à CNN, o chefe da Casa Rosada afirmou que a Argentina irá abrir mão do “cepo” cambial — isto é, restrições para a compra de dólares para evitar uma maior desvalorização do peso argentino.
No início do segundo mandato de Cristina Kirchner em 2011, as restrições começaram como uma maneira forçada de fazer a economia argentina reter dólares e evitar a saída em massa da moeda norte-americana.
Agora, Milei busca primeiro sanar o balanço do Banco Central da República da Argentina (BCRA) antes de retirar as restrições. O objetivo está longe, mas houve uma melhora significativa nas contas do BC do país.
Pente fino nas contas
Em novembro do ano passado, as reservas internacionais do país chegaram a US$ 20,9 bilhões, mas cresceram para cerca de US$ 28,2 bilhões após o superávit nos meses de janeiro e fevereiro.
Segundo o presidente, a expectativa é chegar ao segundo semestre sem as restrições cambiais. Ainda, o governo continua na busca por um novo financiamento de US$ 15 bilhões para engordar as reservas do BCRA.
“Quando o FMI fez as contas, disse que poderíamos levar até metade do ano [para por fim às restrições do câmbio], mas isso depende da vontade dos indivíduos para trocar os títulos”, disse Milei, em referência à recente proposta de trocar títulos da dívida em pesos por aqueles em dólares.
Jogada de Caputo para a Argentina
Já no campo de xadrez em Washington, durante o encontro de primavera, o ministro da Economia tentará colocar no papel a exigência de Milei de redução das taxas e sobretaxas do FMI.
O chamado Programa de Financiamento Ampliado (EFF, na sigla em inglês) permite que o país pegue um empréstimo de até três vezes o tamanho da sua cota junto ao FMI.
No entanto, quando há atrasos nos pagamentos e esse montante supera quatro vezes o valor da cota do país, há uma sobretaxa de 2% sob o montante excedente da dívida inicial.
Vale lembrar que a Argentina é, atualmente, o maior credor do FMI, mas é esperado que, em 2024, o país alcance um saldo de US$ 33 bilhões com o fundo.
Afinal: quanto a Argentina deve?
Em 2018, a Argentina contraiu uma dívida de US$ 44 bilhões com o FMI no governo de Mauricio Macri, a uma taxa de 4,1% ao ano.
Porém, foram aplicados outros quatro pontos percentuais sobre outros empréstimos excedentes do país, dentro dos moldes do EFF.
Devido a esse aumento das taxas nos últimos anos, a Argentina terá que pagar US$ 3,4 bilhões em juros ao FMI em 2024.
Por isso, o trabalho de Caputo é tão importante neste momento: reduzir as sobretaxas do empréstimo poderia economizar à Argentina até US$ 1 bilhão este ano, quase 30% do valor total dos juros.
A Argentina dos sonhos está (ainda) mais perto? Dólar dá uma trégua e inflação de outubro é a menor em três anos
Por lá, a taxa seguiu em desaceleração em outubro, chegando a 2,7% em base mensal — essa não é apenas a variação mais baixa até agora em 2024, mas também é o menor patamar desde novembro de 2021
Trump, Milei e Musk juntos: o encontro do trio está mais próximo do que você pensa
O presidente argentino será o primeiro líder a ser recebido pelo republicano; saiba quando eles vão se reunir e onde
Rodolfo Amstalden: Lula terá uma única e última chance para as eleições de 2026
Se Lula está realmente interessado em se reeleger em 2026, ou em se aposentar com louvor e construir Haddad como sucessor, suspeito que sua única chance seja a de recuperar nossa âncora fiscal
Recado de Lula para Trump, Europa de cabelo em pé e China de poucas palavras: a reação internacional à vitória do republicano nos EUA
Embora a maioria dos líderes estejam preocupados com o segundo mandato de Trump, há quem tenha comemorado a vitória do republicano
Felipe Miranda: O Brasil vai virar a Argentina?
Em conversas raras que acontecem sempre, escuto de grandes investidores: “nós não olhamos para o macro. Somos buffettianos e, portanto, só olhamos para o micro das empresas.”
Tudo incerto, nada resolvido: Bolsas internacionais amanhecem no vermelho e dificultam a vida do Ibovespa em dia de agenda vazia
Fora alguns balanços e o Livro Bege do Fed, investidores terão poucas referências em dia de aversão ao risco lá fora
FMI eleva projeção de crescimento do Brasil neste ano, mas corta estimativa para 2025; veja os números
Projeções do FMI aparecem na atualização de outubro do relatório Perspectiva Econômica Mundial (WEO, na sigla em inglês), divulgado hoje
Agenda fraca deixa Ibovespa a reboque de Wall Street, mas isso não espanta a possibilidade de fortes emoções na bolsa
Andamento da temporada de balanços nos EUA e perspectivas para o rumo dos juros pesam sobre as bolsas em Nova York
Vale virar a chavinha? Em dia de agenda fraca, Ibovespa repercute PIB da China, balanços nos EUA e dirigentes do Fed
PIB da China veio melhor do que se esperava, assim como dados de vendas no varejo e produção industrial da segunda maior economia do mundo
Inteligência artificial pode alavancar crescimento global, mas não é bala de prata; veja o que mais deveria ser feito, segundo a diretora do FMI
Antecipando-se às reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional na semana que vem, Kristalina Georgieva falou da necessidade de regular a IA, fazer reformas e ter cautela com a dívida pública
O que divide o brasileiro de verdade: Ibovespa reage a decisão de juros do BCE e dados dos EUA em dia de agenda fraca por aqui
Expectativa com o PIB da China e novas medidas contra crise imobiliária na segunda maior economia do mundo também mexem com mercados
Os modelos estão errados? FMI lança alerta para que bancos centrais aprimorem mecanismos de combate à inflação
Estudo integra o relatório de perspectiva econômica mundial do FMI, que será publicado na próxima semana como parte das reuniões anuais do organismo
Depois de empate com sabor de vitória, Ibovespa reage à Vale em meio a aversão ao risco no exterior
Investidores repercutem relatório de produção da Vale em dia de vencimento de futuro de Ibovespa, o que tende a provocar volatilidade na bolsa
Rússia quer se livrar do dólar e lança documento para criar criptomoeda comum aos BRICS — e critica forma como FMI trata emergentes
Alguns problemas impedem o lançamento de uma CBDC que englobe todo o bloco e os detalhes você confere a seguir
Sinais de mais estímulos à economia animam bolsas da China, mas índices internacionais oscilam de olho nos balanços
Enquanto isso, os investidores aguardam o relatório de produção da Vale (VALE3) enquanto a sede da B3, a cidade de São Paulo, segue no escuro
Agenda econômica: Inflação é destaque no Brasil, EUA e China, com ata do Fed e PIB do Reino Unido no radar
Além de dados de inflação, as atenções dos mercados financeiros se voltam para o fluxo cambial do Brasil e a balança comercial dos EUA e Reino Unido
Sob pressão: Bolsas internacionais amanhecem no vermelho, mas alta do petróleo continua e pode ajudar o Ibovespa
Vitória do governo no STF em relação a resíduos tributários do Programa Reintegra também pode repercutir no Ibovespa hoje
Javier Milei vai extinguir a Casa da Moeda e outras cinco instituições — será o fim do peso argentino?
Além da Casa da Moeda, o governo argentino pretende fechar outros “quatro ou cinco” órgãos públicos, mas não deu maiores detalhes sobre quais seriam
Em Nova York, Javier Milei promete eliminar controle cambial na Argentina — e abre brecha para um ataque especulativo contra o peso
Conforme o jornal Ámbito Financeiro, Milei argumentou que o cepo cambial poderá ser reduzido “sem nenhum problema” assim que a inflação induzida por capitais cair
Milei bebeu do próprio veneno: Argentina corta tarifa que o próprio governo aumentou na tentativa de brecar os preços
O ministro da Economia da Argentina, Luis Caputo, anunciou nesta quarta-feira (28) que a alíquota foi reduzida de 17,5% para 7,5%