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Maria Eduarda Nogueira
Maria Eduarda Nogueira
Jornalista formada pela Universidade de São Paulo (USP), com pós-graduação em Comunicação e Marketing Digital na ESPM. Trabalhou com comunicação institucional e jornalismo de viagens antes de entrar no mercado financeiro. Está sempre disponível para falar sobre inovação, livros e cultura pop.
O DILEMA NO REINO ÁRABE

A Arábia Saudita tem um projeto ambicioso para ‘se livrar’ da dependência do petróleo – mas é justamente a commodity que pode atrapalhar os planos 

A trajetória de gastos para o projeto Neom pode não ser sustentável, em um contexto de queda da demanda por petróleo e aumento do déficit fiscal

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Imagem: Neom/Divulgação

A Arábia Saudita quer ser menos dependente do petróleo, mas é justamente a commodity que pode estar atrapalhando os planos megalomaníacos do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman de reformar o noroeste do país, transformando-o em uma potência econômica, tecnológica e turística.

Anunciado em 2017, o projeto da cidade futurista Neomque contempla edifícios futuristas e ilha de luxo para turismo – está estimado no valor de US$ 1,5 trilhão (R$ 8,7 trilhões).

No entanto, agora em 2024, o reino saudita enfrenta desafios que podem diminuir o ritmo e talvez atrasar o cumprimento das metas da “Visão 2030” do país.

O déficit público da Arábia Saudita está em trajetória de crescimento, ao mesmo tempo em que a demanda por petróleo, juntamente com os preços globais da commodity, estão em níveis mais baixos.

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Daí o dilema: o país árabe quer ter uma economia menos dependente do petróleo, mas é o petróleo que fornece o capital necessário para avançar os projetos de diversificação da economia. 

Como a Arábia Saudita foi de um superávit para um déficit em apenas um ano

As incertezas envolvendo a viabilidade financeira de Neom não são exatamente uma novidade: no começo deste mês, o CEO Nadhmi Al-Nasr, que estava no controle do projeto desde 2018, foi substituído, por motivos não muito claros.

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“Conforme NEOM entra em uma nova fase de entrega, essa nova liderança garantirá continuidade operacional, agilidade e eficiência para corresponder à visão e aos objetivos gerais do projeto”, disse o comunicado anunciando a entrada de Aiman Al-Mudaifer como novo diretor executivo.

Enquanto isso, no cenário macroeconômico, o reino teve uma virada de chave bem significativa, passando de um superávit de US$ 27,6 bilhões em 2022 para um déficit de US$ 21,6 bilhões em 2026. O corte na oferta, acordado pela Opep+, somado ao aumento nos gastos públicos contribuíram para essa inversão dos indicadores.

Para 2024, o governo prevê mais um ano de déficit, na casa de US$ 21,6 bilhões. 

Nesse contexto, alguns projetos da cidade futurista já foram até rearranjados. A cidade linear The Line precisou ser redimensionada: ao invés de 1,5 milhão de habitantes até 2030, deve abrigar apenas 300 mil.

Reino saudita vai ‘bancar’ o déficit em prol de planos futuros

Apesar disso, o reino diz estar preparado para continuar em situação de déficit pelos próximos anos para avançar os planos da Visão 2030.

Nas palavras do ministro das Finanças, Mohammed Al-Jadaan, em entrevista à CNBC, a trajetória de gastos do país é sustentável. Ele mencionou que a Arábia Saudita tem recursos fiscais relevantes à disposição e uma disciplina para lidar com esta questão fiscal.

"Nossas receitas não relacionadas ao petróleo cresceram significativamente e agora cobrem cerca de 37% dos gastos. Isso é uma diversificação importante e dá muita tranquilidade de que você pode ser estável, apesar da flutuação do preço do petróleo", disse.

O reino está emitindo diversos títulos de dívida e já captou mais de US$ 35 bilhões neste  ano. Além disso, também lançou uma série de reformas para impulsionar o investimento estrangeiro e diversificar as fontes de receita, o que foi bem visto pela S&P Global como uma ação para “melhorar a resiliência econômica e a riqueza".

Na avaliação da S&P, a Arábia Saudita tem um risco de crédito A/A-1; para a Fitech, o rating é de A+.

*Com informações da CNBC.

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