🔴 É HOJE: MOEDA COM POTENCIAL DE VALORIZAR ATÉ 4.900% SERÁ REVELADA VEJA COMO ACESSAR

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril.
PGBL e VGBL

Previdência privada não entra em inventário, mas existe um caso em que esta regra não se aplica; entenda

Entendimento do STJ no ano passado abriu a porta para que previdência privada pudesse eventualmente integrar inventário

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
15 de fevereiro de 2024
6:05 - atualizado às 20:07
PEC Precatórios
Imagem: Shutterstock

Uma das vantagens dos planos de previdência privada é o fato de que eles não entram em inventário quando seu titular morre. Assim, os recursos aplicados em PGBL e VGBL são transmitidos aos beneficiários desses planos automaticamente, sem burocracia.

Isso acontece porque a previdência privada é considerada um produto de natureza securitária, isto é, com características de seguro, um tipo de produto que, por Lei, não passa por inventário.

Afinal, o objetivo principal dos planos de previdência é receber as contribuições do titular ao longo dos anos para que, na aposentadoria, ele receba uma renda por sobrevivência.

Pela mesma razão, esses produtos costumam ficar isentos de ITCMD, o imposto estadual sobre heranças, embora esta questão ainda não tenha sido pacificada pela Justiça.

Finalmente, PGBLs e VGBLs permitem que o titular indique como beneficiárias pessoas que não sejam suas herdeiras obrigatórias, o que possibilita a transmissão de recursos para elas sem a necessidade de testamento.

Previdência privada para planejamento sucessório

Por estes motivos, planos de previdência costumam ser muito utilizados para planejamento sucessório, prática de definir, ainda em vida, a transmissão de recursos aos seus futuros herdeiros.

Leia Também

Os produtos preferidos para esta finalidade são os planos tipo VGBL, que não permitem a dedução das contribuições na declaração de imposto de renda, mas também são tributados apenas sobre a rentabilidade, e não sobre o valor total do resgate, como no caso dos PGBLs.

Quando a previdência pode cair em inventário

Entretanto, existe uma situação em que a previdência privada pode sim acabar sendo integrada ao inventário de uma pessoa falecida: caso ela tenha sido utilizada pelo titular para tentar driblar as regras da partilha e um ou mais herdeiros se sintam prejudicados, questionando o uso do produto na Justiça.

Nesse caso, o juiz pode considerar que o plano foi usado não com um intuito securitário, mas sim como um investimento. Em outras palavras, que a intenção da sua contratação não era garantir uma renda para o titular na sua aposentadoria, mas sim investir recursos para evitar o inventário e favorecer as pessoas indicadas como beneficiárias, em detrimento de herdeiros necessários.

VEJA TAMBÉM EM A DINHEIRISTA - Posso parar de pagar pensão alimentícia para filha que não vejo há quatro anos?

"Segundo o Código Civil, seguro não é considerado herança, mas no momento em que a previdência privada é utilizada como investimento, pode-se questionar se essa proteção [não entrar em inventário] se mantém intacta”, diz Caroline Pomjé, advogada de família e sucessões do escritório Silveiro Advogados.

Quando considerado um investimento, o plano de previdência deve, assim como outras aplicações financeiras, passar por inventário, além de poder sofrer a cobrança de ITCMD como o restante da herança.

As regras da partilha de herança

Pela Lei brasileira, são considerados herdeiros necessários ou obrigatórios os descendentes (filhos, netos e bisnetos), os ascendentes (pais, avós e bisavós) e o cônjuge (no caso dos regimes de comunhão parcial ou separação total de bens).

Quando uma pessoa que tinha bens morre, tudo aquilo que puder ser considerado herança – isto é, tirando a meação a que o cônjuge porventura tenha direito, a depender do regime de bens do casamento –, será dividido igualmente entre os herdeiros, a menos que, durante o planejamento sucessório, o autor da herança tenha definido algo diferente, por meio de um testamento, doações em vida ou uma previdência privada.

No entanto, pelo menos metade do valor da herança – a chamada legítima – deve ser dividida irmãmente entre os herdeiros necessários, independentemente de qualquer mecanismo de planejamento sucessório utilizado.

Apenas a outra metade, chamada de parcela disponível da herança, pode ser distribuída livremente, se o autor da herança assim tiver definido. Desta forma, ele pode, por exemplo, ter deixado em testamento ou via VGBL uma parte para pessoas que não sejam suas herdeiras necessárias; ou ainda, distribuir essa metade de maneira desigual entre os herdeiros obrigatórios, de modo que, no fim da partilha, uns recebam mais que outros.

Entendimento do STJ

Em março de 2023, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) julgou um recurso especial que resultou no entendimento de que, se considerado um investimento, o plano de previdência deveria passar por inventário.

O caso em questão se referia à contratação de um VGBL por uma mulher de 78 anos, que aportou no plano os valores obtidos com a venda de seu único imóvel, o que correspondia à quase totalidade dos seus bens – ou seja, mais da metade daquilo que viria, após sua morte, a ser considerada sua herança.

Além de contratar o plano voltado para a aposentadoria com uma idade já avançada, ela ainda escolheu para início do pagamento dos benefícios a idade de 100 anos. Já ao escolher os beneficiários do plano, ela deixou de fora um dos seus herdeiros necessários.

Quando ela faleceu – antes de completar 100 anos de idade –, este herdeiro se sentiu lesado e questionou a partilha na Justiça. O caso chegou ao STJ, onde os ministros entenderam que houve um desvirtuamento da finalidade da previdência privada a fim de se evitar o inventário e desrespeitar as regras da legítima.

Contribuíram para este entendimento justamente a idade avançada de contratação do plano e de início do pagamento dos benefícios – o que indica uma intenção de investimento, e não de geração de renda na aposentadoria, que é o que se esperaria de uma previdência com características de seguro; e o fato de que o arranjo feito pela titular do plano excluía um de seus herdeiros necessários da parte que lhe era de direito.

Sendo assim, o STJ entendeu que o plano deveria ser inventariado, para que se atendessem as regras de partilha definidas em Lei. Desta forma, o VGBL ficou também sujeito à cobrança de ITCMD.

“A gente tem visto estas situações, que demonstram o desvirtuamento da previdência privada, para se evitar inventário. Mas a partir do momento em que essa transmissão de recursos fere os interesses de algum herdeiro e isso passa a ser questionado judicialmente, começamos a olhar mais a fundo como foi constituída a previdência”, diz Pomjé

Quer dizer que um VGBL contratado só para planejamento sucessório corre o risco de entrar em inventário?

A princípio não, desde que as regras de partilha sejam respeitadas na contratação do plano e no uso de outros instrumentos de planejamento sucessório, como doações em vida e testamento.

Os VGBLs contratados apenas com a finalidade de facilitar a transmissão de bens e evitar os altos custos do inventário, ou mesmo para que os herdeiros tenham liquidez imediata logo após a morte do titular, ainda não costumam entrar em inventário, nem sofrer a cobrança de ITCMD, a menos que o processo de partilha seja questionado na Justiça.

Em outras palavras, a mera contratação da previdência para fins de planejamento sucessório não tende a fazer com que ela seja vista como um investimento financeiro.

Mas caso algum herdeiro se sinta lesado pelo planejamento sucessório feito pelo autor da herança em vida e leve o caso aos tribunais, os juízes olharão com mais atenção para a natureza desta previdência, e poderão entender que seu uso foi desvirtuado, levando-a a inventário.

Assim, se realmente não quiser que a previdência entre em inventário ou sofra cobrança de ITCMD, você deve respeitar todas as regras da partilha ao fazer planejamento sucessório, até para evitar brigas de herdeiros na Justiça, inventários intermináveis e custos ainda mais altos no processo.

Uma observação sobre o ITCMD

O Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doações (ITCMD) é um tributo estadual cobrado sobre heranças e doações e cujas alíquotas variam de 2% a 8%, a depender do estado.

Ele não deve, a princípio, ser cobrado sobre valores aportados em planos de previdência privada, uma vez que esses recursos não são considerados herança. Mas, caso sejam entendidos como investimentos e precisem ser inventariados, os planos PGBL e VGBL também acabam sujeitos à cobrança de ITCMD.

Alguns estados vinham tentando cobrar ITCMD sobre planos de previdência mesmo em situações normais, em que eles fossem usados com vistas à aposentadoria, por exemplo.

Em razão disso, o tema chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF), que deve decidir, ainda neste ano, sobre a cobrança deste imposto sobre PGBLs e VGBLs.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
PRÓXIMO EMBARQUE

Para onde viajar em 2025? Turistas buscam autenticidade e experiências únicas em destinos exóticos; descubra as tendências de turismo para o ano 

11 de janeiro de 2025 - 9:41

Mercado de turismo vive forte retomada e já supera os níveis pré-pandemia; especialistas no ramo dizem o que esperar do comportamento dos turistas nos próximos 12 meses

AS MAIORES PAGADORAS

Até 52% em dividendos: estas 4 ações ‘desconhecidas’ pagaram mais que a Petrobras (PETR4) em 2024; saiba se elas podem repetir a dose neste ano

10 de janeiro de 2025 - 14:35

Ranking da Quantum Finance destaca empresas que não aparecem tanto no noticiário financeiro; descubra como elas renderam dividendos tão expressivos aos acionistas

A VIDA DEPOIS DA CRISE

Dois anos da fraude na Americanas (AMER3): queda de 99,5% das ações, retomada do lucro e punições a executivos. O que aconteceu com a varejista e como ficam os acionistas agora?

10 de janeiro de 2025 - 6:12

Foi em 11 de janeiro de 2023 que o mercado se deparou pela primeira vez com as notícias de inconsistências contábeis na varejista. Veja o que mudou desde então

CASO DE JUSTIÇA

EUA recebem luz verde para vender US$ 6,5 bilhões em bitcoin (BTC) e sinal de alerta é aceso para investidores

9 de janeiro de 2025 - 17:00

Decisão abalou o mercado a menos de duas semanas da posse de Donald Trump, que prometeu não vender bitcoins

AÇÃO DO MÊS

Com Selic a caminho dos 14%, Itaú (ITUB4) é a ação favorita dos analistas para investir em janeiro; veja as recomendações de 12 corretoras para começar o ano

6 de janeiro de 2025 - 6:12

O maior banco privado do país acumulou cinco recomendações entre as 12 corretoras consultadas pelo Seu Dinheiro; confira a lista completa

FORA DO SENSO COMUM

O destino de luxo que provavelmente não está no roteiro da sua viagem pela Europa, mas que tem tudo para ser ‘a próxima Itália’

25 de dezembro de 2024 - 8:15

Este país na região dos Balcãs tem feito fortes investimentos no setor de turismo de alto padrão para atrair turistas já ‘cansados’ das viagens clássicas da Europa

NA BAHIA

Trabalhadores em condições análogas à escravidão são resgatados de fábrica da BYD, que recebeu investimento de R$ 5,5 bilhões

24 de dezembro de 2024 - 15:01

Foram interditados alojamentos e trechos do canteiro de obras da planta industrial onde a montadora está instalando sua fábrica no município da região metropolitana de Salvador

RETA FINAL

Você tem até o dia 30 de dezembro para reduzir seu imposto de renda ou aumentar sua restituição em 2025; veja como

23 de dezembro de 2024 - 6:02

Está terminando o prazo para contribuir para um PGBL e abater os aportes já na declaração de imposto de renda 2025

MAIS RIQUEZA NA ÍNDIA

A Índia é a nova ‘mina de ouro’ para o luxo? País tem cada vez mais endinheirados e atrai investimentos de marcas como LVMH e Chanel

19 de dezembro de 2024 - 7:05

Enriquecimento progressivo da população indiana gera oportunidade para bens de consumo de alto padrão, mas marcas de luxo ainda terão desafios para expansão no país

REPORTAGEM ESPECIAL

Onde investir na bolsa com a Selic a caminho dos 14%? As ações que se salvam e as que perdem com os juros altos em 2025

18 de dezembro de 2024 - 6:23

Para participantes do mercado, uma “espiral negativa” pode prevalecer sobre a B3 no curto prazo — mas existem potenciais vencedoras diante de um cenário mais avesso ao risco no Brasil

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Quando até a morte é incerta: Em dia de agenda fraca, Ibovespa reage ao IBC-Br em meio a expectativa de desaceleração

13 de dezembro de 2024 - 8:21

Mesmo se desacelerar, IBC-Br de outubro não altera sinalizações de alta dos juros para as próximas reuniões

DECISÃO À VISTA

Martelo (quase) batido: STF forma maioria para isentar PGBL e VGBL de ITCMD, o imposto sobre heranças, após morte do titular

12 de dezembro de 2024 - 14:48

Considerada inconstitucional por 6 dos 11 ministros da Corte, cobrança não poderá mais ser feita por estados

DANÇA DAS CADEIRAS

Oi (OIBR3) mexe na diretoria em meio a processo de recuperação judicial; veja quem são os novos membros do conselho

12 de dezembro de 2024 - 8:29

O comunicado enviado à CVM também informa que os novos executivos devem nomear os novos presidente e vice-presidente do Conselho na primeira reunião do novo colegiado

ENTREVISTA COM EXECUTIVO

Energia limpa e dados quentes: Brasil é o ‘El Dorado’ da Inteligência Artificial — e a chave da equação perfeita para ramo que deu 90% das receitas da Nvidia (NVDC34)

12 de dezembro de 2024 - 6:01

Para Marcel Saraiva, gerente de vendas da divisão Enterprise da Nvidia no Brasil, país precisa seguir um caminho para realizar o sonho da soberania de IA

DECISÃO JUDICIAL

STF rejeita recurso da Eletrobras (ELET3) contra indenização bilionária ao governo do Piauí pela privatização da distribuidora de energia Cepisa 

11 de dezembro de 2024 - 13:15

O caso, que também envolve a União, foi julgado neste ano com uma “condenação solidária”, com a Eletrobras e o Estado responsabilizados de forma conjunta

SD ENTREVISTA

Por que os R$ 70 bilhões do pacote de corte de gastos são “irrelevantes” diante do problema fiscal do Brasil, segundo o sócio da Kinea 

11 de dezembro de 2024 - 7:06

De acordo com Ruy Alves, gestor de multimercados da Kinea, a desaceleração econômica do Brasil resultaria em uma queda direta na arrecadação, o que pioraria a situação fiscal já deteriorada do país

NOVAS REGRAS

Marco Legal dos Seguros: novas regras incluem maior transparência das seguradoras e 30 dias para pagamento dos segurados

10 de dezembro de 2024 - 15:48

Segundo a Fazenda, com a legislação, fica proibida a inclusão de cláusula para extinção unilateral do contrato pela seguradora

TROCA NO COMANDO

Substituição na AgroGalaxy (AGXY3): empresa em recuperação judicial anuncia novo diretor financeiro e de relações com investidores

10 de dezembro de 2024 - 9:06

Vale lembrar que a AgroGalaxy apresentou seu plano de recuperação judicial no início de dezembro, prevendo o pagamento integral dos saldos devidos aos credores

AÇÃO DO MÊS

Uma ação para a ceia de Natal: JBS (JBSS3) é a favorita dos analistas para investir em dezembro e surfar o dólar forte 

4 de dezembro de 2024 - 6:13

Há quatro fatores principais que impulsionaram o frigorífico para o topo das recomendações dos analistas para este mês; veja o ranking com indicações de 13 corretoras

TEM DINHEIRO PRA TANTO SHOW?

‘Come to Brazil’ virou negócio: produtora 30e vai fazer mais de 300 shows em 2025, competindo com T4F e Live Nation 

3 de dezembro de 2024 - 6:17

Com shows ecléticos e turnês de grandes proporções, a 30e fechou uma parceria com um dos maiores espaços de evento do país

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar