Dólar: se você ainda não tem uma parte do patrimônio na moeda norte-americana, a hora de investir é agora
Seja para bancar uma viagem, quitar alguma dívida em moeda forte ou proteger uma parte do portfólio, especialistas avaliam que é hora de comprar
A cotação do dólar em relação ao real vem batendo recorde atrás de recorde. Mas, se você anda matutando se deve investir uma parte de suas economias na moeda norte-americana, se compra dólares agora ou espera para ver se o preço baixa um pouco, a dica dos especialistas é: compre, de uma vez só ou aos poucos, não importa.
Seja para bancar os custos de uma viagem neste segundo semestre, para quitar alguma dívida em dólares ou proteger uma parte do patrimônio em moeda forte, não vale a pena esperar.
O senso comum é que dificilmente as cotações irão baixar. “O ponto ideal de compra é praticamente impossível de alcançar”, avisa Martin Iglesias, líder em investimentos e alocação de ativos do Banco Itaú.
“A tendência de longo prazo é a desvalorização do real”, complementa Caio Fasanella, economista-chefe da Nomad. “Nos últimos 10, 15, 20 anos, o que vimos como tendência foi o real desvalorizando”, reforça.
Vale destacar que as entrevistas para esta reportagem foram realizadas na primeira semana de junho, portanto antes do rali experimentado no mercado de câmbio no início de julho, quando o dólar chegou a R$ 5,70 no intraday.
Esta matéria faz parte de uma série especial do Seu Dinheiro sobre onde investir no segundo semestre de 2024. Eis a lista completa:
- Cenário macro: a visão do gestor
- Bolsa
- Renda fixa
- Bitcoin e criptomoedas
- FII e imóveis
- Dólar e investimentos no exterior (você está aqui)
Proteção contra desvalorização
“Nosso direcionamento é que todo brasileiro deveria ter uma parte do patrimônio dolarizado, como forma de se proteger da desvalorização contínua do real e da volatilidade do câmbio”, complementa Fasanella.
Leia Também
Que crise? Weg (WEGE3) quer investir US$ 62 milhões na China para aumentar capacidade de fábrica
Como a Embraer (EMBR3) passou de ameaçada pela Boeing a rival de peso — e o que esperar das ações daqui para frente
“O dólar vai continuar com uma dinâmica positiva, por conta do posicionamento econômico dos EUA. Eles continuam drenando recursos do resto do mundo e isso faz com que as moedas globais se enfraqueçam”, afirma João Piccioni, CIO da Empiricus Gestão.
“Sob o olhar de alocação (de recursos), a hora é do dólar ou de ativos dolarizados”, avalia Gabriel Tossato, especialista em investimentos da Ágora Investimentos. Ele recomenda que as aplicações na divisa norte-americana alcancem até 7% da carteira, isso pensando em um investidor de perfil mais arrojado, ressalva.
Segundo Piccioni, vários fatores devem manter o dreno de dinheiro voltado para a economia norte-americana. É lá que ocorre toda a efervescência das companhias em busca da inovação em inteligência artificial e nas melhores formas de usá-la.
- Como proteger os seus investimentos: dólar e ouro são ativos “clássicos” para quem quer blindar o patrimônio da volatilidade do mercado. Mas, afinal, qual é a melhor forma de investir em cada um deles? Descubra aqui.
Boas perspectivas para as bolsas
Além disso, o CIO da Empiricus afirma que os títulos do Tesouro norte-americano continuam a pagar bons prêmios, o país é centro dos negócios com criptomoedas, e eles são hoje os maiores produtores mundiais de petróleo.
“Vemos as bolsas dos EUA para cima nos próximos seis meses”, acrescenta.
Piccioni recomenda ao investidor que quer comprar dólares que seja recorrente, dividindo as compras ao longo do tempo. “Mas, se você tem dinheiro, entrar de uma vez também é bom. Especialmente se quiser comprar ativos de risco, negociados na Nyse ou na Nasdaq”, diz.
“Se a pessoa não tem uma posição [na moeda norte-americana] pode ir comprando ao longo do tempo”, concorda Iglesias, do Itaú. Se o investimento é de longo prazo, o importante é ter exposição em dólar, especialmente em ativos financeiros.
Na hora de decidir em que classe de ativos investir os recursos, as opiniões se dividem. Há quem priorize os papéis de renda fixa e aqueles que avaliam ser mais interessante ter os recursos em renda variável. Outros entendem que diversificar entre as classes é uma opção importante.
Iglesias comenta que os Treasurys, como são chamados os títulos do Tesouro norte-americano, estão pagando rendimento de até 4% em dólares, o que é bastante atrativo. “É uma rentabilidade que não vemos há tempos.”
Títulos corporativos em alta
Além disso, Iglesias afirma que outra opção de alocação pode ser os bônus corporativos de empresas dos EUA que tenham “investment grade”, avaliação de baixo risco.
“Há bônus de companhias com rendimento maior do que os títulos do Tesouro norte-americano. Tanto os próprios Treasurys como esses bônus são espécies de investimentos resilientes. E ambos em renda fixa.”
Piccioni, CIO da Empiricus, diz preferir menos os papéis de renda fixa que os de renda variável.
“O investidor de renda fixa nos EUA está contando com a queda dos juros. Eu acho que a probabilidade de o Fed [Federal Reserve, o banco central norte-americano] não baixar aumentou muito e isso é um sinal de que a economia norte-americana está saudável e não o contrário”, justifica.
Segundo ele, as taxas pagas hoje pelos títulos norte-americanos de dois anos estão maiores do que aquelas para os papéis com prazo maior, de dez anos. O correto, na opinião do especialista, seria o contrário, o mais longo pagar mais. “Tenho receio dos Treasurys por conta dessa característica.”
Pelas contas de Piccioni, a valorização do S&P 500, o índice com as ações mais negociadas na Nyse, a Bolsa de Nova York, teve uma valorização de 12% ao ano nos últimos dez anos.
- Dólar em alta? Veja a melhor forma de investir na moeda americana para poder proteger seu patrimônio
Opções entre os setores para investimento
Se olharmos para o Nasdaq, o índice da bolsa de empresas de tecnologia, a valorização foi de 19% ao ano, também nos últimos dez anos.
“Por isso, estamos vendo o ‘bull market’”, afirma Piccioni para justificar sua preferência pela renda variável.
Na hora de selecionar setores, ele sugere as companhias de tecnologia. Esse setor vem em um movimento contínuo de inovação, que começou com a criação da inteligência artificial, passou pelo boom das big techs e agora o que se vê são as empresas implementando inteligência artificial (IA) em negócios B2B.
“Faltava alguém inovando no uso da IA no B2C. E a Apple fez isso recentemente” ao anunciar o uso de IA nos seus celulares, afirma o executivo.
“O que veremos no segundo semestre são essas duas frentes evoluindo”, diz, em referência ao uso de inteligência artificial tanto nos negócios entre companhias como para o consumidor final.
Além das companhias de tecnologia, Piccioni diz olhar com interesse para as empresas do setor de turismo e de biotecnologia.
Esses são os mesmos segmentos apontados como prioridade para investimentos no exterior por Vitor Melo, estrategista de ações globais do banco BTG Pactual.
Ele diz ter preferência pelas “magnificent seven”, em referência às sete companhias mais procuradas nas bolsas dos EUA.
As “magnificent seven stocks” são as ações queridinhas dos investidores no mercado norte-americano. É um grupo formado por Alphabet (GOOG), Amazon (AMZN), Apple (AAPL), Meta (META), Microsoft (MSFT), Nvidia (NVDA) e Tesla (TSLA), representantes de setores como serviços tecnológicos, tecnologia, varejo, bens duráveis e até automóveis elétricos.
“Dos 24% a 25% que o S&P 500 subiu no ano passado, 75% foram por conta da valorização das empresas mais negociadas”, calcula Melo.
Para ele, os setores prioritários para investimento nos EUA são tecnologia da informação, saúde e financeiro. Em saúde, as apostas são para os laboratórios voltados para as drogas antiobesidade, como o Ozempic.
“O setor financeiro teve uma recuperação muito importante após a crise dos bancos regionais no ano passado. Os grandes bancos estão com rentabilidade boa”, avalia.
Segundo Melo, os preços das ações dos grandes bancos estão descontados em relação ao mercado.
“O S&P 500 está negociando em torno de 22 vezes o lucro, enquanto os grandes bancos negociam a 11 vezes o lucro. Esse gap é o maior patamar histórico”, justifica o especialista do BTG Pactual.
- LEIA TAMBÉM: Casa de análise libera carteira gratuita de ações americanas para você buscar lucros dolarizados em 2024. Clique aqui e acesse.
Alternativa para quem prefere o real
Para investir em ações ou renda fixa no exterior, hoje há vários bancos que oferecem a abertura de conta em dólares e opções para investimentos.
Uma parte dos investidores brasileiros é avessa a abrir conta no exterior para a compra de ativos. Para estes, os especialistas também têm recomendações se o objetivo é ter uma parte das reservas dolarizadas.
Segundo Iglesias, do Itaú, vale a pena investir em BDRs de empresas norte-americanas se a intenção é dolarizar os recursos.
Os BDRs ou Brazilian Depositary Receipts são certificados de ações de outros países negociados na B3, a bolsa brasileira. O mecanismo para comprar esses papéis é o mesmo que para o investimento em uma ação brasileira. É necessário procurar uma corretora ou plataforma de investimentos, abrir uma conta e começar a operar.
Outra opção nesse sentido são os fundos administrados por instituições brasileiras, mas com ativos de companhias norte-americanas no portifólio.
Há fundos só com empresas de tecnologia, fundos com outras ações que não de tecnologia, além dos fundos multimercados com várias teses e várias geografias, lembra Piccioni, da Empiricus.
Outra possibilidade, diz Tossato, da Ágora, são os ETFs. Os Exchanged Traded Funds são fundos de investimentos baseados em índices que têm suas cotas negociadas em bolsa.
Na B3 há dezenas de opções. “Uma opção é investir em ETFs, para quem quer uma alocação mais passiva”, avalia. O caminho para investir em ETFs é o mesmo que para BDRs ou ações brasileiras.
R$ 4,1 bilhões em concessões renovadas: Copel (CPLE6) garante energia para o Paraná até 2054 — e esse banco explica por que você deve comprar as ações
Companhia paranaense fechou o contrato de 30 anos referente a concessão de geração das usinas hidrelétricas Foz do Areia, Segredo e Salto Caxias
Ações da Embraer (EMBR3) chegam a cair mais de 4% e lideram perdas do Ibovespa. UBS BB diz que é hora de desembarcar e Santander segue no voo
O banco suíço rebaixou a recomendação para os papéis da Embraer de neutro para venda, enquanto o banco de origem espanhola seguiu com a indicação de compra; entenda por que cada um pegou uma rota diferente
Equatorial (EQTL3) tem retorno de inflação +20% ao ano desde 2010 – a gigante de energia pode gerar mais frutos após o 3T24?
Ações da Equatorial saltaram na bolsa após resultados fortes do 3º tri; analistas do BTG calculam se papel pode subir mais após disparada nos últimos anos
‘Mãe de todos os ralis’ vem aí para a bolsa brasileira? Veja 3 razões para acreditar na disparada das ações, segundo analista
Analista vê três fatores que podem “mudar o jogo” para o Ibovespa e a bolsa como um todo após um ano negativo até aqui; saiba mais
Grupo Mateus: Santander estabelece novo preço-alvo para GMAT3 e prevê valorização de 33% para as ações em 2025; saiba se é hora de comprar
O banco reduziu o preço-alvo para os papéis da varejista de alimentos em relação à 2024, mas mantém otimismo com crescimento e parceria estratégica
Localiza: após balanço mais forte que o esperado no 3T24, BTG Pactual eleva preço-alvo para RENT3 e agora vê potencial de alta de 52% para a ação
Além dos resultados trimestrais, o banco considerou as tendências recentes do mercado automotivo e novas projeções macroeconômicas; veja a nova estimativa
Ações da Oi (OIBR3) saltam mais de 100% e Americanas (AMER3) dispara 41% na bolsa; veja o que impulsiona os papéis das companhias em recuperação judicial
O desempenho robusto da Americanas vem na esteira de um balanço melhor que o esperado, enquanto a Oi recupera fortes perdas registradas na semana passada
Cemig (CMIG4) e Copasa (CSMG3) voltam a ficar no radar das privatizações e analistas dizem qual das duas tem mais chance de brilhar
Ambas as empresas já possuem capital aberto na bolsa, mas o governo mineiro é quem detém o controle das empresas como acionista majoritário
Lucro dos bancos avança no 3T24, mas Selic alta traz desafios para os próximos resultados; veja quem brilhou e decepcionou na temporada de balanços
Itaú mais uma vez foi o destaque entre os resultados; Bradesco avança em reestruturação e Nubank ameaça desacelerar, segundo analistas
Warren Buffett não quer o Nubank? Megainvestidor corta aposta no banco digital em quase 20% — ação cai 8% em Wall Street
O desempenho negativo do banco digital nesta sexta-feira pode ser explicado por três fatores principais — e um deles está diretamente ligado ao bilionário
Banco do Brasil (BBAS3) de volta ao ataque: banco prevê virada de chave com cartão de crédito em 2025
Após fase ‘pé no chão’ depois da pandemia da covid-19, a instituição financeira quer expandir a carteira de cartão de crédito, que tem crescido pouco nos últimos dois anos
CEO da AgroGalaxy (AGXY3) entra para o conselho após debandada do alto escalão; empresa chama acionistas para assembleia no mês que vem
Além do diretor-presidente, outros dois conselheiros foram nomeados; o trio terá mandato até a AGE marcada para meados de dezembro
Ações do Alibaba caem 2% em Nova York após melhora dos resultados trimestrais. Por que o mercado torce o nariz para a gigante chinesa?
Embora o resultado do grupo tenha crescido em algumas métricas no trimestre encerrado em setembro, ficaram abaixo das projeções do mercado — mas não é só isso que explica a baixa dos ativos
Ação da Americanas (AMER3) dispara 200% e lidera altas fora do Ibovespa na semana, enquanto Oi (OIBR3) desaba 75%. O que está por trás das oscilações?
A varejista e a empresa de telecomunicações foram destaque na B3 na semana mais curto por conta do feriado de 15 de novembro, mas por motivos exatamente opostos
Oi (OIBR3) dá o passo final para desligar telefones fixos. Como ficam os seis milhões de clientes da operadora?
Como a maior parte dos usuários da Oi também possui a banda larga da operadora, a empresa deve oferecer a migração da linha fixa para essa estrutura*
A arte de negociar: Ação desta microcap pode subir na B3 após balanço forte no 3T24 — e a maior parte dos investidores não tem ela na mira
Há uma empresa fora do radar do mercado com potencial de proporcionar uma boa valorização para as ações
Na lista dos melhores ativos: a estratégia ganha-ganha desta empresa fora do radar que pode trazer boa valorização para as ações
Neste momento, o papel negocia por apenas 4x valor da firma/Ebitda esperado para 2025, o que abre um bom espaço para reprecificação quando o humor voltar a melhorar
“A bandeira amarela ficou laranja”: Balanço do Banco do Brasil (BBAS3) faz ações caírem mais de 2% na bolsa hoje; entenda o motivo
Os analistas destacaram que o aumento das provisões chamou a atenção, ainda que os resultados tenham sido majoritariamente positivos
Acendeu a luz roxa? Ações do Nubank caem forte mesmo depois do bom balanço no 3T24; Itaú BBA rebaixa recomendação
Relatório aponta potencial piora do mercado de crédito em 2025, o que pode impactar o custo dos empréstimos feitos pelo banco
Agro é pop, mas também é risco para o Banco do Brasil (BBAS3)? CEO fala de inadimplência, provisões e do futuro do banco
Redução no preço das commodities, margens apertadas e os fenômenos climáticos extremos afetam em cheio o principal segmento do BB