🔴 CLUBE DOS CRIPTOMILIONÁRIOS: VEJA COMO PARTICIPAR PARA BUSCAR ATÉ R$ 1 MILHÃO – ACESSE AQUI

Bia Azevedo

Bia Azevedo

Jornalista pela Universidade de São Paulo (USP), já trabalhou como coordenadora e editora de conteúdo das redes sociais do Seu Dinheiro e Money Times. Além disso, é pós-graduanda em comunicação digital de business intelligence pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Para contato, enviar no e-mail beatriz.azevedo@seudinheiro.com.

DE OLHO NAS REDES

Solidão, futuro cancelado e as corridas de 10 km: o mundo visto pelas lentes do Instagram e do TikTok em 2024

Bia Azevedo
Bia Azevedo
22 de dezembro de 2024
8:00 - atualizado às 10:41
Fotos de Jenifer Castro, a moça que não cedeu lugar no avião, Virgínia Fonsceca e Manu Cit
As maiores viralizações de 2024 no TikTok e Instagram e o que elas dizem sobre nós - Imagem: Montagem Seu Dinheiro com Reprodução da internet

Quem costuma ler meus textos por aqui, sabe que gosto de começar com algum detalhe sobre mim. Os livros que gosto, os que odeio, alguma experiência da minha vida, algo que ouvi falar…

Assim, vamos nos tornando mais íntimos um mês de cada vez. O texto de hoje é um desses.

Quero falar sobre sonhos… Mais especificamente os meus de quando eu tinha 5 ou 6 anos. Na época, o mundo parecia estar a alguns anos de se curvar diante de uma realidade qualquer que eu inventasse.

Eu queria ser uma atriz, uma dançarina, uma espiã e inventar a ‘cura’ para o… cabelo cacheado. À noite, sonhava com elefantes tendo aula de português comigo. Hoje eu sonho que estou atrasada para o trabalho, ou que deixei carne no balcão e estragou.

E não estou sozinha. É geracional.

O que me leva ao que quero falar hoje: o que as principais tendências das redes sociais em 2024 revelam sobre nós? Será que elas são uma prova de que temos sonhado menos (no sentido figurado)?

Leia Também

O viralismo no TikTok e Instagram: a maior das tendências

Há algumas semanas a internet alavancou ao estrelato uma mulher que não precisou dizer sequer uma palavra para conquistar mais de 2 milhões de seguidores no Instagram: a moça que não deu lugar para uma criança na janela do avião, Jennifer Castro. 

Uma pessoa que vivia uma vida normal até, sem mais nem menos, receber propostas de publi para marcas como Magazine Luiza. Ela faz parte da imensa lista de personalidades que saíram “do nada” para se tornarem estrelas de nicho — principalmente no TikTok. 

Assim como a “menina que pintou a unha de branco pela enésima vez para ser pedida em casamento”, Mariana Dias. 

Para citar alguém conhecido pelo nome (ou quase isso): Manu Cit, ex-estudante de medicina que largou tudo depois de bombar no TikTok com sua rotina heroica de corridas e exercícios físicos. Hoje ela está rica e é dona de vários negócios. 

Elas são uma expressão de algo que tem povoado nosso imaginário desde que o TikTok veio com sua revolução algorítmica dando a promessa de fortuna a qualquer um que conseguisse engajar um público por uns segundos. O sucesso está logo ali. 

É o fenômeno do Viralismo. Segundo os pesquisadores e psicanalistas Andre Alves e Lucas Liedke, isso pode ser descrito como: 

"O empuxo que nos convoca a fazer parte de qualquer acontecimento e capitalizar em cima. É enxergar o novo ano como 365 oportunidades de hitar, lacrar, lotar caixas de comentários, chuva de likes — a premissa fundamental de que exposição é potencial de sucesso”. 

Assim, vamos focando as nossas perspectivas em algo momentâneo, e a vida entre um viral e outro perde o apelo para os criadores de conteúdo, enquanto o público passa a viver ávido por encaixar a própria existência nas molduras que passamos o dia inteiro consumindo.

Os momentos difíceis e nada instagramáveis que nós passamos parecem uma “quase vida”, como se tudo que não é publicável fosse uma pausa da nossa experiência da Terra. 

Tanto é que a palavra do ano do dicionário Oxford foi Brain Rot, algo como apodrecimento do cérebro. Como um reflexo dessa nossa tendência de passar horas nas redes com o cérebro desligado, permitindo que aquelas imagens colonizem nosso subjetivo. 

“A experiência nas mídias sociais é tão avassaladora e tão rápida que vão se formando alguns ‘nódulos’ dentro do nosso psiquismo, muita coisa que vai ficando acumulada”, explica o psicanalista e pesquisador André Alves no episódio “Viralismo”, do podcast Vibes em análise. 

Os sonhos ‘cancelados’

“Não são poucos os jovens que trocam sua capacidade de reflexão, de pensamento, de cifração do real, pela cifração imagética, pela cultura de narcisismos e pela sociedade do espetáculo”, explica Marcelo Ricardo Pereira, doutor em psicologia pela USP em um artigo para a revista Cult. 

O contexto do artigo é um tema latente no nosso tempo: o desaparecimento do futuro, uma tese do pensador e escritor Mark Fisher — apontado como o Walter Benjamin do nosso tempo. 

E é aqui que entram os sonhos.

O pensamento central de Fisher gira em torno do fato de estarmos cada vez mais incapazes de sonhar com um futuro coletivo e isso nos coloca em um marasmo social que tem tudo a ver com o que temos visto nas redes sociais, principalmente em 2024. 

Tanto é que cerca de 75% dos jovens brasileiros sonham em virar ‘influencers’, segundo uma pesquisa da INFLR, startup especializada em marketing de influência. 

Diante de condições econômicas cada vez mais incertas (tema que eu exploro melhor neste texto), uma profissão formada por segundos de sucesso aparece como o destino mais sólido. 

“A solidez do futuro parece ter desmanchado no ar. Aceleramos cada vez mais, porém não saímos do lugar, como se vivêssemos em um presenteísmo sem fim no qual não se consegue produzir nenhuma mudança, tampouco alguma transformação social”, diz a psicanalista Rose Gurski também em um artigo para a revista Cult. 

Não é de se estranhar que a frase “eu tenho TDAH” tenha virado meme entre os os jovens. 

O mais interessante é que, agora, o futuro que nos é prometido carrega mais a jura de destruição do que de progresso — com a forte ideia de que a inteligência artificial vai tomar todos os empregos, a rápida deterioração do meio ambiente e assim por diante.

Será que na sociedade do ‘cancelamento’, o futuro é a maior vítima? 

O novo hedonismo no TikTok e Instagram?

Historicamente, a desesperança cria gerações hedonistas — Carpe Diem!. Agora não é diferente, mas ao mesmo tempo é…

Minha teoria é que o hedonismo mudou um pouco de rosto. Se no Renascimento as pessoas queriam buscar um alento para a existência com experiências carnais pouco saudáveis, agora elas buscam experiências virtuais não muito mais saudáveis.

Se tudo está acabando…

  • Por que não passar horas no TikTok?
  • Por que não “se mimar” comprando mais um produto gastando todo seu dinheiro em um produto?
  • Por que ficar até mais tarde no trabalho para cumprir um prazo?

Por que aceitar o convite para sair de um amigo, se ficar em casa é tão mais confortável? O que nos leva ao próximo ponto.

A solidão, a promessa de independência absoluta e a falácia do self improvement

Diante de tudo isso, três fenômenos latentes nesta geração se tornam cada vez mais recorrentes nas redes sociais e eles parecem estar interligados: a solidão, a promessa de independência absoluta e a obsessão pelo self improvement, ou auto-aprimoramento.

Estamos enfrentando uma crise de sociabilidade que nos empurra para uma valorização extrema do “eu”.

Basta passar alguns minutos nas redes sociais e você vai encontrar toneladas de conteúdos como:

  • “Você não precisa do outro para ser feliz, corra 10 km, entre em uma academia e foque em você”;
  • “Você não precisa de um amor, precisa de um salário de R$ 10 mil”;
  • Se você fica ocupado demais em você, nem vai notar a dor que o outro te causa”.

À medida que a escassez de lugares de sociabilidade gratuitos aumenta cada vez mais, o foco da geração se vai para o “self”, no que parece uma tentativa de suprir esse vazio. Como se só com a independência absoluta fosse possível atingir “nossa melhor versão”.

Segundo um relatório do Cirurgião-Geral dos EUA, Vivek Murthy, sobre a Epidemia de Solidão e Isolamento, as pessoas realmente estão ficando mais sozinhas.

O número de americanos que vivem sozinhos mais do que dobrou desde 1960.

O tempo que as pessoas passam sozinhas aumentou de 285 minutos por dia em 2003 para 333 minutos por dia em 2020. O tempo que as pessoas passam com amigos pessoalmente diminuiu de 60 minutos por dia em 2003 para 20 minutos por dia em 2020.

Além disso, a proporção de americanos que sentem que podem confiar em outros americanos caiu de cerca de 45% em 1972 para cerca de 30% em 2016.

“Mas essa é uma grande armadilha narcísica do nosso tempo, a de uma promessa de Independência absoluta. É como tentar negar uma das maiores verdades da existência humana, que é como a gente é dependente”, reflete o psicanalista Lucas Liedke no podcast Vibes em Análise.

Sobre 2024 é isso, mas a meta para 2025 é… 

Você. Se você ainda não nos segue nas redes sociais, fica o convite. Basta clicar aqui para nos seguir no Instagram, onde publicamos diariamente análises com tudo o que realmente importa para o seu bolso. 

Como não vamos nos falar até ano que vem. Boas festas e feliz ano novo! 

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
VAI TER DANCINHA?

TikTok está no ar nos EUA; entenda o que fez o aplicativo chinês voltar a funcionar

20 de janeiro de 2025 - 11:02

O TikTok parou de funcionar devido a uma lei aprovada no governo Biden, porém o retorno de Donald Trump à Casa Branca pode fazer a legislação se tornar simbólica

SEM DANCINHA

Adeus, TikTok? Aplicativo sai do ar nos EUA, mas volta de Trump à presidência pode reverter banimento da rede social no país

19 de janeiro de 2025 - 11:57

O presidente Donald Trump, que retorna à Casa Branca na segunda-feira (20), já sinalizou que pretende negociar com a ByteDance, dona do TikTok

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Entre a paciência e a ansiedade: Ibovespa se prepara para posse de Trump enquanto investidores reagem a PIB da China

17 de janeiro de 2025 - 8:15

Bolsas internacionais amanhecem em leve alta depois de resultado melhor que o esperado da economia chinesa no quarto trimestre de 2024

DE OLHO NO SUBSTITUTO

O TikTok deve ser banido dos Estados Unidos em três dias e usuários encontram um app substituto — o problema é que ele também é chinês

16 de janeiro de 2025 - 15:43

Chamado de Xiaohongshu ou RedNote, o app foi o mais baixado na Apple Store nos EUA no começo desta semana

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

O Grand Slam do Seu Dinheiro: Vindo de duas leves altas, Ibovespa tenta manter momento em dia de inflação nos EUA

15 de janeiro de 2025 - 8:14

Além da inflação nos EUA, Ibovespa deve reagir a Livro Bege do Fed, dados sobre serviços e resultado do governo

NAS REDES

Depois de Lula bater na porta de Zuckerberg, Meta responde governo sobre política de conteúdo — e novo ministro solta o verbo contra a empresa

14 de janeiro de 2025 - 19:45

Em carta, a Meta afirma que mudanças afetam apenas os EUA, por enquanto. Em resposta, Sidônio Palmeira, novo ministro da Secom, defende a regulação do ambiente digital e participação ativa da secretaria nas discussões sobre a nova política de conteúdo

DANÇA COM O X?

Musk vai comprar o TikTok nos Estados Unidos? O que se sabe sobre o suposto negócio chamado de “ficção” por representante da ByteDance

14 de janeiro de 2025 - 17:18

Controladora do TikTok estaria avaliando vender a plataforma, caso não consiga evitar o banimento do aplicativo nos Estados Unidos

VOLTOU ATRÁS

Antigo ‘inimigo’ do TikTok, Trump não quer mais que a rede social seja banida nos EUA — e isso tem a ver com sua vitória nas urnas

30 de dezembro de 2024 - 17:45

Nos dias finais do TikTok nos Estados Unidos, um “herói” inesperado pode estar prestes a salvar a rede social do banimento no país: Donald Trump.  A menos de um mês do prazo para o aplicativo sair do ar – caso não seja vendido para uma empresa estadunidense –, o presidente eleito pediu que a Suprema […]

TIC TAC…

TikTok sofre nova derrota nos EUA: decisão judicial mantém risco de banimento

6 de dezembro de 2024 - 18:01

A chinesa ByteDance, dona do TikTok, seguirá contestando a decisão do governo dos EUA que trata o aplicativo como uma ameaça à segurança nacional.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

No crédito ou no débito? Ibovespa reage a balanços, Wall Street e expectativa com cortes de gastos

30 de outubro de 2024 - 8:23

Enquanto a temporada de balanços segue adiante, dólar começa o pregão de hoje no nível mais elevado em mais de três anos

RICAÇOS ASIÁTICOS

TikTok dá dinheiro… e muito: dono da rede social é o homem mais rico da China; veja a lista dos bilionários do país

29 de outubro de 2024 - 15:29

A Hurun China Rich List revela mudanças na economia do país asiático e mostra que acabou a dominância dos magnatas do setor imobiliário

DE OLHO NAS REDES

Da tolerância e outros demônios: como o Instagram e o TikTok estão mudando nossa relação com a arte? 

25 de agosto de 2024 - 8:00

A nossa relação com a arte mudou depois das redes sociais, mas até onde isso pode ser considerado uma coisa boa?

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Com Biden e Trump tão diferentes e tão iguais, Ibovespa começa o dia a reboque do exterior em dia de decisão do BCE

18 de julho de 2024 - 8:10

Ibovespa retomou caminho das altas ontem e hoje flerta com os 130 mil pontos; suspeitas de intervenção no iene pressionam moedas emergentes, inclusive o real

NESSA DANÇOU

Mais dancinha, menos foguete: ByteDance, dona do TikTok, é unicórnio mais valioso do que SpaceX, de Elon Musk

17 de julho de 2024 - 18:06

“Unicórnio” é o nome dado a startups que sobrevivem majoritariamente com o dinheiro de venture capitals e que conseguiram atingir um valor de mercado de pelo menos US$ 1 bi

NAS REDES

Vai ter dancinha? Trump lança conta no TikTok, que pode ser banido dos EUA; assista ao vídeo

2 de junho de 2024 - 17:10

O vídeo com pouco mais de dez segundos de duração em que o ex-presidente aparece diante do público do UFC já recebeu 2,5 milhão de curtidas

DE OLHO NAS REDES

Como nossos pais: o TikTok não está oferecendo nada além do ultrapassado — e os jovens adoram. Mas por que achamos que seria diferente? 

28 de abril de 2024 - 8:00

“Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais”.  Talvez seja um pouco irônico começar um texto sobre nostalgia citando uma música que me foi ensinada pelo meu próprio pai — e que fala sobre conflitos geracionais… A proposta de hoje: […]

NÃO DESENROLOU

Proibição do TikTok: quem ganha agora que aplicativo foi proibido nos EUA? Empresa chinesa corre contra o tempo para achar solução

27 de abril de 2024 - 16:26

A Meta, dona do Facebook e do Instagram, pode ver mais anunciantes com a incerteza com seu maior concorrente, de acordo com analistas

NO MORE TRENDS

Sem dancinhas: Biden sanciona lei que proíbe o TikTok nos Estados Unidos apesar do lobby chinês milionário

24 de abril de 2024 - 14:22

Agora, os organizadores da plataforma terão 270 dias — ou nove meses — para vender a operação nos EUA para uma empresa de confiança dos norte-americanos

GUERRA HÍBRIDA

Deputados dos Estados Unidos aprovam novo pacote bilionário de apoio à Ucrânia — e Putin não deve deixar ‘barato’ 

21 de abril de 2024 - 13:18

O novo pacote também prevê ajuda a Israel e Taiwan; Rússia fala em ‘guerra híbrida’ e humilhação dos Estados Unidos em breve

A GUERRA DA TECNOLOGIA

Xô, Estados Unidos! China manda Apple retirar aplicativos de mensagens de circulação no país — mas Biden já tem uma ‘carta na manga’

21 de abril de 2024 - 9:47

WhatsApp, Threads, Signal e Telegram não estão mais disponíveis na loja de aplicativos no território chinês; deputados dos EUA aprovam projeto para banir TikTok

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar