Mais um trimestre para esquecer? Usiminas cai forte na B3 após balanço do 1T24. Saiba o que o CEO da siderúrgica disse sobre os resultados
“2024 começou com forte importação e competição desleal”, afirmou o CEO da Usiminas, Marcelo Chara, em teleconferência com analistas
Parece déjà-vu, mas não é. Mais uma vez após a divulgação do balanço trimestral, as ações da Usiminas (USIM5) amargam forte queda na bolsa brasileira.
Por volta das 13h15, os papéis entraram em leilão por oscilação máxima permitida, com queda de 12,39%, negociados a R$ 9,26.
Os investidores reagem aos dados financeiros e operacionais da siderúrgica no primeiro trimestre de 2024 (1T24) — e, principalmente, às projeções da empresa para os próximos meses.
De olho no balanço, o lucro líquido da companhia de mineração e siderurgia encolheu 93% em relação à cifra de R$ 974,5 milhões registrada no mesmo período de 2023, para os atuais R$ 35,6 milhões.
Confira os principais indicadores do resultado:
- Lucro líquido: R$ 35,6 milhões (-93% a.a)
- Ebitda ajustado: R$ 416 milhões (-47% a.a)
- Receita líquida: R$ 6,22 milhões (-14% a.a)
De acordo com a empresa, o balanço foi impactado pela volatilidade de preços do minério de ferro e por efeitos não recorrentes do quarto trimestre de 2023. Entre eles, reversões relacionadas a passivo atuarial no valor de R$ 532 milhões entre outubro e dezembro do ano passado.
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“Estamos avançando bem em diversas frentes e esperamos seguir avançando na operação, melhorando eficiência e custos. 2024 começou desafiador, com forte importação e competição desleal”, afirmou o CEO da Usiminas, Marcelo Chara, em teleconferência com analistas.
Usiminas: De olho na siderurgia e mineração
Do lado da siderurgia, Marcelo Chara destaca que a tendência de estabilidade no volume de vendas de aço deve se estender para o segundo trimestre.
O CEO ainda levanta preocupações sobre o aumento de importações da commodity metálica no Brasil, que atingiu o maior volume mensal em março desde 2010, segundo dados do Instituto Aço Brasil.
“É importante que o Brasil implemente medidas para promover uma competição justa no aço. O mundo está colocando taxas de importação e mecanismos para evitar uma inundação de comércio absolutamente desleal, e confio que o Brasil pode evoluir no sentido correto.”
Para Thiago Rodrigues, vice-presidente de finanças e relações com investidores da Usiminas, uma boa notícia foi a redução de custos dos produtos vendidos (CPV) de R$ 474 milhões na siderurgia no primeiro trimestre.
O indicador foi ajudado pelo ganho de eficiência e diminuição dos investimentos (capex) com o fim da reforma do alto-forno 3 e pela redução do custo de placas adquiridas.
Já do lado da mineração, as vendas de minério de ferro mostraram queda de 18% no primeiro trimestre de 2024 na base trimestral. Os números sentiram o impacto das chuvas que costumam atingir o Brasil durante esse período.
Segundo Rodrigues, a expectativa é que as vendas da commodity registrem estabilidade no próximo trimestre em relação aos três primeiros meses de 2024.
“No primeiro trimestre de 2024, a Usiminas foi afetada por queda no volume e redução de preços. Mas esperamos um volume estável no minério de ferro no segundo trimestre”, disse o executivo.
O que dizem os analistas sobre USIM5
Na visão do Santander, a Usiminas (USIM5) entregou”resultados trimestrais mais fortes, impulsionados principalmente pelas reduções de custos em sua divisão de aço, devido à reforma do alto-forno 3, que mais do que compensou os resultados mais fracos em sua divisão de mineração”.
Os analistas têm recomendação neutra para as ações da empresa, com preço-alvo de 10,50 para os papéis. Isso equivale a uma leve queda potencial de 0,6% em comparação com o último fechamento.
Porém, na avaliação do Itaú BBA, as expectativas da Usiminas (USIM5) de mais um um desempenho estável na divisão de aço no segundo trimestre podem ser uma “decepção para os investidores que estavam mais otimistas com as perspectivas de uma recuperação mais forte”.
O banco possui recomendação de “outperform” — equivalente a compra — para as ações USIM5, com preço-alvo de R$ 12 para o fim de 2024, um potencial de valorização de 13,5% frente ao fechamento anterior.
Para o Citi, ainda que a mineradora tenha apresentado um balanço sólido no primeiro trimestre, as projeções da empresa para o segundo trimestre desapontaram.
Apesar da continuidade na redução de custos, a empresa também sinalizou que o custo dos produtos vendidos por tonelada deverá ser maior no segundo trimestre, impulsionado pelo dólar mais forte e por uma melhoria no mix de produtos.
Segundo os analistas, os principais riscos para frente incluem as mudanças nas políticas fiscais e regulatórias, a volatilidade nos preços do aço e na moeda local.
O Citi possui recomendação neutra para as ações da Usiminas (USIM5). O preço-alvo é de R$ 11, implicando em um potencial de valorização de 4% em relação ao último fechamento.
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