Magazine Luiza (MGLU3): antigos donos do KaBuM! pedem assembleia para responsabilizar Fred Trajano por erro no balanço da varejista
Além disso, o filho de Luiza Trajano e CEO do Magalu é acusado de permitir o vencimento de aproximadamente R$ 40 milhões em créditos da Receita Federal

Não é novidade para os investidores que o Magazine Luiza (MGLU3) enfrenta tempos difíceis. Em meio a uma série de dificuldades operacionais que levaram as ações a acumularem uma queda da ordem de 90% na B3 nos últimos dois anos, a varejista ainda se vê no meio de uma disputa societária que acaba de ganhar um novo capítulo.
Isso porque Thiago e Leandro Camargo Ramos, que estavam à frente da plataforma KaBuM! até abril do ano passado, solicitaram a convocação de uma assembleia de acionistas para responsabilizar Fred Trajano, CEO da varejista, pelo que os irmãos chamam de “fraude contábil” no balanço do Magalu.
Além disso, o filho de Luiza Trajano e CEO da varejista é acusado por eles de permitir o vencimento de aproximadamente R$ 40 milhões em créditos da Receita Federal após a decisão do STF sobre a “tese do século”, que permitiu a devolução de impostos recolhidos indevidamente nos últimos anos.
- Onde investir neste mês? Veja 10 ações em diferentes setores da economia para buscar lucros. Baixe o relatório gratuito aqui.
Um passo atrás: KaBuM! e Magazine Luiza (MGLU3)
A briga entre os irmãos Ramos e Fred Trajano não é de hoje.
Em julho de 2021, o Magazine Luiza fez uma compra bilionária pelo KaBuM!: a varejista pagou R$ 1 bilhão em dinheiro, à vista, e emitiu outros 75 milhões de papéis ON (MGLU3) em favor dos acionistas do KaBuM!.
Além disso, havia uma cláusula para um bônus de subscrição de até 50 milhões de ações, a depender do cumprimento de certas metas.
Leia Também
À época, o pacote de ações era avaliado em cerca de R$ 1,7 bilhão. Mas com a queda do valor dos papéis, o montante atualizado equivale hoje a apenas R$ 120 milhões. Com a desvalorização, os irmãos passaram a questionar o contrato de venda.
No ano passado, Thiago e Leandro Ramos foram demitidos por justa causa do controle da própria empresa e entraram com uma ação na justiça contra o Magalu, alegando que se tratava de uma retaliação.
O novo embate entre os Ramos e os Trajano
O montante de 75 milhões de ações equivale a 1,02% do capital social do Magazine Luiza, dando direito a Thiago e Leandro Ramos de convocar a assembleia, de acordo com a legislação sobre companhias abertas.
Assim, os irmãos querem responsabilizar Fred Trajano pelo chamado “ajuste contábil” de R$ 829,5 milhões no patrimônio líquido da companhia, publicado no balanço do terceiro trimestre de 2023.
Em um extenso pedido com 94 pontos, os Ramos explicam que já haviam relatado ao próprio Fred Trajano “deficiência grave no controle contábil do estoque da companhia”.
Conflito de interesses no Magazine Luiza (MGLU3)
Isso porque o registro do preço de entrada das mercadorias no Magazine Luiza era feito manualmente pelas próprias pessoas do departamento de compras, responsáveis pelo preço final de aquisição, e não de maneira automatizada.
Contudo, a bonificação desses funcionários é calculada sobre a margem de lucratividade dessas operações — ou seja,é possível reduzir o preço de entrada para aumentar essa diferença e, consequentemente, o bônus.
Em outras palavras, há um conflito de interesses nessa operação, “sem adequados mecanismos de controle e fiscalização”, o que pode, na visão dos irmãos Ramos, “gerar distorções de centenas de milhões de reais”.
“O erro contábil que levou a um reajuste de R$ 829,5 milhões admitido pela companhia em novembro de 2023 é apenas um dos resultados da inexistência de controles rigorosos, problema sobre o qual o Sr. Frederico Trajano vem sendo alertado há anos não apenas por Thiago Ramos e Leandro Ramos, como, ao que parece, também por outros administradores”, diz a carta dos irmãos Ramos.
“Tese do século” também é motivo de embate no Magazine Luiza
O segundo ponto de questionamento dos irmãos Ramos diz respeito ao cancelamento de créditos fiscais no valor de R$ 39 milhões, concedidos à KaBuM! em virtude da chamada “tese do século”.
Em linhas gerais, a tese defende que o ICMS (imposto estadual) não deve ser considerado parte do faturamento de uma empresa para fins de cálculo do PIS/COFINS (impostos federais).
Ou seja, o ICMS não está diretamente relacionado à atividade econômica da empresa, mas sim à circulação de mercadorias e serviços.
Mas foi só em 2017 que o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o ICMS não deve integrar a base de cálculo do PIS/COFINS. Desde então, a Receita Federal vem liberando créditos fiscais às empresas devido a essa cobrança indevida de impostos.
- Onde Investir em Abril? Veja recomendações de especialistas:
Como “tese do século” afetou a KaBuM!
Em 2019, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região reconheceu o direito da KaBuM! de receber os créditos, no valor atualizado de quase R$ 40 milhões.
O acordo de venda do KaBuM! previa que o eventual recebimento de créditos tributários após a venda caberia aos irmãos. O problema é que o Magalu tinha cinco anos para solicitar o montante, e esse prazo acabou vencendo no mês passado.
Assim, Thiago e Leandro Ramos alegam que Fred Trajano deixou vencer o prazo para a solicitação dos créditos à KaBuM! “com o objetivo de causar dano pessoal indireto aos seus inimigos”.
E continuam: “não havia absolutamente nada que justificasse a decisão da família Trajano de deixar prescrever um crédito fiscal de dezenas de milhões de reais reconhecido por decisão transitada em julgado. A única explicação é o desejo de retaliação contra os irmãos Ramos, que seriam os beneficiários econômicos finais do crédito. Frederico Trajano preferiu rasgar um crédito de 40 milhões de reais do que vê-lo nas mãos dos irmãos Ramos”.
Com a palavra, o CEO do Magazine Luiza
Em carta anexada aos conselheiros e conselheiras da varejista, Fred Trajano responde mais brevemente aos irmãos Thiago e Leandro Ramos.
Sobre o ajuste contábil, o presidente do Magazine Luiza afirma que “os fatos foram exaustivamente publicados e as conclusões devidamente comunicadas aos acionistas e ao mercado em geral em novembro de 2023 – há seis meses, portanto”.
Trajano afirma que tais ajustes foram aprovados “sem um único voto contrário” entre os acionistas titulares de 70% do capital social presentes na assembleia geral ordinária.
“Enquanto os acionistas subscritores da Carta [o documento que exige a responsabilização de Trajano] sequer se dignaram a comparecer à AGO para manifestar suas supostas objeções ao conteúdo das demonstrações financeiras”, diz o CEO do Magalu.
Já sobre a prescrição do direito aos créditos junto à Receita, Fred Trajano afirma que, se houvesse tamanho prejuízo, os próprios chefes da KaBuM! poderiam reclamá-lo junto ao Magazine Luiza.
“Ocorre que”, continua, “se seguissem esse caminho, os vendedores do KaBuM não poderiam tentar me atingir pessoalmente, que é o seu verdadeiro intuito, na tola expectativa de que, assim agindo, poderão obter vantagens indevidas da companhia”.
Assim, o presidente afirma que o crédito tributário não foi reclamado porque os donos da KaBuM! se omitiram em apresentar à companhia elementos necessários para formular o pedido de reconhecimento de crédito em tempo hábil.
Em resumo: o que se fará do Magazine Luiza?
De acordo com o pedido de convocação da assembleia geral extraordinária, do Magazine Luiza, o encontro será realizado de maneira inteiramente digital no próximo dia 29 de maio de 2024, às 16h.
Mas as chances de que os irmãos consigam a aprovação da abertura de uma ação de responsabilidade contra Fred Trajano são praticamente inexistentes. Afinal, o grupo controlador do Magalu, do qual a família Trajano faz parte, possui hoje 57% do capital da varejista.
Por fim, maiores informações podem ser encontradas no comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nesta segunda-feira (6). O link para ele está aqui.
Antes da assembleia, o Magazine Luiza publica os resultados do primeiro trimestre deste ano nesta quinta-feira (9), após o fechamento dos mercados.
Vale tudo na bolsa? Ibovespa chega ao último pregão de março com forte valorização no mês, mas de olho na guerra comercial de Trump
O presidente dos Estados Unidos pretende anunciar na quarta-feira a imposição do que chama de tarifas “recíprocas”
O e-commerce das brasileiras começou a fraquejar? Mercado Livre ofusca rivais no 4T24, enquanto Americanas, Magazine Luiza e Casas Bahia apanham no digital
O setor de varejo doméstico divulgou resultados mistos no trimestre, com players brasileiros deixando a desejar quando o assunto são as vendas online
Nova York em queda livre: o dado que provoca estrago nas bolsas e faz o dólar valer mais antes das temidas tarifas de Trump
Por aqui, o Ibovespa operou com queda superior a 1% no início da tarde desta sexta-feira (28), enquanto o dólar teve valorização moderada em relação ao real
Não é a Vale (VALE3): BTG recomenda compra de ação de mineradora que pode subir quase 70% na B3 e está fora do radar do mercado
Para o BTG Pactual, essa mineradora conseguiu virar o jogo em suas finanças e agora oferece um retorno potencial atraente para os investidores; veja qual é o papel
TIM (TIMS3) anuncia pagamento de mais de R$ 2 bilhões em dividendos; veja quem tem direito e quando a bolada cai na conta
Além dos proventos, empresa anunciou também grupamento, seguido de desdobramento das suas ações
Nem tudo é verdade: Ibovespa reage a balanços e dados de emprego em dia de PCE nos EUA
O PCE, como é conhecido o índice de gastos com consumo pessoal nos EUA, é o dado de inflação preferido do Fed para pautar sua política monetária
Não existe almoço grátis no mercado financeiro: verdades e mentiras que te contam sobre diversificação
A diversificação é uma arma importante para qualquer investidor: ajuda a diluir os riscos e aumenta as chances de você ter na carteira um ativo vencedor, mas essa estratégia não é gratuita
Após virar pó na bolsa, Dotz (DOTZ3) tem balanço positivo com aposta em outra frente — e CEO quer convencer o mercado de que a virada chegou
Criada em 2000 e com capital aberto desde 2021, empresa que começou com programa de fidelidade vem apostando em produtos financeiros para se levantar, após tombo de 97% no valuation
Tarifas de Trump derrubam montadoras mundo afora — Tesla se dá bem e ações sobem mais de 3%
O presidente norte-americano anunciou taxas de 25% sobre todos os carros importados pelos EUA; entenda os motivos que fazem os papéis de companhias na América do Norte, na Europa e na Ásia recuarem hoje
JBS (JBSS3) pode subir 40% na bolsa, na visão de Santander e BofA; bancos elevam preço-alvo para ação
Companhia surpreendeu o mercado com balanço positivo e alegrou acionistas com anúncio de dividendos bilionários e possível dupla listagem em NY
CEO da Americanas vê mais 5 trimestres de transformação e e-commerce menor, mas sem ‘anabolizantes’; ação AMER3 desaba 25% após balanço
Ao Seu Dinheiro, Leonardo Coelho revelou os planos para tirar a empresa da recuperação e reverter os números do quarto trimestre
Oncoclínicas (ONCO3) fecha parceria para atendimento oncológico em ambulatórios da rede da Hapvida (HAPV3)
Anunciado a um dia da divulgação do balanço do quarto trimestre, o acordo busca oferecer atendimento ambulatorial em oncologia na região metropolitana de São Paulo
Esporte radical na bolsa: Ibovespa sobe em dia de IPCA-15, relatório do Banco Central e coletiva de Galípolo
Galípolo concederá entrevista coletiva no fim da manhã, depois da apresentação do Relatório de Política Monetária do BC
Braskem (BRKM5) salta na bolsa com rumores de negociações entre credores e Petrobras (PETR4)
Os bancos credores da Novonor estão negociando com a Petrobras (PETR4) um novo acordo de acionistas para a petroquímica, diz jornal
JBS (JBSS3): Com lucro em expansão e novos dividendos bilionários, CEO ainda vê espaço para mais. É hora de comprar as ações?
Na visão de Gilberto Tomazoni, os resultados de 2024 confirmaram as perspectivas positivas para este ano e a proposta de dupla listagem das ações deve impulsionar a geração de valor aos acionistas
Azzas cortadas? O que está por trás da disputa que pode separar o maior grupo de moda da América Latina
Apesar da desconfiança sobre o entrosamento entre os líderes, ninguém apostava num conflito sem solução para a Azzas 2154, dona de marcas como Hering e Arezzo
Não é só o short squeeze: Casas Bahia (BHIA3) triplica de valor em 2025. Veja três motivos que impulsionam as ações hoje
Além do movimento técnico, um aumento da pressão compradora na bolsa e o alívio no cenário macroeconômico ajudam a performance da varejista hoje; entenda o movimento
É hora de comprar a líder do Ibovespa hoje: Vamos (VAMO3) dispara mais de 17% após dados do 4T24 e banco diz que ação está barata
A companhia apresentou os primeiros resultados trimestrais após a cisão dos negócios de locação e concessionária e apresenta lucro acima das projeções
Hapvida (HAPV3) salta na B3 com Squadra reforçando o apetite pela ação. É o nascer de uma nova favorita no setor de saúde?
A Squadra Investimentos adquiriu 388.369.181 ações HAPV3, o equivalente a 5,15% da companhia de saúde
Sem sinal de leniência: Copom de Galípolo mantém tom duro na ata, anima a bolsa e enfraquece o dólar
Copom reitera compromisso com a convergência da inflação para a meta e adverte que os juros podem ficar mais altos por mais tempo