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Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril.
Prévias de balanços

Dos números ‘chatos’ do Itaú às preocupações com Nubank: veja o que esperar dos balanços dos bancos no 2º trimestre

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
23 de julho de 2024
7:00 - atualizado às 13:49
Campo de futebol com logos dos maiores bancos brasileiros
Itaú (ITUB4) deve continuar como o grande destaque positivo do trimestre, enquanto o Nubank parece caro aos olhos dos analistas - Imagem: Montagem Andrei Morais

A temporada de balanços do segundo trimestre de 2024 começa nesta semana e, como de costume, os bancos estão entre as primeiras empresas a divulgar resultados. O primeiro a soltar seus números é o Santander (SANB11), na quarta-feira (24) antes da abertura da bolsa.

Depois é a vez do Bradesco (BBDC4), que divulga seus resultados apenas no dia 5 de agosto, seguido de Itaú Unibanco (ITUB4), no dia 6, e Banco do Brasil (BBAS3) no dia 7. A temporada dos grandes bancos termina na semana seguinte, com Nubank (ROXO34), no dia 13, e BTG Pactual (BPAC11), no dia 14.

Para o período que vai de abril a junho, é esperada alguma aceleração no crescimento da carteira de crédito dos bancos, depois que a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) revisou suas estimativas para o setor no ano para um crescimento de 10%, puxado pelo crédito pessoal.

Analistas também esperam que os indicadores de inadimplência apresentem certa estabilidade, porém com ligeiro crescimento de provisões contra calotes e um certo aumento nos custos e despesas dos bancos.

De maneira geral, a receita líquida de juros das instituições financeiras deve apresentar melhora, puxada pelo segmento de clientes, e não tanto pela tesouraria, uma vez que os portfólios sofreram no trimestre com a abertura da curva de juros. A margem financeira deve inclusive compensar o aumento nas provisões.

As tendências do primeiro trimestre devem continuar no segundo tri, com Itaú e Santander mantendo a sua tendência positiva e ganhos de eficiência – sendo o Itaú considerado pelos analistas, mais uma vez, a grande estrela entre os bancões.

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Já os resultados do Bradesco, na visão dos analistas, devem continuar com pouco brilho, enquanto os do Nubank devem expor riscos, ainda que venham positivos.

Veja a seguir das datas da divulgação dos balanços e das teleconferências de resultados dos principais bancos nos próximos dias:

Balanços do 2T24 e teleconferências de resultados dos bancos

NomeTickerDataHorário de divulgaçãoTeleconferência
SantanderSANB1124/07/2024Antes da abertura24/07/2024, às 10h
BradescoBBDC405/08/2024Antes da abertura05/08/2024, às 10h30
Itaú UnibancoITUB406/08/2024Após fechamento07/08/2024, às 10h
Banco do BrasilBBAS307/08/2024A definir08/08/2024
NubankROXO3413/08/2024Após fechamento13/08/2024, às 19h
BTG PactualBPAC1114/08/2024Antes da abertura14/08/2024
Fonte: Bancos

A seguir, trazemos as perspectivas dos analistas para cada uma dessas instituições financeiras:

Santander (SANB11)

Após surpreender o mercado no primeiro trimestre, o Santander deve, na perspectiva dos analistas que divulgaram suas projeções para o banco, seguir na tendência positiva.

O lucro líquido esperado está em torno de R$ 3,3 bilhões, uma alta de cerca de 10% ante o trimestre anterior e 44% na comparação anual. Já a rentabilidade deve ficar em torno de 15%, após ter saltado para 14,1% no primeiro trimestre.

“Esperamos que o ritmo de crescimento permaneça saudável, pois o banco continuou dizendo que seu apetite ao risco permanece o mesmo, especialmente em linhas garantidas para pessoas físicas e PMEs”, diz a XP.

A corretora espera que a carteira de crédito do banco cresça 7,8% na base anual e que a receita líquida de juros aumente 14,7% na mesma base de comparação. Já a inadimplência deve permanecer estável em 3,2%, na visão da XP, mesma previsão da Genial Investimentos.

Embora espere uma leve aceleração na carteira de crédito em relação ao primeiro trimestre, a Genial acredita que os spreads (diferença entre os juros cobrados e o custo de captação) “devem continuar mais pressionados devido a um mix ainda conservador e efeitos no funding devido à curva de juros”, com pouca evolução da receita líquida de juros e estabilidade na receita de tesouraria.

“Do lado mais positivo, acreditamos que a linha de serviços (fees) deve continuar com forte desempenho após as reconciliações realizadas no trimestre passado; as despesas devem ficar relativamente estáveis devido à busca por eficiência com o fechamento de algumas agências; e a provisão para devedores duvidosos (PDD) deve ficar controlada com a inadimplência estável”, diz a Genial, em relatório.

Balanço do Santander (SANB11)

Data de divulgação: 24/07 (quarta), antes da abertura do mercado
Teleconferência de resultados: 24/07 (quarta), às 10h

Lucro líquido esperado:

  • JP Morgan: R$ 3,3 bilhões
  • XP: R$ 3,3 bilhões
  • Genial: R$ 3,24 bilhões

Rentabilidade:

  • XP: 15%
  • Genial: 14,6%

Bradesco (BBDC4)

O Bradesco deverá prosseguir sua recuperação após o início de um grande reestruturação financeira.

A visão dos analistas que divulgaram suas prévias ainda não é das melhores, mas há uma perspectiva geral de aceleração da concessão de crédito e melhoria da margem financeira, embora a receita com a tesouraria deva sofrer com a abertura da curva de juros no trimestre.

O lucro líquido esperado pelos analistas deve ficar entre R$ 4,3 bilhões e R$ 4,4 bilhões, um crescimento de 2,4% a 4,8% na comparação trimestral, mas ainda assim uma queda de 2,22% a 4,44% na comparação anual. Já a rentabilidade deve se manter ao redor de 10%, mas com uma leve melhora em relação aos 10,2% do primeiro trimestre.

Os analistas do Santander acreditam que os resultados do Bradesco estarão entre os destaques negativos da temporada de balanços do segundo trimestre. “Mantemos nossa visão de que a recuperação dos resultados do Bradesco é um longo caminho e esperamos que os resultados do 2T sejam piores do que as expectativas de consenso”, dizem.

Eles esperam, no entanto, uma melhoria na qualidade dos ativos no segmento pessoa física (inadimplência de 4,8%), embora ainda com aumento de provisões (+6%), devido ao crescimento da carteira de crédito, que deve ser da ordem de 4% na base anual, puxada por pessoas físicas e crédito corporativo. A carteira PME, no entanto, deve continuar defasada, na opinião do banco.

A XP tem visão semelhante e crê que essa aceleração no crédito deverá tem impacto positivo na margem financeira, que deve ser o destaque do trimestre no balanço do Bradesco. A corretora projeta inadimplência de 5% no trimestre.

Balanço do Bradesco (BBDC4)

Data de divulgação: 05/08 (segunda), antes da abertura do mercado
Teleconferência de resultados: 05/08 (segunda), às 10h30

Lucro líquido esperado:

  • Santander: R$ 4,286 bilhões
  • JP Morgan: R$ 4,3 bilhões
  • XP: R$ 4,44 bilhões

Rentabilidade:

  • Santander: 10,7%
  • JP Morgan: 10,7%
  • XP: 11%
  • Genial: pouco acima de 10%

Itaú Unibanco (ITUB4)

O Itaú deve novamente ser a estrela da temporada de balanços dos bancões, com um lucro líquido próximo dos R$ 10 bilhões, alta de cerca de 2% na base trimestral e 15% na comparação anual. A rentabilidade deverá ser da ordem de 22%, pouco acima do primeiro trimestre.

Para o JP Morgan, que tem a ação do banco como sua preferida do setor, o Itaú deve ter outro trimestre “chato”, tal a solidez dos resultados.

A XP espera que o crescimento na carteira de crédito do Itaú se deva a um crescente apetite ao risco nos segmentos de pessoas físicas e PMEs. Para a corretora, a receita líquida financeira deve crescer 5,6% ano a ano, um aumento de 2,0% no trimestre, e a inadimplência deve permanecer estável em 2,7%.

“No geral, não prevemos que os resultados trimestrais desencadeiem qualquer reação significativa do mercado, positiva ou negativa”, diz a XP.

Já a Genial, casa mais otimista com os resultados do Itaú, espera que o banco apresente novamente o melhor desempenho entre as grandes instituições financeiras no segundo trimestre.

“Para o trimestre, acreditamos que o lucro deve ser impulsionado pela evolução contínua da receita líquida de juros (NII), além de uma melhora no custo de crédito decorrente da estabilização da inadimplência e da expansão mais controlada das despesas administrativas”, diz a corretora, que projeta o índice de inadimplência em 2,67%.

A Genial acredita ainda que a manutenção da rentabilidade (medida pelo ROE, retorno sobre o patrimônio líquido) em níveis elevados vem sendo “impulsionada pelas transformações implementadas pelo banco, focadas na otimização de processos e nos investimentos em tecnologia para aumentar a eficiência.”

Itaú Unibanco (ITUB4)

Data de divulgação: 06/08 (terça), após o fechamento do mercado
Teleconferência de resultados: 07/08 (quarta), às 10h

Lucro líquido:

  • Santander: R$ 9,989 bilhões
  • JP Morgan: R$ 9,873 bilhões
  • XP: R$ 9,882 bilhões
  • Genial: R$ 10,1 bilhões

Rentabilidade:

  • JP Morgan: 22%
  • XP: 22%
  • Genial: 22,5%

Banco do Brasil (BBAS3)

Os analistas que divulgaram prévias para o balanço do Banco do Brasil esperam, de forma geral, uma continuidade da expansão da carteira de crédito – o que já foi visto no primeiro trimestre –, mas com uma desaceleração sazonal no segmento do agronegócio.

O lucro líquido deve permanecer estável em relação ao trimestre anterior ou até ver uma queda da ordem de 3%, variando de R$ 9,0 bilhões a R$ 9,4 bilhões, o que ainda assim representa um crescimento de 3% a 7% em relação ao segundo trimestre de 2023. Com isso, a rentabilidade esperada pelos analistas varia de 20% a 21%, um pouco abaixo do trimestre anterior.

O Santander prevê “uma sólida expansão de receita com forte contribuição do Banco Patagonia”, embora mais fraca que no trimestre anterior. O crescimento estimado da carteira de crédito do BB é de 11% na base anual, com importante contribuição do varejo, principalmente empréstimo consignado e recuperação do segmento de cartões.

Já o agronegócio deve desacelerar e também ver uma deterioração na inadimplência, assim como o segmento de PMEs, o que deve motivar a manutenção das provisões em nível elevado, embora a inadimplência dos segmentos corporativo e de varejo deva se manter estável na base trimestral. O Santander projeta um índice de inadimplência de 3,0% para o BB no trimestre.

Em razão desses fatores e de um possível aumento nas despesas administrativas (embora ainda em linha com o guidance do BB), os analistas do Santander temem que a reação do mercado ao balaço possa ser negativa e precipitar a queda da ação BBAS3.

O JP Morgan tem uma visão semelhante à do Santander, mas destaca que as provisões elevadas devem ser compensadas por uma receita financeira líquida mais forte, “o que tende a ter um impacto neutro no lucro líquido.”

Já a XP espera apenas uma ligeira aceleração da carteira de crédito do Banco do Brasil, mas que deve, porém, ficar dentro do guidance do banco. Quanto às previsões, devem permanecer pressionadas, na visão da XP, apesar de uma taxa de inadimplência praticamente estável.

“Se o banco não conseguir reduzir efetivamente o nível de provisões, existe a possibilidade de uma revisão para cima da orientação, o que pode ter um impacto negativo nas ações do BBAS3”, diz a corretora.

Banco do Brasil (BBAS3)

Data de divulgação: 07/08 (quarta)
Teleconferência de resultados: 08/08 (quinta)

Lucro líquido:

  • Santander: R$ 9,4 bilhões
  • JP Morgan: R$ 9,0 bilhões
  • XP: R$ 9,0 bilhões

Rentabilidade:

  • Santander: 20,3%
  • JP Morgan: 21%
  • XP: 21,3%
  • Genial: Próximo de 20%

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Nubank (ROXO34)

Embora ainda esperem bons resultados para o Nubank, os analistas que divulgaram prévias sobre o banco digital se mostram preocupados com os números do roxinho e a forte alta das suas ações no ano.

Os BDRs ROXO34, negociados na B3, já avançam quase 80% em 2024, não apenas pelos bons resultados e o crescimento que o Nubank vem apresentando, como também pela previsão de inclusão das ações NU, negociadas na bolsa de Nova York, no índice internacional MSCI.

Acontece que alguns analistas já consideram o preço atual dos papéis bastante elevado, e o balanço deve trazer pontos de atenção que só contribuem para aumentar a tensão em torno das cotações.

Começando pelo lucro líquido, as projeções variam de US$ 416 milhões a US$ 449 milhões, praticamente o dobro do segundo trimestre de 2023 e uma alta de 12% a 18% ante o trimestre passado. A rentabilidade esperada também é elevada, da ordem de 23%.

Ainda entre os prováveis pontos positivos do balanço, o Santander projeta um crescimento de 50% na carteira de crédito ante o mesmo período do ano passado, puxado por cartões e empréstimos pessoais. Já a XP espera um crescimento das receitas de 8% na base trimestral e 58% na anual, para US$ 2,9 bilhões. O JP Morgan destaca um crescimento de 10% na carteira de crédito no México.

No entanto, os bancos esperam também que a depreciação cambial pese nos resultados do Nu, além de uma deterioração na qualidade dos ativos no Brasil (o Santander espera uma inadimplência de 6,5%), bem como um aumento nas provisões contra calotes (em 17% na base trimestral, segundo o Santander).

Sendo assim, todos os analistas que divulgaram prévias deixaram alertas. Os do JP Morgan, por exemplo, dizem esperar que o mercado siga a tendência do primeiro trimestre – ou seja, os investidores continuarão otimistas se a margem financeira se expandir de modo a compensar o aumento das provisões.

“Ainda que o Nubank permaneça como uma história de disrupção incrível, estamos ficando cada vez mais preocupados que o crescimento desacelere à medida que a companhia fica desproporcionalmente grande em certos segmentos de renda e produtos”, diz o JP Morgan, que inclusive rebaixou a recomendação das ações NU de compra para neutro nesta semana.

A XP tem preocupação semelhante e tem dúvidas sobre se as novas iniciativas de crescimento de crédito consignado e no México irão se materializar a tempo de compensar a desaceleração natural de negócios mais maduros no Brasil, como cartões de crédito e empréstimos pessoais.

“Em nossa opinião, informações adicionais sobre o progresso dessas iniciativas ou outros impulsionadores do crescimento serão necessárias para restaurar a confiança na alta taxa de crescimento esperada nos próximos trimestres”, diz a corretora.

Já o Santander acredita que o release de resultados do banco digital deve focar na abordagem em relação à deterioração na qualidade dos ativos, no progresso do produto de empréstimo consignado no Brasil e no desempenho da implementação de produtos no México e na Colômbia.

Nubank (ROXO34)

Data de divulgação: 13/08 (terça), após o fechamento do mercado
Teleconferência de resultados: 13/08 (terça), às 19h

Lucro líquido:

  • Santander: US$ 416 milhões
  • JP Morgan: US$ 424 milhões
  • XP: US$ 449 milhões

Rentabilidade:

  • Santander: 23%
  • XP: 23,4%

BTG Pactual (BPAC11)

A XP espera uma evolução mais modesta nos resultados no BTG Pactual no segundo trimestre deste ano, diferentemente do que costuma ocorrer sazonalmente nesta época, uma vez que os mercados, no período, foram fortemente afetados por ruídos políticos.

Na parte de banco de investimentos, a corretora destaca que a tendência permanece sólida em fusões e aquisições (M&A) e na parte de emissão de dívida (DCM). Entretanto a parte de emissão de ações (ECM) ainda não mostrou sinais de recuperação, diz a XP.

Em Empréstimos Corporativos, a XP espera que o banco mantenha o crescimento e spreads saudáveis, mas o ritmo deve ser menor em Vendas e Negociação, Ativos e Patrimônio.

“Nas participações, o BTG deve apresentar mais um trimestre com aquisição de carteira de crédito do Banco Pan. Do lado dos custos e despesas, esperamos que a disciplina de custos permaneça, levando a uma relação custo-receita de 38%”, afirma a XP.

BTG Pactual (BPAC11)

Data de divulgação: 14/08 (quarta), antes da abertura do mercado
Teleconferência de resultados: 14/08 (quarta)

Lucro líquido:

  • Santander: R$ 2,971 bilhões
  • XP: R$ 2,875 bilhões

Rentabilidade:

  • XP: 23,1%

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