🔴 ONDE INVESTIR EM JULHO? CONFIRA +20 INDICAÇÕES – DE GRAÇA!

Dani Alvarenga
EMPREENDEDORISMO

Casa do Pão de Queijo pede recuperação judicial; por que estão acontecendo tantas RJs no mercado de franquias?

A entrada de grandes marcas em recuperação judicial afeta até mesmo as redes de franquias. Os impactos atingem cada um dos empreendedores de uma maneira, dependendo do caso.

Dani Alvarenga
1 de julho de 2024
11:31 - atualizado às 11:58
Casa do Pão de Queijo
Imagem: Wikimedia Commons

O empresariado brasileiro vem enfrentando dificuldades em 2024, com um aumento de 80% nos pedidos de recuperação judicial até agora, segundo o Serasa Experian. E o setor de franquias não está de fora da alta de endividamentos.

Na última sexta-feira (28), a Casa do Pão de Queijo, uma das maiores redes de franquia do país, protocolou pedido de RJ.

A ação cita dívida de R$ 57 milhões e inclui a fábrica, CPQ Brasil S/A, além de 28 filiais localizadas em aeroportos. No entanto, as franquias não foram incluídas no processo.

De acordo com o pedido de recuperação judicial, as operações da empresa ainda sofrem os impactos gerados pela pandemia.

Além disso, a Casa do Pão de Queijo afirma que o endividamento também foi aprofundado pela crise climática no Rio Grande do Sul, que gerou a inundação do aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, onde estão localizadas quatro lojas da rede.

Da dívida total de R$ 57 milhões, R$ 244,3 mil seriam valores devidos para trabalhadores, R$ 55,8 milhões para credores quirografários — que fazem parte da classe sem garantias — e R$ 1,3 milhão para micro e pequenas empresas.

A Casa do Pão de Queijo não é a única que vem lidando com um mar turbulento. Nos últimos meses, grandes gestoras de franquias, como a South Rock, e redes de franchising, como o supermercado O Dia, entraram com requerimentos para o processo jurídico.

Com a alta dos números de recuperação judicial e nomes importantes do mercado em RJ, franqueados e franqueadores são expostos às consequências do processo jurídico.

Em entrevista ao Seu Dinheiro, Sidnei Amendoeira, diretor jurídico da Associação Brasileira de Franchising (ABF), e Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), explicam os impactos da alta de RJ para o setor de franchising.

Um cenário delicado

Para Eduardo Terra, o aumento de pedidos de recuperação judicial está relacionado a um cenário macroeconômico difícil.

 Segundo o especialista, o país vive um “longo período com taxa de juros alta, combinada com o acesso bem difícil à capital”. Em conjunto, os fatores dificultam o financiamento das dívidas dos empreendedores, afirma Terra.

Vale lembrar que a taxa básica de juros no país vinha de uma sequência de seis cortes de 0,50 pontos percentuais desde o final de 2023. 

No entanto, na última reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), a instituição optou por manter a Selic em 10,50% ao ano e interromper o ciclo de cortes.

Terra também avalia que a crise sanitária causada pelo coronavírus trouxe instabilidade em relação à demanda no país, o que impactou no aumento das dívidas.

“Desde a pandemia, a gente vive altos e baixos em relação à demanda. Muitas empresas acharam que aquele aumento da pandemia seria para sempre. E aí veio uma descida muito grande”, afirmou.

Amendoeira, diretor jurídico da ABF, também enxerga os impactos do Covid-19 para o aumento de pedidos de recuperação judicial.

“A gente está sentindo muitos reflexos da pandemia agora, porque as pessoas, durante a pandemia, foram suspendendo contratos de trabalho, houve uma série de parcelamento de tributos, uma série de empréstimos…E essa conta tá vindo agora”, afirmou Amendoeira.

Gigantes em crise

A conta vem chegando até mesmo para grandes empresas. Em 2024, nomes de peso do mercado entraram com pedidos de recuperação judicial, como Oi, Light, Polishop, Gol, entre outras.

Nem mesmo o mercado de franchising foi poupado: a gestora de franquias SouthRock, que administrava as marcas Subway e Starbucks no Brasil, entrou com pedido de recuperação judicial em outubro de 2023.

Já em março de 2024, a rede de franquias do supermercado O Dia entrou com o processo jurídico.

Agora, foi a vez da Casa do Pão de Queijo, que protocolou pedido na última sexta-feira (28), na Vara de Competência Empresarial e de Conflitos Relacionados à Arbitragem da 4ª RAJ, em Campinas (SP).

Vale ressaltar que, atualmente, as operações da Subway no Brasil voltaram a ser administradas pela marca.

Apesar dos impactos causados pelo cenário macroeconômico no número de pedidos de recuperação judicial, Terra avalia que as dificuldades enfrentadas pelas redes vão além de um momento econômico difícil. “Tem mais a ver com gestão do que com o contexto externo”, afirmou.

RJ de gigantes: os impactos nas franquias

No entanto, os pedidos de recuperação por grandes marcas do setor de franchising geram impactos aos franqueados, que ficam expostos às repercussões do processo judicial.

Amendoeira, da ABF, ressalta que, nesses casos, não há impactos jurídicos diretos aos franqueados da rede. “A situação dele não muda. Vai mudar com quem ele vai falar dali para a frente”, afirma Amendoeira.

Isso porque, segundo o especialista, em casos de grandes marcas estrangeiras que atuam no mercado brasileiro de franquias, as redes são controladas por masters, que são substituídas em caso de falência ou rompimento de contrato.

De acordo com Amendoeira, as masters atuam como franqueadas no cenário internacional. Assim, o dono da franquia no exterior é quem autoriza a master a subfranquear a marca para outros franqueados dentro do Brasil. 

Dessa forma, de acordo com o diretor jurídico da ABF, em casos de pedidos de recuperação judicial ou até falência, a dona da marca pode extinguir o contrato de franquia e assumir a rede no Brasil ou indicar um novo master.

No entanto, ele também ressalta que há necessidade de avaliação do contrato e que, caso não estipule rompimento, a relação entre os franqueados no Brasil continuará normalmente.

Apesar de não enfrentarem impactos judiciais, os franqueados lidam com outras repercussões. De acordo com Amendoeira, os empreendedores da rede enfrentam riscos voltados à reputação da marca.

“Eu acho que existe um estigma na palavra. As pessoas acham que, se [a empresa] está em recuperação judicial, é porque quebrou. Não é verdade. Enquanto estiver em recuperação judicial, está justamente tentando preservar um negócio”, afirma.

Além disso, ele explica que as franquias estarão sujeitas à análise do administrador judicial do processo e da aprovação do plano de RJ. “Mas, a partir do momento que o plano foi aceito, a empresa continua tendo a administração dos ativos.”

Franquias: um mercado resiliente

Segundo um levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), 80% das micro e pequenas empresas fecham as portas nos primeiros cinco anos de operação. No entanto, para os empreendimentos de franquias, o percentual cai para 15%.

Sidnei Amendoeira explica que o número é menor em negócios de franquia devido ao suporte da franqueadora.

“De modo geral, o franqueado padrão é um micro ou pequeno empresário. E, diferente de um micro [empreendedor], que abre um negócio do zero, o franqueado está numa rede. Então tem suporte da franqueadora, tem toda uma rede de franqueados.” 

O especialista ressalta que “a franquia não impede que um negócio acabe, mas diminui o risco”.

Além disso, ele afirma que, em momentos de crise – como o experimentado na pandemia –, o setor de franchising tem políticas de proteção ao franqueado. Assim, apesar de ser afetado, ele sente as repercussões da crise mais tarde do que o franqueador. “A franqueadora tenta, enquanto puder, auxiliar os seus franqueados”, diz. 

“Então, o franqueado vai sofrer, mas a maioria das franqueadoras têm políticas para dar suporte, especialmente em momentos de crise. E a pandemia mostrou isso”, afirma Amendoeira.

Os impactos dos pedidos de RJ nas franquias: do franqueador ao franqueado

Apesar do setor de franquias ser resiliente, as recuperações judiciais no setor causam impactos para os empreendedores de todo sistema de franchising

Para entender as consequências de pedidos de RJ por franqueados ou franqueadoras, Amendoeira ressalta que é necessário avaliar os termos do contrato firmado inicialmente. 

“Alguns contratos preveem a possibilidade de rescisão no caso de uma recuperação judicial, outros só preveem essa hipótese numa eventual falência”, revela.

Para os casos de pedidos de recuperação judicial do franqueado, o diretor jurídico da ABF afirma que, em geral, os contratos são extintos.

“A franqueadora não é obrigada a rescindir [o contrato], mas ela pode. Se ela rescindir, vai pôr fim à relação de franquia. Na medida em que o contrato de franquia foi extinto, a franqueada não terá como cumprir o plano. Fatalmente, ela vai quebrar”, explica Amendoeira.

  • As melhores recomendações do analista Matheus Spiess na palma da sua mão: newsletter especial revela uma recomendação por dia; acesse aqui

Contudo, caso a relação de franquia seja mantida, os franqueadores precisam ficar atentos às necessidades e ao plano de RJ da franqueada.

“[O processo de recuperação judicial] pode envolver crédito da franqueadora, créditos de fornecedores do sistema. Então, se o franqueado que pediu a recuperação está devendo aluguel, taxas para o franqueador, produtos para os fornecedores… Todas as dívidas podem fazer parte do plano”, explica.

De acordo com o diretor jurídico da ABF, o processo de recuperação de franquias ainda exige uma avaliação diferenciada pelos juízes da ação. 

“O maior ativo da franqueadora são os contratos de franquias. Diferente de uma empresa, uma indústria, em que os maiores ativos são os bens. No caso do franchising, o juiz vai ter que olhar com muito mais cuidado a relação franqueador-franqueado”, explica.

Compartilhe

VAI DECOLAR?

Por que o BTG continua otimista com a Embraer (EMBR3) — mesmo após ação da Eve cair mais de 20% na Bolsa de Nova York

2 de julho de 2024 - 17:53

Queda nos papéis da subsidiária fabricante do ‘carro voador’ aconteceu após o anúncio do aumento de capital de US$ 94 milhões de diversos investidores

VIOLOU A LEI?

Governo proíbe dona do Facebook de usar dados de usuários brasileiros para treinamento de inteligência artificial

2 de julho de 2024 - 15:02

Investigação da ANPD sobre nova diretriz da Meta nas redes sociais, como Facebook e Instagram, apresenta indícios de violação da Lei Geral de Proteção de Dados

Troca de comando

Mais um capítulo na sucessão da Vale: Após saída de Vera Inkster, consultoria irá escolher dois novos conselheiros

2 de julho de 2024 - 14:07

Mineradora escolheu a Korn Ferry para auxiliá-la na contratação de dois novos membros para o conselho

FATIA MAIOR

Como Jorge Paulo Lemann e sócios se tornaram donos de quase metade da Americanas (AMER3)

2 de julho de 2024 - 10:57

Com o aporte de dinheiro novo, os executivos viram sua participação subir de 30,12% em fevereiro para os atuais 49,2%

ATENÇÃO, ACIONISTA

Dividendos e JCP em julho: Confira a lista de empresas que pagam proventos e quem tem direito a receber 

1 de julho de 2024 - 19:36

Agenda de pagamentos elaborada pela Grana Capital inclui pagamentos bilionários do Bradesco (BBDC4), Lojas Renner (LREN3), TIM (TIMS3) e 3R Petroleum (RRRP3)

eVTOL

Eve Air Mobility: Ação da fabricante do ‘carro voador’ da Embraer cai mais de 20% após anúncio

1 de julho de 2024 - 18:33

Valor do papel da subsidiária registrou o nível mais baixo em 52 semanas após aumento milionário de capital

TENDÊNCIAS

C&A (CEAB3), Lojas Renner (LREN3) e mais: Varejo de moda deve se manter resiliente em 2024, diz BTG; veja os planos das principais empresas

1 de julho de 2024 - 17:11

Em meio ao consumo baixo, juros altos e concorrência com plataformas estrangeiras, empresas apostam em novas lojas físicas e estratégias para impulsionar vendas

NAS ALTURAS

SLC Agrícola (SLCE3) salta 8% e lidera ganhos do Ibovespa — e ação ainda pode disparar dois dígitos até o fim de 2024, segundo o Santander 

1 de julho de 2024 - 14:00

Os analistas do Santander elevaram o preço-alvo para o fim de 2024 para R$ 27, implicando em uma valorização potencial de 54% em relação ao último fechamento

HORA DE SUAR

Goldman Sachs recomenda compra de Smart Fit (SMFT3) com previsão de que rede fique cada vez mais bombada e cresça quase 50%; entenda

1 de julho de 2024 - 12:31

Analistas estimam que a margem Ebitda (medida utilizada pelo mercado para avaliar a geração de caixa de uma empresa) deva crescer cerca de 40% por ano até 2027

RENOVAÇÃO DE QUADRO

Quase um ano após privatização, Copel (CPLE6) decide trocar diretor financeiro — veja quem será o novo CFO

1 de julho de 2024 - 10:33

Adriano Rudek de Moura, que conduziu o processo de privatização da companhia no ano passado, deixa os cargos de CFO e DRI que ocupava desde maio de 2017

Fechar
Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Continuar e fechar