CEO da Auren afirma que “não poderia ter transação melhor do que a aquisição da AES Brasil” — mas AURE3 cai forte na bolsa, enquanto AESB3 dispara
A Auren abocanhou na noite passada as operações AES no Brasil, em um acordo que dará origem à terceira maior empresa geradora de energia do país
Uma nova gigante de energia está prestes a surgir no Brasil — mas as luzes parecem não brilhar para a Auren Energia (AURE3) após o anúncio de uma combinação de negócios com a AES Brasil (AESB3).
Depois de dois meses de negociação, a Auren abocanhou na noite passada as operações AES no Brasil, em um acordo que dará origem à terceira maior empresa geradora de energia do país, com receita combinada de R$ 9,6 bilhões e R$ 30 bilhões em valor de firma (EV).
“Não poderia ter transação melhor para a Auren do que a aquisição da AES Brasil em todos os sentidos”, afirmou o CEO da Auren Energia, Fabio Zanfelice, em teleconferência com analistas.
A aquisição resultou em reações divergentes às ações das duas empresas no fechamento da bolsa brasileira desta quinta-feira (16). Enquanto a AESB3 disparou 13,80%, os papéis AURE3 amargaram perdas na casa de 1,66%.
Um dos motivos citados pelos analistas para a reação negativa dos investidores à notícia é a perspectiva de que a Auren tenha pagado caro demais pela AES Brasil.
O valor da transação não foi revelado. Porém, nas contas do JP Morgan, a AES Corp deve receber R$ 3,3 bilhões ou US$ 640 milhões em dinheiro por sua participação de 47,3% na brasileira.
Leia Também
Mas para o CEO da Auren, o valor desembolsado para adquirir a companhia foi “justo”, uma vez que existe “muito a explorar em sinergias”.
“O preço de mercado da ação da AES Brasil reflete o momento atual. Nós vamos agregar ainda mais valor para acionistas após consolidação”, disse o executivo.
- Onde investir neste mês? Veja 10 ações em diferentes setores da economia para buscar lucros. Baixe o relatório gratuito aqui.
Auren (AURE3) e AES Brasil (AESB3): vem sinergia pela frente
Com a aquisição, a AES Brasil será transformada em subsidiária integral da Auren, com a unificação das bases acionárias das duas empresas no Novo Mercado.
Os acionistas da AES Brasil também poderão escolher se receberão ações da Auren, pagamento em dinheiro — R$ 11,55 por papel, prêmio de 18% em relação ao último fechamento — ou uma combinação dos dois. Veja aqui os detalhes do negócio.
A expectativa é que a transação resulte em uma economia de R$ 1,2 bilhão em sinergias, incluindo a redução de despesas gerais e administrativas combinadas em R$ 125 milhões por ano.
Segundo o CEO da Auren, será necessário avaliar o portfólio da AES Brasil para entender a possibilidade de desinvestimentos ou melhorias, como estão os parques eólicos da companhia, que registraram um desempenho fraco no primeiro trimestre de 2024.
Para Zanfelice, alguns ativos da AES “precisam de ajuste para melhorar performance e rentabilizar, enquanto existem outros ativos de menor porte que não fazem parte da estratégia.”
“A gente tem avaliado alguns ativos que de fato não têm escala e nem possuem geograficamente alguma combinação com algum outro ativo para definir quais podem ser alvo de desinvestimento”, afirmou.
“Mas não existe nenhum ativo ali que não nos interessa do ponto de vista que não tenha qualidade. Nos ativos que não estão performando, vemos oportunidade de melhorar a qualidade de performance.”
Questionado sobre as concessões hidrelétricas da companhia adquirida que vencerão em 2032, o CEO da Auren afirmou que não considerou a renovação dos ativos na compra. “Vemos hidrelétricas como oportunidade caso haja algum leilão de relicitação.”
O presidente da Auren ainda prevê uma otimização no quadro de funcionários, já que “é esperado que tenha muitas áreas replicadas nas duas companhias”, além de dedução de sistemas, materiais e serviços.
“Essa redução acontece de uma maneira célere já no primeiro ano. Estamos correndo para realizar isso o mais rápido possível, porque, quanto mais rapidamente fizermos, mais a gente agrega.”
Além disso, nas contas do BTG Pactual, a Auren possui prejuízo fiscal de R$ 783 milhões que poderia ser utilizado para compensar o lucro tributável esperado gerado pela AES, gerando um valor presente líquido (VPL) positivo de R$ 232 milhões.
Os analistas ainda acreditam que outras sinergias possam surgir com o negócio, incluindo a melhoria do desempenho do portfólio da AES sem grandes investimentos adicionais, além de um melhor mix de portfólio, ganhos com benefícios fiscais e uma gestão de passivos.
- [Carteira recomendada] 10 ações brasileiras para investir agora e buscar lucros – baixe o relatório gratuito
Por que AESB3 dispara na B3 — enquanto AURE3 cai forte
Para o BTG Pactual, ainda que as sinergias possam desbloquear valor para a companhia, o sentimento negativo deve prevalecer.
Segundo os analistas, o preço pago pela AES Brasil “parece esticado”, implicando em uma taxa interna de retorno (TIR) real de 7,9%, contra a TIR de 9% de Auren.
Para o banco, a expansão das energias renováveis tem sofrido com um cenário de preços baixos da energia, taxas de juro crescentes e condições de vento mais fracas — que inclusive foram um dos principais detratores do balanço da AES Brasil no primeiro trimestre de 2024.
Não bastasse o cenário difícil para a energia verde, o mercado ainda tem uma visão bastante desfavorável dos ativos da AES,reflexo dos recentes problemas operacionais e a significativa exposição a eventos de curtailment, as reduções involuntárias na produção de energia das usinas
“Embora o mercado reconheça o histórico de execução da Auren e tenha confiança na sua equipe para implementar essas mudanças, é improvável que pague antecipadamente por isso”, destacam os analistas.
Outro receio é que a aquisição da AES resulte em uma redução do nível de distribuição de dividendos da Auren, pelo menos no curto prazo. Afinal, a empresa recentemente despontou como uma das principais indicações dos analistas para investidores em busca de proventos no setor elétrico.
Porém, segundo o CEO Fabio Zanfelice, a estratégia da Auren já “leva em conta o pagamento recorrente de dividendos”.
- 10 ações para investir neste mês: veja a carteira recomendada da analista Larissa Quaresma, baixando este relatório gratuito.
Um negócio “ganha-ganha”
Segundo os analistas do JP Morgan, se analisada apenas a taxa interna de retorno (TIR) real estimada para AESB3, de 7,4%, a Auren pagou caro pela AES Brasil.
Porém, isso seria uma “avaliação simplista demais”, de acordo com o banco norte-americano, já que “não consegue captar todos os benefícios e a geração de valor da combinação de negócios”.
Na avaliação do JP Morgan, o negócio realmente é mais vantajoso para a AES Brasil (AESB3). Porém, os analistas acreditam que, como a Auren (AURE3) tem muitos frutos para colher, o negócio traz ganho mútuo para ambas as empresas.
“Apesar do prêmio claro para AESB3, precisamos de ter em consideração vários fatores de extração de valor para AURE3, tais como sinergias operacionais, benefícios fiscais, utilização de créditos fiscais e ganhos de escala.”
“A AES Brasil era, em termos de perfil, quase como um irmão gêmeo. Além disso, tornaria Auren mais de 2x maior. A questão era preço, e Auren finalmente encontrou um número que, em nossa opinião, determina um resultado ganha-ganha para ambas as empresas”, escreveu o banco norte-americano, em relatório
Atualmente o banco possui um preço-alvo de R$ 10,50 por ação da AESB3 até dezembro de 2024. Porém, os analistas acreditam que a incorporação dos ativos pela Auren aumenta o valor dos ativos devido aos ganhos de sinergia operacional, financeira e tributária.
Na visão do JP Morgan, a aquisição da AES Brasil pela Auren Energia traz cinco principais benefícios:
- Economia de R$ 1,2 bilhão em sinergias;
- Maior benefício fiscal na empresa combinada devido ao nível mais elevado de alavancagem;
- Utilização mais rápida dos créditos fiscais originados pela antiga estatal do Estado de São Paulo, a Cesp, ao incorporar as usinas hidrelétricas da AES, com ganho de aproximadamente R$ 350 milhões;
- Melhora da disponibilidade dos ativos hídricos e eólicos da AES Brasil pela Auren, aumentando o faturamento;
- Maior diversificação de portfólio permitindo que a nova Auren capture margens de geração mais altas, potencializadas pelo aumento de comercialização.
Na avaliação do banco, o novo mix de geração das empresas será 54% hídrico, 36% eólico e 10% solar, o que permitirá uma melhor otimização de preços no futuro.
Os analistas mantiveram a recomendação de “overweight”, equivalente a compra, para as ações AURE3 — especialmente diante da queda dos papéis hoje, que “torna a Auren ainda mais barata”.
O banco fixou um preço-alvo de 15,50 para o fim deste ano, um potencial de valorização de 28,8% em relação ao último fechamento.
VEJA TAMBÉM — O barato saiu caro para a Auren? Fusão com a AES Brasil derruba AURE3 na bolsa
Nvidia (NVDC34) vê lucro mais que dobrar no ano — então, por que as ações caem 5% hoje? Entenda o que investidores viram de ruim no balanço
Ainda que as receitas tenham chegado perto dos 100% de crescimento, este foi o primeiro trimestre com ganhos percentuais abaixo de três dígitos na comparação anual
Do pouso forçado às piruetas: Ibovespa volta do feriado com bolsas internacionais em modo de aversão ao risco e expectativa com pacote
Investidores locais aguardam mais detalhes do pacote fiscal agora que a contribuição do Ministério da Defesa para o ajuste é dada como certa
Que crise? Weg (WEGE3) quer investir US$ 62 milhões na China para aumentar capacidade de fábrica
O investimento será realizado nos próximos anos e envolve um plano que inclui a construção de um prédio de 30 mil m², com capacidade para fabricação de motores de alta tensão
Como a Embraer (EMBR3) passou de ameaçada pela Boeing a rival de peso — e o que esperar das ações daqui para frente
Mesmo com a disparada dos papéis em 2024, a perspectiva majoritária do mercado ainda é positiva para a Embraer, diante das avenidas potenciais de crescimento de margens e rentabilidade
Após incorporação da AES Brasil, Auren (AURE3) aprova primeira recompra de ações — confira os detalhes do programa
Em fato relevante ao mercado, a empresa afirmou que o programa terá duração de 18 meses, encerrando em 19 de maio de 2026
É hora de colocar na carteira um novo papel: Irani (RANI3) pode saltar 45% na B3 — e aqui estão os 3 motivos para comprar a ação, segundo o Itaú BBA
O banco iniciou a cobertura das ações RANI3 com recomendação “outperform”, equivalente a compra, e com preço-alvo de R$ 10,00 para o fim de 2025
Em busca de dividendos? Curadoria seleciona os melhores FIIs e ações da bolsa para os ‘amantes’ de proventos (PETR4, BBAS3 e MXRF11 estão fora)
Money Times, portal parceiro do Seu Dinheiro, liberou acesso gratuito à carteira Double Income, que reúne os melhores FIIs, ações e títulos de renda fixa para quem busca “viver de renda”
R$ 4,1 bilhões em concessões renovadas: Copel (CPLE6) garante energia para o Paraná até 2054 — e esse banco explica por que você deve comprar as ações
Companhia paranaense fechou o contrato de 30 anos referente a concessão de geração das usinas hidrelétricas Foz do Areia, Segredo e Salto Caxias
Ações da Embraer (EMBR3) chegam a cair mais de 4% e lideram perdas do Ibovespa. UBS BB diz que é hora de desembarcar e Santander segue no voo
O banco suíço rebaixou a recomendação para os papéis da Embraer de neutro para venda, enquanto o banco de origem espanhola seguiu com a indicação de compra; entenda por que cada um pegou uma rota diferente
Equatorial (EQTL3) tem retorno de inflação +20% ao ano desde 2010 – a gigante de energia pode gerar mais frutos após o 3T24?
Ações da Equatorial saltaram na bolsa após resultados fortes do 3º tri; analistas do BTG calculam se papel pode subir mais após disparada nos últimos anos
‘Mãe de todos os ralis’ vem aí para a bolsa brasileira? Veja 3 razões para acreditar na disparada das ações, segundo analista
Analista vê três fatores que podem “mudar o jogo” para o Ibovespa e a bolsa como um todo após um ano negativo até aqui; saiba mais
A B3 vai abrir no dia da Consciência Negra? Confira o funcionamento da bolsa, bancos e Correios na estreia do novo feriado nacional
É a primeira vez que o Dia da Consciência Negra consta no calendário dos feriados nacionais. Como de costume, as comemorações devem alterar o funcionamento dos principais serviços públicos
Grupo Mateus: Santander estabelece novo preço-alvo para GMAT3 e prevê valorização de 33% para as ações em 2025; saiba se é hora de comprar
O banco reduziu o preço-alvo para os papéis da varejista de alimentos em relação à 2024, mas mantém otimismo com crescimento e parceria estratégica
Rali do Trump Trade acabou? Bitcoin (BTC) se estabiliza, mas analistas apontam eventos-chave para maior criptomoeda do mundo chegar aos US$ 200 mil
Mercado de criptomoedas se aproxima de uma encruzilhada: rumo ao topo ou a resultados medianos? Governo Trump pode ter a chave para o desfecho.
Localiza: após balanço mais forte que o esperado no 3T24, BTG Pactual eleva preço-alvo para RENT3 e agora vê potencial de alta de 52% para a ação
Além dos resultados trimestrais, o banco considerou as tendências recentes do mercado automotivo e novas projeções macroeconômicas; veja a nova estimativa
Ações da Oi (OIBR3) saltam mais de 100% e Americanas (AMER3) dispara 41% na bolsa; veja o que impulsiona os papéis das companhias em recuperação judicial
O desempenho robusto da Americanas vem na esteira de um balanço melhor que o esperado, enquanto a Oi recupera fortes perdas registradas na semana passada
Cemig (CMIG4) e Copasa (CSMG3) voltam a ficar no radar das privatizações e analistas dizem qual das duas tem mais chance de brilhar
Ambas as empresas já possuem capital aberto na bolsa, mas o governo mineiro é quem detém o controle das empresas como acionista majoritário
O fim da temporada — ou quase: balanço da Nvidia ainda movimenta semana, que conta com novo feriado no Brasil
Enquanto isso, as bolsas internacionais operam sem um sinal único, sofrendo ajustes após o rali do Trump Trade dos últimos dias
Lucro dos bancos avança no 3T24, mas Selic alta traz desafios para os próximos resultados; veja quem brilhou e decepcionou na temporada de balanços
Itaú mais uma vez foi o destaque entre os resultados; Bradesco avança em reestruturação e Nubank ameaça desacelerar, segundo analistas
G20: Ministério de Minas e Energia assina acordo com a chinesa State Grid para transferência de tecnologia
A intenção é modernizar o parque elétrico brasileiro e beneficiar instituições de ensino e órgãos governamentais