CEO da AES Brasil (AESB3) revela o principal “culpado” do prejuízo no 1T24 — e prevê nova pressão daqui para frente
Enquanto o El Niño se prepara para deixar os holofotes, um outro fenômeno climático deve bater nas operações da empresa de energia renovável em 2024

Dizem que ventos fracos não movem moinhos — e, ao que parece, nem o balanço da AES Brasil (AESB3). A companhia de geração de energias renováveis registrou um prejuízo líquido de R$ 102,4 milhões no primeiro trimestre de 2024, revertendo o lucro de R$ 60,4 milhões apurado no mesmo intervalo do ano passado, uma derrocada de 269,5%.
Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, indicador usado pelo mercado como medida da capacidade de geração de caixa) ajustado caiu 10,2% na base anual, para R$ 367,6 milhões.
A receita líquida conseguiu registrar leve expansão de 5,4% em relação aos três primeiros meses de 2023, para R$ 828 milhões.
No período, o custo da AES Brasil com energia, que considera encargos setoriais e de transmissão, piorou 30,5% no comparativo ano a ano, para gastos da ordem de R$ 295,4 milhões.
Enquanto isso, a geração total de energia caiu 16,8% em base anual, para 3,8 mil gigawatts-hora no primeiro trimestre de 2024.
O maior recuo geracional, de 25,1%, veio das hídricas, impactado por um “período de chuvas frustrado”, segundo a empresa, e afluências abaixo da média. Enquanto isso, a geração eólica e a solar registraram aumento de 9,7% e 5,4%, respectivamente.
Leia Também
De acordo com o CEO Rogério Pereira Jorge, os indicadores da AES Brasil foram impactados por um regime de ventos mais fraco, especialmente na região Nordeste, com maior impacto nos estados da Bahia, Rio Grande do Norte e Ceará, onde estão localizados alguns dos parques eólicos da empresa.
“Realmente foi um trimestre muito ruim, do ponto de vista de performance de ventos, em todo o país, com exceção da região Sul”, afirmou o CEO, em conferência de resultados com o mercado.
Já do lado das hidrelétricas, Pereira Jorge destacou o impacto negativo de um “período hídrico frustrado”.
“O cenário da última estação chuvosa de outubro do ano passado até abril deste ano foi bastante desafiador, se destacando com uma das piores afluências. Esse período com chuva abaixo da média resultou em uma redução no volume máximo dos reservatórios, de 80% para 66%, justamente quando se esperava uma recuperação significativa desses reservatórios.”
As ações da AES Brasil (AESB3) operam em queda na bolsa brasileira. Os papéis fecharam em queda de 0,83%, a R$ 9,51. No ano, a empresa de geração de energia renovável acumula desvalorização de 22% na B3.
De olho no endividamento da AES Brasil
Uma das preocupações do mercado em relação à AES Brasil (AESB3) é o nível de endividamento da empresa de geração de energias renováveis.
A dívida bruta consolidada da empresa apresentou leve recuo de 2,2% contra o mesmo período de 2023, a R$ 11,7 bilhões. Já o endividamento líquido avançou 24,7% na mesma base, a R$ 9,24 bilhões.
Por sua vez, a alavancagem, mensurada pela relação dívida líquida sobre Ebitda ajustado, subiu para 5,64 vezes.
Segundo o CEO Rogério Pereira Jorge, a companhia continua focada na gestão do endividamento, com estratégia de financiamento de longo prazo em substituição aos de curto prazo.
“Esse movimento vem alongando o prazo médio e aumentando a exposição da companhia ao IPCA, o que serve como hedge [proteção] natural, uma vez que os nossos contratos de vendas são atualizados por esse mesmo indicador”, afirmou Pereira Jorge.
Na avaliação de José Simão, diretor financeiro (CFO) e de relações com investidores (DRI), a tendência é que a AES Brasil mantenha uma trajetória decrescente de alavancagem até o final do ano, com meta de atingir um múltiplo entre 3,5 vezes a 4 vezes no médio prazo.
- Quer receber em primeira mão as análises dos balanços do 1T24? Clique aqui para receber relatórios de investimentos gratuitos, feitos pelos profissionais da Empiricus Research.
‘Efeito La Niña’
E enquanto o El Niño se prepara para deixar os holofotes, a perspectiva da AES Brasil (AESB3) é que outro evento climático venha a atrapalhar as operações da empresa daqui para frente: a La Niña.
Esperado para chegar no segundo semestre de 2024, esse fenômeno normalmente traz temperaturas mais altas e tende a gerar chuvas mais fortes no Norte e Nordeste e escassez de chuvas na região Sul.
“Isso pode aumentar a demanda por energia no país, especialmente para fins de refrigeração, o que acaba por gerar uma pressão a mais em nosso sistema, já que não é possível garantir que não haverá possibilidade das alterações na bandeiras tarifárias e, consequentemente, no valor das contas de energia”, disse o CEO, em conferência.
“Precisamos ser cautelosos quanto ao timing e precisão das previsões. Mas olhando para frente, já observamos uma pressão a partir do meio do ano. Não podemos mais depender da precipitação para recuperar os níveis de reservatório, pois o volume potencial é muito baixo, mesmo que com chuvas próximas às médias.”
Não bastasse o impacto nas hidrelétricas, a La Niña pode também afetar a geração eólica da AES Brasil, já que a região em que os ativos eólicos da empresa estão localizados é justamente onde se espera mais chuvas no Brasil.
O fenômeno climático ainda tende a afetar o desempenho da energia solar, já que as altas temperaturas influenciam negativamente a performance das placas solares.
- Decifrando os números do 1T24: veja quais são as ações que você deve comprar, vender ou ficar neutro, na opinião dos analistas.
O que dizem os analistas sobre a AES Brasil (AESB3)
Na avaliação do JP Morgan, o Ebitda foi o maior detrator do resultado da AES Brasil (AESB3), que ficou fortemente abaixo do esperado pelos analistas devido aos “maus resultados eólicos”.
“Apesar das adições de capacidade no negócio eólico, o desempenho da energia eólica foi fraco, levando à erosão das margens e a uma contração do Ebitda numa base anual”, afirma o banco norte-americano.
Os custos operacionais e despesas gerais e administrativas também vieram piores que o esperado, a R$ 193,1 milhões no primeiro trimestre, um avanço de 19% frente a igual intervalo do ano anterior.
“As despesas financeiras líquidas foram muito maiores a cada ano devido à elevação do endividamento e das taxas de juros, e um pouco piores do que o esperado. Apesar da menor despesa tributária, o lucro por equivalência patrimonial também não ajudou, agravando ainda mais a perda.”
Nas contas do JP Morgan, a ação da AES Brasil (AESB3) negocia a uma taxa interna de retorno (TIR) implícita de 11%, em reais.
Assembleia do GPA (PCAR3) ganha apoio de peso e ações sobem 25%: Casino e Iabrudi sinalizam que também querem mudanças no conselho
Juntos, os acionistas somam quase 30% de participação no grupo e são importantes para aprovar ou recusar as propostas feitas pelo fundo controlado por Tanure
Trump-palooza: Alta tensão com tarifaço dos EUA força cautela nas bolsas internacionais e afeta Ibovespa
Donald Trump vai detalhar no fim da tarde de hoje o que chama de tarifas “recíprocas” contra países que “maltratam” os EUA
Lucro do Banco Master, alvo de compra do BRB, dobra e passa de R$ 1 bilhão em 2024
O banco de Daniel Vorcaro divulgou os resultados após o término do prazo oficial para a apresentação de balanços e em meio a um negócio polêmico com o BRB
Brasil não aguarda tarifas de Trump de braços cruzados: o último passo do Congresso antes do Dia da Libertação dos EUA
Enquanto o Ibovespa andou com as próprias pernas, o Congresso preparava um projeto de lei para se defender de tarifas recíprocas
Tupy (TUPY3): Troca polêmica de CEO teve voto contrário de dois conselheiros; entenda o imbróglio
Minoritários criticaram a troca de comando na metalúrgica, e o mercado reagiu mal à sucessão; ata da reunião do Conselho divulgada ontem mostra divergência de votos entre os conselheiros
Natura &Co é avaliada em mais de R$ 15 bilhões, em mais um passo no processo de reestruturação — ações caem 27% no ano
No processo de simplificação corporativa após massacre na bolsa, Natura &Co divulgou a avaliação do patrimônio líquido da empresa
Vale (VALE3) garante R$ 1 bilhão em acordo de joint venture na Aliança Energia e aumenta expectativa de dividendos polpudos
Com a transação, a mineradora receberá cerca de US$ 1 bilhão e terá 30% da nova empresa, enquanto a GIP ficará com 70%
Trump preocupa mais do que fiscal no Brasil: Rodolfo Amstalden, sócio da Empiricus, escolhe suas ações vitoriosas em meio aos riscos
No episódio do podcast Touros e Ursos desta semana, o sócio-fundador da Empiricus, Rodolfo Amstalden, fala sobre a alta surpreendente do Ibovespa no primeiro trimestre e quais são os riscos que podem frear a bolsa brasileira
Michael Klein de volta ao conselho da Casas Bahia (BHIA3): Empresário quer assumir o comando do colegiado da varejista; ações sobem forte na B3
Além de sua volta ao conselho, Klein também propõe a destituição de dois membros atuais do colegiado da varejista
Ex-CEO da Americanas (AMER3) na mira do MPF: Procuradoria denuncia 13 antigos executivos da varejista após fraude multibilionária
Miguel Gutierrez é descrito como o principal responsável pelo rombo na varejista, denunciado por crimes como insider trading, manipulação e organização criminosa
Em busca de proteção: Ibovespa tenta aproveitar melhora das bolsas internacionais na véspera do ‘Dia D’ de Donald Trump
Depois de terminar março entre os melhores investimentos do mês, Ibovespa se prepara para nova rodada da guerra comercial de Trump
Trump Media estreia na NYSE Texas, mas nova bolsa ainda deve enfrentar desafios para se consolidar no estado
Analistas da Bloomberg veem o movimento da empresa de mídia de Donald Trump mais como simbólico do que prático, já que ela vai seguir com sua listagem primária na Nasdaq
Mais valor ao acionista: Oncoclínicas (ONCO3) dispara quase 20% na B3 em meio a recompra de ações
O programa de aquisição de papéis ONCO3 foi anunciado dias após um balanço aquém das expectativas no quarto trimestre de 2024
Ainda dá para ganhar com as ações do Banco do Brasil (BBAS3) e BTG Pactual (BPAC11)? Não o suficiente para animar o JP Morgan
O banco norte-americano rebaixou a recomendação para os papéis BBAS3 e BPAC11, de “outperform” (equivalente à compra) para a atual classificação neutra
Casas Bahia (BHIA3) quer pílula de veneno para bloquear ofertas hostis de tomada de controle; ação quadruplica de valor em março
A varejista propôs uma alteração do estatuto para incluir disposições sobre uma poison pill dias após Rafael Ferri atingir uma participação de cerca de 5%
Tanure vai virar o alto escalão do Pão de Açúcar de ponta cabeça? Trustee propõe mudanças no conselho; ações PCAR3 disparam na B3
A gestora quer propor mudanças na administração em busca de uma “maior eficiência e redução de custos” — a começar pela destituição dos atuais conselheiros
Vale tudo na bolsa? Ibovespa chega ao último pregão de março com forte valorização no mês, mas de olho na guerra comercial de Trump
O presidente dos Estados Unidos pretende anunciar na quarta-feira a imposição do que chama de tarifas “recíprocas”
Agenda econômica: Payroll, balança comercial e PMIs globais marcam a semana de despedida da temporada de balanços
Com o fim de março, a temporada de balanços se despede, e o início de abril chama atenção do mercado brasileiro para o relatório de emprego dos EUA, além do IGP-DI, do IPC-Fipe e de diversos outros indicadores
O e-commerce das brasileiras começou a fraquejar? Mercado Livre ofusca rivais no 4T24, enquanto Americanas, Magazine Luiza e Casas Bahia apanham no digital
O setor de varejo doméstico divulgou resultados mistos no trimestre, com players brasileiros deixando a desejar quando o assunto são as vendas online
Nova York em queda livre: o dado que provoca estrago nas bolsas e faz o dólar valer mais antes das temidas tarifas de Trump
Por aqui, o Ibovespa operou com queda superior a 1% no início da tarde desta sexta-feira (28), enquanto o dólar teve valorização moderada em relação ao real