BRF (BRFS3) volta a ser empresa “de dono” e mais que dobra de valor na B3. O que está por trás da disparada — e o que esperar das ações
Agora “oficialmente” sob controle da Marfrig, BRF acumula alta de mais de 170% em 12 meses na B3; saiba o que os analistas pensam da empresa de proteínas
Enquanto o setor de frigoríficos parece ter ficado “na geladeira” na B3 em 2024, a BRF (BRFS3) teve um início de ano brilhante na bolsa brasileira, com uma valorização de quase 22% das ações só no acumulado deste ano.
Se elevarmos o horizonte de tempo para 12 meses, os papéis da dona da Sadia e Perdigão mais do que dobraram de preço, com alta de 171% em um ano. Trata-se de longe do melhor desempenho do setor na B3.
O desempenho da BRF veio na esteira de duas principais notícias. A primeira foi a chegada de um novo controlador “de fato” depois que a Marfrig alcançou mais de 50% do capital da companhia no fim do ano passado.
Mais recentemente, o mercado se animou com a divulgação de um balanço acima das expectativas no quarto trimestre de 2023.
Acontece que o impulso dos papéis não se traduz integralmente em otimismo por parte dos analistas. As ações da empresa atualmente contam com apenas quatro recomendações de compra, enquanto somam sete recomendações de manutenção, de acordo com dados da plataforma TradeMap.
- 10 ações para investir neste mês: veja a carteira recomendada da analista Larissa Quaresma, baixando este relatório gratuito.
BRF (BRFS3): o poder de um dono?
Na visão de analistas e gestores com quem conversei para essa matéria, após uma longa trajetória de prejuízos, a dona da Sadia parece ter enfim deixado para trás os dias de luta — especialmente agora que a companhia voltou a ter “dono”.
Leia Também
Relembrando rapidamente, a empresa esteve mal das pernas por muito tempo, principalmente após a reengenharia proposta pelo empresário Abilio Diniz, que destacava o sonho de transformar a BRF na “Ambev do frango” em 2013, quando conselheiro da companhia.
Vale lembrar que Abilio esteve à frente do conselho de administração da empresa por cinco anos, até sua saída tumultuada em 2018 após embates com outros acionistas sobre a condução do negócio, especialmente fundos de pensão, como Previ e Petros.
Na condição de “corporation” — ou seja, com o capital pulverizado na bolsa — a BRF chegou a valer mais de R$ 60 bilhões em meados de 2015. Mas logo depois a empresa entrou em uma espiral negativa que envolveu disputas societárias, problemas de qualidade na produção e alta nos custos das matérias-primas.
O fim do longo inferno astral da dona da Sadia e da Perdigão coincidiu com a entrada da Marfrig no capital da empresa. Depois de montar posição, o grupo de Marcos Molina foi abocanhando cada vez mais fatias da BRF depois que os acionistas derrubaram a chamada "pílula de veneno" (poison pill).
A cláusula do estatuto obrigava qualquer acionista que alcançasse mais de um terço do capital a lançar uma oferta por todas as ações no mercado.
Após a derrubada da pílula de veneno, a Marfrig injetou dinheiro novo na companhia em uma oferta de ações (follow-on) bilionária na B3 e se tornou controladora no fim de 2023, após atingir 50,08% de participação.
BRF (BRFS3): balanço animador
No fim de fevereiro, a BRF (BRFS3) também animou o mercado com a divulgação do balanço do quarto trimestre de 2023, que veio acima das expectativas dos analistas em quase todas as linhas do resultado e com avanços robustos em relação ao mesmo período do ano anterior. Confira:
- Lucro líquido: R$ 754 milhões (+178%)
- Ebitda ajustado: R$ 1,9 bilhão (+76,3%)
- Margem Ebitda ajustado: 13,2% (+5,9 pontos percentuais)
A queda nos preços do milho também beneficiou a companhia, uma vez que o principal custo da BRF vem da commodity agrícola.
O que esperar da BRF (BRFS3)
A maior parte do mercado ainda não se convenceu de que a melhora da BRF (BRFS3) veio para ficar e acredita que o salto das ações pode ser apenas um “voo de galinha”.
Tanto que a maior parte dos analistas se mantém com recomendação neutra, com a visão de que as cotações atuais dos papéis já refletem a melhora nos fundamentos da empresa.
Para um gestor comprado no papel com quem eu conversei, parte dessa visão deve-se justamente à descrença do mercado, que está “traumatizado” com o passado da BRF e não está totalmente confiante para retomar a aposta na empresa de processados.
“É um ativo muito bom, mas foram dez anos da empresa sendo mal tocada e agora tem chance grande de ser feito um bom trabalho.”
"Ativo irreplicável"
Há quem diga ainda que, por mais que a concorrência tenha aumentado ao longo dos anos, a BRF é um “ativo irreplicável a curto prazo”, dada a demora de construção de uma marca forte no mercado e a “essencialidade do produto” que ela comercializa.
A XP Investimentos também está otimista com o futuro da BRF e possui recomendação de compra para os papéis BRFS3, com preço-alvo de R$ 18,30 para o fim de 2024, implicando em um potencial de alta de 8,3%. Os papéis, aliás, são a principal escolha da corretora no setor de alimentos e bebidas.
Os analistas projetam uma possibilidade relevante de continuidade de queda nos preços do milho — que, juntamente com o desempenho favorável de exportações e as perspectivas positivas de oferta e demanda global de frango, “devem se traduzir em um forte impulso de lucros ao longo de 2024”.
A XP acredita estar antecipando um próximo processo de reavaliação dos papéis, que “deve ser impulsionado pela melhoria da dinâmica do fluxo de caixa livre (FCF), redução da volatilidade das margens e histórico da nova gestão”.
“Prevemos uma perspectiva mais favorável para o fluxo de caixa livre e uma recuperação da margem impulsionada por preços favoráveis de rações e perspectivas domésticas e internacionais promissoras”, escreveram os analistas.
Procurada pelo Seu Dinheiro, a BRF não deu entrevista.
Vem fusão pela frente?
Uma das dúvidas sobre o futuro da BRF é sobre a possibilidade de uma eventual fusão com a Marfrig (MRFG3). Lembrando que as companhias já tentaram uma união em 2019, mas o casamento não foi para frente.
Mas é quase consenso no mercado que a operação não deve acontecer no curto prazo, uma vez que o grupo de Marcos Molina acabaria com uma fatia proporcionalmente menor da empresa combinada.
“Quando pensamos em sinergias, quase não vemos na parte de originação, as indústrias também são separadas. Na parte de comercialização começa a aparecer um pouco mais de possibilidade, com um portfólio mais diversificado dando maior poder de negociação com os clientes”, disse Leonardo Alencar, head de agro, alimentos e bebidas da XP.
Para Alencar, ainda estaria na mesa a chance de uma aquisição de papéis BRFS3 por parte de Marcos Molina antes de uma potencial fusão entre a BRF e a Marfrig.
Incertezas no futuro e a visão dos analistas
A possibilidade de fusão com a Marfrig não é a única incerteza que paira sobre os negócios da BRF (BRFS3).
É importante lembrar que a BRF faz parte de um mercado cíclico, então a rentabilidade do negócio está diretamente ligada à oferta e demanda dos produtos vendidos pela companhia. Ou seja, o aumento da oferta de frangos, por exemplo, adicionaria pressão à empresa.
De acordo com o BTG Pactual, “um balanço saudável pode fazer a diferença em indústrias cíclicas” — e, segundo os analistas, a empresa deve entregar resultados fortes no início do ano, “sustentando a dinâmica de lucros em uma ação historicamente pró-cíclica”.
Vale destacar que o banco possui recomendação neutra para as ações devido ao nível de valuation da empresa e às margens mais normalizadas.
Outra questão que impacta o setor de frigoríficos como um todo é o risco sanitário. Caso haja alguma crise nesse sentido — como gripe suína, por exemplo — no exterior, a situação seria positiva para as produtoras brasileiras de carnes. Já se uma situação dessas acontecesse no Brasil, as empresas de alimentos processados seriam penalizadas.
Na visão da Genial Investimentos, a incerteza quanto à sustentação das melhorias operacionais no mercado internacional levanta preocupações, já que algumas regiões ainda enfrentam baixos preços de venda.
Outras duas questões deixam os analistas com uma postura conservadora em relação às ações da BRF: o histórico da companhia em queimar caixa após captações e a intensa concorrência da Seara e de players regionais.
A Genial possui recomendação de manutenção para as ações BRFS3, com preço-alvo de R$ 17 para os próximos 12 meses, implicando em uma leve alta de 0,7%.
VEJA TAMBÉM - O que realmente está acontecendo com a economia da China? Catástrofe é real? Grandes tubarões do mercado respondem
Outras preferências
Já o Itaú BBA destaca a preferência por outros players de proteínas: JBS (JBSS3) e Minerva (BEEF3). O banco possui recomendação neutra para os papéis BRFS3, com preço-alvo de R$ 11 para o fim de 2024, uma queda potencial de 34%.
Para os analistas, a continuidade dos ventos favoráveis do programa de eficiência BRF Mais pode ser um impulso adicional para a companhia, além da “dinâmica saudável" de oferta de frangos ao longo de 2024.
Na análise do Bank of America (BofA), a JBS e a Marfrig (MRFG3) apresentam melhor relação de risco/retorno no setor de frigoríficos. “Preferimos estar expostos à BRF através da Marfrig, com classificação de compra.”
Segundo o BofA, a BRF possui “potencial de retorno limitado das ações após a recuperação recente”, mas os analistas destacam a possibilidade de revisões para cima das estimativas para a companhia.
“Embora 2024 deva ser um ano de forte recuperação do Ebitda, parece que isso já está precificado”, escreveram os analistas. Atualmente, o banco possui recomendação de “underperform” — equivalente a “venda” — para os papéis BRFS3, com preço-alvo de R$ 15,30, uma leve baixa potencial de 9,3%.
“Os investidores locais parecem ter adotado uma postura mais cautelosa em relação à BRF”, escreveram os analistas. “Mas reconhecemos que o impulso da BRF é forte demais para ser ignorado.”
A arma mais poderosa de Putin (até agora): Rússia cruza linha vermelha contra a Ucrânia e lança míssil com capacidade nuclear
No início da semana, Kiev recebeu autorização dos EUA para o uso de mísseis supersônicos; agora foi a vez de Moscou dar uma resposta
O Google vai ser obrigado a vender o Chrome? Itaú BBA explica por que medida seria difícil — mas ações caem 5% na bolsa mesmo assim
Essa seria a segunda investida contra monopólios ilegais nos EUA, desde a tentativa fracassada de desmembrar a Microsoft, há 20 anos
Nvidia (NVDC34) vê lucro mais que dobrar no ano — então, por que as ações caem 5% hoje? Entenda o que investidores viram de ruim no balanço
Ainda que as receitas tenham chegado perto dos 100% de crescimento, este foi o primeiro trimestre com ganhos percentuais abaixo de três dígitos na comparação anual
Do pouso forçado às piruetas: Ibovespa volta do feriado com bolsas internacionais em modo de aversão ao risco e expectativa com pacote
Investidores locais aguardam mais detalhes do pacote fiscal agora que a contribuição do Ministério da Defesa para o ajuste é dada como certa
Que crise? Weg (WEGE3) quer investir US$ 62 milhões na China para aumentar capacidade de fábrica
O investimento será realizado nos próximos anos e envolve um plano que inclui a construção de um prédio de 30 mil m², com capacidade para fabricação de motores de alta tensão
Como a Embraer (EMBR3) passou de ameaçada pela Boeing a rival de peso — e o que esperar das ações daqui para frente
Mesmo com a disparada dos papéis em 2024, a perspectiva majoritária do mercado ainda é positiva para a Embraer, diante das avenidas potenciais de crescimento de margens e rentabilidade
Quais os planos da BRF com a compra da fábrica de alimentos na China por US$ 43 milhões
Empresa deve investir outros US$ 36 milhões para dobrar a capacidade da nova unidade, que abre caminho para expansão de oferta
É hora de colocar na carteira um novo papel: Irani (RANI3) pode saltar 45% na B3 — e aqui estão os 3 motivos para comprar a ação, segundo o Itaú BBA
O banco iniciou a cobertura das ações RANI3 com recomendação “outperform”, equivalente a compra, e com preço-alvo de R$ 10,00 para o fim de 2025
Em busca de dividendos? Curadoria seleciona os melhores FIIs e ações da bolsa para os ‘amantes’ de proventos (PETR4, BBAS3 e MXRF11 estão fora)
Money Times, portal parceiro do Seu Dinheiro, liberou acesso gratuito à carteira Double Income, que reúne os melhores FIIs, ações e títulos de renda fixa para quem busca “viver de renda”
R$ 4,1 bilhões em concessões renovadas: Copel (CPLE6) garante energia para o Paraná até 2054 — e esse banco explica por que você deve comprar as ações
Companhia paranaense fechou o contrato de 30 anos referente a concessão de geração das usinas hidrelétricas Foz do Areia, Segredo e Salto Caxias
Ações da Embraer (EMBR3) chegam a cair mais de 4% e lideram perdas do Ibovespa. UBS BB diz que é hora de desembarcar e Santander segue no voo
O banco suíço rebaixou a recomendação para os papéis da Embraer de neutro para venda, enquanto o banco de origem espanhola seguiu com a indicação de compra; entenda por que cada um pegou uma rota diferente
Equatorial (EQTL3) tem retorno de inflação +20% ao ano desde 2010 – a gigante de energia pode gerar mais frutos após o 3T24?
Ações da Equatorial saltaram na bolsa após resultados fortes do 3º tri; analistas do BTG calculam se papel pode subir mais após disparada nos últimos anos
‘Mãe de todos os ralis’ vem aí para a bolsa brasileira? Veja 3 razões para acreditar na disparada das ações, segundo analista
Analista vê três fatores que podem “mudar o jogo” para o Ibovespa e a bolsa como um todo após um ano negativo até aqui; saiba mais
A B3 vai abrir no dia da Consciência Negra? Confira o funcionamento da bolsa, bancos e Correios na estreia do novo feriado nacional
É a primeira vez que o Dia da Consciência Negra consta no calendário dos feriados nacionais. Como de costume, as comemorações devem alterar o funcionamento dos principais serviços públicos
Grupo Mateus: Santander estabelece novo preço-alvo para GMAT3 e prevê valorização de 33% para as ações em 2025; saiba se é hora de comprar
O banco reduziu o preço-alvo para os papéis da varejista de alimentos em relação à 2024, mas mantém otimismo com crescimento e parceria estratégica
Rali do Trump Trade acabou? Bitcoin (BTC) se estabiliza, mas analistas apontam eventos-chave para maior criptomoeda do mundo chegar aos US$ 200 mil
Mercado de criptomoedas se aproxima de uma encruzilhada: rumo ao topo ou a resultados medianos? Governo Trump pode ter a chave para o desfecho.
Localiza: após balanço mais forte que o esperado no 3T24, BTG Pactual eleva preço-alvo para RENT3 e agora vê potencial de alta de 52% para a ação
Além dos resultados trimestrais, o banco considerou as tendências recentes do mercado automotivo e novas projeções macroeconômicas; veja a nova estimativa
Ações da Oi (OIBR3) saltam mais de 100% e Americanas (AMER3) dispara 41% na bolsa; veja o que impulsiona os papéis das companhias em recuperação judicial
O desempenho robusto da Americanas vem na esteira de um balanço melhor que o esperado, enquanto a Oi recupera fortes perdas registradas na semana passada
Cemig (CMIG4) e Copasa (CSMG3) voltam a ficar no radar das privatizações e analistas dizem qual das duas tem mais chance de brilhar
Ambas as empresas já possuem capital aberto na bolsa, mas o governo mineiro é quem detém o controle das empresas como acionista majoritário
O fim da temporada — ou quase: balanço da Nvidia ainda movimenta semana, que conta com novo feriado no Brasil
Enquanto isso, as bolsas internacionais operam sem um sinal único, sofrendo ajustes após o rali do Trump Trade dos últimos dias