Bradesco (BBDC4): CEO diz que inadimplência deve seguir em queda — mas outro indicador pesou sobre as ações na B3
A queda na margem financeira foi o principal destaque negativo do balanço do banco — mas o CEO Marcelo Noronha já revelou o que esperar do indicador nos próximos trimestres

Em meio a números mistos no primeiro trimestre de 2024, a queda na inadimplência foi um dos destaques positivos do balanço do Bradesco (BBDC4) — e, segundo o CEO Marcelo Noronha, a tendência de melhora deve continuar para os próximos trimestres.
O banco encerrou março com um índice de atrasos de 4,8%, uma redução de 0,3 ponto percentual tanto na comparação trimestral como anual.
“Com o tempo, nossos índices de inadimplência vão convergir totalmente para índices de mercado, e tudo o que ficou vencido o banco já provisionou 100%. Nosso nível de cobertura está bem estável”, disse o presidente do Bradesco, em conferência com a imprensa sobre o resultado.
Após os problemas com o aumento dos calotes nos últimos resultados, o Bradesco passou a operar com modelos de “qualidade muito superior” para o crédito, segundo Noronha.
Na prática, isso deve representar menos apetite em linhas como as de pequenas empresas. Ainda assim, a expectativa é de crescer não só nessa modalidade de crédito como também nas médias e grandes.
Questionado sobre o aumento da inadimplência de pessoas físicas de curto prazo — isto é, com atrasos abaixo de 90 dias —, o CEO revelou que o indicador sofreu um “efeito momentâneo” e já retornou aos patamares de normalidade na primeira quinzena de abril.
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Apesar do lucro acima do esperado, as ações do Bradesco (BBDC4) reagiram aos números do 1T24 em queda na bolsa brasileira, devolvendo parte dos ganhos dos últimos pregões. Os papéis fecharam o dia em queda de 1,13%, a R$ 13,84.*
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O destaque negativo do balanço do Bradesco (BBDC4)
Se a queda da inadimplência e das despesas com provisões foram os destaques positivos, outra redução — a da margem financeira — pesou nos resultados do Bradesco no primeiro trimestre.
O indicador apresentou queda de 9% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2023 — bem abaixo das previsões (guidance) do banco para 2024, de expansão entre 3% e 7%.
Apesar do começo de ano mais fraco, o CEO Marcelo Noronha manteve a expectativa de alcançar o número projetado no guidance até o fim de 2024.
“Obviamente estamos devendo a margem financeira bruta, mas vai melhorando a cada trimestre. A expectativa é que, já no segundo trimestre, a gente tenha melhores resultados, assim como nos trimestres seguintes”, disse o executivo.
Já do lado positivo, Noronha ressaltou o avanço com despesas operacionais, que ficaram em R$ 13,36 bilhões no primeiro trimestre, um avanço de 4,4% frente ao mesmo intervalo do ano passado, mas redução de 10,5% na base trimestral.
“Eu acho que o mercado vai ver positivamente as nossas entregas de despesas operacionais. A gente está em um ritmo acelerado de fechamento de pontos, e no ano a ano, as despesas estão muito controladas”, afirmou o executivo, em teleconferência de resultados com a imprensa.
Gente nova no pedaço
O processo de reestruturação do Bradesco também esteve no radar da conversa com a imprensa — e uma das principais medidas anunciadas pelo banco, de contratação de executivos de fora para cargos mais elevados, já começou.
O CEO anunciou três contratações externas no banco. A primeira delas é na área de crédito, com o executivo Júlio Almeida Guedes assumindo a posição de diretor de gestão do portfólio.
Já do lado de recursos humanos, o Bradesco contratou Silvana Machado como nova diretora da área de RH a partir desta quinta-feira (2) — a primeira mulher a integrar o comitê diretivo do banco.
Por sua vez, a terceira contratação — de direção da unidade de negócios digitais — deve ser anunciada na semana que vem, segundo o CEO.
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Economia melhor deve ajudar
Para o CEO do Bradesco, o banco deve se beneficiar do desempenho da economia brasileira para entregar os resultados deste ano. “Estou otimista com o cenário brasileiro, com o pé no chão”, afirmou Noronha.
Para o CEO do bancão, a economia brasileira deve crescer 2,5% neste ano — acima das expectativas compiladas pelo Boletim Focus do BC nesta semana, de aumento de 2% do produto interno bruto (PIB) neste ano.
“Tivemos dados positivos ontem, com o Fed [Federal Reserve, o banco central dos EUA] já avisando que não terá aumento de taxa de juros por lá e com a revisão do rating soberano do Brasil pela Moody’s”, destacou.
- Leia também: Juros nos EUA não caíram, mas decisão do Fed traz uma mudança importante para o mercado
“Com isso, a renda real das pessoas físicas deve crescer 4,5%, em termos reais, acima da inflação, com nível de desemprego baixa e crescimento do PIB que tende mais para 2,5% do que para 2%”, acrescentou.
- Confira aqui: Moody´s melhora a perspectiva da nota de crédito do Brasil para positiva. O que isso significa para o País e para o seu bolso?
O que dizem os analistas
Para o Goldman Sachs, as provisões foram a principal surpresa positiva do balanço do Bradesco (BBDC4) no 1T24, cujas despesas ficaram abaixo do esperado, resultado de menores impairments de crédito corporativo em relação ao 4T23 e menores provisões no varejo de massa.
Porém, os analistas destacam que as perspectivas de crescimento dos lucros permanecem um ponto de interrogação.
O banco possui recomendação neutra para as ações do Bradesco, com preço-alvo de R$ 14 para os próximos 12 meses, estvável em relação ao último fechamento.
Já de acordo com o JP Morgan, o Bradesco está cumprindo com o plano de eficiência, fechando agências, com boa qualidade dos ativos, e reacelerando o crescimento, especialmente empréstimos pessoais.
Apesar do crescimento positivo dos empréstimos, os analistas destacam que a margem financeira (NII) foi um “fracasso”, com a margem com clientes “sem brilho” e abaixo das estimativas, impactada por spreads mais baixos.
“As receitas estão um pouco mais fracas, o que é um ponto de atenção para o guidance. Além disso, o Bradesco está entregando otimização de custo para servir e qualidade de ativos”, ressalta o banco norte-americano, em relatório.
Na avaliação do BTG Pactual, a melhora da inadimplência, a alta na originação de empréstimos e o controle de custos sólido foram os destaques do balanço do Bradesco.
“As más notícias continuaram a vir da margem financeira (NII) e das taxas dos clientes, uma vez que o processo de redução de risco iniciado no 2S22 ainda está a cobrar o seu preço”, afirmou o BTG.
Para os analistas, as despesas de provisão podem ficar “um pouco mais pressionadas” ao longo do ano, já que o Bradesco pretende retomar o crescimento em segmentos de maior risco. As provisões no crédito caíram 17,9% em relação ao primeiro trimestre do ano passado, a R$ 7,811 bilhões.
Segundo o BTG, a missão do CEO do Bradesco, Marcelo Noronha, agora é atender ou superar as expectativas nestes primeiros trimestres, para que os investidores e a equipe do banco acreditem que “o novo capitão tem o controle do navio”.
Na visão dos analistas, o caminho para a recuperação da rentabilidade do Bradesco será longo — e o atual nível de valuation não é suficientemente atrativo para recomendar a compra das ações BBDC4.
*Atualizada para incluir a cotação de fechamento do Bradesco na B3
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