Quanto mais rica uma pessoa é, menos imposto ela paga no Brasil; saiba por que isso acontece
Estudo do Ipea considera a taxação incidente sobre lucros das empresas; falhas no sistema tributário podem deixar o Brasil menos eficiente economicamente
Quanto mais dinheiro você ganha, menos imposto você paga no Brasil. Essa é a conclusão de um estudo recém publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
A discussão não é exatamente nova e este não é o primeiro estudo sobre o assunto. O que mudou, então? Neste caso, o pesquisador Sérgio Wulff Gobetti considerou também os impostos sobre os lucros das empresas, não só aqueles aplicados à renda de pessoas físicas.
A conclusão é que mesmo considerando esta tributação do lucro empresarial, “a alíquota efetiva média do Imposto de Renda atinge um ponto de máximo em torno de 14% e cai para rendas acima de R$ 1 milhão anuais.”
- Quanto poupar para ter aposentadoria de R$ 6 mil ou mais? Calculadora do Seu Dinheiro ajuda a se planejar para a independência financeira; confira gratuitamente
O estudo, intitulado “Progressividade tributária: diagnóstico para uma proposta de reforma”, dá um panorama da situação e também apresenta alternativas para uma reforma tributária que tornaria o sistema mais igualitário.
Por que as pessoas mais ricas são menos taxadas no Brasil?
Em tese, o Brasil adota um princípio de progressividade tributária que define que, quanto maior a renda de um contribuinte, maior deve ser a tributação sobre ele. Esse princípio é adotado por vários outros países no mundo, a fim de assegurar uma distribuição tributária mais justa.
No entanto, o estudo do Ipea mostra que essa progressividade não é seguida conforme deveria.
Leia Também
“A alíquota média máxima é muito baixa quando comparada com aquela praticada pela maioria das economias desenvolvidas e mesmo em relação aos principais países latino-americanos”, afirma o estudo.
Para comprovar a hipótese, Gobetti analisou o seguinte cenário: mesmo se todo o imposto pago pelas empresas fosse transferido aos acionistas, a taxa máxima de tributação seria de no máximo 14,2%, para pessoas com renda anual em torno de R$ 516 mil.
A partir dessa faixa de renda, a tributação só cai, sendo que atinge uma média de 13,3% para quem tem ganha mais de R$ 1 milhão no ano (0,2% da população brasileira)
O pesquisador também considerou um cenário intermediário, em que a empresa transfere só 50% do imposto – ou seja, paga o resto da tributação. Nesses casos, a alíquota é ainda menor: 13,2% para pessoas com renda média de R$ 423 mil anuais e 10,3% para quem ganha na casa dos milhões.
Por que isso acontece? Segundo Gobetti, existe uma série de benefícios fiscais e algumas distorções históricas que contribuem para o fato.
A isenção de impostos para dividendos é um dos fatores, já que eles costumam representar uma fonte de renda significativa para os milionários.
O estudo ressalta que os “rendimentos do capital” são menos tributados que os “rendimentos do trabalho”. Como os mais ricos têm maior proporção da renda devido à remuneração do capital, a incidência de IR tende a ser pouco progressiva, ou mesmo regressiva, no topo da pirâmide de renda.
Ademais, algumas brechas na legislação também permitem que as empresas recolham menos imposto do que o projetado com base nas alíquotas nominais de Imposto sobre a Renda de Pessoas Jurídicas (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).
O pesquisador analisou quanto o Brasil deixou de arrecadar entre 2015 e 2019 devido a algumas vantagens fiscais. A cifra foi de R$ 180 bilhões (cerca de R$ 300 bilhões fazendo a correção monetária), que não foram recolhidos de empresas dos regimes “Simples Nacional” do “Lucro Presumido”.
A conclusão é que estas empresas pagaram 25% do que deveriam se fossem consideradas as regras gerais de tributação.
Imposto ‘mínimo’ para milionários é a solução?
Gobetti reconhece que o tema é “sensível politicamente” mas deixa claro que é preciso fazer mudanças no regime tributário, tanto para promover a justiça fiscal quanto para melhorar a eficiência econômica do Brasil.
“Afinal, um sistema tributário que premia os empresários que adotem mais estratagemas de
planejamento tributário ou simplesmente restrinjam a escala de seus negócios aos limites dos regimes especiais, como no caso brasileiro, gera vantagens comparativas que nada têm a ver com a atividade econômica em si”, escreve o pesquisador.
Uma das propostas é retomar a tributação de dividendos, que já é feita em outros países.
- Vale lembrar que, em 2021, um projeto de lei (número 2.337) foi aprovado pela Câmara para taxar, na fonte, 15% dos lucros e dividendos e, ao mesmo tempo, reduzir o IRPJ para 8%. A tramitação está parada, porque o Senado considerou que essa redução do imposto para pessoa jurídica causaria um rombo fiscal e iria contra a Lei de Responsabilidade Fiscal.
O estudo ainda ressalta que essa mudança estrutural é possível, sem precisar acabar com todos os regimes especiais e benefícios fiscais. A ideia principal é, na verdade, reduzir os excessos hoje presentes na legislação.
Nas considerações finais, o pesquisador diz que pretende entrar em detalhes em outro artigo.
‘Barata, crescendo e pagando muito dividendo’: analista recomenda ação que ‘sobe e fica mais atrativa’ por conta do forte crescimento de lucro e da geração de caixa
Ação do setor imobiliário tem entregado crescimento trimestre a trimestre e, apesar da forte alta em 2024, continua “barata”, afirma estrategista-chefe
Subsidiária da MSC ‘atravessa’ concorrência e vai pagar R$ 4,35 bilhões pelo controle da Wilson Sons (PORT3)
Controladora da Wilson Sons vinha negociando a venda da operação havia mais de um ano; preço por ação ficou 2% abaixo do fechamento de sexta-feira
É o fim dos benefícios tributários? Entenda a medida do Ministério da Fazenda que pode proibir governos de dar incentivo fiscal
O endurecimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) pode impactar cerca de 300 cidades que, atualmente, não respeitam o equilíbrio de caixa e dívidas a pagar
Taxação dos milionários tem potencial de R$ 40 bilhões ao ano, mas ainda assim não seria suficiente para ‘bancar’ a isenção maior do Imposto de Renda
Apesar do potencial de arrecadação previsto, a nova taxação deve gerar de fato algo próximo a R$ 20 bilhões devido ao planejamento tributário
Após anos de ‘soluços operacionais’, Vale (VALE3) apresenta boa prévia no 3T24 e revisa guidance; hora de comprar a ação?
Analista vê sinais de que a Vale “está embarcando em um momento operacional mais favorável”; saiba o que fazer com a ação
CSN, Gerdau e mais empresas de mineração sobem na bolsa hoje após Camex aprovar aumento de impostos e tarifa antidumping em produtos chineses
Entre as medidas, também foi deliberada uma tarifa antidumping definitiva para luvas não-cirúrgicas oriundas da China, da Malásia e da Tailândia
A porta para mais dividendos foi aberta: Petrobras (PETR4) marca data para apresentar plano estratégico 2025-2029
O mercado vinha especulando sobre o momento da divulgação do plano, que pode escancarar as portas para o pagamento de proventos extraordinários — ou deixar só uma fresta
Menos investimentos e mais dividendos em 2025: o que esperar do novo plano estratégico da Petrobras (PETR4), segundo analistas do Santander
Com anúncio previsto para novembro, o novo plano estratégico da petroleira para os próximos cinco anos será o primeiro sob a gestão da CEO Magda Chambriard
Fundo Imobiliário pioneiro na B3 deixa de ser negociado na sexta-feira – e vai antecipar dividendos aos cotistas
Fim do BCFF11, que conta com 355 mil investidores, acontece com o processo de incorporação por outro fundo, o BTG Pactual Hedge Fund (BTHF11)
O (mercado) brasileiro não tem um dia de sossego: Depois da alta da véspera, petróleo ameaça continuidade da recuperação do Ibovespa
Petróleo tem forte queda nos mercados internacionais, o que tende a pesar sobre as ações da Petrobras; investidores aguardam relatório de produção da Vale
Petrobras (PETR4) vai liberar mais dividendos? Por que a notícia de redução de investimento pode ser ruim para o governo, mas é boa para os investidores
Outra notícia positiva veio de um executivo da petroleira, que confirmou que a estatal está revendo o caixa mínimo de US$ 8 bilhões no próximo plano estratégico 2025-29; entenda por que tudo isso pode ser bom para que tem ação da companhia
XP não quer virar banco de varejo, mas pode pagar dividendos como um ‘bancão’, segundo BTG; entenda
Após conversas com CEO e CFO da companhia, analistas do BTG têm previsões otimistas para a financeira
Santander (SANB11) anuncia pagamento de R$ 1,5 bilhão em dividendos e JCP no mês que vem; veja quem terá direito
A maior parte da soma, ou R$ 1,3 bilhão, corresponde ao JCP, enquanto o restante contará como dividendos intercalares
Em busca de dividendos ou de ganho de capital? Monte uma carteira de investimentos personalizada para o seu perfil de investidor
O que é importante saber na hora de montar uma carteira de investimentos? BTG Pactual quer ajudar investidores a montar o portfólio ‘ideal’
Fundo imobiliário RCRB11 eleva dividendos após acordo com a WeWork; veja quanto o FII distribuirá neste mês
O FII distribuirá R$ 1 por cota na próxima terça-feira (15), cifra que representa uma alta de quase 10% ante o valor pago no mês passado
Dividendos da Moura Dubeux (MDNE3) vêm aí: incorporadora vende R$ 1 bilhão pela primeira vez, e CEO revela data para os proventos
A incorporadora deve cumprir com a previsão feita aos acionistas quanto à primeira distribuição de proventos de sua história em 2024
Onde investir em outubro? Eletrobras (ELET6), Cyrela (CYRE3), Alianza Trust (ALZR11) e mais
Segundo analistas da Empiricus Research, é possível investir em ativos promissores mesmo após a alta da Selic; confira a cobertura
Não é Isa Cteep (TRPL4) e nem Taesa (TAEE11): outra ação do setor elétrico é a melhor para comprar em outubro e buscar dividendos, diz analista
Especialista em dividendos vê momento favorável para as geradoras de energia e não fica em cima do muro na hora de recomendar a preferida do segmento: ‘deve continuar se beneficiando’
Sob pressão: Bolsas internacionais amanhecem no vermelho, mas alta do petróleo continua e pode ajudar o Ibovespa
Vitória do governo no STF em relação a resíduos tributários do Programa Reintegra também pode repercutir no Ibovespa hoje
‘Dividend yields muito elevados são mais um sinal de alerta do que uma oportunidade’, afirma especialista em dividendos; entenda
Ruy Hungria lembra que muitos investidores cometem o erro de comprar ações olhando apenas para o dividend yield e acabam saindo no prejuízo