Economistas consideram pacote de corte de gastos de Haddad arriscado e impreciso; confira a repercussão
Em entrevista coletiva nesta manhã, Haddad tratou das medidas de reforço ao arcabouço fiscal e deu esclarecimentos sobre o anúncio realizado na noite anterior
A manhã de quinta-feira (28) começou agitada para os economistas que acompanham o mercado financeiro, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, detalhando, ponto a ponto, as medidas do pacote de corte de gastos, queda nas negociações e o dólar quase batendo os R$ 6,00.
Em entrevista coletiva nesta manhã, o ministro tratou das medidas de reforço ao arcabouço fiscal e deu esclarecimentos sobre o anúncio realizado na noite anterior de que contribuintes que recebem até R$ 5 mil por mês ficarão isentos de imposto de renda. Leia mais sobre o anúncio aqui.
De acordo com Haddad, o pacote de corte de gastos e a reforma do imposto de renda, que só deve ser enviada pelo governo ao Congresso em 2025, são temas separados. O primeiro deve ter um impacto positivo nas contas do governo de cerca de R$ 70 bilhões, sendo R$ 30 bilhões em 2025 e R$ 40 bilhões em 2026.
O anúncio foi recebido de forma preocupante pelos economistas. Acompanhe, a seguir, alguns comentários reunidos nesta manhã.
- Previdência Privada, Tesouro Renda+ ou Seguro de Vida? Guia gratuito do Seu Dinheiro ajuda a escolher a melhor opção de investimento para a sua aposentadoria
Haddad e o anúncio dos plano: tudo embolado
Para Felipe Salto, economista-chefe da Warren Investimentos, a estimativa é de que a mudança da faixa de isenção custaria ao menos R$ 45,8 bilhões. “Esse cálculo é otimista, vale dizer, pois considera que a tabela do Imposto de Renda seria modificada garantindo-se a focalização do benefício apenas aos contribuintes de renda mais baixa”.
No entanto, aponta, “é arriscado e não recomendável colocar na mesa uma medida de custo elevado em termos de desoneração, cuja compensação exigiria desenho complexo. Além disso, teria potencial para anular os efeitos positivos do anúncio do pacote fiscal, já prometido há várias semanas”.
Leia Também
A maneira como a comunicação aconteceu e a falta de detalhes de como o plano será colocado em prática também levou à preocupação do mercado. Para Matheus Spiess, analista da Empiricus, a ideia de compensar o impacto de mais de R$ 40 bilhões com um imposto mínimo sobre rendas elevadas soa insuficiente e mal calculada.
“O momento de anunciar a isenção como alívio para o eleitorado foi, no mínimo, equivocado, dada a gravidade da situação fiscal”, disse. “O grande problema, contudo, não está apenas no conteúdo, mas no timing perdido e na comunicação desastrosa, que destruíram a chance de transformar o anúncio em um vetor positivo para o final do ano. Há meses venho apontando que o governo precisava decidir os rumos dos próximos dois anos neste bimestre. Infelizmente, escolheu o caminho mais complicado”.
Daniel Cunha, estrategista-chefe da BGC Liquidez, concorda que misturar os dois anúncios em uma única comunicação transmite uma sinalização ruim para o mercado. “Era para o momento ser focado e direcionado para uma agenda de disciplina fiscal/contenção de gastos”.
Na opinião dele, a isenção do Imposto de Renda não deve enfrentar problemas para serem aprovadas dado o alto teor popular. Por outro lado, “as medidas de compensação podem (e devem) enfrentar resistências para serem aprovadas, o que tornaria a iniciativa deficitária no final”.
- Analista recomenda: ‘se você não tem esta ação do setor elétrico, esta é a chance de comprar’; veja qual é
Faltou dizer como
A falta de detalhes sobre como o plano será colocado em prática também preocupa Felipe Reis, estrategista da EQI Research. “Faltam muitos detalhes técnicos para um veredito, mas a sensação inicial é de que o esforço de corte de gastos potencial foi ofuscado pelo novo patamar de isenção de IR”.
Para Reis, “algumas estimativas apontam para uma perda de arrecadação de R$40 bilhões/ano aproximadamente e a compensação desse montante sobre uma base pequena de contribuintes de alta renda será desafiadora (estratégias de planejamento fiscal por parte desses contribuintes podem ser acionadas, como a utilização ainda maior de contas PJ)”.
Em sua conta no X, o economista Dan Kawa, da We Capital, classificou o anúncio de Haddad como populista e eleitoreiro, por ter misturado “o tão esperado corte de gastos, para adequar a situação do país ao Arcabouço Fiscal, junto com medidas da Reforma da Renda, como aumento da faixa de isenção do imposto de renda e um imposto mínimo para "grandes fortunas".
“Na minha visão, o anúncio foi extremamente negativo, pois sinaliza que não existe a menor disposição política em adotar medidas críveis, viáveis efetivas, que podem ser menos populares, mas que são extremamente necessárias ao futuro do país”, escreveu.
“Dito isso, acredito que os ativos locais irão reagir de maneira extremamente negativa, o que pode acabar levando o Congresso a não aprovar parte das medidas propostas pelo governo. De qualquer maneira, o estrago já está feito e a volatilidade já foi criada, o que colocará o país em um caminho mais desafiador e perigoso nos próximos meses”.
Na opinião de Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, o ponto mais significativo do anúncio foi a proposta de "proibir benefícios tributários em caso de déficit primário". “Isso pode resultar em uma maior arrecadação para a União, além de reforçar a confiança na gestão das contas públicas, criando um cenário favorável para a redução dos juros no médio prazo, o que beneficiaria o mercado de capitais”.
No entanto, acredita, a proposta de tributar fundos exclusivos e super-ricos levanta incertezas entre os investidores e pode diminuir o apetite de investidores de alta renda e impactar negativamente o fluxo de capital para a bolsa.
Corte de gastos chegou aí? Lula vai ter que esperar para comprar outro avião presidencial
Após problemas técnicos no Aerolula, em outubro, o Palácio do Planalto está considerando a compra de uma nova aeronave – mas o preço é puxado
Felipe Miranda: Plantas embaixo do aquário — Scott Bessent e o flerte com a racionalidade econômica
O negacionismo da ciência não deveria ser o caminho. Serve para questões sanitárias — cloroquina não cura a covid-19. Serve para o respeito às contas públicas, porque palavras não pagam dívidas
COP29 terminou com saldo bem pior que o esperado; e metas para COP30 no Brasil devem ser ainda mais ambiciosas
As medidas adotadas durante a Conferência foram criticadas por entidades que defendem um financiamento público e robusto para combater a emergência climática
ETFs de bitcoin (BTC) ultrapassam US$ 100 bilhões em ativos enquanto criptomoeda flerta com os US$ 100 mil
Movimento vem após as opções sobre o popular ETF iShares Bitcoin Trust (IBIT), da BlackRock, começarem a ser negociadas na Nasdaq na terça-feira (19)
Bolsa caindo à espera do pacote fiscal que nunca chega? Vale a pena manter ações na carteira, mas não qualquer uma
As ações brasileiras estão negociando por múltiplos que não víamos há anos. Isso significa que elas estão baratas, e qualquer anúncio de corte de gastos minimamente satisfatório, que reduza um pouco os riscos, os juros e o dólar, deveria fazer a bolsa engatar um forte rali de fim de ano.
Governo da China expulsa ex-chefe do projeto do yuan digital sob alegações de corrupção
Yao Qian é acusado de receber subornos em criptomoedas, bens de luxo e propriedades, além de realizar empréstimos ilegais enquanto ocupava cargo público
Bolsonaro pode ser preso? PF indicia ex-presidente, Braga Netto e mais 35 em inquérito sobre tentativa de golpe de Estado
As penas previstas para o caso são de 4 a 12 anos de prisão na investigação sobre golpe de Estado, 4 a 8 anos de prisão por abolição violenta do Estado Democrático de Direito
O pacote de corte de gastos sai ou não sai? Haddad dá previsão sobre anúncio das medidas e Rui Costa conta o que será preservado
As principais medidas já haviam sido apresentadas a Lula, mas a equipe econômica estava esperando finalizar um acordo com o Ministério da Defesa; reuniões continuam na tarde desta quinta-feira (21)
Do pouso forçado às piruetas: Ibovespa volta do feriado com bolsas internacionais em modo de aversão ao risco e expectativa com pacote
Investidores locais aguardam mais detalhes do pacote fiscal agora que a contribuição do Ministério da Defesa para o ajuste é dada como certa
De agricultura e tecnologia nuclear à saúde e cultura: Brasil e China assinam 37 acordos bilaterais em várias áreas; confira quais
Acordo assinado hoje por Xi Jinping e Lula abrange 15 áreas estratégicas e fortalece relação comercial entre países
Polícia Federal: general preso imprimiu plano de execução de autoridades no Palácio do Planalto
PF divulgou que o general reformado Mário Fernandes deu o nome de Planejamento ao arquivo impresso
O que se sabe até agora sobre o complô dos ‘Kids Pretos’ para matar Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes — e que teria a participação do vice de Bolsonaro
A ideia de envenenamento, de acordo com o plano do general, considerava a vulnerabilidade de saúde e a ida frequente de Lula a hospitais
É hora de taxar os super-ricos? G20 faz uma proposta vaga, enquanto Lula propõe alíquota que poderia gerar US$ 250 bilhões por ano no mundo
Na Cúpula do G20, presidente Lula reforça as críticas ao sistema tributário e propôs um número exato de alíquota para taxar as pessoas mais ricas do mundo
Acaba logo, pô! Ibovespa aguarda o fim da cúpula do G20 para conhecer detalhes do pacote fiscal do governo
Detalhes do pacote já estão definidos, mas divulgação foi postergada para não rivalizar com as atenções à cúpula do G20 no Rio
Felipe Miranda: O Brasil (ainda não) voltou — mas isso vai acontecer
Depois de anos alijados do interesse da comunidade internacional, voltamos a ser destaque na imprensa especializada. Para o lado negativo, claro
O primeiro dia do G20 no Rio: Biden, Xi e Lula falam de pobreza, fome e mudanças climáticas à sombra de Trump
As incertezas sobre a política dos EUA deixaram marcas nos primeiros debates do G20; avanços em acordos internacionais também são temas dos encontros
O tamanho do corte que o mercado espera para “acalmar” bolsa, dólar e juros — e por que arcabouço se tornou insustentável
Enquanto a bolsa acumula queda de 2,33% no mês, a moeda norte-americana sobe 1,61% no mesmo intervalo de tempo, e as taxas de depósito interbancário (DIs) avançam
O fim da temporada — ou quase: balanço da Nvidia ainda movimenta semana, que conta com novo feriado no Brasil
Enquanto isso, as bolsas internacionais operam sem um sinal único, sofrendo ajustes após o rali do Trump Trade dos últimos dias
No G20 Social, Lula defende que governos rompam “dissonância” entre as vozes do mercado e das ruas e pede a países ricos que financiem preservação ambiental
Comentários de Lula foram feitos no encerramento do G20 Social, derivação do evento criada pelo governo brasileiro e que antecede reunião de cúpula
Milei muda de posição na última hora e tenta travar debate sobre taxação de super-ricos no G20
Depois de bloquear discussões sobre igualdade de gênero e agenda da ONU, Milei agora se insurge contra principal iniciativa de Lula no G20