🔴 DECLARAÇÃO PRÉ-PREENCHIDA LIBERADA: VEJA COMO USAR PARA ANTECIPAR A RESITUIÇÃO – ACESSE AQUI

Ricardo Gozzi

É jornalista e escritor. Passou quase 20 anos na editoria internacional da Agência Estado antes de se aventurar por outras paragens. Escreveu junto com Sócrates o livro 'Democracia Corintiana: a utopia em jogo'. Também é coautor da biografia de Kid Vinil.

ME DÊ MOTIVO

Brasil tem PIB Tim Maia no segundo trimestre (mais consumo, mais investimentos, ‘mais tudo’) — mas dá o argumento que faltava para Campos Neto subir os juros

PIB do Brasil cresceu 1,4% em relação ao primeiro trimestre com avanço em praticamente todas as áreas; na comparação anual, a alta foi de 3,3% e deve estimular revisão de projeções

Ricardo Gozzi
3 de setembro de 2024
11:06 - atualizado às 14:53
Brasil tem PIB Tim Maia no segundo trimestre — mais consumo, mais investimentos, ‘mais tudo’. Mas dá o argumento que faltava para o Campos Neto subir os juros
Brasil tem PIB Tim Maia no segundo trimestre — mais consumo, mais investimentos, ‘mais tudo’. Mas dá o argumento que faltava para o Campos Neto subir os juros - Imagem: Divulgação / Montagem Seu Dinheiro

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no segundo trimestre de 2024 tem o repertório de Tim Maia como trilha sonora.

Numa passagem de som, o lendário cantor e compositor foi registrado pedindo “mais grave, mais agudo, mais eco, mais retorno, mais tudo!”.

No mesmo embalo, a economia brasileira teve mais consumo, mais investimento, mais serviço, mais indústria. Um trimestre de “mais tudo”. Ou quase, já que o agro, estrela de edições anteriores do PIB, desafinou.

A trilha sonora da economia aquecida ainda deve levar o Banco Central (BC) de Roberto Campos Neto a entoar outro grande sucesso na voz de Tim Maia: “Me Dê Motivo” — no caso, para subir a taxa básica de juros (Selic) na reunião que acontece daqui a duas semanas.

O PIB do Brasil no 2T24

A riqueza gerada pelos brasileiros no segundo trimestre de 2024 totalizou R$ 2,888 trilhões.

Com isso, o PIB brasileiro passou de +1,0% no primeiro trimestre para um crescimento de 1,4% entre abril e junho. O resultado apurado veio bem acima da mediana das projeções do mercado (+0,9%).

Leia Também

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: Buy the dip

Vale observar que esse dado veio de uma base mais elevada. Ao divulgar o PIB do segundo trimestre, o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) revisou para cima (de +0,8% para +1,0%) o resultado do primeiro trimestre.

Isso levou a uma alta de 3,3% do PIB na comparação com o segundo trimestre de 2023. Nessa base de comparação, a mediana das estimativas apontava para um crescimento de 2,6%.

PIB Tim Maia

Quase tudo veio “a mais” no PIB do segundo trimestre.

O indicador foi puxado pelos serviços e pela indústria, pelo lado da oferta, e pelo consumo tanto das famílias quanto do governo, sob a ótica da demanda.

A indústria teve alta de 1,8% em relação ao primeiro trimestre e expandiu-se 3,9% ante o mesmo período do ano anterior.

Motor da economia pelo lado da oferta, o setor de serviços acrescentou R$ 1,7 trilhão à economia entre abril e junho. Isso representa um crescimento de 1,0% em relação ao período entre janeiro e março e de 3,5% na comparação com o segundo trimestre de 2023.

No lado da demanda, o consumo das famílias e o do governo cresceu 1,3% cada na comparação trimestral. Já em relação ao mesmo período do ano anterior, o consumo das famílias teve alta de 4,9% enquanto o do governo subiu 3,1%.

Até mesmo os investimentos, que vinham patinando e são identificados pela rubrica Formação Bruta de Capital Fixo, apresentaram recuperação no segundo trimestre, crescendo 2,1% em relação aos primeiros três meses do ano e 5,7% na base anual.

Quem saiu do tom e ficou vulnerável a um puxão de orelha do “síndico” foi o agronegócio. O PIB da agropecuária recuou 2,3% na comparação trimestral e apresentou retração de 2,9% ante o segundo trimestre de 2023.

Revisão das projeções vem aí

O Brasil entrou em 2024 com grande desconfiança em relação ao crescimento do PIB.

O zero a zero da economia na reta final de 2023 fez com que as projeções do mercado para este ano não passassem de uma modesta alta de 1,59%.

As projeções têm melhorado. A última edição do boletim semanal Focus, com data de 30 de agosto, eleva a projeção do PIB de 2024 para 2,46%.

Hoje, logo depois da divulgação do resultado, o banco norte-americano Goldman Sachs elevou sua projeção para o PIB brasileiro em 2024 de +2,5% para 3,0%.

Para Gino Olivares, economista-chefe da Azimut Brasil WM, a alta deriva de “fatores pontuais” ou que tendem a arrefecer nos próximos trimestres.

Ainda assim, a expectativa dele é de uma nova rodada de revisões para cima nas projeções do PIB de 2024.

“Precisamos ter em mente que, muito provavelmente, serão consequência de um crescimento maior do que o esperado no primeiro semestre do que da perspectiva de uma aceleração do crescimento no segundo.”

Me dê motivo (pra subir os juros)

A aceleração do crescimento econômico costuma ser bem vista.

No entanto, ela ocorre em um momento no qual cada vez mais participantes do mercado defendem a necessidade de um novo ciclo de alta dos juros pelo Banco Central (BC).

A taxa Selic encontra-se atualmente em 10,50% ao ano.

O nível já é considerado restritivo, mas as recentes e crescentes pressões inflacionárias têm levado investidores a projetarem juros mais altos na curva a termo.

No fim de agosto, por exemplo, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) acionou a bandeira vermelha 2, diante da perspectiva de menor afluência aos reservatórios das usinas hidrelétricas em meio a uma sucessão de ondas de calor e incêndios. Isso significa que a conta de luz vai ficar mais cara a partir de setembro.

Na Focus, a projeção para a Selic no fim do ano segue em 10,50% há 11 semanas.

No entanto, participantes do mercado acreditam que as pressões inflacionárias podem levar o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC a elevar a taxa básica de juros já a partir da próxima reunião, marcada para daqui a duas semanas.

O PIB do segundo trimestre parece ser o argumento que faltava para que o colegiado presidido por Roberto Campos Neto voltar a subir os juros.

“Os dados robustos de demanda doméstica aumentam significativamente as chances de um aumento de taxa na reunião do Copom de setembro”, afirma Alberto Ramos, diretor de política macroeconômica do banco Goldman Sachs para a América Latina.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
MERCADOS HOJE

Nova York em queda livre: o dado que provoca estrago nas bolsas e faz o dólar valer mais antes das temidas tarifas de Trump

28 de março de 2025 - 14:15

Por aqui, o Ibovespa operou com queda superior a 1% no início da tarde desta sexta-feira (28), enquanto o dólar teve valorização moderada em relação ao real

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Nem tudo é verdade: Ibovespa reage a balanços e dados de emprego em dia de PCE nos EUA

28 de março de 2025 - 8:04

O PCE, como é conhecido o índice de gastos com consumo pessoal nos EUA, é o dado de inflação preferido do Fed para pautar sua política monetária

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Esporte radical na bolsa: Ibovespa sobe em dia de IPCA-15, relatório do Banco Central e coletiva de Galípolo

27 de março de 2025 - 8:20

Galípolo concederá entrevista coletiva no fim da manhã, depois da apresentação do Relatório de Política Monetária do BC

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Ato falho relevante: Ibovespa tenta manter tom positivo em meio a incertezas com tarifas ‘recíprocas’ de Trump

26 de março de 2025 - 8:22

Na véspera, teor da ata do Copom animou os investidores brasileiros, que fizeram a bolsa subir e o dólar cair

conteúdo EQI

Selic em 14,25% ao ano é ‘fichinha’? EQI vê juros em até 15,25% e oportunidade de lucro de até 18% ao ano; entenda

25 de março de 2025 - 14:00

Enquanto a Selic pode chegar até 15,25% ao ano segundo analistas, investidores atentos já estão aproveitando oportunidades de ganhos de até 18% ao ano

TÁ NA ATA

Sem sinal de leniência: Copom de Galípolo mantém tom duro na ata, anima a bolsa e enfraquece o dólar

25 de março de 2025 - 12:10

Copom reitera compromisso com a convergência da inflação para a meta e adverte que os juros podem ficar mais altos por mais tempo

SD Select

Com a Selic a 14,25%, analista alerta sobre um erro na estratégia dos investidores; entenda

25 de março de 2025 - 10:00

A alta dos juros deixam os investidores da renda fixa mais contentes, mas este momento é crucial para fazer ajustes na estratégia de investimentos na renda variável, aponta analista

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Cuidado com a cabeça: Ibovespa tenta recuperação enquanto investidores repercutem ata do Copom

25 de março de 2025 - 8:13

Ibovespa caiu 0,77% na segunda-feira, mas acumula alta de quase 7% no que vai de março diante das perspectivas para os juros

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Inocentes ou culpados? Governo gasta e Banco Central corre atrás enquanto o mercado olha para o (fim da alta dos juros e trade eleitoral no) horizonte

25 de março de 2025 - 6:39

Iminência do fim do ciclo de alta dos juros e fluxo global favorecem, posicionamento técnico ajuda, mas ruídos fiscais e políticos impõem teto a qualquer eventual rali

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Dedo no gatilho

24 de março de 2025 - 20:00

Não dá pra saber exatamente quando vai se dar o movimento. O que temos de informação neste momento é que há uma enorme demanda reprimida por Brasil. E essa talvez seja uma informação suficiente.

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Eles perderam a fofura? Ibovespa luta contra agenda movimentada para continuar renovando as máximas do ano

24 de março de 2025 - 8:05

Ata do Copom, balanços e prévia da inflação disputam espaço com números sobre a economia dos EUA nos próximos dias

ANOTE NO CALENDÁRIO

Agenda econômica: Ata do Copom, IPCA-15 e PIB nos EUA e Reino Unido dividem espaço com reta final da temporada de balanços no Brasil

24 de março de 2025 - 7:03

Semana pós-Super Quarta mantém investidores em alerta com indicadores-chave, como a Reunião do CMN, o Relatório Trimestral de Inflação do BC e o IGP-M de março

MACRO EM FOCO

Juros nas alturas têm data para acabar, prevê economista-chefe do BMG. O que esperar do fim do ciclo de alta da Selic?

23 de março de 2025 - 12:01

Para Flávio Serrano, o Banco Central deve absorver informações que gerarão confiança em relação à desaceleração da atividade, que deve resultar em um arrefecimento da inflação nos próximos meses

O PESO DO MACRO

Co-CEO da Cyrela (CYRE3) sem ânimo para o Brasil no longo prazo, mas aposta na grade de lançamentos. ‘Um dia está fácil, outro está difícil’

23 de março de 2025 - 10:23

O empresário Raphael Horn afirma que as compras de terrenos continuarão acontecendo, sempre com análises caso a caso

NÃO É DÉJÀ-VU

AgroGalaxy (AGXY3) adia outra vez balanço financeiro em meio à recuperação judicial

22 de março de 2025 - 14:03

A varejista de insumos para o agronegócio agora prevê que os resultados do quarto trimestre de 2024 serão divulgados em 22 de abril

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Não fique aí esperando: Agenda fraca deixa Ibovespa a reboque do exterior e da temporada de balanços

21 de março de 2025 - 8:21

Ibovespa interrompeu na quinta-feira uma sequência de seis pregões em alta; movimento é visto como correção

SEXTOU COM O RUY

Deixou no chinelo: Selic está perto de 15%, mas essa carteira já rendeu mais em três meses

21 de março de 2025 - 5:42

Isso não quer dizer que você deveria vender todos os seus títulos de renda fixa para comprar bolsa neste momento, não se trata de tudo ou nada — é até saudável que você tenha as duas classes na carteira

O ORÁCULO DE OMAHA

Warren Buffett enriquece US$ 22,5 bilhões em 2025 e ultrapassa Bill Gates — estratégia conservadora se prova vencedora

20 de março de 2025 - 14:51

Momento de incerteza favorece ativos priorizados pela Berkshire Hathaway, levando a um crescimento acima da média da fortuna de Buffett, segundo a Bloomberg

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Ainda sobe antes de cair: Ibovespa tenta emplacar mais uma alta após decisões do Fed e do Copom

20 de março de 2025 - 8:18

Copom elevou os juros por aqui e Fed manteve a taxa básica inalterada nos EUA durante a Super Quarta dos bancos centrais

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: As expectativas de conflação estão desancoradas

19 de março de 2025 - 20:00

A principal dificuldade epistemológica de se tentar adiantar os próximos passos do mercado financeiro não se limita à já (quase impossível) tarefa de adivinhar o que está por vir

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar