Os melhores investimentos de 2024: bitcoin é bicampeão, enquanto lanterna fica com Ibovespa e títulos do Tesouro Direto; veja o ranking
Sem rali de Natal, Ibovespa tomba cerca de 10% no ano e retorna ao patamar dos 120 mil pontos; dólar sobe quase 30% no período, fechando na faixa dos R$ 6,20. Veja o balanço completo dos investimentos em 2024
O ano se encerra de maneira melancólica para os ativos de risco brasileiros, sem direito a rali de Natal e com perdas que chegam aos dois dígitos. O pódio do ranking dos melhores investimentos de 2024 é todo gringo e, para quem vinha acompanhando o mercado, não surpreende.
Após o inverno cripto de 2022, o bitcoin (BTC) sagrou-se bicampeão anual, com uma alta de 182,32% em reais e 122% em dólares em 2024. A principal criptomoeda do mundo termina o ano próxima dos US$ 100 mil, cotação que chegou a superar no início de dezembro, marcando uma nova máxima histórica.
O distante segundo lugar ficou com o ouro e sua formidável valorização de 60,02% no ano, e a terceira colocação ficou com o dólar, que fechou o ano a R$ 6,1802 na cotação à vista (alta de 27,34%) e R$ 6,1923 na cotação PTAX (alta de 27,92%). Ambos foram os únicos ativos a registrar desempenho negativo em 2023, tendo sido os piores investimentos do ano passado.
Quem também mudou de lado na tabela foi o Ibovespa. O principal índice de ações da bolsa brasileira terminou 2023 acima dos 130 mil pontos, com valorização superior a 20%, um dos melhores desempenhos do ano.
Mas o otimismo com a bolsa brasileira, que ainda se manteve durante o início de 2024, acabou se revertendo em uma baixa acumulada de 10,36% no ano, levando o indicador de volta aos 120.283 pontos no fechamento do último pregão.
O Ibovespa só não se saiu pior do que os títulos públicos indexados à inflação de prazos mais longos, negociados no Tesouro Direto como Tesouro IPCA+ e Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais. O mais volátil desses papéis, o Tesouro IPCA+ 2045, terminou o ano com uma perda da ordem dos 20%, maior desvalorização do ranking.
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Veja a seguir quais foram os melhores e piores investimentos de dezembro e do ano de 2024:
Os melhores investimentos de dezembro
Investimento | Rentabilidade no mês |
---|---|
Dólar à vista | 2,98% |
Dólar PTAX | 2,30% |
Ouro (GOLD11) | 1,01% |
CDI* | 0,96% |
Tesouro Selic 2027 | 0,79% |
Tesouro Selic 2029 | 0,75% |
Poupança nova** | 0,58% |
Poupança antiga** | 0,58% |
Bitcoin | 0,54% |
IFIX | -0,71% |
Índice de Debêntures Anbima Geral (IDA - Geral)* | -0,88% |
Tesouro IPCA+ 2029 | -2,24% |
Tesouro Prefixado 2027 | -2,85% |
Ibovespa | -3,47% |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2035 | -4,23% |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2040 | -4,29% |
Tesouro IPCA+ 2035 | -5,90% |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2055 | -7,65% |
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2035 | -8,77% |
Tesouro Prefixado 2031 | -9,45% |
Tesouro IPCA+ 2045 | -10,33% |
Os melhores investimentos de 2024
Investimento | Rentabilidade no ano |
---|---|
Bitcoin | 182,32% |
Ouro (GOLD11) | 60,02% |
Dólar PTAX | 27,92% |
Dólar à vista | 27,34% |
Tesouro Selic 2029 | 11,12% |
Tesouro Selic 2027 | 11,10% |
CDI* | 10,77% |
Índice de Debêntures Anbima Geral (IDA - Geral)* | 8,49% |
Poupança nova** | 7,06% |
Poupança antiga** | 7,06% |
Inflação (IPCA-15) | 4,71% |
Tesouro Prefixado 2026 | 4,01% |
Tesouro IPCA+ 2029 | -1,31% |
IFIX | -5,89% |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2035 | -5,97% |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2040 | -7,42% |
Tesouro Prefixado 2029 | -9,81% |
Ibovespa | -10,36% |
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2033 | -10,90% |
Tesouro IPCA+ 2035 | -11,56% |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2055 | -13,77% |
Tesouro IPCA+ 2045 | -21,90% |
Todos os desempenhos estão cotados em real. A rentabilidade dos títulos públicos considera o preço de compra na manhã da data inicial e o preço de venda na manhã da data final, conforme cálculo do Tesouro Direto.
Fontes: Banco Central, Anbima, Tesouro Direto, Broadcast, IBGE e Coinbase, Inc..
Um ano de decepção para os ativos de risco brasileiros
O ano de 2024 começou numa toada positiva para os ativos de risco brasileiros, com a perspectiva de cortes de juros nos Estados Unidos já a partir de março e da continuidade do ciclo de reduções na taxa Selic. A expectativa, inclusive, era de que a taxa básica de juros brasileira terminasse o ano na casa de um dígito, na faixa dos 8% ou 9% ao ano.
Ao longo do primeiro semestre, porém, o cenário foi se deteriorando com os sucessivos adiamentos do início do ciclo de cortes de juros nos EUA e a perspectiva de que seriam feitas menos reduções que o esperado anteriormente.
A política doméstica também não ajudou: apesar do avanço da reforma tributária, uma pauta considerada positiva para o mercado financeiro local, começou a crescer a percepção de que o governo Lula não estava assim tão comprometido com o arcabouço fiscal.
Uma série de medidas no sentido de aumentar ou tornar mais eficiente a cobrança de impostos, bem como a desistência da meta de superávit já no ano que vem passaram a mensagem de que realmente o governo pretendia fazer o ajuste fiscal apenas pelo lado da receita, além de ter, de certa forma, abandonado o arcabouço.
As críticas de Lula ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, elevaram o temor de que pudesse haver algum tipo de interferência governamental na autarquia, hoje autônoma, principalmente a partir de 2025, quando um indicado do governo assumisse o comando da instituição.
Os climas externo e doméstico contribuíram para o aumento dos juros futuros e do dólar — puxados para cima pelo risco fiscal e também pela manutenção dos juros mais altos nos EUA por mais tempo — bem como para a queda, por consequência, das ações brasileiras.
Esperança renovada e Ibovespa na máxima histórica
Em junho, porém, surgiu uma ponta de esperança: a perspectiva de que o afrouxamento monetário americano começaria em breve, o que poderia tornar nossa política monetária mais leve e liberar mais recursos globais para investimentos em bolsas de países emergentes como o Brasil, passou a levar o Ibovespa novamente para cima, e os juros locais para baixo.
Em agosto, este otimismo atingiu o seu ponto máximo, pois foi quando o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, finalmente deu uma indicação mais clara de quando começaria a cortar juros.
Com isso, o Ibovespa bateu seu recorde nominal histórico em reais, chegando a superar os 137 mil pontos no fim de agosto. Parece que faz anos, mas tem apenas quatro meses.
O tobogã na reta final do ano: cenário externo não ajuda
Dali em diante, porém, o cenário doméstico para ativos de risco começou a degringolar, apesar de o Fed realmente ter iniciado seu ciclo de cortes de juros, terminando o ano com três reduções, sendo uma de 0,50 ponto percentual e duas de 0,25 ponto cada.
No cenário externo, alguns fatores contribuíram para essa piora de cenário, a começar pela fraqueza econômica da China, o que prejudica as empresas brasileiras exportadoras. Isso inclui a Vale, cuja ação VALE3 tem grande peso no Ibovespa e recuou quase 30% em 2024.
O Gigante Asiático até tem anunciado estímulos, mas eles ainda são considerados insuficientes pelo mercado, e o futuro de segunda maior economia do mundo permanece uma incógnita. Ainda mais considerando-se a nova guerra comercial que se descortina com o Ocidente.
A China já vinha enfrentando a resistência a seus produtos na Europa, que não vê com bons olhos a concorrência do país em alguns segmentos, como o de veículos. Mais recentemente, a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos trouxe de volta o fantasma da taxação a produtos importados pelos EUA, sobretudo os chineses.
E por falar em Trump, a eleição do republicano também pesa para o Brasil. Suas promessas de taxação de importações, desregulamentação da economia e cortes de impostos tendem a ser inflacionárias, o que pode obrigar o banco central americano a segurar um pouco seu afrouxamento monetário — sinais nesse sentido já foram dados na última decisão de juros do Fed.
Esses fatores contribuem para manter os juros americanos num patamar mais elevado por mais tempo e fortalecer o dólar globalmente, retendo nos ativos americanos os recursos globais que poderiam ser liberados para investimentos em mercados emergentes. Esse cenário também segura os juros locais em um patamar mais elevado, prejudicando os ativos de risco domésticos.
Risco fiscal é a grande pedra no sapato dos investimentos brasileiros
Mas o grande detrator dos ativos de risco brasileiros de agosto para cá certamente é o cenário fiscal. Ao longo do ano, a atividade econômica do país veio surpreendendo para cima, com o desemprego nos seus menores patamares históricos e dados de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) acima do esperado.
O aquecimento da economia, turbinado pelo elevado gasto público, logo voltou a pressionar a inflação, o que obrigou o Banco Central a não apenas encerrar o ciclo de cortes da Selic antes do esperado como também a retomar o aperto monetário.
No segundo semestre, cresceu a pressão do mercado para que o governo tomasse medidas de cortes de gastos, e não apenas de aumento da arrecadação, a fim de equacionar as contas públicas e impedir o crescimento descontrolado da dívida.
Essa demanda culminou no anúncio de um pacote de cortes de gastos pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao final de novembro, mas a economia anunciada, estimada em R$ 70 bilhões em dois anos, foi considerada insuficiente pelo mercado — que inclusive considera a cifra pouco realista.
A recepção foi ainda pior porque o governo resolveu anunciar, junto com o pacote, que cumpriria a promessa de campanha de Lula de isentar de imposto de renda quem ganha até R$ 5 mil por mês.
Apesar de Haddad ter assegurado que a medida só sairá do papel se houver compensação pela maior tributação dos mais ricos, o governo passou, na percepção do mercado, a mensagem de que não está realmente comprometido com o fiscal. Fora que há o temor de que a medida não seja totalmente compensada como deveria.
O impacto do anúncio de Haddad foi fatal para os ativos de risco brasileiros, matando qualquer chance de rali de fim de ano. A percepção de um risco fiscal mais elevado pesou sobre o real, levando o dólar, já fortalecido globalmente, para a inédita faixa dos R$ 6. Na sua máxima histórica nominal, a moeda americana chegou a tocar os R$ 6,30, em meados de dezembro.
O câmbio mais depreciado, a perspectiva de um corte de gastos públicos abaixo do necessário e a expectativa de um consumo maior por parte de quem ganha até R$ 5 mil após a isenção de IR entrar em vigor pesaram sobre as estimativas para a inflação, que agora deve terminar tanto 2024 quanto 2025 acima do teto da meta, de 4,50%.
Segundo o último boletim Focus do Banco Central, os economistas de mercado projetam um IPCA de 4,91% em 2024 e de 4,84% em 2025. Na última sexta-feira (27), o IBGE anunciou que o IPCA-15, considerado a prévia da inflação oficial, terminou o ano em 4,71%.
A maior pressão inflacionária e cambial levou o Banco Central a fazer leilões de dólares e acelerar a alta da taxa Selic na reta final do ano, levando-a a terminar 2024 em 12,25% ao ano. A perspectiva é de que a taxa chegue a 14,25% ainda no início do ano que vem, mas os juros futuros já chegaram a apontar para um patamar de 15% dentro de um ano.
Embora o pacote fiscal esteja avançando no Congresso, o governo ainda não deu sinais críveis de reancoragem das expectativas macroeconômicas, o que levou os investidores a buscarem ativos de proteção e investimentos conservadores.
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Quem ganhou e perdeu no Ibovespa
As ações brasileiras foram afetadas por uma mistura de tudo que já foi mencionado. Risco fiscal elevado e juros em alta afastam os investidores dos ativos de risco, deixando o crédito mais caro, pressionando a inflação e tornando a renda fixa mais atraente, além de afastar o investidor estrangeiro do nosso mercado.
Da mesma forma, juros altos por mais tempo nos EUA levam o gringo a ficar mais propenso a não tomar risco em mercados emergentes, quanto mais aqueles em que não há segurança de que o governo será capaz de pagar as próprias dívidas.
Mesmo o investidor local, aliás, tem buscado proteção no dólar e em ativos estrangeiros, além da renda fixa conservadora local, mantendo-se avesso à bolsa brasileira.
Por fim, a situação da China mantém o futuro incerto para as empresas exportadoras brasileiras, notadamente aquelas que mais dependem do mercado chinês, como mineradoras e siderúrgicas.
Importante notar que os resultados das empresas brasileiras não foram ruins ao longo do ano e que o PIB deve crescer forte em 2024 — a previsão é de uma alta de 3,49%, segundo o último Focus.
Os preços das ações, assim, refletem não o presente das companhias, mas os temores em relação ao futuro, quando a Selic mais alta realmente frear a economia ou, se o juro não subir o suficiente, a inflação começar a pesar no bolso do brasileiro.
Apenas 15 ações do Ibovespa tiveram desempenho positivo neste ano, sendo que as mais sacrificadas foram justamente aquelas expostas a setores mais sensíveis aos juros elevados, como varejistas, empresas de educação, além de companhias aéreas e empresas de turismo — estas últimas prejudicadas também pelo dólar mais caro.
Maiores quedas do Ibovespa em 2024
Empresa | Código da ação | Desempenho em 2024 |
---|---|---|
Azul PN | AZUL4 | -77,89% |
Magazine Luiza ON | MGLU3 | -69,72% |
Cogna ON | COGN3 | -68,77% |
Yduqs ON | YDUQ3 | -61,18% |
CVC Brasil ON | CVCB3 | -60,57% |
Assaí ON | ASAI3 | -58,39% |
Carrefour ON | CSAN3 | -56,39% |
Cosan ON | CRFB3 | -56,37% |
Azzas 2154 ON | AZZA3 | -53,70% |
Vamos ON | VAMO3 | -52,83% |
Já entre as poucas ações que tiveram desempenho positivo estão sobretudo as exportadoras, caso das companhias de papel e celulose, dos frigoríficos, da Embraer, da WEG e das empresas do setor de óleo e gás, como a Petrobras. Seguradoras, que se beneficiam dos juros em alta, também se valorizaram neste ano.
Maiores altas do Ibovespa em 2024
Empresa | Código da ação | Desempenho em 2024 |
---|---|---|
Embraer ON | EMBR3 | 150,96% |
BRF ON | BRFS3 | 83,64% |
Marfrig ON | MRFG3 | 75,57% |
Santos Brasil ON | STBP3 | 65,17% |
JBS ON | JBSS3 | 45,72% |
Weg ON | WEGE3 | 45,32% |
Cemig PN | CMIG4 | 40,49% |
Sabesp ON | SBSP3 | 19,51% |
Klabin Unit | KLBN11 | 19,16% |
Caixa Seguridade ON | CXSE3 | 18,39% |
O desempenho de cada ativo em 2024
Bitcoin (BTC) brilhou no ‘ano cripto’
O ano foi de muitas conquistas para os criptoativos, em sua maioria no sentido de maior institucionalização do mercado cripto. A começar pela aprovação e pelos lançamentos dos ETFs (fundos de índice) de bitcoin e ethereum spot (à vista).
Diferentemente do que ocorre com os ETFs de contratos futuros, os ETFs spot são obrigados a comprar as criptomoedas que compõem os índices nos quais são referenciados, adicionando uma força compradora ao mercado.
Além disso, eles são veículos mais formais e regulados para que grandes investidores institucionais se exponham a criptoativos.
Outro fator que afetou as cotações do bitcoin positivamente foi o halving, fenômeno que ocorre a cada quatro anos e que reduz a recompensa aos mineradores da criptomoeda. Como consequência, a oferta de bitcoin no mercado se reduz.
O início do ciclo de cortes de juros nos EUA também favoreceu os criptoativos, uma vez que o “dinheiro mais barato” aumenta o apetite ao risco e libera recursos de ativos mais tradicionais e que pagam juros, como os títulos do Tesouro americano, para ativos mais arriscados, como o bitcoin.
Finalmente, um dos grandes acontecimentos positivos para o mercado cripto neste ano foi, sem dúvida, a eleição de Donald Trump para a presidência dos EUA.
Hoje apoiador da criptoeconomia, Trump não deve impor barreiras a este mercado, e pode na verdade até dar uma mãozinha.
O republicano anunciou a troca do presidente da Securities and Exchange Commission (SEC) — a CVM americana — de um crítico das criptomoedas por um defensor do segmento, além de ter sugerido que o banco central americano poderia começar a formar reservas em criptoativos, algo que, se concretizado, poderia ampliar fortemente a demanda global por ativos digitais.
Veja nesta reportagem quais foram os criptoativos que mais subiram e caíram em 2024, para além do bitcoin. O mais valorizado chegou a subir 21.000%.
Ouro é movido por diversificação e cortes de juros nos EUA
O ouro, por sua vez, surfou na expectativa pelos cortes de juros na maior economia do mundo, finalmente concretizada no segundo semestre. Como o metal não paga juros, ele tende a se valorizar como ativo de proteção quando as taxas caem nos Estados Unidos, tornando os títulos americanos, considerados os investimentos mais seguros do mundo, menos atrativos.
Outro motor para a valorização do ouro neste ano foram as compras por parte de bancos centrais, que buscam diversificar suas reservas para além do dólar em tempos de risco geopolítico tão elevado.
As sanções das economias desenvolvidas à Rússia em razão da invasão da Ucrânia acenderam um alerta global para a necessidade de os países não estar tão expostos às moedas mais fortes.
Finalmente, o próprio risco geopolítico em um mundo repleto de conflitos que podem afetar gravemente a economia global — Rússia vs. Ucrânia, Israel vs. Hamas e Hezbollah, China vs. EUA e Taiwan — elevam a atratividade da commodity metálica como ativo de proteção.
Dólar sobe e real cai
Quando o ano começou, o dólar não apenas tinha sido o pior investimento do ano anterior, como também estava cotado para continuar enfraquecendo ante o real. Contudo, de todas as decepções com os ativos brasileiros em 2024, é no câmbio que deve estar a maior delas.
Como já mencionado, o afrouxamento monetário mais comportado nos EUA, a eleição de Donald Trump com suas políticas potencialmente inflacionárias, bem como a força da economia americana fortaleceram o dólar em nível global neste ano.
Em relação a uma cesta de moedas fortes, a valorização da moeda americana foi superior a 6% no acumulado de 2024.
Paralelamente, o real caiu forte, tendo sido uma das moedas emergentes que mais perdeu valor frente ao dólar.
A pressão inflacionária — muito devida a questões domésticas, como o aquecimento da economia turbinado pelo gasto público — e o aumento da percepção de risco fiscal, com as dúvidas do mercado sobre se o governo será capaz de pagar sua crescente dívida, contribuíram para o enfraquecimento da nossa moeda, o que acarretou no câmbio mais depreciado da história em termos nominais.
Títulos públicos: só os conservadores se deram bem
No universo dos títulos públicos, vimos dois comportamentos opostos. Os papéis Tesouro Selic se beneficiaram da alta da taxa básica de juros e terminaram o ano com um formidável retorno acima da inflação.
Desempenho similar pôde ser visto nos ativos privados de renda fixa indexados ao CDI, taxa de juros que costuma caminhar junto com a Selic. Os chamados títulos pós-fixados, como a maior parte dos CDBs, LCIs e LCAs, foram um porto seguro que não deixou os investidores na mão.
Do outro lado da tabela do Tesouro Direto estão os títulos públicos prefixados e indexados à inflação, que, em sua maioria, terminaram o ano com desempenho negativo. Só os prefixados mais curtos se saíram bem.
Os demais viram suas remunerações dispararem com a alta dos juros futuros, o que leva seus preços de mercado a caírem. Se no início do ano os prés pagavam menos de 10% ao ano e os Tesouro IPCA+ remuneravam na faixa de 5% acima da inflação, hoje essas taxas subiram para mais de 15% e mais de 7%, respectivamente.
Assim, quem comprou esses títulos lá atrás viu seu patrimônio em títulos públicos diminuir, mas as perdas só serão realizadas caso os papéis sejam vendidos antes do vencimento.
Quem os carrega até o vencimento recebe a taxa contratada, que pode até ser inferior à valorização de outros ativos no mesmo prazo, mas não acarreta em perdas do principal investido.
VEJA TAMBÉM: Ibovespa, Haddad, Tesouro Direto… O PIOR do Seu Dinheiro em 2024
Debêntures tiveram um grande ano
As debêntures, por sua vez, viveram um grande ano, mesmo considerando que boa parte delas é, assim como o Tesouro IPCA+, indexada à inflação.
A aversão a risco empurrou os investidores para a renda fixa de uma maneira geral, mas mudanças regulatórias também aumentaram a demanda por títulos de crédito privado.
Restrições à captação de recursos via CRIs e CRAs, por exemplo, seguraram um pouco as emissões desses títulos, que passaram a ser mais disputados no mercado secundário.
Já a ampliação do prazo de carência das LCIs e LCAs levou os investidores a procurarem outras alternativas com isenção de imposto de renda, e neste sentido as debêntures incentivadas de infraestrutura se destacaram como o principal destino para esses recursos.
Em paralelo, o mau desempenho da bolsa levou as empresas a recorrerem à emissão de debêntures para captar recursos.
Como resultado, as emissões de crédito privado (o que inclui debêntures e outros papéis de renda fixa privada, como CRIs e CRAs) totalizaram mais de R$ 600 bilhões até o fim de novembro, uma alta de 54% em relação a todo o ano de 2023.
Mesmo com tantas emissões e juros futuros em alta, o que se viu foi um achatamento das remunerações desses títulos, que acabaram se valorizando ao longo do ano, tamanha a demanda.
Os mais valorizados, claro, foram aqueles indexados ao CDI, mas mesmo as debêntures atreladas à inflação terminaram o ano em alta, embora bastante inferior ao CDI. Você pode saber mais sobre o que afetou o mercado de crédito privado em 2024 e o desempenho de cada tipo de debênture nesta outra matéria.
Fundos imobiliários também sofreram com a alta dos juros
Menos voláteis que as ações, os fundos imobiliários sofreram menos, mas ainda assim terminaram o ano com perdas, em média.
O mercado imobiliário é um dos mais afetados pela dinâmica de juros, pois é altamente dependente de crédito, que encarece quando as taxas sobem. Além disso, os juros mais altos aumentam a atratividade da renda fixa, com a qual os FIIs têm dificuldade de competir, mesmo tendo os rendimentos isentos de imposto de renda.
O mercado de fundos imobiliários também foi afetado especificamente por eventos de inadimplência por parte de inquilinos e emissores de títulos de renda fixa lastreados em imóveis e dívida imobiliária, como os CRIs.
Muito embora os fundos de papel, como são chamados os fundos que investem nesses títulos, sejam aqueles que “seguram a onda” do mercado de FIIs em tempos de juros altos — uma vez que, na prática, investem em renda fixa —, eles também podem sofrer com a inadimplência quando o cenário macro deteriorado e os juros elevados começam a pesar sobre as empresas mais endividadas.
Nesta matéria com o balanço dos fundos imobiliários em 2024 trazemos mais detalhes sobre o que pesou sobre os FIIs neste ano, além do ranking dos melhores e piores fundos imobiliários do período.
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