Mercado de previdência cresce a dois dígitos por ano, mas investimento ainda gera polêmica entre especialistas e beneficiários
No Brasil, o tema costuma ser um dos mais polêmicos e desafiadores, tanto para especialistas quanto para beneficiários
No Brasil, o tema previdência costuma ser um dos mais polêmicos e desafiadores, tanto para especialistas quanto para beneficiários.
Porém, desde 2015, o Congresso vem aprovando uma série de mudanças positivas nas regras da classe, como cita Bruno Mérola, analista da Empiricus Research, no Empiricus Asset Day, ocorrido nesta quinta-feira (5) no auditório do BTG Pactual, em São Paulo.
Mediado por Vinícius Pinheiro, diretor de jornalismo dos portais Money Times e Seu Dinheiro, o painel “Diversificando seu portfólio de previdência” também contou com Mariella Gontijo, fundadora da Vos Investimentos, e Gabriel Escabin, diretor estatutário da vertical de seguros e previdência do BTG Pactual.
A seguir, confira os principais insights trazidos pelos especialistas.
- Qual é a melhor opção para se aposentar sem depender do INSS? Simule na nossa ferramenta gratuita
‘A evolução da previdência se divide em quatro dimensões’
Para Mérola, as mudanças nas regras da previdência, que ocorrem desde 2015 e a cada dois anos desde então, tem quatro dimensões:
1. Regulação permitiu mais diversificação e mais rentabilidade
“A regulação dos gestores, da distribuição e do cliente permitiu uma flexibilidade maior na hora de compor a carteira. Antes de 2015, você não podia tomar risco, e isso nunca fez muito sentido pra natureza de longo prazo do produto”, comenta Mérola.
Leia Também
Para Escabin, ainda que ocorram a passos lentos, os ajustes feitos nos últimos anos sobre as regras da previdência são fundamentais para que o produto atenda aos objetivos do investidor, e não o contrário.
“Não tem sentido nenhum uma pessoa ter que escolher entre tabela regressiva e progressiva no momento da contratação, sendo que é um investimento que se espera resgatar daqui a 30, 40 anos. Então, é importante debater e ficar feliz que essas mudanças estão sendo implementadas”, defende o diretor da BTG Previdência.
Hoje em dia, ambos recordam, é possível ter renda variável em uma carteira de previdência, inclusive criptomoedas, ações e ativos internacionais.
“Só se podia investir em título público. E aí veio uma grande revolução, que foi poder ter renda variável na carteira de previdência. Não era organizado, estruturado e não havia premissas de gestão buscando entregar valor agregado pro cliente”, explica Escabin.
Além disso, comenta a vantagem da rentabilidade: "E, hoje, quando comparamos a rentabilidade de um fundo tradicional com o de uma previdência, por causa da ausência de come-cotas, da tabela regressiva e do PGBL, o de previdência apresenta um retorno com diferença às vezes na segunda casa decimal".
2. Gestores não tinham incentivo para estruturar boas carteiras de previdência
O segundo pilar da previdência, afirma Mérola, é a gestão.
“Limitado pela regulação, antes um gestor nunca teria incentivo suficiente pra fazer fundos de previdência aderentes ou muito parecidos com um fundo tradicional. Primeiramente, porque precisaria dedicar parte do time para fazer algo não exatamente igual ao que ele já faz fora da previdência, e iria provavelmente queimar uma reputação que demorou para construir, por causa de um produto que não seria tão bom por restrições fora do controle dele”.
Esse cenário, ele conta, foi responsável por gerar produtos pouco competitivos ao longo do tempo, muito concentrados nas grandes instituições financeiras.
Atualmente, devido a essa nova estruturação e aos benefícios fiscais e previdenciários, Escabin afirma que uma carteira de previdência consegue entregar até mais rentabilidade do que um fundo de investimento tradicional: “Esse produto hoje é fidedigno ao mandato de um gestor, porque ele consegue enquadrar as políticas de investimento dele e a visão de alocação dentro de um mandato de previdência”.
- LEIA TAMBÉM: Ferramenta te mostra uma projeção de quanto é necessário investir mensalmente na previdência privada. Simule aqui
3. A distribuição da previdência melhorou, mas tem espaço para mais
Outra mudança relevante para o mercado de previdência foi a evolução tecnológica e operacional da distribuição, relata Mérola, assim como o aumento do conhecimento sobre como vender e encaixar a previdência na carteira do cliente.
Além disso, fundadora da Vos Investimentos, Gontijo acrescenta que a prova de que a qualidade da distribuição do produto melhorou é a queda de taxas consideradas abusivas: “Hoje em dia você não vê taxas muito altas. A própria Empiricus sempre se posiciona de forma a ter custos muito corretos [nos fundos de previdência], e inevitavelmente isso acaba refletindo na rentabilidade do cliente”.
Já em relação à liquidez dos fundos de previdência de forma geral, Escabin enxerga ainda um entrave: “É complicado, porque o gestor tem que fazer uma carteira para um prazo de 30 anos, mas com possibilidade de resgate em até 10 dias. Então, fica difícil formar um portfólio que harmonize com essas duas questões, e é algo pelo qual ainda temos que brigar para ser mudado”.
4. ‘A visão do investidor sempre foi muito mais conservadora do que o produto demanda’
Na ponta da previdência, como quarta dimensão, está o cliente - que, para Mérola, sempre teve uma visão muito mais conservadora do que o produto exige.
“O investidor considera previdência como aposentadoria e ‘um dinheiro que não posso perder’, quando na verdade, quando se pensa no tipo de risco, quanto mais prazo você tem, mais risco se pode tomar, porque qualquer perda temporária deveria, no livro-texto, ser compensada no longo prazo”, explica o analista da Empiricus.
Gontijo também recorda um diferencial relevante da previdência, principalmente para questões sucessórias: “As pessoas esquecem, por exemplo, que a previdência não vai para o inventário, então é um dinheiro muito mais rápido de ser acessado quando um beneficiário falece, porque não depende de processo judicial”.
Como diversificar o portfólio de previdência na prática?
No painel, Mérola conta que a Empiricus Gestão tem aproveitado ao máximo as mudanças regulatórias para diversificar as carteiras de previdência.
Inclusive, a gestora tem produtos de previdência focados em diferentes perfis: desde quem busca estar alocado 100% em ações no longo prazo ou apenas em renda fixa, até quem prefere “surfar” um pouco de cada classe de ativos.
“Hoje, colocamos dólar, derivativos, ativos internacionais. Dá para fazer uma alocação de capital completa”, conta o analista.
Como exemplo, ele cita a contribuição da parcela de criptomoedas para o retorno da carteira que inspira os fundos de previdência: “Já temos desde 2021 cripto no portfólio e hoje essa classe é responsável por 1%, 1,5% do retorno total”.
Já Escabin destaca a vantagem de um gestor atualmente poder adaptar a estrutura da carteira, conforme necessário, à curva de juros, de modo a buscar a máxima rentabilidade ao longo do tempo. "É importante não excluir a carteira de previdência do asset allocation de um cliente, ela tem que entrar pra compor o restante dos investimentos dele".
- Quanto seu dinheiro pode render com previdência privada? Faça sua simulação GRATUITA aqui
Mercado de previdência cresce a dois dígitos por ano
Para finalizar, Escabin reforça que o mercado de previdência cresce dois dígitos por ano a cada ano que passa, desde sempre - 2020 foi a única exceção.
Para o especialista, essa é uma relação direta entre o que o brasileiro espera do produto e o que o produto efetivamente entrega: “Se a gente tivesse uma entrega diferente, não estaríamos crescendo nesse ritmo”, afirma.
Só em 2023, ele conta, o mercado de previdência expandiu em 16% - indicador líquido de todas as contratações e resgates.
“Por isso, esse talvez seja um dos produtos mais adeptos à entrada de clientes. Estou falando [de beneficiários] de qualquer idade, qualquer gênero”.
Mérola também acrescenta que, apesar da predominância de clientes com mais de 50 anos, na família de FoFs SuperPrevidência, por exemplo, há mais de 4 mil crianças beneficiárias.
Stuhlberger vê Brasil com ‘muita cautela’ em meio a tendência “explosiva” para o fiscal
Nas projeções do gestor da Verde, a inflação no Brasil deve ficar próxima de 4,5% em 2025, apesar da política monetária mais restritiva do Banco Central
Previsão de déficit zero, corte no Bolsa Família e salário mínimo de R$ 1.509: o plano do governo para o Orçamento de 2025
Projeto de lei com os detalhes do Orçamento de 2025 foi enviado por Lula ao Congresso Nacional na noite de sexta-feira
Ibovespa salta mais de 6% e é o melhor investimento de agosto; bitcoin (BTC) despenca 11% e fica na lanterna – veja ranking completo
Impulsionado principalmente pela perspectiva de cortes de juros nos Estados Unidos, o índice registrou o melhor desempenho mensal deste ano
Sem ‘interrogatório’ antes de investir e mais acesso a empresas de menor porte: as medidas da CVM para democratizar o mercado de capitais
Em fala no evento Expert XP, presidente da CVM, João Pedro Nascimento, falou do ofício da CVM que dispensa investidor conservador de responder a todo o questionário de suitability e diz que autarquia irá anunciar medidas para dar mais acesso ao mercado de capitais para empresas de faturamento até R$ 500 milhões
Mais de 560 milhões de pessoas investem em criptomoedas — mas só 11 investidores ficaram bilionários com bitcoin (BTC)
Em meio à escalada de preços dos ativos digitais, o apetite dos investidores por esse tipo de investimento também aumentou, segundo relatório da Henley & Partners
Um olhar para dentro da bolsa: Depois de bater novo recorde com Petrobras (PETR4), Ibovespa repercute novo CEO da Vale (VALE3)
Além da Petrobras e da Vale, os investidores repercutem hoje a prévia da inflação de agosto e seu possível impacto nos juros
CVM publica regras para portabilidade de aplicações financeiras; entenda como vai funcionar o “Pix dos investimentos”
Resoluções entrarão em vigor em 2025 e possibilitam, por exemplo, transferir cotas de fundos de investimento de uma corretora para outra
CVM suspende ‘figurões’ do mercado da atividade de administradores de carteiras, de banqueiros a gestores
Entre as personalidades na mira da CVM, estão José Berenguer, atual CEO do Banco XP, e Pedro Guimarães, que foi CEO da Caixa no governo Bolsonaro
Felipe Miranda: Periculum in mora — bolhas especulativas e manipulação de mercado
Enquanto celebramos o cenário de “goldlocks”, as manifestações explícitas de periculum in mora continuam em curso
Marcação a mercado: o ponto de discórdia entre o Ministério da Fazenda e os fundos de previdência complementar
Ministério da Fazenda defende a marcação a mercado também nos saldos dos fundos de previdência complementar; entidades temem que percepção de volatilidade leve a saques
É possível vender um imóvel sem a concordância de um dos proprietários?
Leitor é dono de armazéns em condomínio com parentes e deseja vender os imóveis. Porém, um dos condôminos – seu tio – não concorda
Depois de vender Apple, Warren Buffett investe R$ 2,6 bilhões em duas ações
Após a divulgação dos investimentos de Warren Buffett, novos papéis do portfólio sobem forte em Nova York.
Missão dada é missão cumprida: Petrobras (PETR4) anuncia investimento de R$ 870 milhões para reativar fábrica de fertilizantes no Paraná
O investimento da petroleira é tão significativo para o governo, que acontece no mesmo momento em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está no Paraná, visitando fábricas
Investimentos dos brasileiros em LCI, LCA e outros títulos isentos de IR ultrapassam R$ 1 trilhão, enquanto apetite pela bolsa cai
Com a seca de IPOs e o Ibovespa tombando mais de 7% no primeiro semestre, o investimento nos papéis da bolsa caiu 1,5%
Quer começar a empreender? Conheça 5 franquias de até R$12,9 mil para investir no segundo semestre de 2024
O Seu Dinheiro separou uma lista com cinco franquias chanceladas com o selo de excelência da Associação Brasileira de Franchising (ABF) em 2024
Itaú (ITUB4) integra corretora ao Íon e transforma aplicativo no principal veículo de investimentos do banco; confira as mudanças
Com integração da corretora do Itaú, os investidores poderão acessar 100% das funcionalidades para negociação através do aplicativo Íon, que já está disponível para download
É bronze! Ibovespa retorna ao pódio dos melhores investimentos em julho, acompanhado do ouro e do bitcoin; veja o ranking completo
Em clima Olímpico, bolsa brasileira segue em recuperação no mês; títulos públicos renascem, mas alguns ainda ocupam lanterna da lista
Klabin (KLBN11) vai depositar R$ 410 milhões na conta dos acionistas mesmo após queda no lucro do 2T24 — e ainda é possível ter direito aos dividendos
Nem tudo são flores para os investidores da empresa de papel e celulose, que reportou mais um balanço misto no segundo trimestre de 2024
Recorde no Tesouro Direto: investimento nos títulos públicos registra maior volume da história; veja os papéis preferidos dos brasileiros
Segundo o Tesouro, a maior demanda entre o grupo de títulos foram os indexados à inflação, com um total de R$ 3 bilhões
Retorno de até 200% e dividendos isentos de IR: cinco fundos imobiliários que renderam mais do que imóveis residenciais nos últimos anos
Os FIIs se consolidaram como uma alternativa para lucrar com imóveis com mais liquidez e menos burocracia