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Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril.
BALANÇO DO MÊS

Bitcoin e ouro lideram novamente o ranking dos melhores investimentos em setembro, enquanto Ibovespa volta a amargar perdas; veja o ranking

Nem mesmo o corte de juros nos EUA e os estímulos econômicos na China foram capazes de animar a bolsa brasileira; veja o ranking dos melhores e piores investimentos do mês

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
30 de setembro de 2024
18:55 - atualizado às 12:39
Ouro e bitcoin
Imagem: Shutterstock

Mesmo com o início do tão aguardado ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos, alívio na cotação do dólar e estímulos econômicos na China que reanimaram os preços das commodities, os ativos de risco continuaram a sofrer em setembro.

O Ibovespa teve uma queda de 3,08% no mês, aos 131.816,44 pontos, revertendo os ganhos acumulados no ano em perdas agora de 1,77%. Mesmo o Índice de Fundos Imobiliários (IFIX), ativos que tendem a ser bem menos voláteis que as ações, teve uma queda de 2,58% no mês.

Já os títulos públicos prefixados e indexados à inflação também fecharam em baixa em todos os vencimentos disponíveis no Tesouro Direto. Os de prazo mais longo (com vencimentos em 2055 e 2045) ficaram na lanterna do ranking, com quedas superiores a 4%.

Com esse cenário negativo para os ativos locais, mais uma vez o mês foi dos conservadores e daqueles que se arvoraram em ativos de proteção ou descorrelacionados do mercado local.

O campeão de setembro foi novamente o bitcoin, seguido do ouro, que atingiu novas máximas no mercado internacional, e dos títulos públicos mais conservadores do Tesouro Direto, os papéis Tesouro Selic. Veja a seguir o ranking dos melhores e piores investimentos de setembro:

Os melhores investimentos de setembro

InvestimentoRentabilidade no mêsRentabilidade no ano
Bitcoin4,36%69,17%
Ouro (GOLD11)1,55%42,25%
CDI*0,95%7,90%
Tesouro Selic 20290,92%8,18%
Tesouro Selic 20260,89%8,06%
Poupança nova**0,58%5,25%
Poupança antiga**0,58%5,25%
Índice de Debêntures Anbima Geral (IDA - Geral)*0,53%8,65%
Tesouro Prefixado 2027-0,81%-
Tesouro IPCA+ 2029-1,57%0,57%
IFIX-2,58%-0,16%
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2035-3,00%-1,45%
Ibovespa-3,08%-1,77%
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2035-3,09%-
Dólar à vista-3,33%12,24%
Dólar PTAX-3,67%12,55%
Tesouro Prefixado 2031-3,68%-
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2040-4,18%-2,72%
Tesouro IPCA+ 2035-4,19%-4,26%
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2055-4,91%-6,02%
Tesouro IPCA+ 2045-7,31%-11,01%
(*) Até dia 27/09. (**) Poupança com aniversário no dia 27.
Todos os desempenhos estão cotados em real. A rentabilidade dos títulos públicos considera o preço de compra na manhã da data inicial e o preço de venda na manhã da data final, conforme cálculo do Tesouro Direto.
Fontes: Banco Central, Anbima, Tesouro Direto, Broadcast e Coinbase, Inc..

Lá fora, tudo azul com o corte de juros efetuado pelo Fed

O acontecimento mais importante do mês sem dúvida foi o início do esperado ciclo de cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed), o banco central americano, em 0,50 ponto percentual.

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Junto com cortes de juros em outros países desenvolvidos e dados econômicos mostrando enfraquecimento do mercado de trabalho e da inflação dos EUA, a decisão de política monetária enfraqueceu o dólar globalmente e animou as bolsas ao redor do mundo.

As bolsas americanas fecharam o mês com ganhos que incluíram uma nova sucessão de recordes do índice S&P 500. A moeda americana fechou setembro em baixa de 3,33% em relação ao real, aos R$ 5,45 na cotação à vista.

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O ouro também se beneficia do corte de juros nos EUA, que reduz a atratividade dos juros pagos pelos títulos do Tesouro americano – considerado o ativo mais seguro do mundo – e torna mais atraentes os ativos de proteção que não pagam juros, como os metais preciosos.

Com isso, a commodity teve uma nova sucessão de máximas históricas, e seu preço já beira os US$ 2.700.

Ao longo do mês também foi visto um aumento das tensões no Oriente Médio, com uma troca de ataques entre Israel e o Hezbollah que pode levar a um conflito generalizado na região.

Isso se soma ao cenário já repleto de tensões geopolíticas, como a nova guerra comercial entre o Ocidente e a China, que costuma beneficiar os ativos de proteção.

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Já o bitcoin, além de se beneficiar do alívio monetário nos EUA, por ser considerado um ativo de risco e ligado a tecnologia, vive um momento de antecipação dos investidores à alta histórica que costuma acontecer nos preços do criptoativo nos meses de outubro, apelidado de Uptober.

Além disso, a maior criptomoeda do mundo tem se beneficiado de uma migração de grandes investidores institucionais para os ETFs de bitcoin à vista, principalmente de recursos advindos de ações de tecnologia que já tiveram uma valorização bastante significativa, como a Nvidia (NVDA).

Por aqui o risco fiscal pesou, mesmo com os estímulos na China

A bolsa brasileira, porém, não pegou carona na animação do exterior. Por aqui, o mês foi marcado pelo início de um novo ciclo de alta da taxa básica de juros, a Selic, em 0,25 ponto percentual, de 10,50% para 10,75% ao ano.

A alta já era esperada, uma vez que os índices de preços vêm ficando perigosamente próximos ao topo da meta de inflação, com dados de crescimento econômico que vêm surpreendendo para cima.

Porém, as sinalizações do próprio Banco Central após a decisão de juros foram de aceleração das altas nas próximas reuniões do seu Comitê de Política Monetária (Copom).

O mercado e os economistas também pioraram suas estimativas para inflação e juros no futuro próximo, elevando os juros futuros, o que tende a machucar os ativos de risco, como ações e fundos imobiliários, bem como os preços dos títulos de renda fixa prefixados e indexados à inflação, como é o caso dos papéis Tesouro Prefixado e Tesouro IPCA+.

Os investidores têm grande preocupação sobretudo com o risco fiscal, uma vez que entendem que em boa parte é o gasto público elevado que vem turbinando os resultados econômicos e pressionando a inflação.

Os temores pioraram após a divulgação do Relatório Bimestral de Receitas e Despesas pelo Ministério do Planejamento, que mostrou que o governo irá congelar cerca de R$ 2 bilhões do Orçamento a menos do que o inicialmente esperado. Ou seja, na prática, esses recursos foram liberados para gastos.

Isso sinalizou ao mercado que a União não está se comprometendo com o ajuste fiscal como deveria, além de contar com receitas ainda incertas para aumentar a arrecadação.

Desequilíbrio fiscal, por sinal, pesa justamente sobre o risco-país e, consequentemente, sobre os juros futuros de prazos mais longos, penalizando principalmente os títulos de renda fixa de longo prazo.

Assim, nem mesmo a série de estímulos econômicos anunciados por autoridades chinesas para reanimar o crescimento do Gigante Asiático – que aumentaram os preços das commodities e chegaram a ter impacto positivo do Ibovespa no fim de setembro – foram capazes de impedir a queda do índice no acumulado do mês.

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Maiores altas do Ibovespa em setembro

AçãoCódigoDesempenho no mês
CSN MineraçãoCMIN320,60%
AzulAZUL415,21%
Santos BrasilSTBP313,54%
BraskemBRKM510,31%
Companhia Siderúrgica NacionalCSNA38,43%
Telefônica BrasilVIVT37,72%
EnevaENEV36,85%
ValeVALE36,65%
Lojas RennerLREN36,34%
TIM BrasilTIMS35,74%
Fonte: B3/Broadcast

Maiores quedas do Ibovespa em setembro

AçãoCódigoDesempenho no mês
Brava EnergiaBRAV3-33,30%
AssaíASAI3-22,26%
Magazine LuizaMGLU3-20,31%
Minerva FoodsBEEF3-15,62%
B3B3SA3-14,79%
Azzas 2154AZZA3-13,98%
VamosVAMO3-13,03%
PetroRecôncavoRECV3-12,84%
Caixa SeguridadeCXSE3-11,13%
BRFBRFS3-10,22%
Fonte: B3/Broadcast

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