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Ricardo Gozzi
QUASE NO TETO DA META

Campos Neto tem razão? IPCA-15 encosta no teto e reforça apostas de que BC vai acelerar alta da Selic para conter inflação

IPCA-15 acelera em outubro e vai a 4,47% no acumulado em 12 meses; prévia da inflação foi puxada por alta dos gastos com habitação e alimentação

Ricardo Gozzi
24 de outubro de 2024
10:57 - atualizado às 10:59
Roberto Campos Neto de escoteiro enfrentando dragão
Imagem: Filme UP / Fabio Rodrigues Pozzebom - Agência / Montagem Brenda Silva

A prévia da inflação oficial de outubro acelerou mais do que se esperava e levou o dólar a bater R$ 5,70 na manhã desta quinta-feira (24).

A alta do IPCA-15 também pressiona a curva de juros em um momento no qual o Banco Central (BC) comandado por Roberto Campos Neto inicia um novo ciclo de alta da taxa Selic.

Simultaneamente, em uma manhã na qual as bolsas europeias sobem e Wall Street sinaliza abertura em território positivo, o IPCA-15 de outubro ameaça deixar o Ibovespa na beira da estrada. A bolsa brasileira abriu em leve queda hoje.

Na leitura mensal, a prévia da inflação medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) acelerou de +0,13% em setembro para +0,54% agora.

IPCA-15 beija o teto da meta de inflação

No acumulado em 12 meses, o IPCA-15 passou de +4,12% no mês passado para +4,47% em outubro.

A mediana das projeções dos analistas consultados pelo Broadcast indicava acelerações a +0,51% na leitura mensal e +4,43% em 12 meses.

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O resultado leva o IPCA-15 para muito perto do teto da meta do Conselho Monetário Nacional (CMN) para o índice de preços ao consumidor em 2024.

A meta de inflação é de 3%, com uma banda de oscilação que permite que o índice feche o ano entre 1,50% e 4,50%.

O resultado reforça a visão do mercado de que Roberto Campos Neto e os diretores do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC vão acelerar a alta da Selic na próxima reunião, marcada para 5 e 6 de novembro.

O que puxou o IPCA-15 para cima em setembro

A prévia da inflação oficial de outubro foi puxada pelos gastos com habitação (+1,72%) e alimentação (+0,87%).

Na avaliação de Andre Fernandes, head da mesa de renda variável e sócio da A7 Capital, a composição do IPCA-15 deste mês não veio boa.

"Tanto o índice cheio quanto os núcleos seguem acelerando", afirmou.

O grupo habitação foi impactado pelas altas de 5,29% das despesas com energia elétrica e de 2,17% do gás de botijão.

No caso específico da energia elétrica, a vigência da bandeira tarifária vermelha patamar 2 diante da emergência climática foi decisiva para o resultado.

Ao mesmo tempo, as despesas com alimentação em domicílio cresceram 0,95% na passagem de setembro para outubro, também sob impacto da recente seca que assolou o Brasil.

Isso mexe com as projeções para a taxa dos juros?

Para além das pressões de itens voláteis como energia e alimentos, chamou a atenção a alta dos preços dos serviços.

No entanto, trata-se de uma questão pontual, segundo André Valério, economista sênior do Inter.

A inflação de serviços foi puxada principalmente pelo reajuste dos planos de saúde (+0,53% na passagem de setembro para outubro).

Para Valério, o resultado do IPCA-15 não muda a percepção de que o Copom elevará a taxa de juros em 0,50 ponto porcentual em novembro, para 11,25% ao ano.

Em setembro, ao iniciar um novo ciclo de aperto monetário, o BC elevou a Selic em 0,25 ponto porcentual.

Já o economista Lucas Barbosa, da AZ Quest afirma que, embora não mexa com as projeções da casa para a Selic, a alta dos chamados serviços subjacentes acende um sinal de alerta depois de meses se surpresas para baixo.

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