Felipe Miranda: Diversão é solução sim nos mercados
Na coluna do dia, o CEO da Empiricus reflete sobre as mazelas da economia e o mal que não é falado: a languidez dos mercados

Os gestores de ações têm certeza de que agora a Bolsa vai subir.
Está muito barato depois do longo Bear Market para as empresas domésticas. Poucas tendências negativas foram tão longevas quanto essa iniciada em julho de 2021. Os juros vão cair, aqui e lá fora, nos próximos meses. Isso é inexoravelmente bom para ativos de risco de mercados emergentes.
Os hedge funds e os macro traders preferem a posição vendida. Bolsa no Brasil é coisa ruim mesmo no longo prazo, o tal do “high for longer” veio mesmo para ficar e o fiscal brasileiro, que já é estruturalmente ruim, convive com um Executivo perdulário e uma câmara alta interessada na PEC do quinquênio.
Eu ainda estou tentando entender se a insuportável dor na região abdominal é gastrite, iminência de disenteria ou região alérgica àquele ouriço.
A hipótese de uma combinação dos três parece a mais provável. Quem poderá nos defender?
Languidez: o mal não falado
Hoje é segunda-feira. Você também quer um bom chá para curar essa azia. Estamos aqui ao melhor estilo “you too”: “I still haven’t found what I am looking for…” Sempre achei que Bono se referia a uma procura amorosa, numa espécie de “Esperando Godot” aplicado à paixão platônica por um cônjuge que nunca vem.
Leia Também
Descobri recentemente que era uma tentativa fracassada de vinculação religiosa.
Olha, me identifico. Também me divido entre a “verdade do Universo e a prestação que vai vencer”. Nas minhas tentativas de diagnosticar o comportamento dos mercados e esboçar algum prognóstico plausível, encontrei algum alento na filosofia da value investor Mariah Carey: “Languishing”.
Entre o otimismo irrefreável e o pessimismo tétrico, existe a languidez, aquela sensação de estagnação e vazio. O sujeito não está mal o suficiente como um deprimido, nem saudável a ponto de florescer com tenacidade.
- Leia também: Felipe Miranda: A pobreza das ações
Um problema importante sobre a languidez é que ela não recebe a mesma atenção dada a outros problemas psicológicos, como a depressão ou a síndrome do pânico. Adam Grant batiza a dinâmica de “a esquecida filha do meio da saúde mental." O vazio entre a depressão e o vigor. Você pode encontrar mais detalhes sobre o tema no artigo: “The Mental Health Continuam: From Languishing to Flourishing in Life”.
O mercado está meio assim, lânguido. Num reme-reme borocoxô sem grandes perspectivas, ao menos até que os juros realmente caiam nos EUA.
Uma prescrição típica para a languidez tem sido a adoção de algum tipo de desvio naquela obsessão com o cerne do problema, algum tipo de atividade com a qual se envolver para arejar.
Há boa evidência empírica em favor do argumento em: “Do the Hustle! Empowerment from Side-Hustles and Its Effects on Full-Time Work Performance”. As pessoas que passam a noite se dedicando a algum bico obtêm um desempenho melhor em seu trabalho principal.
O progresso na atividade auxiliar noturna aumentava o ânimo para a manhã seguinte. E as vantagens da motivação eram maiores do que eventuais malefícios gerados pela distração.
Entre os mais variados elementos para alimentar a motivação, nada seria mais efetivo do que a sensação de progresso diário. Teresa Amabile e Steven Kramer detalharam o argumento em “The Progress Principle: Using Small Wins to Ignite Joy, Engagement, and Creativity at Work.”
Talvez por isto a dinâmica recente dos mercados seja tão desalentadora: não há sensação de progresso. Ao contrário, há grande percepção de paralisia, seja envolvendo a política monetária nos EUA, seja com a dinâmica fiscal ou da produtividade brasileira.
Haveria alguma forma de rompermos o desânimo e, pragmaticamente, ganharmos algum dinheiro enquanto isso?
- [Carteira recomendada] 10 ações brasileiras para investir agora e buscar lucros – baixe o relatório gratuito
Enfim, a solução?
Existe uma máxima na incorporação imobiliária que poderia ser aplicada aos ativos listados: “dinheiro grosso você faz na hora que compra, não na hora que vende."
O mais importante do processo é a compra do terreno. Ali que você gera o maior valor na cadeia (obviamente, não quer dizer que as demais partes não sejam importantes). Replicando a ideia, cada vez que você faz uma boa compra em Bolsa, está, sim, avançando.
É uma preparação efetiva e concreta para um resultado futuro, como quando um agricultor espalha adequadamente suas sementes e seus defensivos. Dentro do processo como um todo, ali está o progresso.
Ter a chance de comprar juro real de longo prazo acima de 6% ou ações de altíssima qualidade com retornos prospectivos tão altos é, em si, um fator de evolução (para citar alguns nomes aos preços atuais: Equatorial, Eletrobras, Itaú, BTG Pactual, Cosan, Localiza).
Além disso, uma alternativa à obstinação com a falta de avanço sistêmico seria adotar a estratégia do desvio. Se o macro não está ajudando, podemos verter o foco ao microeconômico. Se os juros não vão cair no curtíssimo prazo lá fora e o Brasil como um todo não oferece uma narrativa atraente, dificultando um re-rating geral de nossos ativos, podemos nos debruçar sobre os avanços dos lucros — e essa é uma dinâmica, quase por essência, microeconômica, de empresa por empresa.
Deveríamos entrar numa fase do ciclo em que os lucros corporativos fazem mais preço. Perseguir nomes com melhora operacional destacada pode oferecer retornos atraentes ainda que os mercados como um todo não estejam brilhantes.
- Os balanços do 1T24 já estão sendo publicados: receba em primeira mão a análise dos profissionais da Empiricus Research e saiba quais ações comprar neste momento. É totalmente gratuito – basta clicar aqui.
Em paralelo, há uma série de mudanças de ordem microeconômicas acontecendo enquanto somos acometidos pela sensação de úlcera estomacal.
A regulação da reforma tributária trouxe enorme volatilidade para as ações de shoppings, enquanto, no final do dia, o impacto material sobre o FFO das empresas deve ser marginal — Iguatemi sofreu tremendamente na quinta-feira, mas pode ser o grande destaque desta temporada de resultados no segmento. Buy opportunity clássico.
As incorporadoras de baixa renda saíram ainda melhores também, reforçando seu caráter antifrágil — elas acabam se beneficiando de um governo intervencionista e apaixonado por subsídios.
Enquanto nos divertimos com um hobby aqui, outro ali, daqui a pouco é 2026.
Michael Klein de volta ao conselho da Casas Bahia (BHIA3): Empresário quer assumir o comando do colegiado da varejista; ações sobem forte na B3
Além de sua volta ao conselho, Klein também propõe a destituição de dois membros atuais do colegiado da varejista
Ex-CEO da Americanas (AMER3) na mira do MPF: Procuradoria denuncia 13 antigos executivos da varejista após fraude multibilionária
Miguel Gutierrez é descrito como o principal responsável pelo rombo na varejista, denunciado por crimes como insider trading, manipulação e organização criminosa
Em busca de proteção: Ibovespa tenta aproveitar melhora das bolsas internacionais na véspera do ‘Dia D’ de Donald Trump
Depois de terminar março entre os melhores investimentos do mês, Ibovespa se prepara para nova rodada da guerra comercial de Trump
Trump Media estreia na NYSE Texas, mas nova bolsa ainda deve enfrentar desafios para se consolidar no estado
Analistas da Bloomberg veem o movimento da empresa de mídia de Donald Trump mais como simbólico do que prático, já que ela vai seguir com sua listagem primária na Nasdaq
Mais valor ao acionista: Oncoclínicas (ONCO3) dispara quase 20% na B3 em meio a recompra de ações
O programa de aquisição de papéis ONCO3 foi anunciado dias após um balanço aquém das expectativas no quarto trimestre de 2024
Ainda dá para ganhar com as ações do Banco do Brasil (BBAS3) e BTG Pactual (BPAC11)? Não o suficiente para animar o JP Morgan
O banco norte-americano rebaixou a recomendação para os papéis BBAS3 e BPAC11, de “outperform” (equivalente à compra) para a atual classificação neutra
Casas Bahia (BHIA3) quer pílula de veneno para bloquear ofertas hostis de tomada de controle; ação quadruplica de valor em março
A varejista propôs uma alteração do estatuto para incluir disposições sobre uma poison pill dias após Rafael Ferri atingir uma participação de cerca de 5%
Tanure vai virar o alto escalão do Pão de Açúcar de ponta cabeça? Trustee propõe mudanças no conselho; ações PCAR3 disparam na B3
A gestora quer propor mudanças na administração em busca de uma “maior eficiência e redução de custos” — a começar pela destituição dos atuais conselheiros
Nova York em queda livre: o dado que provoca estrago nas bolsas e faz o dólar valer mais antes das temidas tarifas de Trump
Por aqui, o Ibovespa operou com queda superior a 1% no início da tarde desta sexta-feira (28), enquanto o dólar teve valorização moderada em relação ao real
Não é a Vale (VALE3): BTG recomenda compra de ação de mineradora que pode subir quase 70% na B3 e está fora do radar do mercado
Para o BTG Pactual, essa mineradora conseguiu virar o jogo em suas finanças e agora oferece um retorno potencial atraente para os investidores; veja qual é o papel
TIM (TIMS3) anuncia pagamento de mais de R$ 2 bilhões em dividendos; veja quem tem direito e quando a bolada cai na conta
Além dos proventos, empresa anunciou também grupamento, seguido de desdobramento das suas ações
Nem tudo é verdade: Ibovespa reage a balanços e dados de emprego em dia de PCE nos EUA
O PCE, como é conhecido o índice de gastos com consumo pessoal nos EUA, é o dado de inflação preferido do Fed para pautar sua política monetária
Não existe almoço grátis no mercado financeiro: verdades e mentiras que te contam sobre diversificação
A diversificação é uma arma importante para qualquer investidor: ajuda a diluir os riscos e aumenta as chances de você ter na carteira um ativo vencedor, mas essa estratégia não é gratuita
Após virar pó na bolsa, Dotz (DOTZ3) tem balanço positivo com aposta em outra frente — e CEO quer convencer o mercado de que a virada chegou
Criada em 2000 e com capital aberto desde 2021, empresa que começou com programa de fidelidade vem apostando em produtos financeiros para se levantar, após tombo de 97% no valuation
Tarifas de Trump derrubam montadoras mundo afora — Tesla se dá bem e ações sobem mais de 3%
O presidente norte-americano anunciou taxas de 25% sobre todos os carros importados pelos EUA; entenda os motivos que fazem os papéis de companhias na América do Norte, na Europa e na Ásia recuarem hoje
JBS (JBSS3) pode subir 40% na bolsa, na visão de Santander e BofA; bancos elevam preço-alvo para ação
Companhia surpreendeu o mercado com balanço positivo e alegrou acionistas com anúncio de dividendos bilionários e possível dupla listagem em NY
110% do CDI e liquidez imediata — Nubank lança nova Caixinha Turbo para todos os clientes, mas com algumas condições; veja quais
Nubank lança novo investimento acessível a todos os usuários e notificará clientes gradualmente sobre a novidade
CEO da Americanas vê mais 5 trimestres de transformação e e-commerce menor, mas sem ‘anabolizantes’; ação AMER3 desaba 25% após balanço
Ao Seu Dinheiro, Leonardo Coelho revelou os planos para tirar a empresa da recuperação e reverter os números do quarto trimestre
Oncoclínicas (ONCO3) fecha parceria para atendimento oncológico em ambulatórios da rede da Hapvida (HAPV3)
Anunciado a um dia da divulgação do balanço do quarto trimestre, o acordo busca oferecer atendimento ambulatorial em oncologia na região metropolitana de São Paulo
Esporte radical na bolsa: Ibovespa sobe em dia de IPCA-15, relatório do Banco Central e coletiva de Galípolo
Galípolo concederá entrevista coletiva no fim da manhã, depois da apresentação do Relatório de Política Monetária do BC